Programa. Estudo sobre Crédito e Superendividamento dos Consumidores dos países do Mercosul Superendividamento no Brasil



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Transcrição:

Programa Estudo sobre Crédito e Superendividamento dos Consumidores dos países do Mercosul Superendividamento no Brasil

Idec Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Estudo sobre o Crédito e Superendividamento dos Consumidores Realização Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor www.idec.org.br Fundação Procon-SP - Núcleo de Tratamento ao Superendividamento www.procon.sp.gov.br Coordenação Executiva Lisa Gunn Gerente Técnico Marcos Vinícius Pó Elaboração Ione Amorim - Idec Neide Ayoub - Procon-SP Dezembro/2008 São Paulo, SP 2

ÍNDICE Apresentação 03 Introdução 05 O caminho do superendividamento brasileiro 08 A situação de crédito ao consumidor no Brasil 09 Análise do superendividamento em relação aos bancos 10 Breve histórico dos bancos selecionados para o estudo 10 Lucro Líquido dos bancos 11 Carteira de crédito dos bancos no Brasil 13 O relacionamento dos bancos com os consumidores 16 Linhas de crédito ofertadas pelos bancos aos consumidores 17 Taxas de juros mínimas e máximas praticadas pelos bancos 20 Inadimplência 23 Análise dos contratos Abusividade 25 Publicidade enganosa 27 Estatísticas sobre o endividamento dos consumidores 30 As políticas públicas de crédito e endividamento 31 Projetos desenvolvidos no Brasil I Rio Grande do Sul 32 Projetos desenvolvidos no Brasil II São Paulo 36 Projeto Piloto PROCON-SP PRONASCI 41 Considerações Finais 44 Bibliografia 46 3

Apresentação Com a estabilidade econômica alcançada pelo Brasil nos últimos anos, a questão do superendividamento do consumidor ganhou destaque, sendo a discussão sobre o tema urgente e necessária. O desnudamento do problema tem a potencialidade de promover a democratização do crédito no Brasil. Se por um lado há um maciço incentivo para o crédito e o consumo até mesmo por parte de instâncias políticas do governo, por outro não há qualquer programa de educação e proteção do consumidor. Os bancos e demais instituições financeiras se utilizam das mais variadas técnicas abusivas e enganosas para seduzir o consumidor e, na prática impõem condições de crédito desvantajosas e taxas de juros altíssimas. O assunto é objeto de estudos em vários países, e tem adquirido importância nas esferas jurídicas brasileiras, sobretudo pela urgência em se desenvolver uma legislação que venha a assistir o consumidor vítima da condição de superendividado. O superendividamento não é uma questão que afeta somente os brasileiros, mas os consumidores de todo o mundo. Ciente disso, a Consumers International, organização internacional que congrega mais de 200 associações de consumidores de todo o mundo, está desenvolvendo o Programa Crédito e Superendividamento dos Consumidores. Convidado para participar da iniciativa, o Idec Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor se uniu ao Núcleo de Tratamento do Endividamento da Fundação Procon/SP. O resultado da parceria é a pesquisa que consta do presente relatório, que integrará estudo sobre a questão do superendividamento nos países do MERCOSUL. A Fundação Procon-SP, criada na década de 70 por iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, foi o primeiro órgão público de proteção ao consumidor. O Núcleo de Tratamento do Superendividamento foi criado pela Fundação Procon/SP em 2006 para tratar da importância da conscientização dos consumidores na contratação do crédito, bem como da necessidade de ações preventivas, e ainda a necessidade de se rever o papel do poder público, em sua tutela. O Núcleo desenvolve o Projeto de Tratamento do Superendividamento dos Consumidores. Os resultados integrantes do presente relatório incluem as principais atividades realizadas nos últimos anos na divulgação, execução e análise dos resultados do Projeto de Tratamento do Superendividamento dos Consumidores, desenvolvido por instituições de defesa do consumidor. Os estudos foram desenvolvidos nos Estados do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e de S.Paulo, e ilustram a necessidade de instauração de Projetos-Piloto 4

que estejam empenhados em dar assistência à população exposta aos riscos do superendividamento, como o Projeto: Tratamento das Situações de Superendividamento do Consumidor e Conciliar é Legal do Rio Grande do Sul, criação de Núcleos de Defesa dos Consumidores (Nudecon) Rio de Janeiro e Núcleo de Tratamento ao Superendividamento da Fundação Procon-SP. 5

Introdução A origem do superendividamento no Brasil surgiu com o aumento da oferta de crédito fácil e rápido, numa sociedade em que o cidadão adquire status na proporção dos bens que consome. Por meio da publicidade agressiva e estímulo ao consumo de produtos e serviços as mensagens tentam convencer o consumidor de que seus valores de uso são maiores do que o real. Geram no consumidor a necessidades impensáveis em períodos de crise econômica. Esse processo desenvolvido por meio de técnicas nem sempre éticas e com forte apelo emocional se apresenta como modo de inserção social, motivando o indivíduo a utilizar o crédito para viabilizar as necessidades que lhe são impostas inconscientemente. A explosão do crédito no Brasil amparada por uma idéia de inclusão, em que a população de baixa renda passou a consumir bens e serviços inacessíveis, responde aos apelos do crédito fácil sem critérios a todos os consumidores, independentemente de sua capacidade de pagamento. Sem qualquer instrução ou auxílio de como se comportar diante desta nova realidade, muitas pessoas passaram a contrair empréstimos e em determinado momento atingiram uma situação de superendividamento, o que resultou num problema coletivo, social e jurídico. A oferta de crédito deveria ser aplicada de maneira prudente e responsável pelos agentes do crédito, amparada em uma política de juros mais justa, critérios para concessão de crédito mais seletivos, programas de conscientização e educação para o consumo consciente. Essas medidas podem evitar problemas de alta inadimplência e superendividamento, o que prejudicaria todo o sistema financeiro nacional e o orçamento das famílias, a exemplo do que aconteceu com os EUA o caso do subprime, que está causando enormes transtornos à economia americana, com reflexos no mundo inteiro. No Brasil o conceito de superendividamento pode ser definido com Impossibilidade global do devedor-pessoa física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundas de delitos e de alimentos) 1. A falta de legislação específica para casos de insolvência de uma família (como a verificada em alguns países), não impede, porém, a proteção e a defesa dos 1 MARQUES, Claudia Lima. Sugestões para uma lei sobre o tratamento do superendividamento de pessoas físicas em contratos de crédito ao consumo: proposições com base em pesquisa empírica de 100 casos no Rio Grande do Sul - Estudos sobre direito brasileiro e superendividamento Direito do Consumidor Envididado RS Ed. Revista dos Tribunais Pg. 256 6

