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1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Procedimento do Júri. Artigoss 406 ao 429, CPP. 1) PROCEDIMENTO DO JÚRI 1º fase 2ª fase decisão denuncia pronúncia jus acussations jus causae Fases: - 1ª fase inicia com a denúncia jus accusations - 2ª fase com a pronúncia art. 422, CPP jus causae. - Termina a 2ª fase com a decisão do Magistrado. Obs: o libelo-acusatório foi extinto. Também não existe mais a contrariedade do libelo. específico. O procedimento do Júri inicia no art. 406 do CPP. Trata-se de um procedimento Entende-se que o Juiz não pode condenar o acusado na prova exclusivamente do Inquérito Policial, por ferir o principio do contraditório. Esse entendimento já era pacífico na jurisprudência antes da reforma do CPP. Porém, a Jurisprudência dos Tribunais referia que o jurado não ficava preso na prova produzida com contraditório e ampla defesa, podendo o Conselho de Sentença condenar o acusado com base na prova exclusivamente policial. Mas como essa proibição foi especificada no CPP, alguns autores entendem que também se aplica ao procedimento do Júri.

2 Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. No procedimento do Júri não existe a possibilidade de o Juiz absolver o acusado sumariamente (art. 397 1, CPP). Conforme jurisprudência do STF, o acusado que constituiu defensor na fase polícia não pode ter nomeado um defensor pelo juiz sem que antes seja intimado um defensor que foi constituído por ele para que no prazo assinalado pelo Juiz diga se ainda patrocina os interesses do acusado. Não existe previsão legal no procedimento do júri para oferecimento de memoriais escritos em substituição aos debates. Todavia, tal substituição pode ocorrer sem que haja qualquer nulidade, sobretudo nos casos mais complexos, até mesmo em obediência a ampla defesa. O STJ (sexta turma, julgado de 2009, relatora Maria Tereza de Assis Moura) entende que a falta de alegações escritas da defesa no procedimento do júri não acarreta nulidade desde que o defensor do acusado tenha sido intimado para fazê-lo. Em sentido contrário de Guilherme de Souza Nutti. No procedimento comum a ausência de memorais constitui nulidade absoluta, sob pena de nomear um defensor para oferecer. Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias. No art. 412, CPP prazo máximo de 90 dias para conclusão da primeira etapa. Prazo referido desse artigo é para a primeira fase. Obs: o referido prazo pode ser extrapolado nas causas de maior complexidade, tendo em vista o princípio da razoabilidade, mesmo que se trate de réu preso. 1 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.

3 A decisão de pronúncia é meramente declaratória da viabilidade da acusação. Uma decisão interlocutória mista-terminativa (pois não enfrenta o mérito, mas encerra uma fase do procedimento do júri). No que concerne a materialidade, o Juiz deve estar convencido da existência da mesma. Pois se estiver em duvida deverá impronunciar o acusado. Convencer o juiz da materialidade é diferente de estabelecer a prova tarifada. Sobretudo quando não aparece o corpo, inexistindo auto de necropsia. Entretanto, quanto a autoria não é necessária a certeza acerca da mesma. Já que havendo dúvida, o Juiz deve pronunciar o réu, pois nessa fase, vige o princípio in dúbio pro societate. Obs: O juiz pode impronunciar o acusado entendendo que não há indícios suficientes acerca da autoria. Ex: prova extremamente frágil. O Juiz tem que usar uma linguagem contida na pronúncia, de forma a não influenciar indevidamente os jurados. (art. 472 prevê que uma copia da pronúncia deve ser entregue aos jurados). A jurisprudência do STF chama de excesso de eloqüência acusatória a pronúncia cuja linguagem no tocante a autoria é no sentido de condenar o acusado. Caso se exceda na linguagem, para o STJ o excesso de linguagem na pronuncia é causa de nulidade relativa, isto é, deve ser argüida em recurso em sentido estrito, sob pena de reclusão. Norberto Avena entende que é causa de nulidade absoluta. Na pronúncia não pode haver agravantes, atenuantes, nem causas de diminuição de pena, em minorantes (exceto a minorante relativa a tentativa). A pronuncia pode ter qualificadora e causa de aumento.

