AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS ACADÊMICOS DA FACULDADE DE APUCARANA EM RELAÇÃO À Chlamydia trachomatis



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Transcrição:

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 31 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS ACADÊMICOS DA FACULDADE DE APUCARANA EM RELAÇÃO À Chlamydia trachomatis RESUMO MOURA, P. H. de 1 SILVA, C. V. da 2 SCHNEIDER, L. C.L 3 Atualmente adolescentes e jovens estão cada vez mais cedo iniciando a vida sexual sem qualquer tipo de responsabilidade ou pudor, resultado disso são a gravidez indesejável e o aumento dos casos de doenças sexualmente transmissíveis DST. Com o intuito de se verificar o nível de conhecimento dos acadêmicos da Faculdade de Apucarana FAP, em relação à prevenção e ao diagnóstico das DST, mais especificamente, as doenças causadas pela bactéria Chlamydia trachomatis, foram coletados dados através de aplicação de questionários individuais, que por sua vez, foram expostos no programa Excel, e gráficos foram construídos para determinar os resultados da pesquisa. Os resultados obtidos revelaram que a maioria dos entrevistados foi do sexo feminino, com idade entre 18 a 21 anos, solteiras e com vida sexual ativa. No entanto um dado preocupante foi constatado, apenas 54% dos entrevistados admitiram utilizar métodos para prevenção de DST (Doença Sexualmente Transmissível), e dentre os entrevistados 76% não possuem conhecimento sobre a bactéria Chlamydia trachomatis. Todavia, apesar desses índices, o estudo constatou que 87% dos estudantes gostariam de receber informações sobre a prevenção e formas de tratamento das doenças causadas pela bactéria clamídia. Deste modo, fica claramente evidenciado a carência de informação que os acadêmicos possuem em relação as DST, sendo necessária uma abordagem por parte dos representantes da saúde em relação ao problema exposto na presente pesquisa. Palavras-chave: Chlamydia trachomatis. DST. Acadêmicos. Métodos contraceptivos. Relações sexuais. ABSTRACT Currently adolescents and young people are increasingly starting early sexual life without any kind of responsibility or shame, are the result unwanted pregnancy and the increase in cases of sexually transmitted diseases - STDs. In order to check the level of knowledge of academics from the Faculty of Apucarana - FAP in relation to prevention and diagnosis of STDs, more specifically, the diseases caused by the bacterium Chlamydia trachomatis, data were collected through application of 1 Preciosa Henrique de Moura. Acadêmica de Ciências Biológicas da Faculdade de Apucarana (FAP). 2 Camila Vieira da Silva. Docente da Faculdade de Apucarana (FAP). 3 Larissa Carla Lauer Schneider. Doutoranda da Universidade Estadual de Maringá Departamento de Ciências Morfológicas (DCM).

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 32 individual questionnaires, which in turn, were exposed in the Excel program, where plots were constructed to determine search results. The results revealed that the majority of respondents were female, aged 18-21 years old, unmarried and sexually active. However, a worrying statistic was found, only 54% of respondents admitted using methods to prevent STD (Sexually Transmitted Disease), and among those interviewed 76% had no knowledge about the bacterium Chlamydia trachomatis. However, despite these indices, the study found that 87% of students would like to receive information about prevention and ways to treat diseases caused by the bacterium Chlamydia. Thus, it is clearly evidenced the lack of information that scholars have regarding STDs, an approach by representatives of health in relation to the research presented in this issue is needed. Keywords: Chlamydia trachomatis. STDs. Academic. Contraception. Sex. INTRODUÇÃO A incidência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) entre jovens e adolescentes vem aumentando e entre os fatores responsáveis destacam-se: diminuição da idade de início das relações sexuais, aumento do número de parceiros e a não utilização de preservativos. (TAQUETTE et al, 2003). Segundo o senso realizado no Brasil em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 18% da população geral constituem-se de jovens e a média de idade da primeira relação sexual em meninas é de 15 anos. (IBGE, 2010). No Brasil, o Programa Nacional de DST e AIDS (PN-DST/AIDS) do Ministério da Saúde estima a ocorrência de 1.967.200 casos novos a cada ano, verificando-se uma incidência de 3,5% no sexo feminino e de 2,3% no sexo masculino. (BRASIL, 2010). As doenças sexualmente transmissíveis estão entre as infecções mais prevalentes no mundo e, entre elas, as infecções por Chlamydia trachomatis, que acometem de forma particular as mulheres jovens. (FERNANDES et al., 2009). As infecções na maioria das vezes são assintomáticas e as possíveis consequências de um não diagnóstico precoce é a doença inflamatória pélvica (DIP) e a infertilidade. (ARAÚJO, 2001). No homem, a manifestação mais comum da infecção pela Chlamydia trachomatis (CT) é a uretrite não-gonocócica. Em homens de comportamento heterossexual, a CT causa aproximadamente 35% a 50% dos casos de uretrite nãogonocócica, cujos sintomas e sinais podem aparecer após um período de incubação

