Relatório Anual da Economia sãotomense

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Transcrição:

Relatório Anual da Economia sãotomense 2014

Relatório Anual da Economia Sãotomense 2014

Índice PREFÁCIO... 7 1. EVOLUÇÃO ECONÓMICA INTERNACIONAL... 11 2. ECONOMIA NACIONAL... 15 2.1. Produção e Preços... 15 2.1.1. Produto Interno Bruto... 15 2.1.2. Níveis de Preço... 17 2.2. Políticas Macroeconómicas... 20 2.2.1. Política Monetária e evolução dos agregados monetários... 20 2.2.2. Política Cambial... 27 2.2.3. Política fiscal e execução orçamental... 29 2.3. Sector Externo... 32 2.3.1. Balança de pagamentos... 32 2.3.2. Dívida pública... 34 3. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL... 38 3.1. Sistema bancário... 38 3.1.1 Estrutura do sector bancário e concentração... 38 3.1.2 Activos e Qualidade da Carteira... 39 3.1.2 Estrutura do Passivo... 41 3.1.3.Indicadores agregados do sector bancário... 43 3.2. Actividade Seguradora... 48 3.2.1. Evolução da Actividade Seguradora... 48 3.2.2. Estrutura da Carteira... 48 3.2.3. Sinistralidade... 49 3.2.4. Situação Financeira e Patrimonial... 51 3.2.4.1. Activos... 51 3.2.4.1.1. Investimentos... 52 3.2.4.2. Passivo... 52 3.2.4.2.1. Provisões Técnicas... 52 3.2.4.2. Capital Próprio... 53 3.2.4.3. Margem de Solvência... 54 4. OUTRAS ACTIVIDADES... 56 4.1. Sistema de Pagamentos Electrónico... 56 ANEXOS ESTATÍSTICOS... 58 Relatório Anual 2014 Pág. 1

ÍNDICE DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB (EM %)... 11 GRÁFICO 2 - MÉDIA MENSAL DO PREÇO DO PETRÓLEO NO MERCADO INTERNACIONAL (EM USD POR BARIL)... 13 GRÁFICO 3 -TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB (VALORES EM %)... 15 GRÁFICO 4- EVOLUÇÃO DA INFLAÇÃO ACUMULADA... 17 GRÁFICO 5- INFLAÇÃO ACUMULADA (EVOLUÇÃO MENSAL)... 17 GRÁFICO 6 - VARIAÇÃO EM CADEIA... 17 GRÁFICO 7 - CONTRIBUIÇÃO PARA A VARIAÇÃO DO IPC (VALORES EM %)... 18 GRÁFICO 8 - INFLAÇÃO HOMOLOGA... 18 GRÁFICO 9 - TAXAS DE MURO DO MERCADO... 21 GRÁFICO 10 - FACTORES DE EXPANSÃO DA MASSA MONETÁRIA (VALORES EM % DA M3 DO ANO ANTERIOR)... 22 GRÁFICO 11 ESTRUTURA DO DEPÓSITO... 23 GRÁFICO 12 - TAXA DE CRESCIMENTO DO CRÉDITO AO SECTOR PRIVADO... 24 GRÁFICO 13 - CRÉDITO A ECONOMIA... 25 GRÁFICO 14 - M3 EM % DO PIB... 25 GRÁFICO 15 - CRÉDITO À ECONOMIA EM % DO PIB... 26 GRÁFICO 16 CRÉDITO CONCEDIDO POR SECTORES... 26 GRÁFICO 17 - EVOLUÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO DAS PRINCIPAIS MOEDAS... 27 GRÁFICO 18 TAXA DE CÂMBIO EFECTIVA... 28 GRÁFICO 19 - RESERVAS INTERNACIONAIS LÍQUIDAS... 28 GRÁFICO 20 - RECEITAS CORRENTES (EM % DO PIB)... 30 GRÁFICO 21 - DESPESAS PRIMÁRIAS (EM % DO PIB)... 31 GRÁFICO 22 - OPERAÇÕES FINANCEIRAS DO ESTADO (EM % DO PIB)... 32 GRÁFICO 23 DÍVIDA PÚBLICA SÃOTOMENSE (EM MILHÕES DE USD)... 35 GRÁFICO 24 FLUXO DA DÍVIDA (EM MILHÕES DE USD)... 36 GRÁFICO 25 - DISTRIBUIÇÃO DE GEOGRÁFICA DOS BALCÕES DOS BANCOS... 38 GRÁFICO 26- ESTRUTURA DO ACTIVO... 40 GRÁFICO 27 - ACTIVOS E DEPÓSITOS EM % PIB... 40 GRÁFICO 28 CRÉDITO MAL PARADO... 41 GRÁFICO 29 - CRÉDITO EM INCUMPRIMENTO POR SECTORES... 41 GRÁFICO 30 - PASSIVOS TOTAIS... 41 GRÁFICO 31 DEPÓSITOS... 41 GRÁFICO 32 - ESTRUTURA DO PASSIVO... 42 GRÁFICO 33 - ESTRUTURA DOS DEPÓSITOS... 43 GRÁFICO 34 - DEPÓSITOS SECTOR INSTITUCIONAL... 43 GRÁFICO 35 - GAPS DE LIQUIDEZ... 44 GRÁFICO 36 - DEPÓSITOS SOBRE ACTIVO TOTAL... 44 GRÁFICO 37 - INDICADOR DE TRANSFORMAÇÃO DOS DEPÓSITOS... 45 GRÁFICO 38 MARGEM FINANCEIRA... 45 GRÁFICO 39 - RESULTADOS E RENDIBILIDADE... 46 GRÁFICO 40 - ADEQUAÇÃO DE FUNDOS PRÓPRIOS... 47 GRÁFICO 41 - ADEQUAÇÃO DE FUNDOS PRÓPRIOS... 47 GRÁFICO 42 - ESTRUTURA DA CARTEIRA... 49 GRÁFICO 43 - TAXA E CUSTO DE SINISTRALIDADE (EM MILHÕES DE DOBRAS)... 50 GRÁFICO 44 SINISTRALIDADE POR RAMO DE ACTIVIDADE... 51 GRÁFICO 45 ESTRUTURA DA CARTEIRA DE INVESTIMENTO... 52 GRÁFICO 46 PROVISÕES TÉCNICAS... 53 GRÁFICO 47 RÁCIOS DE RENTABILIDADE... 54 GRÁFICO 48 MARGEM DE SOLVÊNCIA... 54 Relatório Anual 2014 Pág. 2

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1- PRINCIPAIS INDICADORES MACROECONÓMICOS... 9 TABELA 2 PRODUTO INTERNO BRUTO POR SECTOR... 16 TABELA 3 PRINCIPAIS AGREGADOS MONETÁRIOS (EM MIL MILHÕES)... 22 TABELA 4 PRINCIPAIS AGREGADOS MONETÁRIOS (EM MILHÕES DE DOBRAS)... 23 TABELA 5 FACTORES DE VARIAÇÃO DA RIL... 29 TABELA 6 BOP BALANÇA CORRENTE... 33 TABELA 7 VOLUME DE TRANSAÇÕES COM O EXTERIOR... 34 TABELA 8 SITUAÇÃO PATRIMONIAL DO SECTOR SEGURADOR (VALORES EM MIL MILHÕES DE DOBRAS)... 51 TABELA 9 ALGUNS INDICADORES DO SISTEMA DE PAGAMENTOS... 56 Relatório Anual 2014 Pág. 3

AEL Activo Externo Líquido ABREVIATURAS AIL Activo Interno Líquido BAD Banco Africano de Desenvolvimento BCSTP BM Base Monetária CE Crédito á Economia CLG Crédito Líquido ao Governo Dbs - Dobra DES Direito Especial de Saque EUA Estados Unidos de América EUR - Euro FMI Fundo Monetário Internacional IDA Associação para o Desenvolvimento Internacional M0 Circulação monetária + reserva M1 M0 + Depósito à Ordem M2 M1 + Depósitos à Prazo M3 M2+ Depósitos em ME ME - Moeda Estrangeira MN Moeda Nacional OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico PIB Produto Interno Bruto PIP Programa de Investimento Público RIL Reservas Internacionais Líquidas RMC Reserva Mínima d Caixa TOFE - Tabela de Operações Financeiras do Estado USD Dollar Americano WEO World Economic outlook ZE Zona Euro Relatório Anual 2014 Pág. 4