consumidores em situação de superendividamento no Brasil, uma vez que o Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e a própria Constituição Federal contêm normas gerais que balizam este movimento, enquanto se aguarda sanção de legislação sobre o tema 2. Segundo Marques, o endividamento é um fato inerente da vida em sociedade marcada pelo consumo. No caso brasileiro, a forma mais rápida para aquisição de bens e serviços ocorre através do endividamento. O consumo e o crédito são duas faces da mesma moeda, vinculados que estão no sistema econômico e jurídico de paises desenvolvidos e de paises emergentes como o Brasil 3. O fenômeno social que se consolida como superendividamento necessita de soluções jurídicas como as existentes para as empresas, como concordatas, aumento do parcelamento, revisão de juros, redução do montante entre outros. Aumentar o nível de informação quanto aos riscos de um endividamento, amparado por taxas de juros abusivamente elevadas, controle de identificação do perfil dos consumidores de boa fé, gestão eficaz do risco de inadimplência embutido nas taxas de juros, nas cláusulas contratuais e controle da publicidade com campanhas enganosas que vendem facilidade com intuito de seduzir o consumidor a consumir inconscientemente até bens que não tem necessidade alguma. O Superendividamento, também designado por falência ou insolvência de consumidores, refere-se às situações em que o devedor se vê impossibilitado, de uma forma durável ou estrutural, de pagar o conjunto de suas dívidas, ou mesmo quando existe uma ameaça séria de que o não possa fazer no momento em que elas se tornem exigíveis 4. De acordo com a definição européia há dois tipos de endividados: o passivo, o consumidor que não contribuiu ativamente para o aparecimento da crise de insolvência, possivelmente perdeu o emprego, teve problemas de saúde na família ou viveu alguma situação alheia a sua vontade. O segundo tipo é o ativo, situação onde o consumidor consome demasiadamente, não tem controle do seu orçamento, é facilmente seduzido pela publicidade de estimulo ao consumo, assumindo dívidas que em situações normais não teria condições de fazê-las. O problema do superendividamento é agravado pela avalanche de publicidade de dinheiro fácil e rápido em televisão, rádio, jornais e até na rua. Não há uma fiscalização rigorosa sobre a propaganda, que induz o consumidor a engolir o 2 Oliboni, Marcella L.C.P. Direito do Consumidor Endividado - O superendividamento do consumidor brasileiro e o papel da defensoria pública: criação de comissão de defesa do consumidor superendividado RS Ed. Revista dos Tribunais Pg. 345 3 MARQUES, Claudia L.Direitos do Consumidor Endividado Sugestões para uma lei sobre o tratamento do superendividamento de pessoas físicas em contrato de crédito ao consumo: proposições com base em pesquisa empírica de 100 casos no Rio Grande do Sul - Ed. Revista dos Tribunais Pg. 256 4 LEITÃO MARQUES, Maria M. et al. O endividamento dos consumidores. Lisboa: Almedina, 2000. p.2 7

lugar-comum de que o crédito trará felicidade. Ao adquirir um bem financiado o consumidor na maioria das vezes não tem acesso ao contrato e quando tem, este não é suficientemente claro tendo em vista seu nível de entendimento. Em várias situações, o cliente nem sequer tem idéia dos juros anuais, nem das taxas adicionais, como de abertura do cadastro, juros de mora entre outras cobranças, e isso acontece inclusive até em situações onde os bancos são obrigados por leis e normas a entregar o contrato ao consumidor com todas as informações e assinado pelas duas partes. Um dos propulsores do superendividamento é o assédio de bancos, oficiais ou não, aos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Segundo a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), em janeiro havia empréstimos consignados 5 ativos (ou seja, não quitados) de 17 bilhões de reais, espalhados por 10,2 milhões de operações. Ainda de acordo com a Dataprev, 40% dos 19 milhões dos atendidos pelo INSS já utilizaram ao menos uma vez essa modalidade de empréstimo, cujo desconto é feito diretamente do pagamento mensal do benefício. O caminho do superendividamento brasileiro Com Plano Real, em julho de 1994, o novo ambiente de estabilização de preços trouxe modificações consideráveis para o sistema financeiro brasileiro, uma vez que, com a estabilização da economia, todas as instituições deixariam de ganhar com a inflação. Como o ganho inflacionário do setor financeiro era obtido principalmente nos depósitos à vista, a estrutura operacional dos bancos estava montada para maximizar a captação de depósitos. Com o controle inflacionário, a lucratividade dos bancos deixou de depender da captação de depósitos e passou a depender do crescimento das operações de crédito. O crédito a pessoas físicas revelou-se importante suporte para a sustentação do nível da atividade econômica, dinamizando a demanda interna via ampliação do consumo das famílias. As linhas de crédito disponíveis no mercado para aquisição de bens são abundantes, porém, não necessariamente vantajosas para quem pretende utilizá-las. O brasileiro não possui um hábito de poupança, historicamente os índices de poupança no país sempre foram baixos e depois dos planos econômicos caiu em descrédito em função das medidas econômicas da época, onde o governo se apropriou dos recursos dos poupadores. Como conseqüência dessas ações, a população adquiriu o hábito de financiar quase tudo que necessita adquirir para o seu bem-estar. 5 LIMA, Clarissa C, Crédito responsável e superendividamento, Suspensão do desconto de empréstimo consignado Revista Direito do Consumidor nº 65 out-dez 2007 Editora RT 8

As taxas de juros no Brasil estão entre as maiores do mundo e essa tendência não apresenta sinais de baixa, o que em outras palavras, significa que o brasileiro historicamente terá que se submeter às taxas práticas do mercado para obter bens de consumo. As modalidades que apresentam maiores facilidades de acesso ao crédito, como cartão de crédito e cheque especial apresentam as maiores taxas de juros. A situação de crédito ao consumidor no Brasil Em novembro-08 as operações de crédito no país atingiram R$ 1.187 bilhões correspondentes a 40,2% do PIB 6, divulgou o Banco Central do Brasil. O mercado de crédito, embora siga mantendo elevadas taxas de crescimento sofreu reflexos dos desdobramentos da crise financeira internacional. Os saldos de créditos destinados a pessoas físicas foram de R$369,3 bilhões em setembro-08 7, com crescimento de 32,26% em relação à setembro-07. Esse desempenho esteve associado, principalmente, à evolução do crédito pessoal, que registrou o total de R$125,7 bilhões. As operações com cheque especial atingiram R$17,1 bilhões, tiveram alta de 7,9%, após observarem estabilidade nos últimos seis meses. Os financiamentos para aquisição de veículos totalizaram R$81,4 bilhões refletindo a crise (redução de prazos) e a substituição dessa modalidade pelas contratações de leasing. A média de crescimento anual do crédito, nos últimos quatro anos, ficou em 20,5%, enquanto no período 1994-2001 era de 4,2%. Costuma-se lembrar que, em relação ao PIB, o crédito no Brasil é muito restrito, não só na comparação com os EUA, onde ultrapassa 130%, como com o Chile, por exemplo, onde está em torno de 70% do PIB. O problema é que as comparações internacionais devem levar em conta não apenas o PIB, mas também a distribuição da renda e a taxa de juros prevalecente. No Brasil a distribuição de renda é marcada por uma elevada desigualdade, e as taxas de juros exigidas são altíssimas. É preciso lembrar que nos últimos 12 meses o crédito para pessoas físicas cresceu 32,4%, mas apenas 18,8% para pessoas jurídicas, que se recusam a pagar juros anormalmente elevados, embora muito menor do que as taxas pagas pelas pessoas físicas. Mais desejável seria, de um lado, uma redução das taxas e, de outro, um aumento dos empréstimos às empresas. 8 6 Relatório Banco Central Brasil - Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro Nota a Imprensa 25.11.08 - http://www.bcb.gov.br/?ecoimpom 7 Boletim do Banco Central do Brasil Volume 44 Nº 9 setembro 2008 - http://www.bcb.gov.br/ftp/histbole/bol200809p.pdf e Boletim do Banco Central do Brasil Volume 43 Nº 9 setembro 2007 - http://www.bcb.gov.br/ftp/histbole/bol200709p.pdf 8 Jornal O Estado de S.Paulo Editorial 04/12/2007 9