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 33 de 7 a 21 dias e manifestar-se em forma de disúria e corrimento uretral claro ou esbranquiçado. Na maioria dos casos, o exame físico não revela nenhuma outra anormalidade, a não ser o corrimento. (MARQUES et al, 2005). O maior impacto da infecção por CT ocorre no sistema reprodutor das mulheres. A recorrência das infecções é comum, especialmente nos indivíduos que se infectam antes dos 20 anos, quando a imunidade desenvolvida é parcialmente protetora, considerando-se os 15 ou mais sorotipos da C. trachomatis. Episódios sucessivos de infecção aumentam o risco de se desenvolver sequelas e a chance de se contrair a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. (SEADI et al, 2002). A ausência de diagnóstico precoce e posterior atraso no tratamento representa um problema de saúde pública, já que as infecções podem evoluir para sérias complicações como endometrite, doença inflamatória pélvica, esterilidade e infecções neonatais, pulmonares e oftálmicas. (VARELLA et al, 2000). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa de novos casos de infecção pela CT em adultos era de mais de 90 milhões, dos quais 9,5 milhões ocorreriam na América Latina e Caribe. (MARQUES et al, 2005 apud ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1999), ocorre que muitos não sabem da doença e acabam participando de sua disseminação. Com isso, o presente trabalho teve como objetivo verificar se uma amostra dos acadêmicos da Faculdade de Apucarana FAP possuem conhecimento sobre a bactéria Chlamydia trachomatis e os principais sintomas de sua infecção. MATERIAL E MÉTODOS Os dados desta pesquisa foram obtidos através de questionários estruturados, com questões sobre as doenças causadas pela bactéria Chlamydia trachomatis. Foram aplicados questionários para os alunos do 7 semestre de todos os cursos de graduação, totalizando assim cerca de 250 acadêmicos entrevistados, caracterizando 20% da amostra da população. Os alunos foram questionados sobre sua vida sexual, se utilizavam métodos de prevenção à DSTs, quantidade de parceiros (as), e se possuíam conhecimento sobre a bactéria Chlamydia trachomatis e os principais sintomas de sua infecção. Os dados foram coletados e acompanhados de um ofício construído à luz da resolução 196/96, do Ministério da Saúde, que traz as Diretrizes e Normas