Conselho de Administração Governadora Maria do Carmo Trovoada Pires de Carvalho Silveira Vice- Governador Arlindo Afonso de Carvalho Administradores Ângela Viegas Santiago Aldro Diomir Umbelina Neto Massari Lima Fernandes Américo Barros Conselho Fiscal Manuel Alves Viana da Conceição Jaime Bruzaca de Menezes Manuel do Nascimento da Graça Will Relatório Anual 2014 Pág. 5

Responsáveis pelos Órgãos de Gestão Gabinete de Consultoria Alcino Batista de Sousa Direcção de Administração e Gestão de Recursos Humanos Amadeu de Jesus Direcção de Estatísticas Económicas e Financeiras Antónia Santana Gabinete da Governadora Assis Vera Cruz Direcção de Tecnologias de Informação Ayres Costa Direcção de Estudos Económicos Esperança Santiago Direcção de Contabilidade Fernando Lázaro Quintas Gabinete Jurídico Flávio Pinto Direcção de Mercados Hermes Nascimento Direcção de Supervisão Bancária e de Seguros Lara Beirão Guadalupe Gabinete de Auditoria Interna Paulina Castelo David Direcção de Arquivo e Documentação Maria Florentina Pires Bonfim Direcção de Operações Gerais Maria Piedade Daio Gabinete da Apoio ao Consumidor Octávio Boa Morte Direcção de Tesouraria Paula Pires dos Santos Relatório Anual 2014 Pág. 6

Prefácio A economia mundial, segundo o World Economic Outlook, registou em 2014 um crescimento económico de 3,4%, igual ao observado no ano anterior. Com efeito, as economias desenvolvidas registaram um crescimento de 1,8%, traduzindo-se numa aceleração de 0,4 pontos percentuais em relação a 2013, enquanto, os países emergentes conheceram uma taxa de crescimento de 4,6 contra 5% de 2013. Apesar do contexto internacional desfavorável, a actividade económica nacional registou em 2014 um crescimento real de 4,5%. A conjuntura macroeconómica sãotomense evoluiu no sentido de um maior equilíbrio, reflectido por preservação gradual da estabilização de preços, manutenção do rigor orçamental conjugado com o reforço das reservas cambiais (5,3 meses de importação) embora ressentindo-se da escassez do financiamento externo. Com efeito, a inflação atingiu, uma vez mais, mínimo histórico, cifrando-se em 6,4% no final do ano. Este quadro reflecte o sucesso das políticas fiscais e monetárias e ainda, do efeito da âncora cambial (taxa de câmbio fixa) da Dobra a Euro, dentre outros factores. Entretanto, o nível de endividamento do Estado mantem-se alto (70% do PIB), tendo o FMI colocado São Tomé e Príncipe no grupo dos países de alto risco de sustentabilidade da dívida pública, o que pressupõe um continuado esforço de consolidação orçamental e procura de fontes alternativas de financiamento não geradores de dívida. O Banco Central prosseguiu uma orientação de política monetária de cariz moderadamente expansionista, com o objectivo de dinamizar a actividade económica, tendo reduzido a sua taxa de juro de referência de 14 para 12% em Março de 2014. Porém, persistem ainda constrangimentos, a nível da transmissão da política monetária, resultantes da conjugação de diversos factores destacando-se, dificuldades inerentes à gestão de liquidez no sistema, para as quais se instituiu o Mercado Monetário Interbancário e as Operações do Mercado Aberto, cuja implementação terá início em 2015. Apesar do nível de crédito mal parado permanecer elevado, retraindo os bancos no que diz respeito ao financiamento da economia, o sistema financeiro manteve padrões aceitáveis de estabilidade, não obstante alguns focos de tensão que levaram a intervenção do Banco Central. A esse respeito, destaca-se a conclusão do processo Relatório Anual 2014 Pág. 7

de intervenção no Island Bank que culminou com a sua incorporação no Energy Bank. Todavia, a elaboração de um plano estratégico para o sector financeiro nacional (que teve início em 2014) tenderá a dar um contributo para o fortalecimento do sistema, criando um clima favorável ao investimento, enquanto alavanca para o crescimento económico. Relatório Anual 2014 Pág. 8

Tabela 1- Principais Indicadores Macroeconómicos I Sector Real Unidade 2011 2012 2013 2014 Produto Interno Bruto Mil milhões de STD 4.229,27 5.064,43 5.638,91 6.230,81 PIB Nominal Milhões de USD 238,2 263,6 303,2 335,11 Produto Interno Bruto (Real) Taxa de Crescimento 4,8 4,6 4,2 4,5 Inflação Acumulada Taxa de variação em % 11,9 10,4 7,1 6,4 II Sector Monetário Activo Externo Líquido Mil milhões de STD 1.262,71 1.629,74 1.647,62 2.229,57 Crédito Interno Mil milhões de STD 1.727,69 1.795,00 1.651,33 1.630,10 Crédito Líquido ao Governo Mil milhões de STD (22,07) (123,44) (250,18) (252,12) Crédito à Economia Mil milhões de STD 1.749,76 1.918,44 1.901,51 1.882,22 Crédito ao Sector Privado Mil milhões de STD 1.667,45 1.850,40 1.789,75 1.696,40 Massa Monetária (M3) Mil milhões de STD 1.566,12 1.883,84 2.147,33 2.508,00 Base Monetária (M0) Mil milhões de STD 554,04 712,46 921,73 1.135,76 Circulação Monetária Mil milhões de STD 203,58 217,07 226,48 266,97 Reservas Internacionais Líquidas Milhões de USD 23,41 36,86 48,95 50,59 Taxa de Juro de Referência % 14,00 14,00 14,00 12,00 III Sector Externo Reservas/Importações Meses 2,71 4,20 5,13 5,31 Importação de Bens Milhões USD (105,25) (105,06) (128,65) (145,57) Exportação de Bens Milhões USD 5,89 6,37 12,89 17,45 Saldo da Balança Comercial Milhões USD (99,36) (98,69) (115,76) (128,12) Saldo da Balança Comercial em % do PIB (41,71) (37,44) (38,17) (38,23) Serviço da Dívida Pago/Exportação em % 39,97 37,90 24,30 18,11 IV Finanças Públicas Saldo Primário (Convencional) em % do PIB 15,00 1,10 5,90 Saldo Primário (Interno) em % do PIB 3,00 3,20 2,40 3,50 Stock da Dívida em % do PIB 65,68 86,56 76,64 72,64 Fonte: BCSTP, INE, Direção do Tesouro, Gabinete da Dívida, Direção do Orçamento; Relatório Anual 2014 Pág. 9

Evolução Económica Internacional Relatório Anual 2014 Pág. 10

1. Evolução económica Internacional Em 2014, registou-se uma melhoria na dinâmica económica das economias avançadas, embora limitada pelo impacto adverso do processo de consolidação orçamental. Com efeito, a conjuntura macroeconómica das principais economias mundiais foi caracterizada por sinais de recuperação e persistência de inflação baixa, particularmente na zona euro, onde prevaleceu riscos de espiral deflacionista. A quebra acentuada do preço do petróleo no mercado internacional constituiu também um factor marcante, no segundo semestre de 2014 e um dos fatores de incerteza para 2015, uma vez que seus efeitos poderão ser positivos para os países importadores de petróleo e negativo para os países exportadores, que poderão ver as suas receitas de exportação a diminuírem significativamente. Por outro lado, a evolução macroeconómica foi também, influenciada pela desvalorização do euro face ao Dólar Americano, que atingiu um mínimo histórico no final do ano. Assim, nos mercados emergentes prevaleceu alguma pressão inflacionária decorrente da depreciação das respetivas moedas face ao Dólar. De acordo com as estatísticas do World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional a economia mundial apresentou um crescimento na ordem de 3,4%, idêntico ao valor observado no período precedente. Gráfico 1 - Taxa de Crescimento do PIB (em %) Fonte: WEO FMI (tratamento de BCSTP) Relatório Anual 2014 Pág. 11