Análise do superendividamento em relação aos bancos O estudo do superendividamento no Brasil a partir das relações de crédito e consumo que essa proposta abordará será realizada a partir das operações de crédito e financiamento ao consumidor praticadas em cinco bancos que atuam no país e foram indicados de acordo com o termo referencial do projeto sobre Programa Credito e Superendividamento dos Consumidores para os paises do Mercosul proposto pela Consumers International com sede em Santiago no Chile. Os bancos selecionados para o estudo e que possuem atividades comuns nos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Chile Peru e Uruguay) são: Santander (espanhol) e HSBC (inglês) e Itaú (brasileiro) e outros dois bancos privados de grande atuação no país de origem da pesquisa, Bradesco e Unibanco. Os cinco bancos no Brasil estão entre os dez maiores bancos do país com mais de um milhão de clientes (entre os privados e públicos). A posição que esses bancos ocupam no mercado brasileiro em número de clientes expressa o potencial ao qual está exposto o consumidor: Tabela 1 Posicionamento dos bancos no mercado em número de clientes Posição Banco Nº de Cliente 3º Bradesco 21.917.936 4º Itaú 12.723.324 5º Santander 9.346.008 6º Unibanco 8.910.368 9º HSBC 2.553.248 Fonte: Banco Central do Brasil outubro 2008 Se desconsiderar os bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) os bancos selecionados assumem a liderança na ordem subseqüente. O Bradesco assume a primeira posição, seguido pelos demais bancos. Breve histórico dos bancos selecionados para o estudo Bradesco Foi criado no ano de 1943 no interior de São Paulo, como Banco Brasileiro de Descontos com o objetivo inicial de atrais o pequeno comerciante diferentemente das estratégias usadas pelos outros bancos da época. Já em 1951, o Bradesco tornou-se o maior banco privado do país nos anos 70 o banco incorporou outros 17 bancos mantendo posição de destaque entre os principais bancos privados do Brasil. 10

O Banco Bradesco 9, classificado como terceira maior companhia cotada na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a quarta na América Latina em termos de lucros, ativos e patrimônio líquido, é uma empresa de capital aberto com lucro líquido superior a 100 bilhões de reais, atrás apenas da Petrobrás e Vale. No ranking da Revista Valor Econômico o Banco Bradesco ocupa o 2º lugar, atrás apenas do Banco do Brasil. Ou seja, é o maior banco privado do país. Itaú O Banco Itaú foi criado no ano 1943 como Banco Central de Crédito S. A. para ser o braço financeiro da Companhia Brasileira de Seguros. Começou a realizar operações bancárias no ano seguinte. No ano de 1966 passou a atuar como banco de investimentos. Nos anos 90, o Itaú realizou várias aquisições como Banco Francês e Brasileiro (BFB), o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj) e o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). A partir do ano 2000, outras aquisições seguiram-se, como o Banco do Estado do Paraná S.A. (Banestado), o Banco do Estado de Goiás S.A. (BEG) e as operações do Bank Boston no Brasil. No ano de 2006, o Banco Itaú ocupava a 3º posição entre os principais bancos por lucro líquido, superior ao ano de 2005, quando ocupava a 4º posição no ranking. A última movimentação do banco foi oficializada no inicio de novembro de 2008, quando o Banco Itaú e Unibanco anunciaram a fusão entre os dois bancos, colocando o novo banco no primeiro lugar no Brasil e o maior banco da América latina. Santander O Banco espanhol Santander de Investimento chegou ao Brasil como um escritório de representação no ano de 1982 e passou a operar como um banco de investimentos a partir de 1991. Cinco anos depois, o Banco Santander S.A. realizou sua primeira aquisição no país, o Banco Geral do Comércio. No ano seguinte comprou o Banco Noroeste e em 2000, realizou duas compras. A primeira, um dos principais bancos estaduais do país. Com a aquisição do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), o Santander saltou da 9º para a 5º entre os principais bancos do país 10. No início de 2008 o Santander também assumiu as operações comerciais para a América Latina do ABN Amro Real. Unibanco O Banco Unibanco foi criado no ano de 1924, no estado de Minas Gerais, designado Seção Bancária Casa Moreira Salles. Em 1931 converteu-se na Casa Moreira Salles. A fusão do banco com o Banco Machadense e a Casa de Botelhos nos anos 40 foi o impulso necessário para a expansão da instituição. 9 Disponível em: < www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u105461.shtml >.Acesso em: 23/05/2007 10 Santander eleva lucro em 112% no 1º semestre. Jornal Folha de São Paulo (FSP), 27 jul 07. 11

Nas décadas seguintes, outros bancos foram comprados e contribuíram para o desenvolvimento do banco, além da criação de suas próprias empresas de seguros, cartões de crédito, empréstimos etc. Nos anos 90, o Banco Unibanco comprou o Banco Nacional com ajuda do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) durante o seu processo de liquidação. Em 1998, comprou também o Banco Dibens. Em 2000, o Unibanco comprou o banco Credibanco, o Banco Bandeirantes e o BNL-AS. Segundo o ranking da Revista Valor Econômico, o Unibanco ocupava a 5º posição entre os principais bancos do Brasil no ano de 2005, e caiu para a 7º posição no ano seguinte. Em novembro de 2008 anunciou a fusão com o banco Itaú, através da troca de ações, se tornando o maior banco privado do país e ocupando uma posição entre os vinte maiores banco do mundo. HSBC O banco HSBC é um banco inglês, sediado em Londres, com atuação no setor financeiro em mais de 80 países. No ano de 1997, o grupo HSBC comprou o Banco Bameridus, com ajuda do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER). O HSBC 11 tem capital majoritário de origem inglesa. De acordo com a Revista Valor Econômico, o Banco HSBC ocupava a 8º posição no ranking entre os principais bancos em termos de ativos no Brasil durante os anos 2005 e 2006. Lucro Líquido dos bancos No topo da lista atualizada dos maiores lucros de bancos brasileiros no terceiro trimestre, aparecem o Bradesco e Itaú, nesta ordem, com resultados recordes apresentados entre (jan a set-08). O primeiro conseguiu lucrar R$ 6,01 bilhões. O segundo teve lucro de R$ 5,90. Tabela 2 Lucro líquido dos bancos Banco - em bilhões de reais Lucro 3º Trimestre Acumulado Jan a Set-08 Bradesco 1,90 6,01 Itaú 1,80 5,90 Santander 0,496 2,23 Unibanco 0,704 2,20 HSBC 0,211 0,769 (*) Fonte: Sites bancos (*) Lucro líquido acumulado de janeiro a junho-08 11 A sigla HSBC em inglês significa: Hongkong and Shanghai Banking Corporation Limited uma corporação estabelecida desde 1865. Disponível em: < www.hsbc.com/1/2/about-hsbc/group-history/group-history-1865-1899.> Acesso em: 19/07/07. 12

