Impacto da interiorização da UFAL no desenvolvimento econômico do estado de Alagoas análise baseada nas empresas incubadas

Documentos relacionados
(MAPAS VIVOS DA UFCG) PPA-UFCG RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA UFCG CICLO ANEXO (PARTE 2) DIAGNÓSTICOS E RECOMENDAÇÕES

Gestão Plano de Trabalho. Colaboração, Renovação e Integração. Eduardo Simões de Albuquerque Diretor

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Planilha de Objetivos e Ações Viabilizadoras GT de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia A Santa Maria que Queremos

Plano de Ação e Programa de Formação de Recursos Humanos para PD&I

Termo de Referência para contratação de consultor na modalidade Produto

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

Edital 1/2014. Chamada contínua para incubação de empresas e projetos de base tecnológica


PARQUE TECNOLÓGICO DE RIBEIRÃO PRETO

EDUCAÇÃO SUPERIOR, INOVAÇÃO E PARQUES TECNOLÓGICOS

Instituto de Engenharia

EDITAL PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO JOVEM DA UFPE

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

1 Disseminar a cultura de empreender e inovar, fortalecendo as ações do Comitê de Empreendedorismo e Inovação (CEI)

Programa de Desenvolvimento Local PRODEL. Programa de Extensão Institucional

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Título da Apresentação

EDITAL PROGRAMA DE EMPREENDEDORISMO JOVEM DA UFPE

PROGRAMA BOM NEGÓCIO PARANÁ- APOIO AO EMPREENDEDORISMO AVALIAÇÃO DO NÚCLEO MARINGÁ

Planilha de Objetivos e Ações Viabilizadoras GT de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia A Santa Maria que Queremos

Empresa Júnior como espaço de aprendizagem: uma análise da integração teoria/prática. Comunicação Oral Relato de Experiência

CONSELHO CIENTÍFICO-ADMINISTRATIVO DA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E INOVAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO RESOLUÇÃO Nº 113, DE 11 DE SETEMBRO DE 2014

PÓS-GRADUAÇÃO CAIRU O QUE VOCÊ PRECISA SABER: Por que fazer uma pós-graduação?

Termo de Referência nº Antecedentes

Autor: Marcelo Leandro de Borba 1 Co-Autores: Luiz Melo Romão 2, Vanessa de Oliveira Collere 3, Sandra Aparecida Furlan 4, Claiton Emílio do Amaral 5

SESI. Empreendedorismo Social. Você acredita que sua idéia pode gerar grandes transformações?

Programa FAPESP. Pesquisa Inovativa EM. Pequenas Empresas

Minuta do Capítulo 10 do PDI: Relações Externas

POLÍTICA INSTITUCIONAL DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DA UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA

EIXO III CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA INSTITUIÇÃO E DE CADA UM DE SEUS CURSOS

Plano de Atividades 2015

O presente edital regulamenta o processo de recrutamento, seleção e ingresso de projetos empresariais na Incubadora de Empresas INDETEC/UFSJ.

Sistema produtivo e inovativo de software e serviços de TI brasileiro: Dinâmica competitiva e Política pública

SELEÇÃO DE EMPRESAS PARA INCUBAÇÃO NA MODALIDADE ASSOCIADA

NÚCLEOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2013

ARRUDA, Mauro; VERMULM. Roberto; HOLANDA, Sandra. Inovação

componente de avaliação de desempenho para sistemas de informação em recursos humanos do SUS

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

Edital TERMO DE REFERÊNCIA 01

O tipo de gestão pública aplicado no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Alagoas: Um estudo de caso no Campus Arapiraca.

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PROJETO

2 Oferta de cursos técnicos e superiores por eixo tecnológico, por Campus. Taxa de ingresso nos cursos técnicos na forma de oferta, por Campus

POLÍTICA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Profissionais de Alta Performance

*AVALIAÇÃO CAPES POR QUE A PUCRS?