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 34 Regulamentadoras de Pesquisa, envolvendo seres humanos, esclarecendo sobre os objetivos e os procedimentos que foram utilizados na pesquisa, para que os sujeitos pudessem sentir-se livres para participar ou não da coleta de dados. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da FAP CETi- FAP N 465/2011, para ser desenvolvido. Todos os questionários foram respondidos pelos sujeitos da pesquisa, mediante autorização e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após a coleta dos dados, foram tabulados em planilha do programa Excel. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os entrevistados estão cursando o último ano da Faculdade de Apucarana (FAP), portanto possuem grau de escolaridade alto. Os resultados demonstraram que a faixa de idade da maioria dos entrevistados foi de 18 a 29 anos (88%), sendo apenas 12% com idade superior a 30 anos (Figura 1). Destes 78% do sexo feminino e 22% do sexo masculino (Figura 2) e somente 25% dos entrevistados disseram ser solteiros (Figura 3), mas uma grande maioria (74%) possui uma vida sexual ativa (Figura 4), possui parceiro fixo em suas relações sexuais (figura 5) e utiliza métodos preventivos contra DSTs (Figura 6). A maioria dos entrevistados não conhece as infecções provadas pela bactéria Chlamydia trachomatis (Figura 7), mas possui interesse em obter maior conhecimento sobre o assunto (Figura 8). Uma pesquisa realizada no município de Piraí, no estado do Rio de Janeiro, sobre a prevalência de CT em mulheres atendidas na rede pública e privada constatou que muitas pacientes que apresentaram positividade para Clamídia encontravam-se em maior quantidade no grupo de faixa etária entre 24 a 29 anos (Varella et al., 2000). A maioria dos trabalhos demonstra a prevalência de CT nesta faixa etária (SCHILLINGER et al., 2005; Machado et al., 2010; Fathollahzadeh et al., 2013). Esses dados vão ao encontro da faixa de idade dos entrevistados como observado na Figura 1, que possuem uma vida sexual ativa, mas não possuem muito conhecimento sobre esta infecção (Figura 7).

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 35 Figura 1 - Porcentagem dos alunos entrevistados, de acordo com a idade A maioria das mulheres (70% a 75%) e em mais de 50% dos homens as infecções por clamídia cursa de forma assintomática, sendo assim esse microorganismo pode ser considerado bem adaptado ao ser humano, uma vez que esse patógeno consegue se multiplicar de forma silenciosa e eficaz. (OLIVEIRA et al., 2008). A maioria dos entrevistados foram mulheres (78%), e apenas 22% foram homens (Figura 2). Figura 2 - Porcentagem do gênero dos entrevistados Na mulher a infecção genital por CT pode causar várias patogenias assim como: salpingite, cervicite, uretrite, endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade e gravidez ectópica. (SEADI et al, 2002). No homem, a infecção mais comum provocada pela CT é a uretrite não-gonocócica, cujos sintomas podem manifestar-se em forma de disúria e corrimento uretral claro ou esbranquiçado e, na

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 36 maioria dos casos, o exame físico não apresenta nenhuma outra anormalidade, somente o corrimento. (MARQUES et al, 2005). Em homens podemos encontrar outras patologias assim como: epididimite aguda, proctite aguda, conjuntivite, infertilidade, prostatite crônica, estenose uretral e síndrome de Reiter. A infecção por CT também é um co-fator importante para a transmissão do HIV, tanto no homem como na mulher. (MARQUES et al, 2005). Segundo Benzaken et al (2010), durante sua pesquisa realizada em Manaus AM, com mulheres atendidas em uma clínica que trata DST, verificaram que a prevalência maior cerca de 58% das pacientes apresentavam infecção por CT, sendo que nenhum sintoma era descrito por elas, porém a presença de corrimento uretral do parceiro foi relatado pela maioria das pacientes com casos de positividade para CT. A uretrite acomete os homens e é adquirida de forma sexual. Já as mulheres apresentam pouco ou nenhum sintoma que identifique o micro-organismo, porém algumas alterações quando suscetíveis devem ser clinicamente investigadas, assim como: secreção mucopurulenta, edema e área de ectopia (PASSOS, 1995). Uma pesquisa feita em quatro estados dos Estados Unidos foi encontrada a prevalência de CT em homens de 7% e, 96% infectados não apresentaram sintomas da doença. (SCHILLINGER et al, 2005). Figura 3 - O estado civil dos entrevistados A prevalência de CT em homens em uma pesquisa realizada no Hospital do Iran foi de 8,5% e, destes 64,70% foram casados, 52,9% possuem idade acima de 25 anos, 58,8% possuem grau de escolaridade alto, 11% apresentaram os sintomas