Carteira de crédito dos bancos no Brasil Bradesco - O forte crescimento da carteira de crédito do Bradesco foi um dos destaques do semestre, inclusive levando o banco a revisar suas projeções de crescimento para este ano. No primeiro semestre deste ano, a carteira de crédito da instituição (pessoa física + pessoa jurídica) atingiu R$ 181,6 bilhões, avanço de 38,8% quando comparado com igual período do ano anterior. Já quando comparado com o primeiro trimestre deste ano, a carteira de crédito avançou 7,2%. Do volume atingido neste semestre, cerca de R$ 28 bilhões foram novos tomadores. Apenas a carteira de pessoa física somou R$ 65,87 bilhões, incremento de 32,2% ante os R$ 49,83 bilhões registrados no primeiro semestre deste ano. O destaque do período foram as operações de leasing, com crescimento de 441%. 'A forte expansão desta modalidade, tanto para pessoa física quanto para a pessoa jurídica, pode ser explicada pela não incidência do IOF', explicou Márcio Cypriano, presidente de Bradesco, em conferência dos resultados trimestrais. A demanda está tão grande que a instituição revisou suas metas de crescimento (nas operações de crédito) para este ano. A perspectiva do Bradesco para crescimento da carteira de crédito saltou de 21% a 25% para 24% a 29%. Enquanto que as perspectivas para a pessoa física se mantiveram inalteradas - de 24% a 29% - o crescimento da carteira pessoa jurídica passou de 20% a 23% para 23% a 30%. A inadimplência se manteve controlada, segundo o presidente do Bradesco. A inadimplência total, acima de 90 dias, ficou em 3,5%. A carteira de pessoa física apresentou uma leve expansão de 0,03 ponto percentual - para 6,7% -, quando comparado com o primeiro semestre do ano passado e primeiro trimestre deste ano. 'Observamos um pequeno aumento nas modalidades de cartão de crédito e veículos', disse Cypriano. (Vanessa Correia - InvestNews) 12 Itaú - A carteira de pessoa física do banco Itaú ficou com R$ 62,27 bilhões em junho, ante R$ 52,9 bilhões ao final de março, e evolução de 38,3% em 12 meses. O destaque, disse Carvalho, ficou por conta da carteira de veículos, com expansão de 61,7% em um ano, para R$ 36,04 bilhões, respondendo por mais da metade do saldo. Esta carteira (alta entre 40% e 45%), as de crédito imobiliário (mais 40%) e das operações com as micro, pequenas e médias empresas (alta entre 35% a 40%) são as que apresentarão maior percentual de crescimento no ano, estima o executivo. O Itaú, que investiu R$ 1 bilhão em tecnologia no primeiro semestre deste ano, continua com seu forte plano de expansão orgânica e de conquista de novos clientes. O banco atraiu 700 mil novos clientes ativos em 12 meses, sendo 500 mil no primeiro semestre deste ano, e quer mais 500 mil até o final de 2008. Hoje, tem 12 Disponível em: <http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/08/04/295/bancos:-bradescorevisa-para-cima-crescimento-do-credito.html>. Acesso em 30/11/2008 13

13,9 milhões de clientes ativos. Nos últimos 12 meses também abriu 134 pontosde-venda. A ampliação equilibrou as receitas do banco, impactadas pelas novas regras de cobrança de tarifas. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Iolanda Nascimento). 13. Santander - O lucro líquido do Grupo Santander Brasil, que engloba os resultados dos bancos Santander e Real, avançou 1,3% entre janeiro e setembro deste ano, para R$ 2,23 bilhões, frente aos R$ 2,20 bilhões somados um ano antes. A carteira de crédito total do grupo somou R$ 130,48 bilhões, com crescimento de 25,5% ante os R$ 103,9 bilhões registrados no fim de setembro de 2007. O crédito para pessoa física chegou a um volume de R$ 57,25 bilhões, o que implica alta de 23% perante os R$ 46,53 bilhões do nono mês do calendário anterior. As operações de crédito para pessoa jurídica aumentaram 28,9%, para R$ 67,65 bilhões. "Os destaques da carteira de crédito de pessoa física foram os segmentos de cartões de crédito, que teve alta de 42,3% (R$ 6,22 bilhões); financiamento imobiliário, com crescimento de 32,3% (R$ 4,18 bilhões); CDC+Leasing, num incremento 23,7% (R$ 23,71 bilhões); e crédito consignado, que subiu 11% (R$ 6,59 bilhões)", comentou a instituição em nota. Em 30 de setembro de 2008, mantinha mais de 55 mil funcionários, e mais de 8 milhões de correntistas ativos. A complementaridade da rede de distribuição dos dois bancos transforma o Santander em uma instituição com presença nacional, detentora de uma rede de 3.551 pontos de venda (agências e PAB s) e 17.978 terminais de auto-atendimento, com foco nas regiões Sul e Sudeste. Grupo Santander no mundo O desempenho do Brasil respondeu por 11% do resultado global do Grupo Santander, desconsiderando o Banco Real 14. Unibanco - A fusão anunciada em novembro 2008 entre o Banco Itaú com o Unibanco via troca de ações. A operação que dará origem a Itaú Unibanco Holding vai formar o maior conglomerado financeiro privado do Hemisfério Sul, cujo valor de mercado fará com que ele fique situado entre os 20 maiores do mundo. O patrimônio líquido da nova companhia é de aproximadamente R$ 51,7 bilhões. 13 Jornal Gazeta Mercantil banco Itaú lucra R$ 4,08 bilhões em carteira de crédito - 06/082008 Disponível em: <http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/08/06/86/banco-itau-lucra-r$-4,08-bi-e-carteira-decredito-salta-41,3.html>. Acesso em 30/11/2008 14 Jornal Valor Econômico Lucro do Grupo Santander no Brasil sobe R$ 2,23 bilhões 28/10/2008 Disponível em: <http://www.valoronline.com.br/valoronline/materiacompleta.aspx?tit=lucro+do+grupo+santander+brasi l+sobe+13+no+ano+para+r$+223+bi&codmateria=5231425&dtmateria=28+10+2008&codcategoria=34> Acessado 12/12/08 14

