Sentenças sobre Arte Conceitual

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Transcrição:

Sol LeWitt Sentenças sobre Arte Conceitual Sol LeWitt {Hardford, 7928} Ver perfil do artista à p.176. "Sentences on Conceptual Art" Publicado pela primeira vez no catálogo 0-9 n.s Uan 1969) e reeditado em Art-LLlnguage 1 (1969). 1. Artistas conceituais são mais propriamente místicos do que racionalistas. Eles chegam a conclusões que a lógica não pode alcançar. 2. Julgamentos racionais repetem julgamentos racionais. 3. Julgamentos ilógicos levam para uma nova experiência. 4. A arte formal é essencialmente racional. S. Pensamentos irracionais deviam ser seguidos absoluta e logicamente. 6. Se o artista muda de opinião no meio do caminho, durante a execução da peça, ele compromete o resultado e repete resultados passados. 7. A vontade do artista é secundária em relação ao processo que ele inicia, da idéia à conclusão do rrabalho. Sua obstinação pode ser apenas ego. 8. Quando palavras como "pintura" e "escultura" são usadas, elas conotam toda uma tradição e em conseqüência implicam uma aceitação dessa tradição, impondo assim limitações ao artista, que relutaria em fazer uma arte que fosse além das limitações. 205

9. O conceito e a idéia são diferentes. O primeiro implica uma direção geral enquanto a segunda consiste nos componentes. Idéias implementam o conceito. 10. Idéias em si podem ser trabalhos de arte; estão em uma cadeia de desenvolvimento que eventualmente pode achar alguma forma. Nem rodas as idéias precisam ser transformadas em algo físico. 11. Idéias não necessariamente procedem em uma ordem lógica. Elas podem levar a direções inesperadas, mas uma idéia tem necessariamente que estar completa na mente antes que a próxima seja formada. 12. Para cada trabalho de arte que se torna algo físico há diversas variações que não se tornam. 13. Um trabalho de arte pode ser entendido como um condutor da mente do artista para os observadores. Mas pode ser que ele nunca alcance o observador, ou pode ser que nunca saia da mente do artista. 14. As palavras de um artista para outro podem provocar uma cadeia de idéias, se eles compartilham do mesmo conceito. 15. Uma vez que nenhuma forma é intrinsecamente superior a outra, o artista pode usar qualquer forma, desde uma expressão por meio de palavras (escritas ou faladas) até igualmente a realidade física. 16. Se palavras forem usadas, e elas procederem de idéias sobre a arte, então elas são arte e não literatura; números não são matemática. 17. Todas as idéias são arte se dizem respeito à arte e estão incluídas nas convenções da arte. 18. Normalmente se entende a arte do passado aplicando convenções do presente, equivocando-se, assim, no entendimento da arte do passado. 19. As convenções da arte são alteradas por trabalhos de arte. 20. Arte bem-sucedida muda o nosso entendimento das convenções, alterando a nossa percepção. 21. A percepção de idéias leva a novas idéias. 22. O artista não pode imaginar sua arte, e não pode percebê-la até que esteja completa. 23. Um artista pode perceber de maneira equivocada um trabalho de arte (entendê-lo diferentemente do artista), mas mesmo assim ser impulsionado em sua própria cadeia de pensamento por essa interpretação equivocada. 24. A percepção é subjetiva. 206 escritos de artistas

25. O artista não necessariamente entende sua própria arte. Sua percepção não é melhor nem pior do que a de outros. 26. Um artista pode perceber a arte de outros melhor do que a sua própria. 27. O conceito de um trabalho de arte pode envolver a matéria da peça ou o processo pelo qual ela é feita. 28. Uma vez que a idéia da peça esteja estabelecida na mente do artista e a forma final esteja decidida, o processo é levado adiante cegamente. Há muitos efeitos colaterais que o artista não é capaz de imaginar. Esses efeitos podem ser usados como idéias para novos trabalhos. 29. O processo é mecânico e não deve ser adulterado. Deve seguir o seu curso. 30. Há muitos elementos envolvidos em um trabalho de arte. Os mais importantes são os mais óbvios. 31. Se um artista usa a mesma forma em um grupo de trabalhos e muda o material, é de se supor que o conceito do artista envolve o material. 32. Idéias banais não podem ser salvas por uma bela execução. 33. É difícil estragar uma boa idéia. 34. Quando um artista aprende o seu ofício bem demais ele faz uma arte engenhosa. 35. Essas sentenças comentam a arte, mas não são arte. sol lew1rr 207