Cartilha do ALUNO EMPREENDEDOR POLITÉCNICA

FORMAÇÃO PLENA. Desde a criação do primeiro Programa de NA PÓS-GRADUAÇÃO

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

Diretrizes: 1. Cumprir as metas do Compromisso Todos Pela Educação- TPE

DEMOCRACIA, ÉTICA E RENOVAÇÃO

GRADUAÇÃO INOVADORA NA UNESP

PISAC: um modelo de aceleração de inovações na CPIC. Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído

A estruturação de Grupos de Pesquisa

II. Atividades de Extensão

PROGRAMA ULBRASOL. Palavras-chave: assistência social, extensão, trabalho comunitário.

ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO NOVO DESAFIO PARA GC

Missão. Visão. Transformar o Brasil por meio da Inovação.

RESOLUÇÃO n o 35 de 16/12/2011- CAS

Políticas para a Educação Superior

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Pesquisa realizada com os participantes do 12º Seminário Nacional de Gestão de Projetos. Apresentação

crítica na resolução de questões, a rejeitar simplificações e buscar efetivamente informações novas por meio da pesquisa, desde o primeiro período do

AS OPORTUNIDADES PARA AS EMPRESAS NO PORL

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: BREVE HISTÓRICO DA UFPB VIRTUAL

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

PRÊMIO ABF- AFRAS DESTAQUE SUSTENTABILIDADE 2012 FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO Categoria Franqueado

INVESTIMENTO SOCIAL. Agosto de 2014

Comportamento Humano: Liderança, Motivação e Gestão do Desempenho

POLÍTICAS DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS APRESENTAÇÃO

Projeto: Rede MERCOSUL de Tecnologia

Política do Programa de Voluntariado Corporativo GRPCOM ATITUDE

Proposta de Programa- Quadro de Ciência, Tecnologia e Inovação L RECyT,

Programa de Promoção da Economia Criativa Cooperação Samsung, Anprotec & CCEI

Sugestões e críticas podem ser encaminhadas para o nape@ufv.br CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Prepare-se para uma viagem em

Ana Lúcia Vitale Torkomian. Secretária Adjunta de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO INTRODUÇÃO

Minuta do Capítulo 8 do PDI: Políticas de Atendimento aos Discentes

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

Panorama da avaliação de programas e projetos sociais no Brasil. Martina Rillo Otero

PLANO DE TRABALHO CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO QUATRIÊNIO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E ENSINO DE FÍSICA E AS NOVAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

PROCESSO DE SELEÇÃO DE EMPRESAS PARA INCUBAÇÃO. Modalidade Associada

DIMENSÃO 8 ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES

6 Conclusão do estudo e implicações empresariais

Ações de implementação da Justiça Restaurativa no Estado de São Paulo na Coordenadoria da Infância e Juventude

MANUAL PARA O PROGRAMA DE INCUBAÇÃO INEAGRO-UFRRJ

POLÍTICA DE ENSINO DA FISMA

EDITAL PARA SELEÇÃO DE TÉCNICOS BOLSISTAS PROJETO CVDS

PROGRAMA CATARINENSE DE INOVAÇÃO

Programa do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu MBA em Gestão de Projetos

Transcrição:

Impacto da interiorização da UFAL no desenvolvimento econômico do estado de Alagoas análise baseada nas empresas incubadas Silvia Beatriz Beger Uchoa 1, Josealdo Tonholo 2, Kelyane Silva 3, Hérmani Magalhães O. do Carmo 4, Patrícia Brandão B. da Silva 5 RESUMO A Universidade Federal de Alagoas UFAL tem sido pioneira na formadora de recursos humanos altamente qualificados para atuar no estado de Alagoas. Inicialmente situada na capital, em 2006, começou a sua expansão para o interior, com o Campus de Arapiraca e unidades de ensino em Penedo, Palmeira dos Índios e Viçosa. Em 2010, foi criado o campus do Sertão em Delmiro Gouveia, com unidade de ensino em Santana do Ipanema. A Incubadora de Empresas de Alagoas, ligada a UFAL, iniciou suas atividades em 1999 e até 2011, somente houve incubação de empresas no Campus A. C. Simões em Maceió. No ano de 2012, houve a aprovação de três projetos de pré-incubação, sendo um em Penedo e dois em Arapiraca. Esse trabalho visa avaliar os impactos gerados pelas empresas incubadas no interior do Estado, avaliando as dificuldades e vantagens da incubação, bem como o que está dificultando a quebra das barreiras para possibilitar uma maior interiorização das empresas incubadas. Dessa forma, foi adotada uma pesquisa quantitativa de dados obtidos a partir de entrevista com pesquisadores para avaliar o interesse pela abertura de empresas incubadas e em um segundo momento, avaliação das empresas incubadas no interior e através de seus resultados, avaliar o impacto na economia do Estado. O impacto pode ser avaliado ainda como pequeno, mas com grande potencial de crescimento, a partir de novas parcerias de apoio as incubadoras e incubadas. A possibilidade de transferir conhecimento da universidade para a sociedade pode gerar empresas com características inovadoras, fundamentais para o desenvolvimento regional. Palavras-chave: incubação de empresas, desenvolvimento regional, relação universidadeempresa, empreendedorismo ABSTRACT 1 Doutora em Química e Biotecnologia pelo Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 3214-1068, sbuchoa@gmail.com 2 Doutor em Físico-Química pelo Instituto de Química de São Carlos, Professor do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 3214-1389, tonholo@gmail.com 3 Mestre em Economia e Gestão de Ciência Tecnologia e Inovação pela Universidade de Lisboa, Pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Alagoas ICTAL, (82) 4009-5127, Kelyaneal@gmail.com 4 Mestre em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 36211458, hermani_record@hotmail.com 5 Mestre em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 3214-1067, brandao114@gmail.com

The Federal University of Alagoas - UFAL - has been a pioneer in forming highly qualified human resources to act in the state of Alagoas. Originally situated in the capital, in 2006, it began its expansion to inland, with the Campus Arapiraca and teaching units in Penedo, Palmeira dos Indios and Viçosa. In 2010, it was created the campus in the hinterland Delmiro Gouveia, with one teaching unit in Santana do Ipanema. The Business Incubator Alagoas, linked to UFAL, began its operations in 1999 and until 2011 there were only business incubated in the Campus AC Simões in Maceio. In 2012, there was the approval of three projects, pre-incubation, one in Penedo and two in Arapiraca. This study aims to evaluate the impacts of incubated companies within the state, assessing the difficulties and advantages of incubation, as well as what is difficulting to break the barriers to enable greater internalization of the incubated companies. Thus, we adopted a quantitative research data obtained from interviews with researchers to assess the interest in opening incubated firms and in a second stage, the evaluation of incubated companies in hinterland and through its results, assess the impact on the economy of the State. The impact can be assessed as yet small, but with great potential for growth from new partnerships to support incubators and incubated. The ability to transfer knowledge from universities to society can generate businesses with innovative, fundamental to regional development characteristics. Keywords: business incubation, regional development, the university-company relationship, entrepreneurship 1 INTRODUCAO Na América, particularmente na Latina, as políticas de governo da maior parte dos países foram lastreadas no modelo do triângulo de Sábato, que foca a relação Academia-Empresa- Governo. No Brasil, de forma não muito diferente, reformadores reconhecem lacunas e inadequação do modelo top-down da política científica, embora este gap tenha contribuído, na década de 80, para a reformulação das estruturas universitárias a partir do movimento botton-up de incubadoras em universidades e municípios espalhados por todo o país. A partir da década de 90, nota-se um significativa preocupação com a aplicação de modelos mais agressivos, como o da Triple Helix (ETZKOVITZ et al., 2005). Desde então, as Universidades têm assumido um papel diferenciado nos modelos sistêmicos. Estes, por sua vez, tem possibilitado uma dinamização de atores no desenvolvimentos de ações pautadas na transferência de conhecimento. A criação de startups e spin offs têm contribuído certamente para a restruturação das políticas universitárias no Brasil, como uma das potenciais formas de transferência de conhecimento para a estrutura produtiva, alargando assim, a base do desenvolvimento científico e tecnológico para questões de inovação e desenvolvimento regional.