O lucro líquido do Unibanco recuou 40% no terceiro trimestre deste ano, somando R$ 704 milhões, ante os R$ 1,19 bilhão registrados em igual período do ano passado. Já o lucro líquido recorrente apresentou expansão de 5,5% no trimestre, atingindo R$ 704 milhões frente aos R$ 667 milhões na mesma época de 2007. Em ativos totais, o Unibanco alcançou R$ 178,5 bilhões, com variação positiva de 33% quando comparados a 30 de setembro de 2007. A carteira de crédito registrou crescimento de 7,7% de julho a setembro, atingindo R$ 74,2 bilhões. Enquanto que em 12 meses, a expansão foi de 32,9%. O Índice da Basiléia atingiu 13% 15. e O Unibanco possui 954 agências, 280 postos de atendimento bancário (PABs) e uma ambiciosa meta de crescimento orgânico nos próximos dois anos, que deverá ampliar sua rede em aproximadamente 400 pontos de venda, incluindo agências, PABs. O destaque, assim como nas demais instituições financeiras, ficou por conta do segmento de pessoas físicas com evolução de 35,4% sobre o 2T07, o que é positivo, pois é onde são obtidos os maiores spreads 16. HSBC A carteira de crédito, que atingiu 37%. Ela foi de R$ 27,9 bilhões para R$ 38,3 bilhões. E quando fomos buscar o 'funding' para alavancar este crescimento, os depósitos cresceram 28%. O aumento dessa carteira se deve especialmente ao crédito concedido a pessoas físicas, que na área de financiamento de veículos aumentou 34%, e do crédito consignado, que subiu 60%, mantendo a mesma rota iniciada no ano passado 17. 15 Jornal Gazeta Mercantil Lucro do Unibanco recua 40% no terceiro trimestre 06/11/2008 Disponível em: < http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/11/06/169/bancos:-lucro-do- Unibanco-recua-40-no-terceiro-trimestre.html> Acessado 12/12/08 16 Jornal Gazeta Mercantil Unibanco Lucroa 1,49 li no semestre 08/08/2008 - Disponível em: < http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/08/08/117/unibanco-lucra-r$-1,49-bi-no-semestre.html> Acessado 12/12/08 17 Jornal Gazeta Mercantil Crédito tributário ajuda o lucro do HSBC 19/08/2008 - Disponível em: < http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/08/19/53/credito-tributario-ajuda-o-lucro-do-hsbc-nosemestre.html> Acessado 12/12/08 15

O relacionamento dos bancos com os consumidores O ranking de reclamações corresponde ao registro das ocorrências de reclamações realizadas pelos consumidores junto ao Banco Central do Brasil, que atua na condição de órgão regulador do mercado financeiro como mediador das relações entre bancos e consumidores. As ocorrências registradas pelo Banco Central do Brasil, representam as reclamações que não foram solucionadas pelos bancos, inclusive pelas respectivas ouvidorias. Tabela 3 - Volume de ocorrências no ranking de reclamações - (jan a out-08) Banco Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Total Bradesco 95 203 559 495 478 697 543 596 692 717 5075 Santander 108 304 81 307 289 369 325 255 223 346 2607 Unibanco 155 242 224 109 200 206 499 206 270 307 2418 Itaú 296 118 112 168 184 285 272 329 268 271 2303 HSBC 27 113 28 109 132 273 197 281 155 233 1548 Fonte: Banco Central do Brasil Entre as reclamações mais freqüentes é possível observar a necessidade de revisão do relacionamento entre bancos e consumidores, os dados não são conclusivos, porque representam apenas as reclamações registradas no Banco Central, não compreendendo as reclamações registradas pelos próprios bancos e também aquelas dos consumidores que simplesmente não procuram as esferas competentes para registrar as ocorrências. Cabe destacar também, que os registros não incluem as reclamações que não são consideradas pertinentes à atividade de regulação do Banco Central, como é a questão do tempo de espera em filas de bancos e a questão de segurança, que segundo o site do Banco Central O Banco Central não regulamenta o tempo de espera em filas. Existem leis estaduais e municipais que tratam do assunto. Cabe aos órgãos de defesa do consumidor (Procon, Prodecon, Decon) a orientação sobre o tema 18. Tabela 4 Indice de reclamações- Nº de Ocorrências por Nº de Clientes Acumulado jan a out-08 Bancos Bradesco Itaú Santander Unibanco HSBC Atendimento 5,19 4,22 8,05 4,12 14,69 Fornecimento de documentos 4,52 3,10 2,40 2,69 10,07 Fornecimento de informações 3,57 1,63 2,04 3,41 3,99 Transparência nas relações 1,19 0,68 2,19 1,84 5,01 Prazos não cumpridos 1,06 1,52 4,67 3,20 9,16 Produtos não solicitados 0,96 1,47 2,14 2,48 1,37 Fonte: Banco Central do Brasil Elaborado Idec 18 Disponível em <http://www.bcb.gov.br/pre/portalcidadao/bcb/tempofilas.asp?idpai=portalbcb > acessado em 12/12/08 16

Linhas de crédito ofertadas pelos bancos aos consumidores Cartão de Crédito O cartão de crédito é uma modalidade que apresentou um crescimento do número de locais que aceitam o produto. Enquanto em 1998 apenas 300 mil pontos aceitavam os plásticos, com a maioria deles localizados nos grandes centros, ao final do terceiro trimestre de 2008 já eram 1,4 milhão de locais onde os cartões são aceitos. A expansão se deu tanto em número de estabelecimentos, quanto na direção do interior do País e para as periferias de grandes centros urbanos 19. Em junho de 2008, o número de cartões de crédito ativos no Brasil superou a marca dos 100 milhões e já chegou a todas classes sociais e diferentes faixas etárias. Até o consumidor com R$ 150 de renda, que é menos que um salário mínimo, tem acesso ao cartão de crédito por meio de cartões de loja. Tabela 5 Taxa de juros de cartão de crédito vigente em outubro-2008 Taxas - Cartões de Crédito Banco Unibanco * Itaú * Santander* Bradesco** HSBC ** Cartão Internacional Cartão Internacional Cartão Internacional Cartão Internacional Serviços Gold 4 x Anuidade 3 x R$29,00 3 x R$29,00 4 x R$23,50 4 x R$21,75 R$36,00 Taxa de Juros 15,99 13,50 12,99 12,70 11,39 Taxa p/ Saque 15,99 13,50 13,90 12,39 12,39 Parcelado 10,99 11,90 7,99 6,10 10,34 Taxa Máxima Próximo Período 15,99 13,50 15,99 12,70 14,19 C.E.T 523,30 425,65 372,83 319,77 279,10 Fonte: * Extratos Bancos / ** Site dos bancos Cheque Especial O cheque especial é uma concessão de crédito de um limite de crédito rotativo diretamente na conta corrente no valor, prazo e vencimento indicados na proposta de adesão, que será utilizado para a cobertura de saldos negativos em decorrência da movimentação da conta corrente. As taxas praticadas pelos bancos são elevadas, apresentam alto risco de geração de endividamento e não é indicada contratação desta modalidade de crédito para cobrir despesas imprevisíveis (o consumidor deve utilizar outros recursos como poupança ou linhas de crédito com juros menores). 19 Jornal Gazeta Mercantil - Cartões de crédito ignoram crise e crescem com força 12-11-08 Disponível em <http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/11/12/19/cartoes-de-credito-ignoram-crise-e-crescemcom-forca.html> acesso em 12/12/2008 17