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 37 comuns como sinais urogenitais e 6% não apresentaram sintomas (FATHOLLAHZADEH et al, 2013). A maioria dos entrevistados não é casada (Figura 3), mas mesmo assim, apresenta uma vida sexual ativa (Figura 4), apresentando um parceiro fixo (Figura 5), favorecendo mais uma vez a importância do conhecimento sobre a prevenção e os sintomas da doença. Figura 4 - Se os entrevistados estão com a vida sexual ativa Dos entrevistados que possuem uma vida sexual ativa (Figura 4), 53,93% são do sexo feminino. Ao verificar junto aos entrevistados sobre ter parceiro fixo em sua relação sexual, 74% disseram que possuem parceiro fixo, e 26% disseram que não possuem um parceiro fixo em suas relações (figura 5). Um estudo feito sobre a prevalência da infecção cervical ocasionada por CT em adolescentes com a vida sexualmente ativa em Salvador, mostra que a infecção ocorre principalmente em adolescentes que possuem de 1 a 4 parceiros fixos (90%) (MACHADO et al, 2010). Figura 5 - Porcentagem de parceiros fixos nas relações sexuais

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 38 Ao perguntar aos entrevistados se eles utilizam métodos de prevenção contra a DST (figura 6), 54% responderam que sim, sendo o preservativo masculino o mais citado. No entanto, o mais preocupante são os 46% que responderam não fazer uso de nenhum método para evitar a DST. As infecções sexualmente transmissíveis constituem em um grave problema de saúde pública em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorra 9,5 milhões de casos de infecção por Chlamydia trachomatis por ano em todo o mundo. (MARQUES et al, 2007 apud WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001). Figura 6 - Se os entrevistados utilizam métodos para prevenção contra a DST em suas relações No Brasil estudos realizados em diversos grupos populacionais, utilizando metodologias variadas, mostram uma incidência que oscila entre 2,1% e 31,5% quando se investiga infecção genital por Chlamydia trachomatis. Nos Estados Unidos (EUA) e Reino Unido, as pesquisas realizadas sobre a incidência de endocervicite em gestantes acometem cerca de 2% e 47%. (MARQUES et al, 2005). Apesar do alto grau de escolaridade dos entrevistados, setenta e seis por cento não possuem conhecimento sobre as infecções provocadas pela bactéria Chlamydia trachomatis (Figura 7). Estes dados indicam que a escolaridade não está relacionada com o conhecimento sobre as DSTs. Machado et al (2012) também não encontraram muitas diferenças em pacientes positivos para CT quando relacionou com o grau de escolaridade intermediário (primário) com o alto (secundário).

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 39 Figura 7 - Porcentual dos entrevistados que conhecem os sintomas das infecções provocadas pela bactéria Chlamydia trachomatis Os entrevistados tiveram interesse em receber informações sobre a bactéria Chlamydia trachomatis (figura 8), e 87% do público pediram para que haja mais informações, divulgações sobre a bactéria e suas consequências, e, 13% responderam que não gostariam de ter informações. Figura 8 - Porcentual dos entrevistados que tiveream interesse em receber informações sobre a bactéria Chlamydia trachomatis No Brasil, os serviços públicos que oferecem a investigação da CT são raros e, nos serviços privados, só é realizada a pesquisa da CT em casos que apresentam sintomas ou quando um dos parceiros sexuais relata a presença da bactéria. Este fato limita a população que deve ser diagnosticada e tratada, por isso a bactéria C. trachomatis, é de difícil controle, devido à falta de conhecimento ou implementação