No Estado de Alagoas, de forma semelhante a outros estados brasileiros com indicadores similares, o papel das Universidades Federais, como o caso da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), representa muito mais do que apenas o tripé de ensino, pesquisa e extensão, mas tem atuado como um grande ator em prol do desenvolvimento regional. A expansão da UFAL para as regiões como o Agreste e Sertão Alagoano tem transformado a dinâmica das cidades, não apenas pela formação de pessoal, mas por agregar às pequenas cidades uma cultura empreendedora e uma abertura de potenciais mercados consumidores no entorno, principalmente porque muitos dos cursos ofertados estão diretamente ligados ao desenvolvimento do setor produtivo, com a possibilidade de reter na região o capital intelectual formado, promovendo assim, um desenvolvimento local sustentável. Atualmente, o estado de Alagoas tem passado por um processo de transformação. Nos últimos anos, a inovação passou a figurar como um dos principais pilares da política estadual. A este fator, pode-se citar a construção do Plano Estadual de CT&I para o período até 2013, bem como a implantação do Parque Tecnológico do estado de Alagoas. Este, por sua vez, é moldado a partir de Polos Tecnológicos, incluindo espaços para incubação, formando, assim, um ambiente colaborativo entre as universidades, governo e setor produtivo. A UFAL tem participado ativamente do processo de desenvolvimento desse ecossistema, principalmente por ser a instituição de ensino com maior maturidade na promoção de empreendimentos voltados à inovação, tanto pela abrangência de atuação dos grupos de pesquisa em empreendedorismo, bem como por seus mecanismos e ambientes promotores de conhecimento com valor agregado. A exemplo, cita-se a atuação da Incubadora da UFAL (primeira incubadora do Estado, criada em 1999), bem como a do seu Núcleo de Inovação Tecnológica. Assim, o presente trabalho tem como objetivo traçar o perfil da cultura empreendedora dos Grupos de Pesquisas (GP) da UFAL, para em seguida possibilitar uma mensuração das dificuldades e vantagens do processo de incubação no interior do estado, bem como, também busca-se evidenciar as lacunas no desenvolvimento e interiorização da incubadora. Dessa forma, visando definir o papel da Incubadora de Empresas de Alagoas (INCUBAL) no contexto do desenvolvimento regional, inicia-se com uma breve descrição do Estado de Alagoas, para em seguida contextualizar a relação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