Tabela 6 Taxa Média de Cheque Especial BANCO Taxa Média ao Mês Taxa Média ao Ano SANTANDER 9,72 204,39% HSBC 9,05 182,82% UNIBANCO 8,27 159,48% BRADESCO 8,17 156,61% ITAÚ 8,01 152,10% Taxa Média dos 5 bancos 8,64 170,44% Fonte: Banco Central do Brasil -14/11/08 Crédito Pessoal A oferta de crédito para pessoas físicas no Brasil triplicou em seis anos. De 70 bilhões de reais em fevereiro de 2001, saltou para 200,6 bilhões de reais em fevereiro deste ano. O empréstimo consignado (com desconto no contracheque) já responde por 55% do total do crédito pessoal. Emprestar dinheiro tornou-se a principal fonte dos lucros das instituições financeiras. Como os prazos são ampliados para pagamento em até 36 meses, o consumidor tende a olhar o valor que cabe no bolso, ignorando o custo do crédito obtido. Essa prática é fortemente explorada na publicidade de venda de produtos e serviços desviando o consumidor para a reflexão do custo efetivo do bem que está adquirindo. A verba liberada para empréstimos consignados a aposentados e pensionistas do INSS já chega a R$ 27,3 bilhões, informou o Ministério da Previdência Social. O número acumulado de empréstimos é de 20,7 milhões, e o total de pessoas que recorreram a este recurso é de 8,45 milhões no período de maio de 2004 até agosto deste ano. Tabela 7 Taxa média de crédito pessoal BANCO Taxa Média ao Mês Taxa Média ao Ano BRADESCO 4,93 78,15% ITAU 4,84 76,33% HSBC 4,32 66,12% UNIBANCO 4,01 60,29% SANTANDER 3,61 53,05% Taxa Média dos 5 bancos 4,34 66,54% Fonte: Banco Central do Brasil -14/11/08 Os juros nas agências bancárias para as pessoas físicas foram, em média, de 66,54% ao ano em novembro, para os cinco bancos, conforme tabela 7 que traz dados divulgados em 12 de novembro de 2008 pelo Banco Central. Isso significa que, a cada um ano e meio, a dívida dobra, em termos nominais e na aquisição de bens duráveis a divida dobra em dois anos. 18

Tabela 8 Crédito para aquisição de bens duráveis PF BANCO Taxa Média ao Mês Taxa Média ao Ano SANTANDER 4,03 60,66% HSBC 3,91 58,45% ITAU 3,30 47,64% BRADESCO 3,15 45,09% UNIBANCO 2,91 41,09% Taxa Média dos 5 bancos 3,46 50,41% Fonte: Banco Central do Brasil - 14/11/08 Financiamento de veículos O financiamento de veículos tem sido a modalidade de crédito que tem proporcionado o melhor resultado na carteira de crédito dos bancos, uma operação considerada de baixo risco para os bancos em razão da alienação fiduciária, a possibilidade de retomada do veículo em caso de inadimplência superior a 90 dias. O motor das vendas, segundo especialistas, é o leasing (arrendamento mercantil). As operações cresceram de 18% a 36% das unidades comercializadas, superando o Credito pessoal, que recuou de 45% para 30%, enquanto as operações de consórcio caíam de 5% para 3% e as vendas à vista, de 32% para 31% do total. O leasing é usado principalmente nas operações com prazo igual ou superior a 60 meses, que correspondem a 50% dos financiamentos 20. Tabela 9 - Taxa média de Juros - Aquisição de Bens(Veículos) -PF BANCO Taxa Média ao Mês Taxa Média ao Ano BRADESCO 2,42 33,23% UNIBANCO 2,39 32,77% ITAU 2,35 32,15% HSBC 2,15 29,08% SANTANDER 2,04 27,42% Taxa Média dos 5 bancos 2,27 30,91% Fonte: Banco Central do Brasil - 14/11/08 20 Disponível em: < http://www.estado.com.br/editorias/2007/12/09/eco-1.93.4.20071209.4.1.xml> Acesso em 13/12/08 19

Taxas de juros mínimas e máximas praticadas pelos bancos As taxas mínimas ou máximas foram divulgadas pelo Banco Central que só considera as taxas que foram efetivamente cobradas em alguma operação. Portanto, se um banco informou uma taxa de juro de 13,40% ao mês é porque, efetivamente, cobrou a taxa de algum cliente. Bradesco Anunciou lucro de R$ 1,9 bilhão (em 2007 foi de R$ 1,85 bilhão) com resultado acumulado em 9 meses de R$ 6,01 bilhões. A carteira de crédito atingiu R$ 197 bilhões com crescimento de 41% nos últimos 12 meses. Os ativos totais alcançaram os R$ 422,7 bilhões 21. A manutenção do crescimento da carteira de credito para pessoa física, está garantido pelo crescimento da carteira de crédito consignado e financiamento de veículos (arrendamento mercantil). As operações apresentam baixo risco de inadimplência em razão do desconto em folha de pagamento e a alienação fiduciária que garante ao banco a retomada do veículo em caso de não pagamento em período superior a noventa dias. Tabela 10 Taxa de juros - Bradesco 14/11/2008 Bradesco Taxa Mínima % Taxa Máxima % Taxa Média % PREFIXADO - Pessoa Física CHEQUE ESPECIAL 4,79 8,58 8,17 CREDITO PESSOAL 1,70 6,11 4,93 AQUI. BENS(VEÍCULOS) - PF 1,49 4,10 2,42 AQUI. BENS(OUTROS) - PF 1,85 4,10 3,15 Fonte: Banco Central do Brasil 14/11/08 Itaú Divulgou resultado de R$ 1,8 bilhão no trimestre e R$ 5,9 bilhões no acumulado dos últimos 9 meses, ante os R$ 6,44 bilhões acumulado no mesmo período de 2007. A carteira de crédito atingiu R$ 164,5 bilhões com crescimento de 44,2% nos últimos 12 meses. Já os ativos totais totalizam atualmente R$ 396 bilhões 22. No Itaú Unibanco a perspectiva é de que as novas concessões de crédito levam em conta o aumento da inadimplência no próximo ano e, por isso, as taxas de juros bancárias estão mais elevadas, o que inibe em parte a tomada de empréstimos por parte do consumidor afirmou Roberto Setúbal presidente do banco. "Temos a expectativa de um ano mais difícil pela 21 Disponível em:< http://g1.globo.com/noticias/economia_negocios/0,,mul838038-9356,00- BRADESCO+OBTEM+LUCRO+MAIOR+NO+ANO+ATE+SETEMBRO+DE+R+BI.html> Acesso em 12/12/08 22 Disponível em: < http://g1.globo.com/noticias/economia_negocios/0,,mul838316-9356,00- ITAU+REGISTRA+LUCRO+DE+R+BILHAO+NO+TERCEIRO+TRIMESTRE.html> Acesso em:12/12/08 20

