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A)Dolo direto ou determinado: quando o agente visa certo e determinado resultado.

Transcrição:

Aula 01 01/02/2012 Texto As estatísticas criminais sob um enfoque criminológico crítico. Publicado Eduardo Luiz Santos Cabette. CABETTE, Eduardo Luiz Santos. As estatísticas criminais sob um enfoque criminológico crítico. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1326, 17 fev. 2007. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/9497> Debate acerca da cifra negra e dourada da criminalidade. Introdução a parte especial do código penal. Aula 02 08/02/2012 I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS CRIMES EM ESPÉCIE 1.1 Conceitos de crime a) Conceito material: concepção da sociedade é a conduta que ofende um bem juridicamente tutelado, merecedora de pena. b) Conceito formal: concepção do direito é a conduta proibida por lei, sob ameaça de aplicação da pena. c) Conceito analítico: concepção da ciência do direito é toda conduta típica, antijurídica e culpável. Fato típico e antijurídico defende-se que a culpabilidade é apenas pressuposto da aplicação da pena. Fato típico, antijurídico, culpável e punível Fato típico e culpável a antijuridicidade estaria incluída no fato típico. Fato típico, antijurídico e punível a culpabilidade seria a ponte que une o crime à pena. Fato típico, antijurídico e culpável teoria finalista Hans Welzel: Fato típico: Conduta ação ou omissão/ dolo ou culpa Resultado Nexo causal Tipicidade Antijurídico contrariedade do fato com o ordenamento jurídico. Excludentes da ilicitude (antijuricidade): Estado de necessidade Legítima defesa Exercício regular do direito Estrito cumprimento do dever legal Culpável pressuposto necessário para a aplicação da pena. Elementos da culpabilidade: Profª Tâmisa Fleury Página 1

Imputabilidade Potencial consciência da ilicitude Exigibilidade de conduta diversa 1.2 Diferenças entre crime e contravenção penal Crime apenado com reclusão/detenção SEM/OU/E multa. Contravenção apenado com prisão simples + SÓ/E. 1.3 Elementos do crime 1.3.1 Sujeitos: a) Sujeito Ativo: pessoa que pratica a conduta descrita no tipo. Há a possibilidade de a pessoa jurídica figurar como sujeito ativo de crimes, como nos casos dos crimes ambientais. b) Sujeito Passivo: é o titular do bem jurídico protegido que foi violado. O estado é sempre sujeito passivo (formal). *É possível haver no mesmo crime, pessoa que seja ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo, ex: rixa. *Art. 171, 2º, V, CP 1.3.2 Objeto do crime a) Objeto material é o bem, de natureza corpórea ou incorpórea, sobre o qual recai a conduta criminosa. b) Objeto jurídico é o bem jurídico tutelado. 1.4 Classificação dos crimes a) Comuns e próprios Comum pode ser cometidos por qualquer pessoa. Ex: homicídio. Próprios crimes que só podem ser praticados por determinadas pessoas. Ex: infanticídio. Pode ser divido em puro e impuro: Puro quando não é cometido pelo sujeito indicado no tipo, não constitui crime. Impuro quando não é cometido pelo sujeito indicado no tipo, transformam-se em figuras delituosas diversas. Crimes de mão própria exige sujeito ativo qualificado, devendo este cometer pessoalmente a conduta típica. Não admitem coautoria. b) Instantâneos e permanentes Instantâneos que se consomem com uma única conduta e não produzem resultado prolongado no tempo. Permanentes que se consumam com uma única conduta, embora a situação antijurídica gerada se prolongue no tempo até quando queira o agente. Ex: seqüestro em cárcere privado. c) Comissivos e omissivos Comissivos com ação. Por omissão quem tem o dever de impedir o resultado. Omissivos omissão. Por comissão abstenção. Profª Tâmisa Fleury Página 2