4 Obs: as agravantes e atenuantes não são mais objeto de quesitação. E para serem consideradas na sentença tem que ser levantadas durante os debates. Contra: Nutti entende que agravantes e atenuantes podem ser objeto de quesitação quando solicitados pela parte interessada (pois auferiria o princípio da ampla defesa). Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. O art. 414 trata da impronúncia antítese da pronúncia. O Juiz não se convence da materialidade ou da existência de um suporte mínimo que indique que aquela pessoa possa ter sido a autora do fato. A decisão de impronúncia faz coisa julgada apenas formal já que surgindo novas provas, uma nova ação pode ser proposta contra o mesmo acusado contendo o mesmo pedido, desde que ainda não extinta a punibilidade, conforme parágrafo único do art. 414, CPP. A questão fica, então, sob judice. - despronúncia (impronúncia) quando o acusado é pronunciado, mas posteriormente impronunciado quando do julgamento do recurso. Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I provada a inexistência do fato; II provado não ser ele autor ou partícipe do fato; III o fato não constituir infração penal; IV demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. O art. 415 trata da absolvição sumária, diferente da tratada no art. 397 2, CCP, tendo em vista que houve a instrução. Hipóteses: - provada a inexistência do fato; 2 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente.

5 - provado não ser ele o autor ou participe do fato; - o fato não constitui infração penal (ex: aborto culposo); - caso em que está comprovada a excludente de ilicitude ou culpabilidade. A absolvição sumária com base no art. 415, inciso IV, CPP, exige prova cabal. De uma causa justificante ou dirimente. Na dúvida, o Juiz deve pronunciar. Art. 415, Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. Parágrafo único, art. 415 STF já estava decidindo nesse sentido. O parágrafo único do art. 415 do CPP, veda a absolvição sumária imprópria (aquela que impõe medida de segurança) quando existem outras teses defensivas (ex: o réu, que é louco, alega ter agido em legitima defesa ou nega autoria). Nesses casos, o Juiz deve pronunciá-lo para que essas teses sejam devidamente apreciadas pelo conselho de sentença. Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação. O art 416 traz uma inovação. Antes da reforma de 2008 (Lei 11.689) da decisão de impronuncia ou absolvição sumaria cabia R.S.E. Agora cabe apelação. Todavia, as três Câmaras do TJRS que detém competência do procedimento do júri entendem que pode ser aplicado o princípio da fungibilidade recursal. Ou seja, conhece o Recurso em Sentido Estrito interposto equivocadamente como apelação. Emendatio libelli art. 418 3, CPP: ocorre quando a acusação descreve um fato, mas o capitulo como sendo outro fato. A jurisprudência menciona que o acusado não se defende da capitulação, mas sim dos fatos. Quando o Juiz for pronunciá-lo pode ser pelo delito descrito na denúncia e não pela sua capitulação. 3 Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.

6 Obs: no caso de mutatio libelli aparece uma circunstancia não contida na denúncia, sendo alterado o fato. É imprescindível o aditamento da denúncia (art. 384 4 do CPP). Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no 1o do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. O art. 419 trata da desclassificação ocorre no final da 1º fase. Quando o juiz verifica que não há existência de um crime doloso contra vida. Obs: na decisão desclassificatória o magistrado limita-se a dizer que não houve crime doloso contra a vida. É vedado ao Juiz, nessa decisão, já informar qual o delito que foi praticado pelo denunciado (sob pena da sentença ser absolutamente nula). O Juiz irá verificar que não houve a intenção de matar, por isso desclassifica. O recurso será Recurso em Sentido Estrito. Caso o crime residual não seja da competência do Magistrado que proferiu a decisão desclassificatória, os autos deverão ser encaminhados ao Juiz competente, do contrário, será ele mesmo o Juiz que decidirá o crime residual (numa outra decisão, não na mesma). Antes de o Juiz proferir nova decisão sobre o crime residual, as partes devrão ter a oportunidade de se manifestar. Obs: O Juiz a quem são remetidos os autos pode suscitar conflito negativo de competência, ou seja, entender que houve sim crime doloso contra a vida (questão controvertida na doutrina, mas há precedentes no próprio STJ, 3ª sessão, admitindo a suscitação do conflito negativo de competência). 4 Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