África Subsariana O conjunto das economias que compõem a África subsariana evidenciou um crescimento económico de 5,0%, relativamente inferior ao valor observado em 2013 (5,2%). No que se refere a inflação, registaram-se progressos, em 3 anos consecutivos, tendo apresentado uma taxa de inflação acumulada na ordem de 6,3%, contra 6,5% e 9,3% observadas em 2013 e 2012. Zona do Euro Ao nível da Zona Euro, a persistência da inflação baixa e da taxa de desemprego elevada, tem constituído motivo de preocupação para o BCE tendo atingido em Dezembro uma a taxa negativa de inflação acumulada de 0,2%. Pelo facto, o BCE reduziu as taxas de juro de referência para níveis mínimos históricos, com o objectivo de estimular a expansão de crédito à economia e evitar cenários de deflação. Entretanto, de acordo com o Eurostat, as economias da Zona Euro apresentaram um crescimento de 0,9%, após a contracção de 0,5% em 2013 e 0,8% em 2012. Portugal A economia Portuguesa registou em 2014, um crescimento do PIB de 0,9%, após três anos consecutivos de sucessivas contracções da actividade económica. Este crescimento foi sustentado pela procura interna que contribuiu para a variação do PIB em 2%, fruto de uma recuperação do consumo privado, enquanto a procura externa líquida contribuiu para a redução do PIB em 1,1%, reflectindo maior crescimento das importações de bens e serviços que as exportações. Estados Unidos da América A economia americana registou uma expansão da actividade económica em cerca de 2,4% em 2014, representando uma aceleração em 0,2 pp relativamente ao ano anterior. Relatório Anual 2014 Pág. 12

Reino Unido A evolução da economia britânica foi uma das mais satisfatórias da OCDE. Em 2014 registou um crescimento de 2,6%, superior em 1 pp em relação ao ano anterior. Preços de Petróleo Registou-se uma queda acentuada do preço de petróleo (cerca de 40 dólares por barril). Esta quebra tem sido estimulada pelo aumento da produção petrolífera nos EUA (xisto a um preço mais baixo) e a consequente competição para conquista de quota de mercado entre as produtoras americanas e a OPEP. Gráfico 2 - Média mensal do Preço do Petróleo no Mercado Internacional (em USD por Baril) Fonte: OPEP e tratamento do BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 13

Economia Nacional Relatório Anual 2014 Pág. 14

2. Economia Nacional 2.1. Produção e Preços 2.1.1. Produto Interno Bruto Embora num contexto de enquadramento internacional desfavorável, marcado pela frágil recuperação da economia mundial e pelos efeitos adversos da crise económica e financeira mundial, as estimativas do produto interno bruto indicam uma relativa aceleração da actividade económica em 2014 comparativamente a 2013. Com efeito, a economia nacional cresceu em termos reais 4,5% em 2014, mais 0,3 pontos percentuais em relação a 2013. O desempenho da economia reflectiu, em larga medida, a melhor performance do sector privado, com um crescimento considerável dos investimentos directos estrangeiros (IDE) e maior dinamismo do sector de turismo. Importa realçar a dinâmica dos IDE, nomeadamente no HBD, Unitel e a Sociedade Centro Comercial São Tomé. Gráfico 3 -Taxa de Crescimento do PIB (Valores em %) Fonte: INE STP, tratamento do BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 15

O crescimento do real do PIB (4,5%) registado em 2014 reflecte a contribuição dos sectores, comércio com uma participação de 0,96%, os transportes, armazenagem e comunicações com 0,97%, assim como, a recuperação do ramo Agricultura e pecuária com uma contribuição de 0,13%. Por outro lado, o sector hotelaria e restauração revelou um forte dinamismo com um crescimento de 24% (Tabela 2). O sector de comércio, a par do ano transacto, continua sendo o de maior peso na economia com 28,2%, embora tenha registado em 2014 uma ligeira diminuição (0,3 p.p.). Tabela 2 Produto Interno Bruto Por sector Taxa de crescimento Peso do sector no PIB Contribuição do Sector no Crescimento do PIB Sector de Atividade 2013 2014 2013 2014 2013 2014 Agricultura e pecuária 0,2 1,3 10,1 9,8 0,03 0,13 Pescas 2,5 2,6 4,9 4,8 0,13 0,12 Indústrias Extrativas -0,7 1,2 0,3 0,3 0,00 0,00 Indústrias Transformadoras 5,3 1,3 7,0 6,8 0,37 0,09 Produção e Dist. de Eletricidade e Água 8,4 7,1 2,5 2,5 0,20 0,17 Construção 1,1 1,1 6,4 6,2 0,07 0,07 Comércio 3,8 3,4 28,5 28,2 1,10 0,96 Alojamento e Restauração 4,9 24,1 1,3 1,5 0,06 0,31 Transportes, Armazenagem e Comunicações 5,4 5,8 16,8 17,0 0,90 0,97 Atividades Financeiras 1,5 1,9 1,9 1,8 0,03 0,04 Imobiliárias, Alug. e Serviços às Empresas 1,5 1,9 3,1 3,0 0,05 0,06 Administração Pública 2,0 2,0 3,6 3,5 0,07 0,07 Educação 4,6 2,7 0,9 0,8 0,04 0,02 Saúde e Acão Social 2,0 2,0 0,4 0,4 0,01 0,01 Outras Atividades de Serviços 6,2 6,2 4,7 4,8 0,29 0,29 Impostos sobre Produtos 30,4 10,3 8,8 9,3 2,13 0,91 Direitos de Importação 6,0 13,7 15,7 17,1 0,92 2,15 Fonte: INE/Tratamento do BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 16

2.1.2. Níveis de Preço Em 2014 a evolução da taxa de inflação medida pela variação do índice de preços no consumidor continuou a evidenciar uma maior estabilidade nominal, em linha com a tendência verificada nos anos anteriores. Em Dezembro do mesmo ano, a inflação acumulada (Gráfico 1) atingiu 6,4%, correspondendo a 0,7 pontos percentuais abaixo do valor observado no período homólogo. Gráfico 4- Evolução da Inflação Acumulada Gráfico 5- Inflação Acumulada (evolução mensal) Fonte: INE-STP Fonte: INE-STP A trajectória descendente da inflação reflecte os efeitos positivos das políticas monetárias e orçamentais e ausência de choques significativos do lado da oferta. Os meses de maior pressão inflacionária foram os de Maio, Junho, Julho e Dezembro. Porém, os que registaram uma inflação superior ao do período homólogo de 2013 foram os meses de Março, Maio e Outubro de 2014 (gráfico nº6). Gráfico 6 - Variação em cadeia Fonte: INE (tratamento do BCSTP) Relatório Anual 2014 Pág. 17

O comportamento da inflação em 2014 continuou determinado pela classe de produtos alimentares, bebidas e cigarro, com uma contribuição de 4%. De referir que classes habitação, energia e combustível (0,8%) e vestuários e calçados (0,5%) também evidenciaram uma contribuição significativa. Gráfico 7 - Contribuição para a variação do IPC (Valores em %) Fonte: Instituto Nacional de Estatística e tratamento do Banco Central Quanto a variação homóloga do IPC observa-se que este indicador manteve-se mais ou menos constante ao longo do ano, o que pode indiciar uma menor redução da inflação para os anos seguintes. Quando se compara a evolução deste indicador nos anos 2013 e 2014 distingue-se dois períodos distintos, nomeadamente o compreendido entre Janeiro e Maio, onde a variação homóloga em 2014 é inferior ao de 2013 e o período entre Junho e Outubro onde verifica-se a situação contrária. Para os últimos dois meses, este indicador recupera a tendência verificada no início do ano. Gráfico 8 - Inflação Homologa Fonte: INE Relatório Anual 2014 Pág. 18

Para 2015 espera-se uma inflação acumulada até Dezembro de 5,2% o que assinala mais uma vez a tendência decrescente e convergente da inflação nacional em relação a inflação da zona euro. No entanto, para os anos subsequentes espera-se uma redução mais moderada da inflação em relação aos anos anteriores. Esta perspectiva inflacionária está associada a espectativa de aumento da inflação na zona euro e a pouca capacidade interna de controlar os preços dos produtos alimentares produzidos localmente. Relatório Anual 2014 Pág. 19