d) De atividade e de resultado De atividade também chamados de crimes formais ou de mera conduta não exige o resultado para a consumação. De resultado também chamados de materiais ou causais exigem a produção do resultado para se consumarem. e) De dano e de perigo De dano se consumam com a efetiva lesão ao bem jurídico. De perigo se consuma com a mera probabilidade de dano. f) Unissubjetivos e plurissubjetivos Unissubjetivos podem ser praticados por uma só pessoa. Plurissubjetivos só podem ser praticados por mais de uma pessoa. Também conhecidos como crimes de concurso necessário. g) Progressivos e complexos Progressivo quando um tipo penal envolve outro para cometer um homicídio necessariamente precisa ter cometido lesão corporal. Complexos quando um tipo penal é formado pela junção de dois ou mais tipos. Ex: roubo. h) Progressão criminosa evolução da vontade do agente, normalmente ferindo o mesmo bem jurídico. i) Crime habitual somente se consuma através da prática reiterada e contínua de várias ações. Ex: sindicância prévia. j) Unissubsistentes e plurissubsistentes Unissubsistentes admite sua prática através de um único ato. Ex: injúria verbal. Plurissubsistentes exigem vários atos. Ex: homicídio. k) De forma livre e de forma vinculada De forma livre pode ser feito de qualquer modo. O tipo penal não define o método. De forma vinculada somente podem ser feitos através de fórmulas descritas no tipo penal. l) Crime vago que não possuem sujeito passivo determinado, sendo este a coletividade. Ex: perturbação de cerimônia funerária. m) Crime remetido que fazem remissão a outros. Ex: art. 304, uso de documento falso. 1.5. Elementos do tipo penal Objeto jurídico bem jurídico tutelado pela norma penal. Sujeito ativo autor da conduta delitiva. Sujeito passivo Tipo objetivo Tipo subjetivo Consumação e Tentativa II. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 2.1. Dos crimes contra a vida Profª Tâmisa Fleury Página 3

Existem 5 crimes neste capítulo, sendo que 4 deles são dolosos (que são julgados pelo tribunal do júri), que são: - homicídio doloso art. 121; - induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio art. 122; - infanticídio art.123; - aborto arts. 124 a 126. Além disso, existe o crime de homicídio culposo. 2.1.1 Homicídio doloso Possui 3 modalidades: Simples; Privilegiado; Qualificado. a) Homicídio Simples art. 121, caput. A lei só especifica as hipóteses em que o homicídio é qualificado e privilegiado, de modo que, é por exclusão que se conclui que o homicídio é simples. a.1) Objeto jurídico é o bem jurídico tutelado. No caso do homicídio é a vida humana extra-uterina. Basta a prova de que nasceu vivo. Como o homicídio afeta um só bem jurídico é classificado como crime simples. a.2) Sujeito Ativo trata-se de crime comum porque pode ser praticado por qualquer pessoa. O homicídio pode ser praticado por 1 só pessoa ou por 2 ou mais em concurso. Trata-se assim de crime de concurso eventual. O Concurso pode se dar por coautoria ou por participação. Existe coautoria quando 2 ou mais pessoas realizam ato executório de matar. Ex: 2 pessoas atiram na vítima. Por admitir coautoria, o homicídio não é crime de mão própria. Existe participação por parte de quem não realiza ato executório, mas de qualquer outra forma concorre para a ocorrência do delito. Ex: quem empresta a arma para o assassino matar a vítima ou o incentiva verbalmente para fazer. a.3) Sujeito Passivo ALGUÉM qualquer pessoa após o nascimento e desde que ainda esteja viva. Qualquer conduta visando tirar a vida de pessoa morta constitui crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material, e nos termos do art. 17 do CP., o agente não responde, nem mesmo por tentativa. a.5) Tipo objetivo MATAR é crime de ação livre. Pode ser comissivo ou omissivo. a.6) Tipo subjetivo DOLO animus necandi admite-se o dolo direto e o eventual. a.7) Consumação se dá no momento em que a vítima morre. A lei 9.434/97 considera morta a pessoa, com a cessação da atividade encefálica. A prova da morte se faz com o exame necroscópico, que pode ser suprido com prova testemunhal. Profª Tâmisa Fleury Página 4

