Residência Saúde 2013 SERVIÇO SOCIAL 1
Questão 1 Um raio X da saúde dos brasileiros. Pesquisa inédita do Ministério da Saúde revela que os brasileiros sabem menos do que precisam sobre as causas das doenças crônicas. Quando o assunto é o cuidado com a saúde, os brasileiros vão mal, obrigado: a maioria tem hábitos alimentares pouco saudáveis e pratica menos esporte do que deveria, quase 60% estão acima do peso e 17,5% bebem de forma abusiva. Os dados são do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, o Vigitel, um dos mais completos levantamentos sobre os hábitos de saúde da população já feitos no país. Conduzida pelo Ministério da Saúde, a pesquisa ouviu, entre julho e dezembro do ano passado, 54000 homens e mulheres moradores de 26 capitais brasileiras, além do Distrito Federal. O objetivo do trabalho é monitorar hábitos alimentares e de comportamento que contribuem para o aparecimento de doenças como diabetes, hipertensão, enfisema pulmonar e câncer, as chamadas doenças crônicas não transmissíveis, responsáveis por dois terços das mortes no país. "Certos costumes que adotamos podem funcionar como fator de proteção ou de risco para o desenvolvimento desse grupo de doenças", afirma Ruy Laurenti, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. "Mas grande parte dos brasileiros ainda subestima esse fato." Reportagem 1: Revista Veja, edição 2050, publicada em 05 de março de 2008. Desigualdade social e econômica no Brasil faz IDH diminuir cerca de 30%. Índice foi criado em 2010 para retratar como as desigualdades internas podem limitar o desenvolvimento humano nos países. A desigualdade na distribuição de renda no Brasil faz com que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2011 do país fique 27,7% menor. Conforme ranking divulgado nesta quarta-feira, 2, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil registrou IDH de 0,718 neste ano, marca que situa o país no grupo dos países com desenvolvimento humano elevado. O IDH Ajustado à Desigualdade (Idhad) foi criado pelo Pnud em 2010 para retratar como as desigualdades internas podem limitar o desenvolvimento humano nos países. Enquanto o IDH clássico é um índice potencial, o Idhad retrata melhor a situação real de um país. É uma questão de conceito. Não basta viver em uma sociedade que tenha, na média, um bom indicador de saúde, de renda, de educação, mas na qual as pessoas convivam com diferenças no dia a dia. Conceitualmente, é relevante considerar a desigualdade, explicou o economista do Relatório de Desenvolvimento Humano brasileiro, Rogério Borges de Oliveira. No Brasil, quando o IDH é ajustado para as desigualdades internas de educação, saúde e renda, cai de 0,718 para 0,519, resultado próximo ao de países como a República Dominicana e o Suriname. Para calcular o IDH ajustado à desigualdade, o Pnud considera as mesmas dimensões utilizadas no IDH original: saúde, conhecimento e renda. No caso brasileiro, o maior responsável pela perda por causa da desigualdade é o quesito renda. O Pnud também divulgou hoje o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que vai além da renda e avalia privações nas áreas de saúde, educação e padrão de vida para avaliar se uma pessoa é pobre. O índice considera privações em dez indicadores, como nutrição, acesso à água potável, saneamento, acesso à energia e anos mínimos de escolaridade. É considerado multidimensionalmente pobre o indivíduo privado de, pelo menos um terço dos indicadores. Reportagem 2: Jornal Estado de São Paulo, publicada em 02 de novembro de 2011. 2
As duas reportagens reproduzem duas concepções distintas de saúde, relacione-as, tendo como referência o conceito de saúde, conforme discutido por Mioto e Nogueira (2006). 3
Questão 2 Diego tem 25 anos, é ajudante de pedreiro e estudou até o 3º ano do ensino fundamental. Mora com os pais idosos e dois irmãos adultos em comunidade empobrecida do Rio de Janeiro. A renda per capita familiar é de ½ salário mínimo. Sua moradia é de alvenaria, sem revestimento de emboço, possui dois quartos, cozinha e banheiro. Dispõe de infraestrutura básica, embora não possua caixa d água e filtro d água, fazendo com que Diego e sua família bebam água da rua, sem filtragem. Há uma vala aberta que passa dentro do quintal, o que causa enchente nos casos de chuva forte, inundando sua casa. Possui o diagnóstico de diabetes mellitus desde os seis anos de idade, cujo tratamento de saúde era realizado em um hospital universitário. Durante 10 anos, foi acompanhado no Programa de Diabetes desse hospital, porém sempre com dificuldade de comparecimento às consultas