no Sistema Regional de Inovação (SRI), com a sua atuação iniciando na capital e mais recentemente realizando a sua interiorização, procurando atingir as demais regiões do Estado. O trabalho contou com um levantamento do interesse dos pesquisadores da UFAL nos assuntos ligados a Inovação e ao Empreendedorismo. Esse levantamento mostra-se fundamental para a análise de resultados de captação de empresas pré-incubadas e incubadas nas chamadas internas realizadas até o momento. Esse levantamento somente foi concluído com uma amostragem da capital, sendo a resposta do interior, ainda incipiente e devendo ser ampliado para o interior, posteriormente. Ao mesmo tempo, se faz uma análise das empresas aprovadas nos diversos editais de incubação, com ênfase nas dos Campi do interior. 2 ANTECEDENTES O Estado de Alagoas está localizado na região Nordeste do Brasil, mais especificamente no centro-leste dessa região. Tem uma população residente estimada em 3.243.224 habitantes, com cerca de 985 mil habitantes na capital, Maceió, e o segundo maior município é Arapiraca com 225.746 habitantes (SEPLANDE, 2013). Conta com uma área de cerca de 28 mil km 2, ou seja, pouco mais de 0,3% do território nacional, distribuídos em 102 municípios localizados em três mesorregiões e treze microrregiões. As mesorregiões geográficas são: Leste, Agreste e Sertão. No que se refere à sua posição em relação ao Nordeste e ao Brasil em termos da dimensão do Produto Interno Bruto (PIB), o estado ocupa a 20ª posição no ranking nacional e a 7ª em relação à região nordestina, com uma participação de cerca de 5% no PIB regional (IBGE, 2009). Alagoas possui, atualmente, uma economia estruturada em torno do setor de serviços, mas nem sempre foi assim. Em decorrência de sua formação socioeconômica e política, até meados da década de 1980, o estado tinha como dinâmica econômica a agricultura e a agroindústria sucroalcooleira, responsável pela consolidação do elevado padrão de concentração fundiária. Mas, a partir de então, diante da falência fiscal do Estado brasileiro e de Alagoas, além da aplicação de políticas liberalizantes a partir de 1990, o estado assistiu à perda de dinamismo de sua indústria e agricultura. Quanto à participação dos setores econômicos na geração de riqueza em Alagoas, nota-se que mais de 65% desse valor é gerado pelo setor serviços (agregados em: a) saúde e educação privada; b) administração, saúde e educação públicas; c) atividades imobiliárias e de aluguel; d)

serviços prestados; e) intermediação financeira; f) logística; g) serviços de alojamento e alimentação; h) comércio; i) serviços urbanos), sendo aproximadamente 25% da Administração, Saúde e Educação Públicas, sinalizando para a fragilidade da teia empresarial ligada aos setores industrial e agrícola. Dentre as atividades mais relevantes destes setores, pode-se verificar que: a)na agricultura, destaca-se a cultura de cana-de-açúcar com praticamente 90% do valor bruto da produção; nos 10% restantes, se destacam as culturas de coco e banana (IBGE, 2009); b) Na indústria, a agroindústria sucroalcooleira responde por 60% do valor da transformação industrial do estado de Alagoas (FIEA, 2007); c) O setor de serviços responde por mais de 60% do PIB alagoano, com destaque para o comércio varejista (Comércio e Serviços de Manutenção e Reparação, 12%), os serviços da Administração, Saúde e Educação Públicas (24,8%) e os Serviços de Informação (telefonia), estes respondendo por 47% do valor da produção de serviços em Alagoas (IBGE, 2009). No contexto de um Sistema Regional de Inovação (SRI), a UFAL desempenha papel primordial no Estado, sendo um fator de impulso para a economia. Fundada em 1961 e instalada no Campus A.C. Simões, em Maceió, com unidade avançada na vizinha cidade de Rio Largo (Ciências Agrárias), e em mais dois campi no interior do Estado: Campus Arapiraca com suas unidades de ensino em Viçosa, Penedo e Palmeira dos Índios - e Campus do Sertão - com sede em Delmiro Gouveia, e unidade de ensino em Santana do Ipanema, conta com cerca de 26 mil alunos matriculados nos 84 cursos de graduação, distribuídos em 23 Unidades Acadêmicas, na capital (53), e nos campi de Arapiraca (19) e do Sertão (8). Na modalidade de pós-graduação, são 39 programas stricto sensu oferecidos, sendo 30 mestrados e 9 doutorados, que contam com 2.312 alunos, além de 13 cursos de especialização. A UFAL conta ainda com 4 mil estudantes de graduação na modalidade não presencial (Educação a Distância). A pesquisa científica se encontra consolidada em algumas áreas, como: Física, Matemática, Química e Letras e Linguística. Outras áreas tiveram investimento tardio e só começaram a estruturar suas atividades de pesquisa nas décadas de 1980 e meados de 1990, como no caso das Engenharias, Agrárias e Direito. As atividades de empreendedorismo foram contempladas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) na versão de 2003, prevendo que a UFAL invista esforços no sentido de interagir com a sociedade Alagoana e Brasileira de forma mais contundente, elegendo como veículos prioritários de interação, o empreendedorismo e a inovação.