Como a consumação pressupõe o resultado morte, o homicídio é crime material. A morte ocorre em um momento exato, e por isso, o homicídio é crime instantâneo, porém por ser irreversível se diz que o homicídio é crime instantâneo de efeito permanente. O homicídio classifica-se ainda como crime de dano, sua conduta pressupõe que o bem jurídico seja efetivamente atingido. a.8) Tentativa é possível. Existem 2 espécies de tentativa de homicídio: Tentativa branca quando os golpes/tiros não acertam o corpo da vítima que assim não sofre lesão; Tentativa cruenta quando a vítima é atingida, sofre lesão, mas sobrevive. O agente queria matar, mas só conseguiu provocar lesão. Não se confunde com o crime de lesão corporal, em que a intenção era somente de lesionar. a.9) Progressão criminosa é uma denominação que se dá à hipótese em que o agente inicia a execução querendo praticar um crime menor e durante a execução resolve praticar crime mais grave, hipótese em que o crime maior absorve o menor. Ex: iniciar uma agressão querendo apenas lesioná-lo e durante a agressão, dolosamente, matar a vítima. Homicídio absorve a lesão corporal. Se o agente tenta matar a vítima, um traficante rival, mas não consegue e no dia seguinte fica sabendo que a vítima está na U.T.I de um hospital e na madrugada seguinte invade o hospital para matar a vítima e o faz, temos 2 crimes: o homicídio tentado, na 1ª ocasião e o consumado na 2ª. OBS: não se confunde a progressão criminosa em que há um dolo inicial de lesionar seguido de um dolo de matar no mesmo contexto, com o crime de lesão corporal seguido de morte art. 129, 3º - que é preterdoloso (dolo na lesão e culpa na morte). a.10) Desistência voluntária existe uma situação muito comum de desistência voluntária relacionada com o homicídio. É aquela em que a pessoa efetua o 1º disparo, querendo matar, e ao perceber que a vítima não foi atingida de forma fatal, deixa de efetuar novos disparos, embora possa fazer. Em tal caso, o art. 15 do CP. Diz que ele não responde por tentativa de homicídio e sim por lesões corporais, caso a vítima tenha sido atingida, ou por periclitação da vida art. 132, se não a atinge. a.11) Meios de execução Trata-se de crime de ação livre porque admite qualquer meio de execução, desde que apto a causar a morte, até mesmo por omissão o homicídio pode ser feito. Ex: a mãe querendo a morte do filho, não o alimenta. a.12) Classificação doutrinária O homicídio é crime simples (atinge só 1 bem jurídico), comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), material (consumação pressupõe resultado), instantâneo de efeitos permanentes, de dano (exige efetiva lesão do bem jurídico), de ação livre e de concurso eventual Profª Tâmisa Fleury Página 5

a.13) Ação Penal pública incondicionada. O simples, consumado ou tentado, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, mesmo que o agente seja um, é crime hediondo. Julgamento no Tribunal do Júri. b) Homicídio privilegiado Art. 121, 1º. Para alguns doutrinadores não é chamado de privilegiado e sim de causa de diminuição de pena b.1) Natureza jurídica causa de diminuição de pena, porque o 1º diz que em suas hipóteses a pena será diminuída de 1/6 a 1/3. *Apesar de o tipo especificar que o juiz PODE reduzir a pena, ele DEVE, ficando a seu critério somente o quantum indenizatório. b.2) Hipóteses de privilégio: * Motivo de relevante valor moral relevante valor é algo importante na moral, diz respeito a valor de interesse particular ou específico do agente é a motivação considerada nobre, como ocorre no caso da eutanásia, em que o sujeito mata para evitar o sofrimento da pessoa doente ou com alguma anomalia. Outro exemplo é o pai que mata o estuprador da filha a fim de limpar a honra desta. * Motivo de relevante valor social significa que os jurados reconhecem que o sujeito ao matar a vítima pensava estar com isso fazendo um bem à coletividade. O exemplo da E.M.C.P é matar o traidor da pátria. Caso concreto grupo de traficantes que entra em uma coletividade para aliciar menores para o tráfico. No caso concreto em que foi reconhecido o privilégio é o do morador de um bairro em que, em um momento isolado, matou o líder de tráfico do bairro, após várias tentativas de comunicação com as autoridades que nada fizeram para evitar os traficantes. * Violenta emoção esta é a forma pela qual é conhecida a última hipótese de privilégio. Contudo, o texto legal é muito mais amplo, exigindo que a pessoa mate sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. Em 1º lugar é necessário que haja uma injusta provocação da vítima, como por exemplo, xingar a vítima, cuspir nela, riscar seu veículo ou danificar o muro de sua casa com pichação, colocar o som muito alto de madrugada incomodando a vizinhança. No privilégio, exige mera provocação injusta, enquanto na legítima defesa exige-se agressão injusta. Ex: vítima que está espancando alguém, que para se defender, nela dá uma facada. Quando alguém mata IMEDIATAMENTE após flagrante de adultério não se aceita a absolvição por legítima defesa da honra, sendo, contudo, possível o privilégio da violenta emoção. A expressão logo em seguida pressupõe que não haja uma clara interrupção entre o momento que cessa o ato da provocação e o momento homicídio. Quando o ato de provocação é realizado longe do agente, considera-se que ele matou logo em seguida, desde que tenha cometido o crime assim que tomou conhecimento da provocação. Profª Tâmisa Fleury Página 6

