Teoria e História do Urbanismo 1 Profa. Noemi Yolan Nagy Fritsch
Primórdios de Roma Às margens do território etrusco forma-se a cidade de Roma, que não é uma capital escolhida, mas nasce da ampliação de uma cidade-estado anterior, cada vez mais alargada. A República romana substitui o último rei etrusco em 509aC. Em 378 a.c. os gauleses ocuparam e incendiaram Roma. A cidade foi reconstruída, neste momento, sem corrigir o seu traçado irregular original.
Com Nero, em 64 d.c., Roma foi novamente incendiada, havendo oportunidade de transformar mais radicalmente a cidade. Os bairros destruídos puderam ser reorganizados a partir de métodos mais racionais, mesmo tomando por base as grandes linhas do organismo urbano preexistente. Nesta época, ruas foram alargadas, a altura das edificações foi limitada, abriram-se praças; ações que foram continuadas por outros imperadores.
Transformações na Roma do Império No século V, quando acontecem as invasões bárbaras, a vida nas cidades diminui, com uma organização e construções diversas, além da ênfase nos muros de defesa, mas diluindo-se a diferença entre os ambientes rurais e urbanos, deformando com pequenas irregularidades as linhas precisas das ruas e estradas antigas, utilizando a geografia como parâmetro principal. Mais tarde, depois do ano 1000, forma-se uma nova vida econômica e civil, e as cidades voltam a se desenvolver. Esta nova cidade cresce sobre o traçado da antiga.
A Roma Medieval no Renascimento Em meados do século XV, enquanto Florença, Veneza e Nápoles são grandes cidades totalmente formadas, Roma é ainda um pequeno centro, abandonado e empobrecido pela longa ausência do poder papal. A paisagem é dominada pelas ruínas da Antiguidade. Os papas voltam para Roma em 1420, e três décadas depois iniciam-se os projetos e obras para transformá-la em uma cidade moderna sob a autoridade do pontífice. Foi com Sisto V ( 1521 1590 ) que tiveram início as transformações que marcaram o período barroco em Roma.
A Urbanística Barroca O elemento mais proeminente das intervenções em Roma, e em outras cidades barrocas no século XV foi a rua, a partir de extensas avenidas que uniram basílicas e desconfiguraram a antiga organização medieval da cidade. As configurações do espaço urbano barroco foram definidas por uma urbanística cujos planos tiveram como iniciativa a ação de papas que pretendiam reordenar o sistema viário de Roma. Tal política alcançou a Europa Ocidental a partir da Itália desde pelo menos o século XVI, e serviu de base para as iniciativas de remodelação de diversos núcleos urbanos europeus a partir do século XVII.
Esta atitude, advinda inicialmente por parte do papa Sisto V e de seu arquiteto Domenico Fontana, inaugurou um dos princípios básicos do Barroco: a construção de um espaço que servisse ao exercício da retórica espiritual e da devoção através da criação de um ambiente extremamente persuasivo, com relação aos caminhos que se dirigiam de maneira suntuosa para as basílicas.
Nesta urbanística, a cidade capital, que se inicia a partir do Renascimento, envolve a fixação do centro de poder em um núcleo urbano específico. É a capital moderna com estreita associação de suas vias às sedes de poder, político e religioso, às quais tudo era relacionado, e que tudo absorvia. Portanto, as antigas basílicas foram articuladas entre si através de novos traçados de ruas e avenidas. Nesse sentido, todas as basílicas antigas se tornam objeto de devoção, diante das necessidades da Contrarreforma católica, e meta de peregrinação. Em uma cidade santa, a função devocional é dominante, assim como em uma cidade industrial é a produção que faz esse papel. Cidade Medieval e suas numerosas Igrejas
A prática da renovação das antigas cidades a partir de uma restauração e de sua transformação em cidades capitais foi símbolo do barroco: as cidades novas totalmente planificadas segundo regras específicas, ou as antigas remodeladas no mesmo sentido. Nesse sentido, a recriação do espaço urbano praticada nos séculos XVI, XVII e XVIII, pretendia transfigurar a cidade preexistente em um cenário persuasivo e teatral. Esta ação partia tanto da urbanística quanto da arquitetura, de maneira correlacionada. Transformações relacionadas ao surgimento da cidade capital na época moderna. Para isso, os espaços urbanos apresentariam frequentemente um atributo comum: a monumentalização do ambiente urbano para representar a magnitude das estruturas de poder. Praça do Capitólio
Mas o classicismo barroco será diferente daquele renascentista porque oferecia dinâmica, movimento e drama à forma clássica estática anterior, abandonando a sua erudição excessiva. Era preciso ao barroco que seus mecanismos fossem visíveis a todos, era preciso povoar o cenário do dia a dia com repertórios da Antiguidade greco-romana que divulgassem a autoridade da Igreja e do Estado. Era a apropriação da autoridade histórica do Classicismo como elo entre a grandiosidade dos Estados modernos e a memória da magnitude da Antiguidade, quanto às imagens de disciplina e força, que precisavam ser resgatadas, reinventadas e reinterpretadas e alargado em suas possibilidades de expressão, para um novo uso aos novos governos. Praça Veneza
Grand Maner A prática de organização da cidade em busca da ostentação e da magnificência, dentro do que se entendia por um Classicismo revisitado do barroco, é chamado de Grand Manner ( à maneira de grandiosidade ): vastas praças com limites uniformes, prédios públicos monumentais, via pública regularizada, a rua atravessa a cidade e utiliza-se de acessórios ostentatórios como arcos triunfais, obeliscos e fontes.
Colonização América Espanhola
Arquitetura e Urbanismo em Portugal e suas colônias