7 Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será feita: I pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; II ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, na forma do disposto no 1o do art. 370 deste Código. Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado. Inovação art. 420, CPP. Antes da reforma de 2008, só era admissível a intimação por edital da pronúncia em se tratando de crime afiançável. A principal inovação da reforma no que tange a intimação da pronúncia é a possibilidade de intimação editalícia independentemente do crime ser afiançável ou não. O parágrafo único do art. 420 é uma norma de aplicação imediata. Isto é, aplicável mesmo para aqueles casos que os crimes foram praticados antes da Lei 11.689/08. Entretanto, a primeira e a terceira Câmaras do TJRS entendem que aplicação desse parágrafo não pode ser feita nos casos em que a citação do réu foi por edital (antes de 1996, ano em que foi alterado o atual art. 366 do CPP), tendo o processo ocorrido a revelia. Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri. 1 o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Ministério Público. 2 o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão. Muito embora o art. 421, 1º, CPP, refira que no caso de alteração da pronúncia preclusa (ex: réu denunciado por tentativa de homicídio, mas a vítima morre antes do julgamento em plenário) que os autos devem ser remetidos ao MP (para aditamento à denúncia) a doutrina entende que a defesa deve ser oportunizada a se manifestar, em obediência aos princípios do contraditório e da ampla-defesa. Obs: O Juiz não conserta a pronúncia, ele irá proferir uma nova.

8 Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. Como não há mais a figura no libelo, apenas intima-se as partes para dizerem se tem interesse na realização de alguma diligência. É o último momento para arrolar testemunhas no procedimento do Júri. Todavia, em se tratando da vítima, a doutrina entende que ela deve ser ouvida independentemente de ela ter sido arrolada. Art. 424, CPP. Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código. O CPP, nesse artigo, prevê a figura do chamado Juiz preparador, ou seja, o Juiz não o presidente do Tribunal do Júri, mas preside toda a primeira fase do procedimento, inclusive, proferindo a decisão de pronúncia. Art. 426, 4º, CPP - O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído. O objetivo do legislador foi evitar o caso do jurado profissional. Por exemplo: um jurado há 20 anos. Andrei Borges de Mendonça refere que foi criada uma nova causa de nulidade no 4º, do art. 426, CPP. Art. 427, CPP: Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. 1 o O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou Turma competente. 2 o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo júri. 3 o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada. 4 o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de julgamento anulado.

9 Desaforar: é retirar do foro que é originariamente competente. O pedido de desaforamento só pode ser pedido após a preclusão da pronúncia, já que antes disso, não se saberá ao certo se o acusado será julgado pelo Tribunal do Júri. A corrente dominante na doutrina, não admite o reaforamento, ou seja, o retorno do julgamento desaforado ao foro originário. Todavia, há precedente antigo do STF admitindo tal possibilidade, quando do foro originário desaparecendo as circunstâncias que deram origem ao desaforamento. Obs: Súmula 712 5 do STF prevê nulidade quando feito o desaforamento sem manifestação da defesa. É possível o desaforamento após o Conselho de Sentença do foro originário já ter emitido sua decisão. Todavia, somente nos casos expressos previstos na parte final do art. 427, 4º, CPP. Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. 1 o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa. Obs: quanto ao prazo do art. 428, o 1º contém uma exceção. Todavia, há precedentes do STF no sentido de que a excessiva demora na realização de uma perícia, ainda que tenha sido requerida pela defesa não pode ser imputada a ela, motivo pelo qual pode haver excesso de prazo injustificável. Art. 428, 2 o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento. Para evitar que as partes e o próprio Juiz aleguem excesso de serviço sem que realmente seja o caso. 5 Súmula 712, do STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do Júri sem audiência da defesa.

10 Obs: embora o 2º só fale que o acusado poderá requerer a imediata realização do julgamento, Andrei Borges de Mendonça entende que o MP também poderá fazê-lo, visto que pode ocorrer da acusação querer, por exemplo, evitar que ocorra prescrição. Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. Conforme prevê o art. 468 do CPP, cada uma das partes pode recusar imotivadamente até três jurados sorteados para compor o Conselho de Sentença. Se houver mais de um acusado com defensores distintos, o defensor de cada réu poderá recusar três jurados. O MP continua tendo apenas três recusas. Se houver vários réus com apenas um defensor, haver apenas três recusas imotivadas pela defesa. Não há limites para as recusas motivadas. Nesse caso, quem irá decidir se é caso de recusa ou não será o Juiz, naquele momento. Atualmente, somente haverá cisão quando em virtude das recusas não for possível chegar a um número de 7 jurados. Em havendo cisão, mas sendo possível atingir o número de 7 jurados deverá ser julgado primeiro o autor. Se houver co-autores deverá ser observada a regra do art. 429, CPP. O art. 429 (deve ser analisado junto com o art. 469, 2º 6 ): Art. 429 - Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência: I os acusados presos; II dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão; III em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados. 1 o Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste artigo. 2 o O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento adiado. 6 Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor. 2o Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de co-autoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 deste Código.