Observação: as 3 hipóteses de privilégio são de caráter subjetivo, porque se referem à motivação ou ao estado emocional. Por isso, não se comunicam no caso de concurso de agentes. O fato de reconhecerem o privilégio para um dos réus, não significa que o crime será também privilegiado para o outro. Nada obsta, entretanto, que os jurados também reconheçam o privilégio para o outro réu. Homicídio passional crime praticado por amor (ciúmes, vingança, traição, etc). Somente será privilegiado quando preencher todos os requisitos necessários para a configuração deste. Aula 03 15/02/2012 c) Homicídio Qualificado Art. 121, 2º. Pena de 12 a 30 anos. Por ser crime hediondo, a pena é cumprida inicialmente em regime fechado L. 8.072/90 c.1) Classificação das qualificadoras: A primeira classificação diz respeito a razão que levou o legislador a entender que em tal caso que o homicídio é mais grave. a) O motivo ex: motivo fútil ou torpe as qualificadores quanto ao motivo estão todas nos incisos I e II. b) Quanto ao meio empregado inciso III ex: fogo, veneno, asfixia... c) Quanto ao modo de execução inciso IV e dizem respeito a recurso que de algum modo dificulta ou impossibilita a defesa da vítima. d) Por conexão inciso V é o homicídio em razão de outro crime. Ex: para assegurar a impunidade de outro crime. Conexão vínculo de 2 crimes outro crime + homicídio A segunda classificação das qualificadoras do homicídio as divide entre aquelas que são de caráter subjetivo e aquelas de caráter objetivo. a) As de caráter subjetivo são as que se referem aos motivos do assassino e estão previstas nos incisos I, II e V. As qualificadoras do inciso V, embora contenha conexão com outro crime, dizem também respeito as razões/motivos que levaram o sujeito a matar a vítima. b) De caráter objetivo que se referem ao meio e modo de execução, estas estão nos incisos III, IV. Um exemplo da importância dessa classificação refere-se à possibilidade de um homicídio ser ao mesmo tempo qualificado e privilegiado. Considerando que o privilégio é sempre de caráter subjetivo ele é incompatível com as qualificadoras subjetivas, porque o homicídio não pode ser ao mesmo tempo de relevante valor social ou moral e fútil ou torpe. Como o privilégio é votado antes, seu reconhecimento impede que o juiz ponha em votação as qualificadoras subjetivas. Nada obsta ao reconhecimento concomitante do privilégio com as qualificadoras objetivas. Ex: violenta emoção + tiro pelas costas Subjetivo objetivo Profª Tâmisa Fleury Página 7