médicas, assim como de seguir o tratamento proposto pela equipe de saúde, justificada pela baixa renda familiar, o que, por outro lado, era compreendido pela equipe de saúde como ausência de compromisso da mãe do usuário com o tratamento do então adolescente. Isso determinou a escolha de ambos por descontinuar o tratamento de saúde. Após quatro anos de interrupção do tratamento, o usuário retornou ao hospital universitário com seu quadro de saúde bastante alterado, determinando o surgimento da doença renal crônica, já em estágio terminal, levando-o a realizar o tratamento de hemodiálise três vezes por semana. Ao realizar o estudo social desse usuário e conhecer sua história de saúde, a assistente social aponta, no seu plano de atendimento, a necessidade de sensibilizá-lo para a continuidade do tratamento de saúde, mesmo compreendendo que as condições objetivas de vida do usuário determinam sua subjetividade, suas decisões e escolhas. A postura da assistente social não corresponde à perspectiva tradicional de adesão ao tratamento, pois a equipe de saúde via de regra não analisa a situação considerando a determinação social da saúde da população usuária. Sendo assim, indique os fundamentos éticos que sustentam tal postura profissional. 4
Questão 3 Marina, 20 anos, mãe de três crianças com idade abaixo de cinco anos, reside com seu companheiro, nos fundos da casa de familiares dele, que, por sua vez, não colaboram com a rede de cuidado às crianças. Os pais das crianças são usuários de crack e, em função dessa situação, têm dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Com 15 dias de vida, o bebê é levado por sua mãe ao serviço de saúde para sua primeira consulta pediátrica. A criança é avaliada pela equipe médica em seu estado geral como saudável, mas apresenta irritabilidade, assaduras e alterações no entorno da boca, sugerindo queimadura leve em função da temperatura inadequada do leite oferecido por mamadeira. Após orientações sobre o cuidados a serem tomados, é agendada a próxima consulta em uma semana para reavaliação. Além disso, a usuária é encaminhada pelo pediatra ao serviço social para avaliação e providências em relação à situação desta família. Considerando os Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde (CFESS, 2010) e o Estatuto da Criança e Adolescente: a) Descreva como a profissional deve encaminhar a questão junto à equipe multiprofissional de saúde. 5
b) Indique as ações que o assistente social deve realizar em seu trabalho, visando à proteção da criança e da família. 6
Questão 4 Correia (2012) destaca o papel dos assistentes sociais no controle social por meio de assessorias, capacitações de conselheiros ou, ainda, criação, organização e acompanhamento de conselhos. Para a autora, o assistente social tem a possibilidade de exercer o controle social na perspectiva dos interesses das classes subalternas, passando, assim, de mero executor das políticas previamente estabelecidas a colaborador da efetivação do controle social (2012, p. 302). Nesse sentido, elabore um projeto de trabalho que tenha como objetivo o fortalecimento do controle social em um hospital universitário de grande porte. Utilize como referência os elementos apontados por Couto (2009) como fundamentais para o projeto, quais sejam: identificação, delimitação e justificativas, claras, do objeto da ação; definição dos objetivos; identificação das metas; apontamento dos recursos; e mecanismos de controle social do seu trabalho. 7
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INSTRUÇÕES Esta prova contém 04 (quatro) questões discursivas. A forma definitiva das respostas deverá ser dada com caneta esferográfica transparente de tinta azul ou preta. Somente as respostas contidas no espaço pautado serão objeto de correção. Não se esqueça de obedecer aos limites estabelecidos quanto ao número de linhas. Preencha de forma legível os espaços existentes na parte inferior desta folha. (ÁREA DE PREENCHIMENTO DO CANDIDATO) O preenchimento desta ÁREA tem como finalidade a não identificação da prova para efeito de correção, garantindo, assim, a lisura do processo. Nestes espaços e nas demais folhas deste caderno, qualquer assinatura, rubrica ou sinal de identificação acarretará a anulação desta prova. ¹Todos os casos e nomes utilizados nessa prova são fictícios e qualquer semelhança com casos reais é mera coincidência. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ÁREA DE PREENCHIMENTO DO CANDIDATO Assinatura Usual Data de Nascimento Nome (letra de forma) Nº de Inscrição Nº da Carteira de Identidade/Órgão Expedidor 9