2.2. Políticas Macroeconómicas 2.2.1. Política Monetária e evolução dos agregados monetários Num quadro operacional assente em taxa de câmbio fixa, a política monetária, esteve orientada no sentido a implementar medidas prudentes com o objectivo de prosseguir a estabilidade dos preços e incentivar níveis de taxas de juro mais baixas que permitissem a expansão do crédito ao sector privado, e por esta via, contribuir para uma maior dinâmica do nível de actividade económica em São Tomé e Príncipe. Assim, a redução da inflação observada nos últimos anos, bem como, as previsões para 2014, e a persistente contracção do crédito a economia levou o BCSTP a enveredar por uma orientação de política monetária de cariz moderadamente expansionista. Nesse contexto, decidiu reduzir em 4 de Abril de 2014 a sua taxa de juro de referência, numa perspectiva de influenciar as taxas das operações activas e passivas praticadas pelos bancos comercias. Com efeito, a taxa de juro de referência do Banco Central reduziu em 2 pontos percentuais, situando-se em 12% no fecho do ano, enquanto, a taxa das facilidades permanentes de cedência de liquidez mantevese constante. Por outro lado, o Coeficiente de reservas mínimas de caixa manteve-se em 18,0% para as responsabilidades em Moeda Nacional e 21% para as responsabilidades em Moeda Estrageira ao longo de todo ano de 2014. As decisões de política monetária foram também conduzidas no sentido de preservar as reservas internacionais do país em patamares confortáveis e, na criação de condições favoráveis ao reforço da credibilidade do regime de taxa de câmbio, bem como, na estabilidade do sistema financeiro, enquanto requisitos importantes para o bom funcionamento da economia. Assim, face a necessidade de se diversificar opções de instrumentos de política monetária, e de aprimorar o seu mecanismo de transmissão, o Banco Central lançou em Dezembro de 2014, no Fórum sobre o Sistema Financeiro Santomense, reformas de carácter estrutural consubstanciadas, na introdução para o ano seguinte do Mercado Monetário Interbancário, as Operações de Mercado Aberto, Facilidades de Depósitos e emissão de Bilhete de Tesouro. Relatório Anual 2014 Pág. 20

Taxas de juro de Mercado As decisões de política monetária adoptadas pelo BCSTP, mencionadas anteriormente, não produziram efeitos esperados sobre o financiamento da economia. As estatísticas sugerem que a alteração da taxa de referência do BCSTP não foi suficiente para catalisar os ajustamentos desejados nas taxas de juros do mercado. Com efeito, o indicador de eficiência do sistema mantem-se fraco, ou seja, o spread das taxas de juro activas e passivas dos bancos continua elevado (Cf. gráfico 9). Gráfico 9 - Taxas de Muro do Mercado Base Monetária A Base Monetária no final de 2014 situou-se em 1.135.763 milhões de Dobras, o que equivale a um aumento em termos nominais de 214.038 milhões de Dobras (23,2%), determinado pelo acréscimo das notas e moedas em circulação em 40.494 milhões de Dobras (17,9%) e das reservas bancarias em 173.544 milhões de Dobras (24,96%). As Notas e Moedas em Circulação cresceram 17,9%, contra 4,3% registado no período homólogo. As reservas dos bancos no Banco Central apresentaram um crescimento tanto na sua componente em moeda nacional como em moeda estrangeira, na ordem de 20,9 e 45,9%, respectivamente. Com efeito, a persistência de elevado nível de reservas bancárias continua a ser uma das características marcantes do sistema. Relatório Anual 2014 Pág. 21

Tabela 3 Principais Agregados Monetários (em mil milhões) Stock Variação Taxa de variação em % 2013 2014 2013 2014 2013 2014 Base Monetária Total 921,7 1135,8 209,3 214,0 29,4 23,2 Base Monetária MN 808,7 970,8 20,0 162,1 31,4 20,0 Notas e Moedas em Circulação 226,5 267,0 17,9 40,5 4,3 17,9 Depósitos dos Bancos no BCSTP 695,2 868,8 25,0 173,5 40,3 25,0 Reservas Bancárias MN 582,2 703,9 20,9 121,6 46,1 20,9 Reservas Bancárias ME 113,0 164,9 45,9 51,9 16,7 45,9 Fonte: BCSTP e Cálculo do BCSTP A massa monetária (M3), agregado mais amplo, situou-se em 2.508 mil milhões de Dobras, em Dezembro de 2014, correspondendo a uma variação, na ordem de 16,7%, cerca de 2,8 pp acima da expansão observada em 2013. Essa expansão foi essencialmente impulsionada pela contribuição dos activos externos líquidos (27,7%) e amortecida por outros activos e passivos (-9,3%), crédito líquido ao Governo (-0,1%) e crédito a economia (-0,9%). Gráfico 10 - Factores de Expansão da Massa Monetária (Valores em % da M3 do ano anterior) Fonte: Relatório Anual 2014 Pág. 22

Tabela 4 Principais Agregados Monetários (em milhões de Dobras) 2011 2012 2013 2014 ACTIVO EXTERNO LÍQUIDO 1.262.714 1.629.738 1.647.618 2.229.567 CRÉDITO INTERNO LÍQUIDO 303.407 254.107 499.715 278.435 CRÉDITO LÍQUIDO AO GOVERNO (22.072) (123.437) (250.177) (252.119) CRÉDITO À ECONOMIA 1.749.763 1.918.438 1.901.505 1.882.216 CRÉDITO AO SECTOR PRIVADO 1.633.862 1.807.869 1.731.315 1.696.400 MASSA MONETÁRIA 1.566.120 1.883.845 2.147.333 2.508.002 Evolução da Carteira dos Depósitos Os fluxos de operações entre os agentes económicos e os bancos resultaram num incremento de depósitos em cerca de 323.781,4 milhões de dobras (16,5%), superior em relação a expansão observada no ano precedente em 246.675,8 milhões de dobras (14,5%). A rubrica depósitos em moeda nacional cresceu em 171.859 milhões de Dobras (14,7%), enquanto a denominada em moeda estrangeira diminuiu em 151.922 milhões de Dobras (-19,30%). Contudo, ao contrário do que se tem observado desde 2010, registou-se no ano em análise uma ligeira redução do peso dos depósitos em Moeda Nacional (cerca de 1 pp), passando de 59,8% para 58,9 (Gráfico 11). Gráfico 11 Estrutura do Depósito Fonte: Relatório Anual 2014 Pág. 23

Crédito à Economia Registou-se pelo segundo ano consecutivo uma contracção do crédito a economia de 3,84%, contra 0,88 em 2013. No que se refere ao crédito especificamente destinado ao sector privado registou-se uma contracção de 1,7% contra 3,3% em 2013. Ao facto deve-se, por um lado, a factores endógenos tais como, o esforço de recuperação dos créditos em situação irregular por parte dos Bancos Comerciais e uma maior exigência na avaliação de riscos, num quadro em que as taxas de juros activas dos empréstimos se mantiveram constantes. Por outro lado, factores exógenos vão desde o sobreendividamento das famílias e empresas (consequente aumento do risco de crédito), até a ineficácia do sistema judiciário no tocante ao processo de recuperação dos créditos em contencioso. Gráfico 12 - Taxa de crescimento do Crédito ao Sector Privado Fonte: Enfatiza-se, no entanto, que a contracção do crédito ao sector privado observada em 2014, deveu-se a redução do crédito em moeda estrangeira (16,91%), enquanto, o crédito em moeda nacional cresceu (12,52%). Assim, em 31 de Dezembro a carteira de crédito das instituições bancárias distribui-se em 39,9% para ME e 60,1% para MN (Gráfico 13). Relatório Anual 2014 Pág. 24

Gráfico 13 - Crédito a Economia Fonte: BCSTP A massa monetária em percentagem do PIB apresentou um ligeiro crescimento em 2014, cifrando-se em 42,5% contra 40,2% do ano anterior. Estes dados sugerem a necessidade de se aumentar o nível de inclusão financeira e de bancarização na economia nacional. Gráfico 14 - M3 em % do PIB Fonte: Relatório Anual 2014 Pág. 25

Em 2014, o crédito a economia em percentagem do PIB (Gráfico 15) situou-se em 30,2% contra 33,7% verificado ano anterior, significando uma redução de 3,5 pontos percentuais. Esta redução deveu-se ao efeito conjugado da contracção do crédito ao sector privado e do crescimento nominal do PIB. Gráfico 15 - Crédito à Economia em % do PIB Fonte: No que concerne a distribuição sectorial de crédito a economia, observa-se que o comércio, a construção e o consumo são os sectores com maior representatividade na carteira dos Bancos, com 31, 25 e 19%, respectivamente. De referir que os créditos destinam-se sobretudo às empresas privadas e a particulares residentes. Gráfico 16 Crédito concedido Por Sectores Fonte: Relatório Anual 2014 Pág. 26

