A PRESENÇA DO PAI DURANTE A GESTAÇÃO E PARTO Carla Diniz Bacelar (1) Eliete dos Reis Carvalho (2) Faculdade Integrado Campo Mourão-Pr (1) Graduanda do curso de Enfermagem pela Faculdade Integrado de Campo Mourão-PR E-mail: caabacelar@gmail.com. (2) Enfermeira. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Integrado de Campo Mourão. Email: eliete.carvalho@grupointegrado.br RESUMO EDIÇÃO ESPECIAL I Fórum de Enfermagem: Assistência ao Parto Humanizado A gestação é um momento de total transformação para a mulher, promovendo a ela várias alterações, o que acarreta em uma maior vulnerabilidade. A inserção da figura paterna durante os períodos gestacional e trabalho de parto acontece justamente para apoiar a mulher, proporcionando mais segurança para suportar essa situação genuinamente. O objetivo do estudo é identificar a importância da figura paterna durante a gestação e o trabalho de parto na visão da mulher. Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória realizada com 16 mulheres maiores de 18 anos, alfabetizadas, que tiveram seu trabalho de parto entre os meses de Janeiro e Agosto de 2016 pertencentes a uma unidade básica de saúde do município de Campo Mourão- PR. O presente estudo mostra que a inserção da figura paterna durante o período gestacional e no trabalho de parto infelizmente é lenta e a demanda ainda é pequena. PALAVRAS CHAVE: direitos da mulher; gestação; relação pai-filho; trabalho de parto. THE PRESENCE OF THE FATHER DURING GESTATION AND DELIVERY ABSTRACT The gestation is a moment of complete transformation for the woman, promoting several changes, and this implies in greater vulnerability. The insertion of a paternal figure during the gestational period and labor happens exactly to support the woman, providing more safety to genuinely handle the situation. This paper aims to identify the importance of a paternal figure during gestation and labor in the point of view of women. It is a qualitative exploratory research performed with 16 women older than 18, literate, who had delivered between January and August, 2016, in a free clinic in the city Campo Mourão-PR. This study shows that the insertion of a paternal figure during gestation and labor is, unfortunately, slow and the demand is small. KEYWORDS: women rights; gestation; relationship father-child; labor
12 1 INTRODUÇÃO A gestação é um período em que a mulher passa por varias alterações e adequações que simbolizam o período gestacional nos âmbitos físico, emocional, socioeconômico, profissional e conjugal. Essas mudanças visam sensibilizar a mulher fazendo com que ela fique mais vulnerável, aumentando a possibilidade de ela desenvolver crises emocionais. O modo como a mulher visa o período gestacional tem grande influência na relação mãe-filho (1). Na condição do parto, a mulher se encontra vulnerável, fragilizada, com uma combinação de sentimentos de alegria, angustia, dor, tristeza e medo. Logo, nesse momento a figura paterna é fundamental. O homem oferece segurança e encorajamento à gestante, pode reduzir a duração do trabalho de parto, proporciona sentimentos de felicidade, satisfação e tranquilidade e pode diminuir a necessidade do uso de analgésicos (2). A inserção do pai durante a gestação e o trabalho de parto faz aumentar o vínculo entre o casal, e tem como propósito aumentar a conexão afetiva entre o pai e o bebê desde a sua geração, e retirar a pressão psicológica, que até então é privativa da mulher, fazendo com que ela vivencie esse momento com mais confiança, afinal é direito da gestante ter alguém a acompanhando durante a gestação e o parto (3). O presente estudo tem a finalidade de identificar a importância da figura paterna durante a gestação e o trabalho de parto na visão da mulher. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo exploratório. A seleção das participantes foi feita a partir da data de nascimento das crianças encontradas nos registros mensais de puericultura. Foram entrevistadas 16 mulheres, maiores de 18 anos, alfabetizadas, que tiveram seu trabalho de parto entre os meses de Janeiro e Agosto de 2016. A coleta de dados foi realizada a partir de um roteiro elaborado juntamente com a entrevista gravada semiestruturada, baseados no objetivo do estudo. O roteiro era constituído de perguntas que incluíam quesitos sociodemográficos e questões relacionadas ao foco do estudo. Inicialmente foi feita a identificação das mulheres, e o contato com elas em suas residências. A análise das informações foi realizada com o intuito de verificar a qualidade das informações proporcionadas às mulheres enquanto gestantes sobre o
13 acompanhamento paterno durante o período gravídico-puerperal. A pesquisa foi realizada após a provação do comitê de ética da faculdade Integrado de Campo Mourão nº1.731.430, seguindo os preceitos éticos da resolução 466/12. As entrevistas foram gravadas com um aparelho de celular modelo iphone 5C, nas residências das entrevistadas, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Participantes da Pesquisa (TCLE) e a autorização das sujeitas em participar, com o intuito de evitar qualquer constrangimento. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A figura paterna como acompanhante durante a gestação foi realçada pela maioria das mulheres durante as entrevistas. Muitos são os benefícios quando o companheiro/pai é inserido no processo gravídico e trabalho de parto (4). [...] da mais segurança pra mulher (E2). [...] o neném já desenvolve um vinculo já né, daí desde o comecinho até a hora, tanto é que quando nasce a criança já até sabe né (E18). Com a inserção do homem na gestação, inicia-se precocemente um grau afetivo entre pai e filho, e surge no homem um maior grau de satisfação e felicidade em poder compartilhar esse momento com a gestante (4). A participação do companheiro no momento do parto pode e tende a diminuir a duração do trabalho de parto, tranquiliza a mulher, minimiza a taxa de partos cesárea e pode melhorar o incentivo ao aleitamento materno (5). [...] desde o começo a criança já se sente amada pelo pai, né. O lado paterno, a demonstração [...], de carinho né [...] (E15). Ai, bonito [...] não sei explicar o porque de acompanhar. Mas é gostoso de ver ele ali, ver que ele tá presente (E16). A vinculação do pai no nascimento de seu filho é algo completamente possível, eles se sentem necessários e recompensados em poder ajudar a mulher nesse momento, e cada homem oferece seu apoio à sua maneira (6). Ao questionar o conhecimento das entrevistadas sobre a presença de um acompanhante durante o trabalho de parto, 100% das mulheres desconheciam seu direito. Não. Eu via isso na internet, outras mães falando, mas aqui eu não sabia não(e3). [...] Nossa, não sabia. Isso aí eu não sabia (E16).