A instituição oferece aos alunos o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPq); o Programa de Educação Tutorial (PET); monitoria, estágio e bolsas de estudo/trabalho. Também disponibiliza bolsas concedidas em editais da Sesu/MEC, para programas como Afro-Atitude e de cotas, entre outros. Mantém cerca de 600 convênios com empresas e instituições públicas e privadas. A UFAL tem por missão produzir, multiplicar e recriar o saber coletivo em todas as áreas do conhecimento, de forma comprometida com a ética, a justiça social, o desenvolvimento humano e o bem comum. Seu objetivo é tornar-se referência nacional nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, firmando-se como suporte de excelência para as demandas da sociedade. Para tanto, a UFAL tem como prioridades: i) Expansão do Campus Maceió: formação graduada e pós-graduada, produção do conhecimento e extensão; ii) Expansão da instituição para o interior: consolidação do Campus Arapiraca e do Campus Delmiro Gouveia (segunda etapa de seu Projeto de Interiorização) e implantação do Campus Porto Calvo, no litoral norte; e iii) Consolidação da reestruturação administrativa e pedagógica (iniciada em 2005). Tais prioridades apresentam objetivos específicos: Criar novos cursos de graduação e pós-graduação vinculando-os, quando possível, ao desenvolvimento estadual; Implantar novas turmas nos cursos já existentes, particularmente no período noturno, visando ampliar a política de inclusão; Oportunizar com maior intensidade a inclusão social por meio da ampliação do Campus Arapiraca e da implantação do Campus Delmiro Gouveia; Ampliar e fortalecer os grupos de pesquisa de modo a incrementar a produção científica; Consolidar e expandir os programas de extensão, articulando-os às demandas sociais; Consolidar iniciativas de desenvolvimento cultural; Implementar política de Desporto Universitário; Ampliar o quadro de docentes e técnicos-administrativos;

Investir na qualificação dos técnicos-administrativos e na preparação pedagógica docente; Ampliar a assistência estudantil: número de bolsas, número de comensais e de residentes, assistência médico-odontológica; Criar núcleos de: assistência pedagógica, assistência psicológica; Melhorar as condições de permanência dos discentes, principalmente daqueles que apresentam vulnerabilidade social e econômica; Criar espaços coletivos de convivência da comunidade universitária; Ampliar a infraestrutura física da Universidade; Criar grupos de gestão e de execução do projeto de expansão. A UFAL já tem forte atuação no estado, nas áreas ligadas ao ensino e a pesquisa, havendo necessidade de uma consolidação de sua atuação no empreendedorismo, razão pela qual o presente trabalho foi desenvolvido, e assim consolidar a participação no Sistema Local de Inovação. Em termos gerais, a ideia de Sistema de Inovação é oriunda da teoria dos sistemas, e uma boa definição para o sistema é que ele consiste de dois tipos de elementos: seus componentes e as relações entre eles (EDQUIST, 2005). Em acordo com essa perspectiva sistêmica, um sistema de produção e inovação evidencia, antes de tudo, a natureza sistêmica da inovação, a qual surge por meio de uma série de interações entre a firma inovadora e outras organizações. Geralmente, uma das organizações mais ativas nesse processo são as universidades públicas, uma vez que elas conseguem tanto gerar conhecimento próprio, como absorver de forma mais eficiente conhecimento oriundo de qualquer lugar, além disso, as universidades podem difundir esse conhecimento por diversos meios possíveis (FRITSCH; SCHWIRTEN, 1999). Existem alguns cortes analíticos importantes para se analisar os sistemas de inovação, o primeiro a surgir foi à noção de Sistema Nacional da Inovação (SNI), proposto originalmente por Chris Freeman em 1987, com seu estudo a respeito do sistema japonês, e reforçados por Bergt