2.2.2. Política Cambial Em 2014, a taxa de câmbio do Euro face ao Dólar americano no mercado internacional apresentou uma depreciação de 11,8% contra uma apreciação de 4,6% verificada em 2013. Com efeito, em 2014, verificou-se uma depreciação da taxa de câmbio da Dobra face ao Dólar americano de 13,3% quando no período homólogo de 2013, a moeda nacional apreciou-se em 4,4%. Assim, a taxa de câmbio no final de 2014, situou-se em 20.299,14 Dobras por Dólar americano contra 17.908,84 Dobras registada em 2013. Gráfico 17 - Evolução da taxa de câmbio das principais moedas Fonte: No tocante ao grau de competitividade, no período em análise, o índice da taxa de câmbio efectiva real registou uma apreciação de 6,2% comparativamente a Dezembro de 2013. Apesar da acentuada depreciação da moeda nacional face ao dólar em 2014, não se registou melhorias significativas em termos de competitividade da economia nacional, uma vez que a inflação continua superior a dos principais parceiros comerciais. Relatório Anual 2014 Pág. 27

Gráfico 18 Taxa de Câmbio Efectiva Fonte: ; Obs: (Índices, base 100:2001) Depreciação: (-); Apreciação: (+) Reservas internacionais líquidas As reservas internacionais líquidas constituem uma das variáveis fundamentais no quadro do seguimento da sustentabilidade e credibilidade do regime cambial em vigor. Ao longo de 2014, as reservas internacionais líquidas situaram-se em patamares confortáveis, acima de 3 meses de importação. Em 31 de Dezembro do ano findo, esta rubrica ascendeu a 50,5 milhões de dólares, representando 1,64 milhões acima do valor registados no período homólogo (Gráfico 19), reflectindo uma cobertura de importação de bens e serviços na ordem de 5,2 meses. Gráfico 19 - Reservas Internacionais Líquidas Fonte: BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 28

O crescimento das reservas internacionais líquidas em 2014 deveu-se, essencialmente ao aumento dos depósitos a vista em moeda estrangeira (27.340,84 milhões de dobras), aplicações em títulos (49.533,25 milhões de dobras) e depósito a prazo CNP (98 599,79 milhões de dobras). Entretanto, crescimento da RIL foi menos expressivo devido ao impacto da contracção das reservas bancárias expressas em moeda estrangeira (51.904,53 milhões de dobras), redução de notas e moedas no cofre do Banco Central (7.119,56 milhões de dobras), dentre outros factores. Tabela 5 Factores de Variação da RIL 2012 2013 2014 Depósito de Garantia -9.584 6.174 920 Reservas do Banco Comerciais em ME -14.786-16.142-51.905 Aplicações em Títulos - Valor Contabilístico 2.109 4.024-5.556 Aplicações em Títulos - Valor de Mercado 118.995 26.251 49.533 Depósito de Outras Sociedades de Depósito -10.596-49.682 17.976 Passivos de Curto Prazo 165.771-4.243 11.233 Notas e Moedas em Cofre -13.500 16.203-7.120 Depósitos a Vista em ME 53.210-25.980 27.341 Depósito a Prazo CNP 53.226 236.669 98.600 Aplicações em Título de Tesouro em Pais Terceiro -8.106-4.083 3.741 Haveres em DSE -96.744-4.105 4.394 Variação da RIL 239.994 185.086 149.157 2.2.3. Política fiscal e execução orçamental A execução orçamental até Dezembro de 2014 continuou a reflectir os impactos adversos da conjuntura económica internacional, particularmente no tocante a entrada de Donativos programados. Assim, com base na Tabela de Operação Financeira do Estado, em 2014, as receitas totais registaram um grau de arrecadação de 66,2% relativamente ao programado, o que correspondeu 31,1% do PIB. Estas receitas atingiram um montante de 1.948.165 milhões de Dobras contra 1.879.812 milhões observados em 2013, traduzindo num crescimento de 3,6%. Esta expansão foi impulsionada, essencialmente, pelo crescimento dos desembolsos 1 em 117,8% e um ligeiro crescimento das receitas correntes em 0,2% relativamente ao ano de 2013. 1 Para financiamento de despesas correntes (77.322 milhões de Dobras) e projectos (238.474 milhões de Dobras) Relatório Anual 2014 Pág. 29

Com efeito, verificou-se uma arrecadação de receitas correntes no montante de 975.347 milhões de Dobras, correspondente a um grau de execução de 90,6% relativamente ao programado. Essa arrecadação representou 15,5% do PIB. Comparativamente a 2013, verificou-se um aumento das receitas correntes em 0,2% determinado essencialmente pela expansão das receitas fiscais. As receitas fiscais expandiram em 1,1%, (dos quais os impostos directos representaram 34,0%, os impostos indirectos 65,8% e outras receitas fiscais 0,2%). Quanto as receitas não fiscais, estas diminuíram em 7,6% justificada pela redução das receitas patrimoniais em 12,2% e outras receitas não fiscais em 72,0% comparativamente ao ano de 2013. Gráfico 20 - Receitas Correntes (em % do PIB) Fonte: Direção do Tesouro STP No lado das despesas, observou-se um crescimento das despesas primárias de 8,6% em relação ao 2013, o que representou uma execução de 94,4% do programado, correspondendo 19,1% do PIB. O aumento das despesas primárias foi impulsionado, essencialmente, pelas despesas correntes, (excluindo os juros da dívida pública) que apresentaram uma execução de 1.122.917 milhões de Dobras, representando uma variação de 9,3% em relação ao ano anterior. Esta execução corresponde a 17,9% do Relatório Anual 2014 Pág. 30

PIB. Este aumento das despesas correntes foi estimulado pelo crescimento das suas componentes outras despesas correntes (166,7%), despesas com pessoal (9,2%) e bens e serviços (2,6%) enquanto transferências correntes e juros da dívida apresentaram um decréscimo de 4,2% e 2,5%, respectivamente. A expansão de Outras Despesas Correntes deveu-se a um nível de execução das Despesas Consignadas em 189,7% do programado. No tocante as despesas com pessoal, o crescimento deveu-se ao incremento dos salários do pessoal militar (24,4%), pessoal civil (19,6%), das despesas com segurança social (14,9%) e do pagamento as embaixadas (5,0%). Relativamente as despesas de capital, estas atingiram um montante de 874.295 milhões de Dobras em 2014 contra 808.004 milhões do ano precedente, o que representou um crescimento de 8,2%. A execução das referidas despesas correspondeu a um grau de cumprimento de 49,3% do programado para 2014, situando-se a 13,9% do PIB. A expansão das despesas de capital deveu-se ao crescimento da rubrica Investimentos com Recursos Externos em 10,5%, decorrente essencialmente, do aumento de empréstimos em 45,8% em relação a execução de 2013. Gráfico 21 - Despesas Primárias (em % do PIB) Fonte: Direção do Tesouro STP Relatório Anual 2014 Pág. 31

A execução orçamental de 2014 gerou um saldo primário deficitário de 215.196 milhões de Dobras contra 114.408 milhões observado em 2013. Esta evolução correspondeu a um défice de cerca de 3,5% do PIB. Com efeito, saldo global atingiu um défice de 392.545 milhões de Dobras, representando 6,3% do PIB. Gráfico 22 - Operações Financeiras do Estado (em % do PIB) Fonte: Direcção do Tesouro STP 2.3. Sector Externo 2.3.1. Balança de pagamentos A Balança de Pagamentos de 2014 revela uma deterioração dos principais saldos, tendo a balança corrente evidenciado um défice de 34,26% do PIB 2 contra 27,61% registado em 2013. Estes resultados revelam um agravamento das necessidades de financiamento. De referir que, grande parte deste financiamento é canalizada para bens de consumo em detrimento dos de capital. O saldo da balança de bens (excluindo a reexportação) em percentagem do PIB, continua a reflectir as debilidades estruturais associadas a fraca capacidade exportadora do país comparativamente ao excessivo volume das importações. No 2 Os dados que se apresentam diferentes para o ano de 2013 tanto para o PIB como para a BOP são justificados pela actualização de informações disponíveis referentes a este ano. Relatório Anual 2014 Pág. 32