Eutanásia + emprego de veneno O STF firmou o entendimento de que o homicídio privilegiado-qualificado não é hediondo. c.2) Qualificadoras em espécie Inciso I, 1ª parte Homicídio mercenário crime praticado mediante paga ou promessa de recompensa. Trata-se de modalidade de homicídio de concurso necessário porque pressupõe o envolvimento mínimo de 2 pessoas que são chamadas de mandante e executor, assim é crime de concurso necessário. A paga é prévia em relação ao assassinato e a promessa é para pagamento posterior e a qualificadora existirá ainda que o mandante não cumpra o que tinha prometido. Prevalece o entendimento de que esta qualificadora diz respeito apenas a interesse econômico do executor, como por exemplo, em dinheiro, recebimento de um imóvel, perdão de dívida. Porque quando alguém mata porque a mulher fez promessa de sexo em troca do assassinato aplica-se a outra qualificadora, do inciso I, que é genérica, que é a do motivo torpe. A qualificadora se aplica só para o executor ou também para o mandante? A questão reside na interpretação do art. 30, que diz que as circunstâncias que são subjetivas só se comunicam se forem elementares. A 1ª corrente diz que qualificadora não é elementar e, portanto não se estende ao comparsa, porque no caso em análise a qualificadora é de caráter subjetivo. A qualificadora da paga só se aplica ao executor e em relação ao mandante devem ser analisados os motivos próprios que o levaram a contratar o assassino. Exemplo: vice-prefeito que contrata assassino para matar o prefeito, responde pelo motivo torpe, o pai que contrata o matador para matar o estuprador da filha, ele responde por homicídio privilegiado. A 2ª corrente entende que a qualificadora se aplica também ao mandante. Para esta corrente a qualificadora em estudo é elementar por ser requisito essencial do crime e assim se estende a todos os envolvidos. O art. 30 do CP tem 2 regras: Circunstâncias subjetivas NÃO se comunicam. Elementar subjetiva se comunicam. É que para esta corrente o fato de se tratar de crime de concurso necessário faz com que o envolvimento do mandante seja essencial à existência do delito e por isso excepcionalmente temos uma qualificadora que ao mesmo tempo é elementar do homicídio. Esta corrente é a adotada pelo STF. Observação: o pai contrata alguém para matar estuprador da filha. Os jurados condenam o executor por crime qualificado e reconhece o privilégio do pai, isto automaticamente afastará a qualificadora do mandante. Trata-se contudo de situação raríssima, pois em geral, os jurados sequer cogitam privilégio para o mandante, como no caso em que o vice contrata alguém para matar o prefeito, o que gera a condenação de ambos pelo homicídio qualificado. Profª Tâmisa Fleury Página 8

De acordo com o art. 31 do CP, se o executor contrata, e não chega a tentar o homicídio por qualquer razão, o mandante não será punido. Inciso I, 2ª parte motivo torpe Considerado imoral, vil. É o motivo que chama atenção pela repugnância quanto à motivação. Ex: integrantes de uma facção que atuam em um bairro descobrem que um morador é policial e o matam por causa disso. Matar pessoas em razão de preconceito (homossexual nordestino, argentino, de determinada religião). Filho que mata pai por herança. Matar para assumir cargo. Também constitui motivo torpe, matar por motivo financeiro, que não seja o da paga ou promessa de recompensa. Outro exemplo é o marido matar a esposa porque ela não quis transar. A vingança pode ou não ser considerada motivo torpe dependendo do que a tenha motivado. O ciúme não é considerado motivo vil, por isso não caracteriza motivo torpe. Exemplo: quando o pai, pessoalmente, mata o estuprador da filha, cometeu uma vingança, mas que não é qualificada. Mas o devedor que mata o credor porque esse protestou o título incide sim nessa qualificadora. Inciso II, motivo fútil motivo pequeno, sem importância. Há grande desproporção entre o motivo e o assassinato. Exemplo: matar alguém que fez manobra errada no trânsito, matar o garçom que disse que não podia servir bebida porque o bar estava fechando, matar o torcedor de outro time porque fez brincadeira com a derrota do outro, o marido que mata a esposa porque ela fez um almoço ruim. O motivo de um homicídio não pode ser ao mesmo tempo fútil e torpe. O motivo fútil é especial em relação ao torpe que é genérico. Se o motivo do crime for considerado pequeno, aplica-se somente o motivo fútil, ainda que haja cunho moral na motivação. Se a característica quanto à motivação for apenas a imoralidade/impugnação, aplica-se o motivo torpe. Quando não se sabe o motivo que levou ao assassinato, não se pode presumir que ele seja fútil de modo que havendo prova de autoria, deve ser condenado por homicídio simples. Se o réu, confessa que matou e diz que o fez absolutamente sem nenhum motivo, a interpretação a ser dada é a de que ele matou por prazer de tirar a vida alheia que constitui o motivo torpe e não fútil. Se o agente mata em razão de uma grave troca de ofensas ou de uma grave discussão, não se aplica a qualificadora do motivo torpe, ainda que esta discussão tenha começado por um motivo pequeno. A doutrina costuma dizer que o ciúme não é um motivo pequeno para aquele que o sentiu de modo que em regra, não se aplica o motivo fútil. É evidente, entretanto que certas situações fáticas demonstram que o sujeito matou alegando ciúmes quando obviamente cuida-se apenas do sentimento de posse injustificada, o que gera qualificadora do motivo fútil. Inciso III quanto aos meios de execução Profª Tâmisa Fleury Página 9