frente, com a elevação da inadimplência. Esse risco maior tem que ser precificado nas taxas", disse à imprensa após reunião com analistas e investidores. "Vai ser um aumento sensível, mas perfeitamente administrável", disse, acrescentando que não vê riscos de forte deterioração na carteira de veículos em nenhuma das duas instituições. 23 Tabela 11 - Taxa de juros - Itaú 14/11/2008 Itaú Taxa Mínima % Taxa Máxima % Taxa Média % PREFIXADO - Pessoa Física CHEQUE ESPECIAL 3,16 8,95 8,01 CREDITO PESSOAL 0,99 7,09 4,84 AQUI. BENS(VEÍCULOS) - PF 1,16 3,20 2,35 AQUI. BENS(OUTROS) - PF 2,98 3,55 3,30 Fonte: Banco Central do Brasil 14/11/08 Santander O anunciou lucro de R$ 496,8 milhões no trimestre e de R$ 2,23 bilhões nos primeiros 9 meses, com avanço de 1,3% em relação a 2007. A carteira de crédito alcançou R$ 130,5 bilhões (25,5% de aumento) O crédito para pessoa física chegou a um volume de R$ 57,25 bilhões, o que implica alta de 23% perante os R$ 46,53 bilhões do nono mês do calendário anterior. As operações de crédito para pessoa jurídica aumentaram 28,9%, para R$ 67,65 bilhões 24. Tabela 12 - Taxa de juros - Santander 14/11/2008 Santander Taxa Mínima % Taxa Máxima % Taxa Média % PREFIXADO - Pessoa Física CHEQUE ESPECIAL 1,36 9,85 9,72 CREDITO PESSOAL 1,45 6,69 3,61 AQUI. BENS(VEÍCULOS) - PF 1,39 2,96 2,04 AQUI. BENS(OUTROS) - PF 2,44 5,82 4,03 Fonte: Banco Central do Brasil 14/11/08 HSBC A queda em relação ao trimestre anterior foi de 51% em seu lucro líquido, de R$ 438,806 milhões para R$ 211,638 milhões. Em comparação com o mesmo 23 Revista Exame - Itaú Unibanco prevê ano mais difícil e inadimplência 12/12/08 - http://portalexame.abril.com.br/ae/economia/itau-unibanco-preve-ano-mais-dificil-inadimplencia- 207776.shtml 24 Disponível em:< http://g1.globo.com/noticias/economia_negocios/0,,mul839940-9356,00- LUCRO+DO+GRUPO+SANTANDER+BRASIL+SOBE+NO+ANO+PARA+R+BI.html>. Acesso em 12/12/08 21

período do ano passado, em que obteve R$ 233,145 milhões, a redução no lucro foi de 9,11%. Os ativos do banco cresceram 63,8% de um ano para o outro, passando de R$ 69,804 bilhões para R$ 114,338 bilhões. Entre trimestres, o crescimento foi de 17,28% 25. Tabela 13 - Taxa de juros - HSBC 14/11/2008 HSBC Taxa Mínima % Taxa Máxima % Taxa Média % PREFIXADO - Pessoa Física CHEQUE ESPECIAL 1,46 9,25 9,05 CREDITO PESSOAL 1,90 7,60 4,32 AQUI. BENS(VEÍCULOS) - PF 2,15 3,95 2,15 AQUI. BENS(OUTROS) - PF 2,48 4,90 3,91 Fonte: Banco Central do Brasil 14/11/08 Unibanco O banco divulgou resultado de R$ 704 milhões no 3T08, com aumento de 5,6% em relação ao mesmo período de 2007. O resultado acumulado em 2008 é de R$ 2,2 bilhões com aumento de 16,8% em relação aos 9 primeiros meses de 2007. O banco administra R$ 178,5 bilhões em ativos dos quais R$ 74,3 bilhões estão alocados na carteira de crédito. A instituição cresceu em média 33% nos últimos 12 meses 26. Tabela 14 - Taxa de juros - Unibanco 14/11/2008 Unibanco Taxa Mínima % Taxa Máxima % Taxa Média % PREFIXADO - Pessoa Física CHEQUE ESPECIAL 3,90 8,99 8,27 CREDITO PESSOAL 2,50 5,67 4,01 AQUI. BENS(VEÍCULOS) - PF 2,39 2,89 2,39 AQUI. BENS(OUTROS) - PF 1,62 3,50 2,91 Fonte: Banco Central do Brasil 14/11/08 25 Disponível em: < http://www.dcidinheiro.com.br/noticia.asp?id_editoria=7&id_noticia=264078&editoria> Acesso em 12/12/08 26 Disponível em: < http://g1.globo.com/noticias/economia_negocios/0,,mul835140-9356,00- UNIBANCO+ANUNCIA+LUCRO+DE+R+MILHOES.html >Acesso em 12/12/08 22