ESC RII OS DE ARTISTAS GLÓRIA FERREIRA E CECILIA COTRIM [ORGS.] ANOS 60/70 Jorge ZAHAR Editor Rio dejaneiro

Seleção e tradução dos textos que compõem esta coletânea autorizadas pelos respectivos autores ou seus representantes legais; as fontes encontram-se indicadas a cada ensaio. Copyright da seleção e comentários 2006, Glória Ferreira e Cecilia Cotrim Textos de Joseph Beuys VG Bild-Kunst, Bonn 2002 Textos de Jasper Johns Jasper Johns 1 VAGA, N. York, NY Textos de Donald Judd Donald Judd Foundation I VAGA, N. York, NY Texto de Allan Kaprow 1993 Allan Kaprow Texto de Robert Morris 2001 Robert Monris I Artists Rights Society (ARS), N. York Textos de Robert Smithson Estare of Robert Smirhson I VAGA, N York, NY Todos os esforços foram feitos para identificar as fontes dos textos aqui reproduzidos. Estamos prontos a corrigir eventuais falhas ou omissões em futuras edições. Copyright desta edição 2006: Jorge Zahar Editor Ltda rua México 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel. (21) 2108-0808 I fax: (21) 2108-0800 e-mail: jze@zahar.com.br site: W\vw.zahar.com.br Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.61 0198) Tradução (com páginas onde se iniciam os textos): Pedro Süssekind (37, 58, 72, 96, 113, 120, 122, 139, 169, 176, 182, 203, 205, 208, 21 O, 235, 266, 275, 325, 330, 389 [com Flávia Anderson], 401 e 429), Fernanda Abreu (53, 150, 198,249, 289,292,357,364 e 421), Eliana Aguiar(35, 50, 142 e 300), Flávia Anderson (67) e André Tc lles (78). Capa: Marcos Martins E73 06-2464 CIP-Brasíl. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Escritos de artistas: anos 60170 I seleção e comentários Glória Fenreira e Cecilia Cotrim; [tradução de Pedro Süssekind... et ai.). - Rio de Janeiro :.Jorge Zahar Ed., 2006 ISBN 85-7110-939-7 1. Crítica de arte. 2. Arte moderna - Século XX. I. Ferreira, Glória, 1947-. 11. Cotrim, Cecília. CDD 701.18 CDU 7.072.3

122 Frank Stella e Donald Judd Questões para Stella e judd [ 1 966] 139 Dick Higgins Declarações sobre a intermidia [1966] 142 Luciano Fabro Discursos [1966) LSO Víctor Grippo Sistema [ 1966 J l52 Grupo Rex Regulamento Rex (1 966] L 54 Hélio Oiticica Esquema geral da Nova Objetividade (1976] 169 Mel Bochner Arte serial, sistemas, solipsismo [ 1967] 176 Sol LeWitt Parágrafos sobre Arte Conceitual (1967] 182 Robert Smithson Uma sedimentação da mente: projetos de terra (1968] L98 Julio Le Pare Guerrilha cultural? (1968] 203 Jasper Johns Mareei Duchamp ( 1887-1968) [1 968] 205 Sol LeWitt Sentenças sobre Arte Conceitual (1969] 208 Jasper Johns Reflexões sobre Duchamp (1 969] 2LO Joseph Kosuth Aartedepoisda~loso~a (1969) 235 Art&Language Arte-linguagem [1969) 249 Daniel Buren Advertência [1969] 262 Artur Barrio Manifesto [1970] 264 Cildo Meireles Inserções em circuitos ideológicos [ 1970] 266 Luis Camnitzer Arte contemporânea colonial [ 1970] 275 Michael Heizer, Dennis Oppenheim, Robert Smithson Discussões com Heizer, Oppenheim, Smithson (1970] 289 Suga Kishio Além do circunstancial [1970] 292 Louis Cane "O pintor sem modelo ", nota prática sobre uma pintura (1971]