A Veneno: é toda substância capaz de lesar a saúde ou destruir a vida. Entende que somente pode ser aplicada a qualificadora quando o veneno é aplicado à vítima sem que ela saiba. Se for forçada, será considerada a qualificadora por meio cruel. O vidro moído não é considerado veneno e sim meio insidioso. B Fogo: em suas diversas formas, qualifica-se também, pelo fato de gerar perigo comum (incêndio). C Asfixia: pode ser mecânica ou tóxica. A asfixia mecânica pode se dar por: Esganadura: consiste em o agente, com o seu próprio corpo, apertar o pescoço da vítima, na maior parte dos casos com a mão; Estrangulamento: o agente fazendo uso de sua própria força, apertar o pescoço da vítima com um fio, cabo aço, corda, etc; Enforcamento: também há o uso de uma corda ou algo similar, mas existe o envolvimento de força da gravidade no ato de apertar o pescoço da vítima, na maior parte usa-se o peso do corpo da vítima; Sufocação: consiste na utilização de algum objeto para obstruir o acesso de ar nos pulmões, travesseiros, mordaças, etc. Soterramento: submersão em meio sólido; Afogamento: submersão em meio líquido; Confinamento: em local que não penetre ar. D Tortura: inflição de mal desnecessário para causar à vítima dor, angústia, amargura, sofrimento. Pode ser física ou moral. Diferença entre homicídio qualificado pela tortura e tortura qualificada pela morte art. 3º Lei 9.455/97. No homicídio, a tortura é o meio empregado para se obter o evento morte, sendo este, a morte um resultado doloso pena de 12 a 30 anos e o julgamento é feito pelo júri. Já no crime da lei especial, o delito como um todo é preterdoloso, exigindo dolo na tortura e culpa no evento morte. A pena é de 8 a 16 anos e o julgamento é feito pelo juízo singular. E Meio insidioso É uma sabotagem, armadilha, meio fraudulento que irá provocar a morte da vítima = sabotar pára-quedas, motor de caminhão, ou colocar farinha dentro da cápsula do medicamento que a vítima toma todos os dias a fim de evitar o ataque cardíaco. F Meio cruel: que sujeite a vítima a graves e inúteis vexames ou sofrimentos físicos ou morais. A crueldade só pode ser reconhecida quando partida de um ânimo calmo que permita a escolha dos meios capazes de infligir o maior padecimento desejado à vítima. O ato de destruir/esquartejar o cadáver após o homicídio não gera a qualificadora do meio cruel e sim crime autônomo de destruição de cadáver previsto no art. 211 do CP. Profª Tâmisa Fleury Página 10