período em análise, este indicador expandiu 10,41%, atingindo 134,36 milhões de dólares, contra os 121,7 registados em 2013. Esta evolução é justificada, em grande parte, pelo aumento da importação dos bens de consumo em quase 18%. Contudo, destaca-se o assinalável aumento de exportação de Cacau em cerca de 69%. A contribuir para o fraco desempenho da Balança Corrente estiveram também a sua componente Balança de serviços e Rendimento Secundário. Tabela 6 BOP Balança corrente Em % do PIB 2013 2014 % 2013 2014 % Balança Corrente -83,73-107,44 28,31-27,61-34,26 24,08 Balança de Bens (Incluindo Reexportação) -115,76-127,41 10,06-38,17-40,63 6,44 Balança de Bens (Excluindo Reexportação) -121,70-134,36 10,41-40,13-42,85 6,77 Exportação de Bens (Incluindo Reexportação) 12,89 17,22 33,62 4,25 5,49 29,21 Exportação de Bens (Excluindo Reexportação) 6,95 10,27 47,79 2,29 3,27 42,92 Mercadorias Gerais 5,42 9,15 68,89 1,79 2,92 63,32 dos quais Cacau 5,42 9,15 68,89 1,79 2,92 63,32 Reexportação 5,94 6,95 17,05 1,96 2,22 13,19 Importação de Bens 128,65 144,63 12,42 42,42 46,12 8,72 Bens de Consumo 52,31 61,72 17,98 17,25 19,68 14,09 Bens de Capital 27,89 30,29 8,63 9,20 9,66 5,05 Produtos Petrolíferos 38,21 41,12 7,61 12,60 13,11 4,06 Balança de Serviços -10,20-13,23 29,76-3,36-4,22 25,48 Rendimento Primário 2,10 7,57 260,75 0,69 2,41 248,85 Rendimento Secundário 40,12 25,63-36,12 13,23 8,17-38,22 Transferencias Públicas 15,52 2,29-85,23 5,12 0,73-85,72 Transferencias Privadas 24,60 23,34-5,12 8,11 7,44-8,25 Remessas de Emigrantes 26,06 25,16-3,49 8,60 8,02-6,67 Fonte: BCSTP A Zona Euro continuou o principal parceiro comercial de São Tomé e Príncipe com uma quota de 63,5% no volume de transacção com o exterior, o que corresponde a um aumento de 2,8% em relação ao ano de 2013, enquanto a Africa, o segundo maior parceiro, representou uma quota de 28,3% em 2014. No entanto, o valor referente a Africa é fortemente influenciado pela importação dos produtos petrolíferos provenientes essencialmente de Angola que corresponde a 26,5%. A balança comercial geográfica revela que a estrutura dos destinos e proveniência dos bens e serviços permaneceram inalteradas em relação ao ano anterior. A Bélgica e os Países Baixos continuam a ser os principais destinos das exportações com uma quota de 24,4% e 21,4% respectivamente. No entanto, observa-se um crescimento bastante acentuado de exportações para Espanha que passou de cerca de 11% em 2013 para aproximadamente 20% em 2014. Relatório Anual 2014 Pág. 33

Quanto as importações, Portugal continua como o principal fornecedor de São Tomé e Príncipe representando cerca de 60% do total das importações, seguido de Angola com 30%. A taxa de cobertura das importações pelas exportações de bens, situou-se em 2014 em 7,1% contra 5,4 3 % verificada no ano anterior. Esta ligeira melhoria deveu-se ao incremento das exportações (33,62%) em 2014, enquanto as importações aumentou 12,4%. O cacau foi o produto que mais contribuiu para o aumento das exportações tendo passado de 5,4 milhões em 2013 para 9,1 milhões em 2014. Quanto a importação, os bens de consumo registaram um aumento superior em relação as outras componentes, com um crescimento de 17,9% em relação a 2013, fixando-se em 61,7 milhões de dólares. Tabela 7 Volume de Transações com o Exterior Transação Cota (%) 2 013 2 014 2 013 2 014 Variação transação 2014 Variação cota Total 135 592 154 894 14,24 Europa 83 845 98 496 61,84 63,59 17,47 2,83 Africa 40 744 43 969 30,05 28,39 7,92-5,53 America 2 784 3 287 2,05 2,12 18,08 3,37 Outros 8 219 9 141 6,06 5,90 11,22-2,64 Fonte: INE/tratamento do BSCTP 2.3.2. Dívida pública O stock da dívida pública atingiu no final de 2014 um montante de 243,4 milhões de dólares dos quais, os credores bilaterais com 189,1 milhões de dólares, os credores multilaterais 41,5 milhões de dólares e dívida com fornecedores 12,8 milhões de dólares. Comparativamente ao 2013, observouse um incremento do stock da dívida pública sãotomense em 11,0 milhões de 3 Este valor difere o apresentado no relatório de 2013 (4,6%). Esta diferença deve-se a mudança de metodologia no reporte dos dados da balança comercial. Relatório Anual 2014 Pág. 34

dólares, traduzindo-se num crescimento de 4,7% (gráfico 22). De realçar que a dívida pública com fornecedores caiu 24,2% em relação ao ano precedente. Gráfico 23 Dívida pública Sãotomense (em milhões de USD) Fonte: Gabinete da dívida do Ministério de Plano e Finanças e tratamento do BCSTP No período em análise, foram registados desembolsos no montante de 18,91 milhões de dólares, cifra significativamente superior ao observado em 2013 (6,20 milhões de dólares), dos quais, 1,90 milhões de dólares correspondem aos credores multilaterais e 17,01 aos bilaterais. Dos Credores Multilaterais, destacam-se o FIDA com 0,53 milhões de dólares, o que representa 27,7% e o BADEA com 1,37 milhões dólares (72,2%). No tocante aos bilaterais, os 17,01 milhões de dólares são provenientes de Angola. Relativamente ao serviço da dívida pública, foram programados reembolsos no montante de 10,15 milhões de dólares, sendo que 3,05 milhões de dólares para serem transferidos e 7,10 milhões de dólares a serem depositados na conta HIPC. Note-se que, do valor programado, 2,36 milhões (77,3%) foram transferidos para exterior, dos quais, o capital corresponde 1,19 e juros representam 1,16 milhões de dólares. Realça-se o facto de ter-se gerado um atrasado na ordem de 0,69 milhões de dólares. No quadro da iniciativa HIPC, foram depositados 0,80 milhões de dólares do programado destinado a financiamento de projectos sociais e de infra-estruturas, sendo que, gerou-se um atrasado de 6,30 milhões. Relatório Anual 2014 Pág. 35

Gráfico 24 Fluxo da Dívida (em milhões de USD) Fonte: Gabinete da dívida do Ministério de Plano e Finanças e tratamento do BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 36

Sistema Financeiro Nacional Relatório Anual 2014 Pág. 37

3. Sistema Financeiro Nacional 3.1. Sistema bancário 4 Em 2014 a performance do sistema bancário foi amplamente afectada pela fraca qualidade dos activos, nomeadamente do crédito concedido que registou um elevado nível de incumprimento. Consequentemente, observou-se o agravamento acentuado dos indicadores de rendibilidade e a deterioração da adequação dos fundos próprios. Contudo, os activos do sistema cresceram cerca de 12%, sustentado pelo incremento das disponibilidades imediatas (excesso de liquidez) em detrimento da retracção creditícia. 3.1.1 Estrutura do sector bancário e concentração O ano de 2014 ficou marcado por uma alteração da estrutura do Sistema Financeiro Nacional, com a aquisição do Island Bank SA pelo Energy BanK STP. Outro facto digno de realce, prende-se com a indigitação de uma administração provisoria para o Banco Equador resultante de recorrentes incumprimentos das Normas Regulamentares. Assim, encontram-se a operar no sistema bancário 7 bancos, dos quais 6 comerciais e 1 comercial e de investimento. Contudo, manteve-se o número de agências, continuando a persistir uma maior concentração da actividade bancária no distrito de Água-Grande (gráfico 25). Gráfico 25 - Distribuição de Geográfica dos Balcões dos Bancos Fonte: BCSTP 4 Importa referir que contrariamente as demais referências, os créditos concedidos nesta secção são calculadas numa lógica macro- prudencial. Relatório Anual 2014 Pág. 38

Importa referir que, o mercado financeiro sãotomense é demasiado concentrado. Note-se que apenas um banco detém cerca de 50% do total de activos do sistema e três bancos representam cerca de 87% de créditos e 91% de depósitos do sistema. Relativamente à taxa de bancarização 5, em 2014 registou-se um crescimento significativo situando-se em 48% contra 42% em 2013 e 41% em 2012. 3.1.2 Activos e Qualidade da Carteira O peso do sector financeiro na economia nacional não demonstrou significativa alteração em 2014, uma vez que, o activo agregado da banca representou cerca de 69% do PIB, contra 70% observado em Dezembro de 2013. Em termos nominais, o activo total do sistema bancário atingiu no ano findo cerca de 4.350 mil milhões de Dobras, uma variação nominal de 12% comparativamente aos 4.000 mil milhões de Dobras registados em 2013. O crescimento do activo total do sistema, deveu-se sobretudo ao aumento verificado nas disponibilidades imediatas em aproximadamente 29%. É de se referir que esta rubrica abarca, maioritariamente, activos não remunerados ( Caixa e Depósitos junto ao Banco Central ), que não só representam as reservas obrigatórias como também os excedentes. As disponibilidades imediatas passaram representar cerca de 47% do total do activo contra 41% observados em 2013. Contrariamente aos últimos anos em que o crédito representava a principal componente do activo, a partir de 2013 este passa a segunda componente, tendo representado apenas 32% do activo em 2014 contra os 39% verificados em 2013. A contracção creditícia está associada a condicionantes quer do lado da procura quer do lado da oferta. 5 É a relação entre o número de clientes com contas abertas nos banco e o número total da população Relatório Anual 2014 Pág. 39