14 Sendo assim, vimos que as mulheres, enquanto gestante, recebem poucas informações sobre os acontecimentos que a gestação oferece, embora os meios de comunicação e fonte de informações sejam muitos. Por isso, informações simples e de extrema importância são esquecidas. A Lei n o 11.108 de abril de 2005 decretou que todo serviço de saúde seja esse conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou da rede pública, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, sendo esse indicado e escolhido pela própria gestante (7). A qualidade do repasse da informação dos serviços prestados à gestante sobre o direito de ter um acompanhante no trabalho de parto acaba sendo falho, pois há a dificuldade das instituições ou de profissionais em aderirem ao repasse da Lei, além da baixa procura de informação dos próprios usuários do serviço público sobre seus direitos (8). É de direito a mulher ter o companheiro do seu lado, e é direito do pai assistir e presenciar o nascimento do filho. Todo atendimento prestado à mulher durante o período gestacional reflete no trabalho de parto e parto. Por isso o profissional da saúde que está ligado à assistência dessa mulher deve atendê-la de forma completa e humana, a fim de evitar possíveis traumas posteriores à gestação (9). 4 CONCLUSÃO O presente estudo mostra a lenta inserção da figura paterna durante o período gestacional e no trabalho de parto. Diferente de antigamente, hoje em dia os homens querem e podem estar juntos nesse processo com a mulher, além da mulher sentir a necessidade de compartilhar esse momento com seu companheiro. Infelizmente, a presença da figura paterna durante a gestação e trabalho de parto ainda é pequena. Os profissionais de saúde devem se adequar à realidade estrutural que é oferecida pela instituição, o que é um fator que impede a presença do acompanhante. Os profissionais devem ser capacitados para repassar todas as informações necessárias às mulheres, e o atendimento deve ser realizado com responsabilidade e humanização. REFERÊNCIAS
15 (1) PICCININI, C. A.., et al. Gestação e a Constituição da Maternidade. Psicologia em Estudo. V. 12, n. 1, p. 63-72, 2008. (2) GONZALEZ, A.D.; et al. A percepção do acompanhante no processo do nascimento. Cogitare Enferm,, v. 17, n. 2, p. 310-314, 2012. (3) OLIVEIRA, A. S. S de.; et al. O Acompanhante no momento do trabalho de parto e parto: Percepção de Puérperas. Cogitare Enferm., v.16, n.2, p. 247-253, 2011. (4) BENAZZI, A. S. T.; et al. PRÉ-NATAL MASCULINO: um novo olhar sobre a presença do homem. Revista Políticas Públicas, v. 15, n. 2, p. 327-333, 2011. (5) NAKANO, A. M. S.; et al. O suporte durante o processo de parturição: a visão do acompanhante. Acta Paul Enfemr., v.20, n. 2, p. 131-137, 2007. (6) CARDELLI, A. A. M; TANAKA, A. C. A d`. Ser/estar identidade. Cienc Cuid Saúde, v. 11, p. 251-258, 2012. pai: uma figura de (7) BRASIL. Lei n o 11.108, de 7 de abril de 2005. Do subsistema de acompanhamentoo durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder executivo, Brasília, DF, 07 de abril de 2005. Seção 01. Página 01. (8) TOMELERI, K. R...; et al. Eu vi meu filho nascer : vivência dos pais na sala de parto. Rev Gaúcha Enferm, v. 28, n.4, p. 497-504, 2007. (9) MERIGHI, M. A. B.; et al. O processo de parto e nascimento: visão das mulheres que possuem convênio saúde na perspectiva da fenomenologia social. Acta Paul Enferm, v. 20 n. 4, p. 434-440, 2007. Enviado: 11/11/2016 Aceito: 14 /11/2016