A reiteração de golpes, quando causar sofrimento na vítima, gera qualificadora do meio cruel. G Meio do qual possa resultar perigo comum: Método que além de matar a vítima, pode colocar em risco a vida de várias pessoas. Exemplo: deslizamento de terra. Exemplo muito comum é o de efetuar disparos contra a vítima em meio uma multidão que pode provocar correria e pisoteamento. A forma como está redigido o dispositivo faz com que exista a qualificadora com a fácil possibilidade de ocorrer perigo comum, não sendo necessário que este se concretize. Inciso IV Qualificadoras quanto ao modo de execução Neste inciso existem 3 qualificadoras específicas em relação as quais o legislador parte da premissa que de algum modo dificultam a defesa da vítima: emboscada, traição e dissimulação. No final do dispositivo existe uma fórmula genérica para a utilização de qualquer outro recurso que dificulte ou impossibilite a defesa. Traição: o agente se aproveita de alguma facilidade, que decorre da prévia confiança que a vítima nele deposita, para matá-la num momento inesperado. Exemplo: matar o marido enquanto ele está dormindo, tiro pelas costas, esganar enquanto realiza ato sexual. Emboscada: significa tocaia, ficar escondido esperando a vítima chegar ou ali passar para alvejá-la de surpresa. Dissimulação: é o emprego de alguma fraude para se aproximar da vítima e então matá-la em um gesto repentino. A dissimulação pode ser moral ou material. Moral é aquela que o agente emprega uma farsa meramente verbal para promover a aproximação com a vítima. Material é o uso de um disfarce ou algo simular para nela se aproximar. 4ª figura é a fórmula genérica consistente em qualquer outro recurso que dificulte ou torne difícil a defesa da vítima. Exemplo: o golpe de surpresa, golpe pelas costas, vítima que está algemada, amarradas, presa, dormindo, em coma, etc. Inciso V qualificadoras pela conexão quando o homicídio é praticado em razão de outro crime. A conexão teológica: em que o agente 1º mata alguém para com isso viabilizar a execução de um crime seguinte. Exemplo: matar o segurança para seqüestrar o patrão, matar o marido para estuprar a esposa. Nestes casos, o agente responde pelo homicídio qualificado em concurso material com o outro crime, se efetivamente conseguiu cometê-lo. Observação: existem poucas exceções a esta regra: matar alguém para subtrair seus pertences constitui crime especial, chamado latrocínio que tem pena maior do que a soma do homicídio qualificado. B conexão conseqüencial: em que o agente primeiro comete outro crime e depois o homicídio, a fim de garantir a ocultação, a impunidade ou a vantagem do 1º. Profª Tâmisa Fleury Página 11

Quando o agente quer garantir a ocultação do outro crime significa que a existência desse delito anterior é desconhecida da existência do crime. Já no caso de matar para garantir a impunidade, já se sabe da existência do crime anterior e a finalidade do homicídio é evitar a aplicação da pena. Exemplo: pessoa que está sendo processada mata testemunha antes da audiência de inquirição. Como o inciso V só abrange como qualificadora a conexão do homicídio com outro crime, caso haja conexão com uma contravenção penal, aplica-se a qualificadora do motivo torpe. Observações finais A premeditação não consta no rol das qualificadoras, por isso não qualifica o crime. O parricídio e o matricídio, que são respectivamente a morte do próprio pai e da própria mãe, não constituem necessariamente hipótese qualificada de homicídio, caracterizam sempre agravante genérica prevista no art. 61, II, e. Aplicação das qualificadoras nos casos de concurso de agentes As qualificadoras de caráter subjetivo, que são aquelas ligadas à motivação do homicídio, não se comunicam em razão da regra do art. 30 do CP, desde que fique provado que um dos indivíduos matou, por exemplo, por motivo torpe, que era desconhecido do comparsa, hipóteses em que a qualificadora só se aplica ao primeiro. EXCEÇÃO: caso fique provado que ambos os envolvidos agiram por motivo torpe, a qualificadora será aplicada para os dois. Qualificadoras de caráter objetivo De acordo com a regra do art. 30, a regra é de que as qualificadoras objetivas (meio e modo de execução) aplicam-se aos coautores, que são aqueles que executaram o crime de forma mais gravosa, como também se comunicam os partícipes que tinham tido ciência da forma mais grave que o crime cometido e mesmo assim tinham colaborado com o autor. EXCEÇÃO: as qualificadoras objetivas não se comunicam ao partícipe que não tinha tido ciência da forma mais gravosa do meio pelo qual o crime seria cometido. Se os jurados reconhecerem 2 ou mais qualificadoras, o juiz, na fixação da pena, utiliza 1 delas para qualificar o crime e as demais como agravante genéricas do art. 61, II, já que tal enquadramento é viável. Causas de aumento de pena art. 121, 4º, segunda parte No homicídio doloso, a pena será aumentada de 1/3 se a vítima for menor de 14 ou maior de 60 anos, dispositivos inseridos pelo ECA e EI. Essas causas aplicam-se a todas as figuras do crime doloso. Se o agente atirar na vítima enquanto ela é menor de 14 anos e só morrer depois, o aumento incide, porque o art. 4º do CP, que trata do tema tempo do crime, diz que se considera cometido o delito, no momento da ação, ainda que o resultado seja posterior. Profª Tâmisa Fleury Página 12