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 40 pelo SUS das diretrizes para diagnóstico e tratamento precoce da doença (Pereira, 2009). CONCLUSÃO Conclui-se com o presente trabalho que grande parte dos acadêmicos entrevistados da Faculdade de Apucarana FAP não possui conhecimentos sobre a bactéria Chlamydia trachomatis e nem sobre sua forma de infecção e sintomas. Essa pesquisa foi significativa, pois demonstrou a falta de campanhas para conscientizar os jovens acadêmicos que poderiam contribuir para a disseminação da informação sobre a bactéria Chlamydia trachomatis para a população local, principalmente os cursos ligados à área da saúde. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Rosane Silva Carneiro. Estudo da Infecção Genital por Chlamydia trachomatis em Adolescentes e Jovens do Sexo Feminino no Distrito Sanitário Leste do Município de Goiânia: Prevalência e Fatores de Risco. Rev. Brás. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v.24, n.7,,ago. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0100-72032002000700012&script=sci_arttext>. Acesso em: 05 dez. 2010. BENZAKEN, Adele S. et al. Prevalência da Infecção por Clamídia e Gonococo em mulheres atendidas na clínica de DST da fundação Alfredo da Mata, Manaus, Amazonas. Disponível em:<http://www.scielo.br> Acesso em: 05 dez. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias. 8.ed. Brasília: MS, 2010. FATHOLLAHZADEH, B. et al. Screening of Chlamydia trachomatis Infection in Men, Is It Necessary in Iran? Jundishapur Journal of Microbiology. 6(10), 2013. FERNANDES, Arlete Maria dos Santos et al. Infecção por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em mulheres atendidas em serviço de planejamento familiar. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v.31, n.5, Maio 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0100-72032009000500006&script=sci_arttext>. Acesso em: 05 dez. 2010. IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: <www.ibge.gov.br> Acesso em: 25 març. 2011.

Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, v.10, n. 1, p. 41 30, 2014 41 MACHADO, M. S. C. et al. Prevalence of cervical Chlamydia trachomatis infection in sexually active adolescents from Salvador, Brazil. Brazilian Journal of Infectious Diseases, 16(2), 2012. MARQUES, Carlos Alberto S. et al, 2007. In.: WORLD HEALTH ORGANIZATION 2001, Infecção Genital por Chlamydia trachomatis em casais atendidos em ambulatório de esterilidade conjugal. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.pdf.dst/234ffgh=article4555es>. Acesso em: 10 jul. 2011.. 2005. In.: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1999. Infecção Genital por Chlamydia trachomatis e esterilidade. Disponível em: <http://www.dst.uff.br//revista17-1-2005/infeccaogenital.pdfs>. Acesso em: 10 jul. 2011.. Infecção genital por Chlamydia trachomatis e esterilidade. Disponível em: < http://www.dst.uff.br//revista17-1-2005/infecçãogenital.pdf> Acesso em: 10 jul. 2011. OLIVEIRA, Micheline L. et al. Infecção por Chlamydia em pacientes com e sem lesões intra-epiteliais cervicais. Disponível em < http://www.scielo.br/>. Acesso em: 27 maio 2011. PASSOS, Mauro Romero Leal. Doenças Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: <http://www.dst.uff.br>. Acesso em: 25 març. 2011. PEREIRA, V. V. Infecções por Chlamydia trachomatis em Saúde Pública. Trabalho de Conclusão de Especialização. Departamento de Microbiologia. Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais. 2009. SCHILLINGER, J. A. et al. Prevalence of Chlamydia trachomatis Infection Among Men Screened in 4 U.S. Cities Sexually Transmitted Diseases, v.32, n.2, p.74-77, febr. 2005. SEADI, Claudete Farina et al. Diagnóstico laboratorial da infecção pela Chlamydia trachomatis: vantagens e desvantagens das técnicas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1676-24442002000200009&script=sci_arttext&tlng=es>. Acesso em: 05 dez. 2010. TAQUETTE, Stella R. et al. Relacionamento violento na adolescência e risco de DST/AIDS. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf.article>. Acesso em: 27 maio 2011. VARELLA, Renata de Q. et al. Pesquisa de chlamydia trachomatis em mulheres do município de Piraí-Rio de Janeiro. Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe/iah/online/?isisscript=iah/iah.xis&src=google&base=lilacs&lang=p &nextaction=lnk&exprsearch=285719&indexsearch=id>. Acesso em: 05 dez. 2010.