Gráfico 26- Estrutura do Activo Relativamente a profundidade do sistema financeiro, verificou-se uma estagnação do rácio depósitos em percentagem do PIB, situando-se em torno dos 38% em 2014 e uma ligeira desaceleração dos activos totais em percentagem do PIB. Gráfico 27 - Activos e Depósitos em % PIB Fonte BCSTP O crédito em incumprimento atingiu os 17% contra os 23,1% em 2013. Esta diminuição deveu-se a uma alteração de metodologia de cálculo 6. Os sectores de comércio e consumo são os mais afectados em matéria de incumprimento. 6 Até 2013 estavam incluídos no crédito em incumprimento, o crédito em mora até 90 dias (curta duração). Assim se tivermos em consideração o crédito em mora até 90 dias também em 2014, o crédito irregular ascenderia a cerca de 28% Relatório Anual 2014 Pág. 40

Gráfico 28 Crédito mal parado Gráfico 29 - Crédito em Incumprimento por sectores Fonte BCSTP 3.1.2 Estrutura do Passivo Os passivos da banca aumentaram em cerca de 14% no período em análise, totalizando aproximadamente 3,6 mil milhões de Dobras contra os 3,2 mil milhões de Dobras de 2013 (Cf. Gráfico 30). Contribuíram para este aumento, os recursos dos clientes que continuaram a representar a principal fonte de financiamento da banca sãotomense. Estes recursos corresponderam aproximadamente 68%, ou seja, 2,5 mil milhões de Dobras do passivo total e registaram um aumento de 17%, comparativamente aos 2,1 bilhões de Dobras observados em 2013 (cf. Gráfico 31). Gráfico 30 - Passivos Totais Gráfico 31 Depósitos Fonte BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 41

Relativamente a estrutura do passivo, esta manteve-se praticamente inalterada, com as responsabilidades por depósitos e empréstimos a representar mais de 60% do total, seguido das responsabilidades com as instituições de crédito com uma representatividade de 12%. Contudo, registou-se uma inversão de tendências relacionada com o aumento da participação de Outras obrigações (de 7% para 9%) contra uma redução do peso de responsabilidades com Outros empréstimos e para com instituições do governo, tendo- se registado uma diminuição de 57% e 12% respectivamente. Gráfico 32 - Estrutura do Passivo Fonte: BCSTP A estrutura dos depósitos por moeda continua a evidenciar tal como em 2013, o substancial peso dos depósitos em MN, representando cerca de 59% do total dos depósitos em 2014. Note-se que, registou-se uma inversão de tendências a partir de 2012, uma vez que, os depósitos em ME representavam mais de 50% do total dos depósitos (cf.gráfico 33). Quando observa-se a estrutura de depósitos por maturidade, constata-se que a mesma tem-se mantido inalterada nos últimos sete anos. Porém, mais de 60% constituem exigibilidade de curto prazo, ou seja, depósitos à ordem. Relatório Anual 2014 Pág. 42

Gráfico 33 - Estrutura dos Depósitos Fonte: BCSTP De se referir que, os depósitos têm sido captados sobretudo junto do sector privado, nomeadamente famílias e empresas com 52% e 37% respectivamente (cf.gráfico 34), não se observando igualmente em 2014 alterações significativas na estrutura de depósitos por sector institucional. Gráfico 34 - Depósitos Sector Institucional Fonte: BCSTP 3.1.3.Indicadores agregados do sector bancário 3.1.3.1 Liquidez Em 2014, registou-se um rácio de liquidez de 57% contra 51% em 2013, situando-se acima do 20% estabelecido como mínimo de acordo com a NAP 04/2007 Norma Sobre Liquidez Bancária. Em caso de corrida bancária, as disponibilidades imediatas Relatório Anual 2014 Pág. 43

cobrem os depósitos de clientes em cerca de 84%. Entretanto, a avaliação pelos gaps de liquidez (cf.gráfico 35) indica-nos que o sistema não apresenta uma situação confortável, pelo que, é evidente o risco de desfasamento temporal. De Facto a situação patrimonial reflete a concessão de crédito à médio longo prazo, num contexto em que os depósitos são maioritariamente de curto prazo. Gráfico 35 - Gaps de Liquidez Gráfico 36 - Depósitos sobre Activo Total Fonte: BCSTP De salientar que o excesso de liquidez registado é assimétrico, quando analisamos as instituições individualmente. O rácio de transformação (crédito total sobre depósitos totais) situou-se em média nos 57% em 2014 contra 73% em 2013, face ao aumento registado no nível de depósitos, por um lado, e por outro, a diminuição do crédito concedido, colocando em evidência um certo abrandamento da actividade creditícia (contracção dos níveis de intermediação) e o aumento de liquidez. Relatório Anual 2014 Pág. 44

Gráfico 37 - Indicador de Transformação dos depósitos Fonte: BCSTP 3.1.3.2 Margem Financeira A margem financeira continuou a deteriorar-se ao longo do período em análise verificando-se uma redução em cerca de 11% (cf. Gráfico 38). Tal comportamento está associado a qualidade de crédito dos bancos, na medida em que, o nível elevado do crédito em incumprimento traduziu-se numa redução acentuada de proveito de juros. Gráfico 38 Margem Financeira Relatório Anual 2014 Pág. 45

3.1.3.3 Resultados e rendibilidade das Instituições Bancárias Os indicadores agregados do sector financeiro, sugerem uma baixa rentabilidade do sistema reflectindo-se, num fraco nível de criação de valor para os accionistas. Com efeito em 2014 os resultados negativos ascenderam 219 mil milhões de Dobras, o que corresponde a um agravamento substancial face ao ano transacto (83 mil milhões de Dobras), traduzindo-se numa significativa deterioração da rendibilidade dos activos e dos fundos próprios. De referir que, nos últimos dois anos o retorno sobre os activos (ROA) e sobre os fundos próprios (ROE) têm-se deteriorado significativamente, tendo atingido em 2014 cerca de -4,9% e -35,24% respectivamente. O agravamento do nível de rentabilidade do sistema bancários está associado a uma conjugação de factores, destacando-se a fraca qualidade da carteira de crédito exigindo níveis elevados de constituição provisões, bem como, o reconhecimento de perdas, por parte de algumas instituições. A este factor acresce-se ainda, a redução em 14% de Outras Receitas Operacionais e o peso das despesas operacionais (custos com o pessoal, administrativo e amortizações). Gráfico 39 - Resultados e Rendibilidade Fonte: BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 46

3.1.3.4 Solvabilidade do Sistema Bancário A análise do gráfico 40, sugere uma trajectória descendente do rácio de solvabilidade atingindo em 2014 cerca de 15,1%. Embora o rácio de solvabilidade do sistema se encontre acima dos mínimos exigidos pela NAP 10/2007 Adequação de Fundos Próprios e Rácio de Solvabilidade, a situação dos bancos é heterogénea. Com efeito, cerca de 25% das instituições apresentam o rácio entre 20 e 30%, e 13% das instituições num intervalo entre 12 e 20%. Com níveis abaixo dos 12% regulamentados, estão cerca de 25% das instituições do sistema. O gráfico 41 evidencia uma degradação deste indicador. A deterioração do rácio de solvabilidade resulta por um lado, da acumulação de avultados prejuízos e do aumento de activos ponderados pelo risco em cerca 14% face ao ano precedente, e por outro, da redução de 19% dos fundos próprios qualificados. Gráfico 40 - Adequação de Fundos Próprios Gráfico 41 - Adequação de Fundos Próprios Fonte: BCSTP Relatório Anual 2014 Pág. 47