2.1.2 Homicídio culposo Art. 121, 3º, 4º e 5º. O crime somente será culposo quando especificado na norma. Modalidades de culpa: Imprudência que se dá com a quebra de regras de condutas ensinadas pela experiência. Ex: quem não sabe lidar com arma de fogo, a manuseia, provoca disparo e mata alguém. Negligência quando o sujeito se porta sem a devida cautela. Manifesta-se na forma omissiva. Ex: mãe que deixa veneno em cima da mesa. Imperícia falta de aptidão para exercício da arte ou profissão. Ex: ortopedista que mata paciente realizando cirurgia plástica. Culpa consciente culpa com previsão. Prevê o resultado, mas confia na sua habilidade. Culpa inconsciente culpa sem previsão. Não prevê o resultado. #Diferença de culpa consciente com dolo eventual. Em ambos ele prevê o resultado e deseja que ele não ocorra, mas na culpa consciente ele tenta evitálo. Crimes de Trânsito breves relatos. Causa de aumento de pena - 4º. Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício que não observa regra técnica e obrigatória de sua profissão. Ex: médico não esterilizar instrumento que utiliza na cirurgia. Há discussões acerca desta circunstância pelo fato de alguns considerarem que se trataria de bis in idem (NUCCI), pois relaciona ser igual à imperícia. Deixar de prestar socorro à vítima omissão de socorro se não queria o dano, porque não amenizou o resultado? Mirabete Caso fique comprovado que o autor poderia ter evitado a morte da vítima, ocorrerá homicídio doloso, art. 13, 2º, c. Não procurar diminuir as conseqüências do seu ato mesmo acima. Fuga da prisão em flagrante busca evitar o desaparecimento/falta de identificação do agente. NUCCI defende ser esta causa de aumento de pena inconstitucional. #Não incide o aumento de pena quando comprovado que o autor evadiu-se do local por ameaça de represálias, ou, tendo ele sofrido lesões, saiu em busca de socorro, ou, quando a vítima recebe socorro de terceiros. # Nos casos de crime de trânsito, a falta de socorro também constitui causa de aumento de pena no CTB, mas a fuga é descrita como crime autônomo. Perdão Judicial art.121, 5º É um instituto aplicado somente ao homicídio culposo, nunca no doloso. Trata-se de um instituto em que o juiz pode deixar de aplicar a pena se entender que as conseqüências do fato criminosos, atingiram o próprio agente de forma tão grave, que sua imposição se mostre desnecessária. Profª Tâmisa Fleury Página 13

Exemplo: quando a vítima é parente, cônjuge, ou ainda quando o autor do crime ficou gravemente ferido como conseqüência de sua conduta culposa que causou a morte de outra pessoa. O art. 121, 5º também é aplicável aos crimes culposos do CTB, porque o dispositivo que tratava do tema no CTB foi vetado com a expressa justificativa presidencial de possibilitar a aplicação do art. 121, 5º do CP aos crimes de trânsito. No caso de concorrência de culpas, duas ou mais pessoas agem de forma culposa provocando a morte de terceiro, hipótese em que ambos respondem por homicídio culposo. Se o juiz conceder perdão judicial a um deles, porque a vítima era seu filho, o benefício não se estende ao outro porque o perdão foi concedido por circunstâncias de caráter pessoal. O perdão judicial tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade, nos termos do art. 107 do CP. A súmula 18 do STJ por sua vez, diz que a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção de punibilidade, não subsistindo nenhum outro efeito (nem de indenizar). Profª Tâmisa Fleury Página 14