Inadimplência A oferta de crédito é um aspecto da expansão da atividade econômica do Brasil que remete a outra questão, tão relevante quanto à expansão, que é a capacidade de pagamento de quem já tomou crédito ao longo do período de forte crescimento econômico. A inadimplência é resultado do maior volume de crédito que é concedido a consumidores, muito deles de baixa renda com pouca capacidade de pagamento, aumentando o risco do empréstimo e conseqüentemente, elevando as taxas de juros, dificultando o pagamento de parcelas em atraso. Qual a expectativa que se pode ter desse processo? Atualmente, o consumidor endividado, sobrevive graças à aquisição de um segundo empréstimo para pagar o primeiro, de um terceiro para pagar o segundo, e assim por diante. Assegurar que essas dívidas sejam honradas é tão importante quanto à oferta de mais crédito. O problema é que a inadimplência passou a apresentar uma escalada preocupante. Os dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostraram que na primeira quinzena de novembro as parcelas com atraso superior a 15 dias avançaram 13,8%, na comparação com o mesmo período de 2007. Em relação ao índice de inadimplência de outubro, neste mês ocorreu expansão de 1,1 ponto percentual. Vale notar que, para os experientes analistas da ACSP, a alta da inadimplência reflete o excesso de endividamento dos últimos meses, que não pode ser vinculado ainda ao impacto da crise financeira internacional.o problema da inadimplência tem aspectos localizados, pontuais, que são especialmente graves. A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) apresentou dados que a inadimplência de veículos alcançou padrões muito excessivos, atingindo 9,3% no valor médio anual em agosto. Em setembro avançou ainda mais. É preciso observar que o crédito de automóveis representa mais da metade dos financiamentos concedidos às pessoas físicas no País. Os dados da Acrefi demonstram que 22% do crédito está concentrado em oferta consignada, de risco quase zero, porque é vinculada à folha de pagamento do tomador do empréstimo. Quando a inadimplência do setor de crédito para automóveis subiu demais, os bancos dobraram os cuidados e reduziram em outubro em14% o financiamento de carros novos e em 40% o de veículos usados. Foi o suficiente para paralisar as vendas e lotar os pátios das montadoras. 27 Com a festa do crédito em expansão surgiram a partir de 2002 os primeiros sinais do superendividamento. Cidadãos que recorrem às financeiras para complementar 27 Jornal Gazeta Mercantil Inadimplência e crédito baixo contraem expansão 19-11-08 Disponível <http://indexet.gazetamercantil.com.br/arquivo/2008/11/19/59/inadimplencia-e-creditobaixo-contraem-expansao.html> Acessado em 05/12/08 23

a renda são sugados por uma espiral perversa e contraem empréstimos para pagar empréstimos. Muitos são abordados nos grande centro de forma agressiva com o assedio dos vendedores de crédito das instituições financeiras, muitas delas pertencentes aos grandes bancos à caça de clientes. Tabela 15 - Operações de crédito do sistema financeiro - Pessoa Física Data Cheque especial Crédito pessoal Cartão de Crédito Aquisição de veículos Aquisição de bens Aquisição de imóveis Outras Operações 2 Total Pessoa Física 4 (inclui crédito (rotativo e consignado) parcelado 3 ) veículos bens imóveis mai-07 9,2 5,3 23,5 3,3 12,4 3,9 15,6 7,2 jun-07 9,4 5,5 23,1 3,2 12,6 3,6 14,1 7,1 jul-07 9,0 5,3 23,8 3,2 12,9 3,5 14,8 7,1 ago-07 9,5 5,4 24,1 3,2 12,8 3,3 15,8 7,2 set-07 9,6 5,4 22,7 3,3 12,7 3,4 15,1 7,1 out-07 8,6 5,3 24,4 3,1 12,8 3,3 15,2 7,0 nov-07 9,1 5,3 24,5 3,1 12,3 3,2 15,8 7,1 dez-07 10,6 5,3 24,9 3,0 12,4 2,9 13,7 7,0 jan-08 10,1 5,4 24,9 3,1 12,5 2,5 13,9 7,1 fev-08 10,0 5,2 24,5 3,2 12,6 2,8 17,2 7,1 mar-08 8,5 5,1 24,0 3,3 12,0 2,7 14,8 6,9 abr-08 8,3 5,1 25,4 3,5 12,9 3,1 15,4 7,1 mai-08 8,9 5,2 25,2 3,7 13,2 1,9 15,6 7,3 Fonte: Bacen. Elaboração: Febraban. Notas: 1/ Percentual do saldo em atraso superior a 90 dias. 2/ Outras Operações: Adiantamento a depositantes, renegociação de dívidas, desconto de cheque, de recebíveis e de fatura de cartão de crédito. 3/ Parcelado Banco 4/ Média ponderada do saldo das carteiras coam atrasos superiores a 90 dias O acompanhamento da inadimplência do setor financeiro para pagamentos com atraso de mais de 90 dias cresceu em média 7,1% nos últimos anos e se mantém nesse patamar considerado alto, comparado ao índice americano de 4% onde inclusive possui taxas de juros muito inferiores ás praticadas no Brasil. O superendividamento é fruto de uma economia que cresce de forma instável e insuficiente, com carência de empregos e de renda. Agrava-se com o elevadíssimo custo do dinheiro, que é alto e embute todo o risco que penaliza o bom pagador em decorrente do perfil do mau pagador que por sua vez, não se dar conta dos encargos financeiros a que se submete. 24

Análise dos contratos Abusividade Análise das cláusulas abusivas nos contratos bancários por adesão, sob a ótica do Direito do Consumidor e dos Princípios Gerais de Contratação. A vulnerabilidade técnica e jurídica do consumidor que utiliza os serviços bancários apresenta-se a partir do desconhecimento das condições de como são formalizados os contratos das operações de crédito elaborados previamente pelos bancos e assinados somente pelo consumidor. Outra questão refere-se à elaboração das cláusulas e sua aplicação caracterizando a abusividade de acordo com a jurisprudência jurídica no âmbito da aplicação do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Ao abrir uma conta corrente, contratar um financiamento de veículo, contratar um cartão de crédito, ou qualquer outro serviço bancário, a maioria dos bancos emite contratos com conteúdo padronizado, conhecidos como contratos por adesão impressos previamente, com condições contratuais estabelecidas pelos bancos, sem que haja possibilidade do consumidor discutir o conteúdo das clausulas dos serviços contratados onde inexiste uma fase de negociação preliminar. Dessa forma, o esquema contratual vem pronto, devendo o consumidor aceitá-lo integralmente sem nenhuma opção de rever a proposta, limita-se a aceitar o que lhe é imposto. Isso ocorre porque invariavelmente o consumidor é obrigado a aceitar essas condições, como parte da conjuntura econômica, onde ele é solicitado a utilizar um serviço bancário, seja para receber o salário, pagar contas e guardar suas economias, razão pela qual acaba aderindo a um tipo de serviço oferecido pelo banco. Por um lado o contrato por adesão facilita e agiliza a contratação de serviço, por outro, apresenta um desequilíbrio nas relações contratual entre banco e consumidor. Os bancos valendo-se da posição economicamente favorável, muitas vezes acabam por trazer ao contrato cláusulas abusivas que afrontam ao princípio da boa-fé, da lealdade, da tutela da confiança e do equilíbrio contratual. Dependente de explicações ou de informações técnicas alheias à sua compreensão, o consumidor contratante, adere a uma situação contratual sem conhecer a carga obrigacional e seu alcance, o que evidencia sua vulnerabilidade técnica e jurídica 28. Com a entrada em vigor do CDC (Lei n. º 8.078, de 11.09.1990), as cláusulas contratuais dos contratos bancários passaram a ser discutidas no âmbito jurídico no aspecto de combate a abusividade. De acordo com o Capítulo VI Da Proteção Contratual Seção II Das cláusulas abusivas Art. 51, 52, 53 e 54. 28 BITTAR, Carlos Alberto. Os Contratos de Adesão e o controle de Cláusulas Abusivas. São Paulo: Saraiva, 1991. 25