3.2. Actividade Seguradora 3.2.1. Evolução da Actividade Seguradora A estrutura do mercado segurador sãotomense em 2014 manteve-se inalterada, continuando composto por duas empresas seguradoras de capital estrangeiro operando em Ramos gerais. A exploração do Ramo vida iniciada em 2013 contínua bastante incipiente. A taxa de penetração da actividade seguradora em São Tomé e Príncipe, continua baixa, situando-se em 0,7% em 2014. O nível da produção seguradora per capita situou-se em 206 mil dobras anuais em 2014. Em termos de volume de negócio, a produção deste sector ascendeu a 43,8 mil milhões de dobras, revelando um crescimento tímido para um sector com grande margem de expansão. Os prémios brutos registaram um crescimento de 11% no período em análise, sendo expectável que o mesmo venha a conhecer crescimentos mais expressivos após a actualização e a devida implementação da legislação que regula o seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel. O seguro automóvel mantém-se como o produto mais solicitado às seguradoras com uma participação de aproximadamente 50% do total da produção. Nos últimos quatro anos, tem-se verificado uma oscilação da margem de solvência das seguradoras a operar no mercado sãotomense. Em 2014, este indicador registou uma acentuada queda, situando-se em 131%. Esta evolução justifica-se, essencialmente, pelo fraco crescimento do património líquido das seguradoras. 3.2.2. Estrutura da Carteira A estrutura da carteira de prémios manteve-se inalterada, sendo o Seguro automóvel o principal produto com uma participação de 49% dos prémios totais, seguido do Ramo Incêndio e Outros Danos. Em 2014, o prémio bruto do principal produto das seguradoras ascendeu a 21,5 mil milhões de dobras, apresentando um crescimento de 7%. Relatório Anual 2014 Pág. 48

Gráfico 42 - Estrutura da Carteira A nível sectorial, verificou-se um aumento de produção em todos os ramos a excepção do ramo Incêndio e outros Danos que registou uma redução de 4%. O Ramo vida evidenciou um aumento exponencial em 2014, justificado por se encontrar na fase inicial de exploração, sendo que, a sua participação na carteira de prémios foi de 4%. No tocante a operação de resseguro, verificou-se que taxa de cedência dos prémios manteve-se nos 15%, nível igual aos registados nos dois períodos anteriores, revelando uma estabilidade na política de retenção dos prémios. 3.2.3. Sinistralidade Relativamente ao custo com sinistro, verificou-se a retoma da tendência crescente em 2014, após as contracções registadas em 2012 e 2013, situando-se nos 10,5 mil milhões de dobras (cf. gráfico 43), correspondendo a uma variação positiva de 22% comparativamente ao período homólogo. O aumento dos custos com sinistros foi impulsionado principalmente pelo Ramo acidente e doença. De referir que, se observou uma mudança de comportamento nos clientes relativamente a reclamação dos direitos de indeminização, levando consequentemente a um aumento de registos de reclamações. Relatório Anual 2014 Pág. 49

A taxa de sinistralidade evidenciou uma tendência decrescente, situando-se em 32% contra os 29% verificados no exercício anterior (Cf. Gráfico 43). Este aumento é justificado pelo incremento de custos com sinistros contra uma evolução mais ténue dos prémios adquiridos. Gráfico 43 - Taxa e custo de sinistralidade (em milhões de dobras) Analisando o indicador sinistralidade por ramo de actividade verifica-se que, a excepção do Ramo transporte, os produtos mais vendidos pelas seguradoras são os que apresentam maiores taxas de sinistralidade Embora o seguro automóvel seja o principal produto das seguradoras, este tem registado a mais alta taxa de sinistralidade do sistema nos últimos três anos. Concomitantemente, é este o ramo que arrecadou quase a metade dos prémios da carteira em 2014 conforme ilustra o gráfico 44. Por outro lado, verifica-se também que o Ramo Transporte que regista níveis altos de sinistralidade não tem tido peso significativo na carteira dos prémios o que tem penalizado o desempenho ao nível do resultado técnico. Esta evolução deveu-se principalmente a dois grandes incêndios que deflagraram o supermercado Colombo e a loja Casa sãotomense. A contribuir negativamente para o resultado técnico destaca-se, também, o Ramo Transporte que vem registando níveis altos de sinistralidade e com um peso bastante diminuto na carteira dos prémios. Relatório Anual 2014 Pág. 50

Gráfico 44 Sinistralidade Por Ramo de Actividade 3.2.4. Situação Financeira e Patrimonial 3.2.4.1. Activos O Balanço patrimonial das seguradoras a operar em São Tomé e Príncipe em 31 de Dezembro de 2014 contabilizou activos totais no montante de 106 mil milhões de dobras, dos quais, mais de 50% foram financiados por recursos próprios e 46% financiado por recursos alheios. Em síntese, os dados da tabela 8 demonstram que, nos últimos três anos os activos totais apresentaram um crescimento. Tabela 8 Situação Patrimonial do sector segurador (Valores em Mil milhões de dobras) 2011 2012 2013 2014 Activo Total 102,2 102,6 103,1 106,0 Passivo 51,9 51,6 50,8 48,7 Capital Próprio 50,3 51,0 52,3 57,3 Em termos de estrutura, em 2014 os principais activos das seguradoras eram representados pelos Investimentos com uma participação de 64%, prémios em cobrança com 14% e as disponibilidades com um peso 6% do total dos activos. Relatório Anual 2014 Pág. 51

3.2.4.1.1. Investimentos Os investimentos das seguradoras situaram-se em 67,9 mil milhões de dobras, correspondendo a uma redução de 3% em 2014, decorrente da diminuição da aplicação em depósitos a prazo. De referir que a carteira de investimentos das seguradoras caracteriza-se pelo baixo nível de diversificação, reflectindo as limitações do mercado financeiro nacional, que oferece poucas oportunidades. Assim, a sua estrutura não registou alterações significativas nos últimos três anos, tendo Verificado um decréscimo de 40% dos depósitos a prazo comparativamente a 2013, passando a representar 7% (cf. Gráfico 45). Gráfico 45 Estrutura da carteira de Investimento 3.2.4.2. Passivo O passivo das instituições seguradoras em 2014 situou-se em 48,7 mil milhões de dobras, correspondendo a um decréscimo de 4% comparativamente a 2013. Este é constituído essencialmente por credores e pelas provisões técnicas. 3.2.4.2.1. Provisões Técnicas Sendo uma garantia da estabilidade económico-financeira das seguradoras, as provisões técnicas ocupam uma grande parte do passivo no balanço das seguradoras. Relatório Anual 2014 Pág. 52

Em 2014, as mesmas ascenderam a 12,2 mil milhões de dobras contra os 13 mil milhões do exercício anterior, correspondendo a uma redução de 6%. Quanto a estrutura, estas são constituídas pelas provisões para riscos em curso (86%), provisões matemáticas (6%) e provisões para sinistros (7%). As provisões técnicas de Ramos gerais encontram-se devidamente cobertas por activos representativos que ascenderam a 36,2 mil milhões de dobras em 2014, correspondendo a uma taxa de cobertura 318%, o que reflecte uma clara melhoria deste indicador (cf. Gráfico 46). Gráfico 46 Provisões técnicas 3.2.4.2. Capital Próprio Em 2014, os fundos próprios das seguradoras ascenderam a 57,3 mil milhões de dobras, contra os 52,3 mil milhões de Dobras registados em 2013, correspondendo a um aumento de 10%, justificado essencialmente pelo aumento do Resultado líquido. No período em análise a componente resultado líquido do exercício situou-se em 6,2 mil milhões de dobras, comparativamente aos 4,3 mil milhões de Dobras registados em 2013, equivalente a um crescimento de 43%. De referir que, a relativa perda de robustez da situação patrimonial das empresas seguradoras está associada a acumulação de resultados transitados negativos, decorrente da expansão da actividade 7. Contudo, a retoma da tendência positiva dos 7 Entrada de mais uma seguradora a partir de 2008. Relatório Anual 2014 Pág. 53

resultados líquidos do exercício, dão perspectivas de uma melhoria da situação patrimonial das seguradoras. Gráfico 47 Rácios de Rentabilidade 3.2.4.3. Margem de Solvência A taxa de cobertura da margem de solvência tem-se degradado ao longo dos últimos anos. Em 2014, este indicador situou-se nos 131%, reflectindo uma contracção de aproximadamente 4%, depois da recuperação registada no ano anterior. Esta evolução justifica-se por um lado, pelo aumento da margem de solvência exigida e, por outro, pelo fraco crescimento do património líquido das seguradoras. Gráfico 48 Margem de solvência Relatório Anual 2014 Pág. 54