Lundval, em 1992, e Richard Nelson, em 1993 (EDQUIST, 2005). Outros cortes analíticos são o Sistema Setorial de Inovações, proposto por Breschi; Malerba (1997), o Sistema Tecnológico de Inovações, proposto por Carlsson; Stankiewicz (1991), e finalmente, a abordagem de Sistema Regional de Inovação, desenvolvido e utilizado Cooke; Uranga; Etxebarria (1997) e Asheim; Getler (2005). Especificamente, será trabalhada aqui a abordagem de Sistema Regional de Inovação (SRI) proposto por Cooke; Uranga; Etxebarria (1997, 1998) e complementado por Asheim; Getler (2005). A idéia aqui é que quanto mais intensiva em conhecimento são as atividades econômicas, mais geograficamente determinada é a geração desse conhecimento e de novas capacidades produtivas (EDQUIST, 2005; COOKE; URANGA; ETXEBARRIA, 1997). E a geração de capacidades produtivas e de inovação é resultado do grau de cooperação entre os agentes do sistema regional, de sua infra-estrutura de financiamento dessas inovações e da cultura produtiva regionalmente estabelecida (COOKE; URANGA; ETXEBARRIA, 1997). A cooperação entre os agentes é o ponto-chave para o sucesso de um SRI (COOKE; URANGA; ETXEBARRIA,1997), particularmente quando se tem nas universidades centros geradores de conhecimento para a região, como é o caso de Alagoas. O impacto da universidade na formação de capacidades produtivas regionais e na introdução de novas tecnologias é fortemente influenciado pela cultura produtiva local e pela cultura universitária, ambos os casos, mediados pela cultura de cooperação da região (COOKE; URANGA; ETXEBARRIA, 1997). Por outro lado, o perfil de conhecimento desenvolvido pela universidade deve ser direcionado para a necessidade da atividade produtiva presente na região, onde os avanços nesse conhecimento poderá sustentar um novo tipo de produção, ou organização desta, e crescimento econômico futuro (ANSELIN; VARGA; ACS, 1997). Isto posto, o desenvolvimento e absorção de novos conhecimentos numa universidade irá afetar as estruturas econômicas da região. Anselin, Varga e Acs (1997) sustentam ainda, que no caso de indústria de alta-tecnologia, a relação causal do fluxo de conhecimento é da universidade para a empresa, corroborando assim para a importância local dos transbordamentos de conhecimentos oriundos dos centros de P&D das universidades. Além disso, existe uma área definida para a existência desses transbordamentos, que para os autores foi de 50 milhas (ANSELIN; VARGA; ACS, 1997), fortalecendo a noção de que o conhecimento inovador está

geograficamente circunscrito e que a universidade é fundamental como fonte desse conhecimento para o SRI. Para o caso de uma região periférica no Brasil, ao exemplo de Alagoas, no entanto, as estruturas de governança do Sistema Regional de Inovação ainda não estão plenamente desenvolvidas para sustentar a efetiva transferência de tecnologia da universidade para as empresas da região. Mesmo assim, a universidade mantém seu objetivo de produção e transmissão de conhecimento, contudo, sem uma estrutura de incentivos que possibilite a interação entre universidade-empresa esse conhecimento não irá transbordar de forma eficiente para ser utilizado pelas empresas. Por isso, é de grande importância a existência de uma universidade federal que permita e incentive a difusão de novos conhecimentos, desenvolvendo a cultura do aprendizado, incentivando a criação de instituições de governança desse conhecimento e aprendizado como forma de garantir a competitividade regional e maior inserção das empresas locais no cenário nacional e internacional. Pode-se inferir que a inclusão desse tema em um documento de referencia da instituição (PDI) possa ser derivado da criação da Incubadora de Empresas de Alagoas (INCUBAL), em 1999, e de suas atividades, inerentes ao Empreendedorismo Inovador. No entanto, as atividades se encontraram restritas a capital do Estado, pois somente em 2006, houve a expansão das atividades da UFAL no Campus Arapiraca, que engloba as Unidades de Ensino (UE) de Penedo, Palmeira dos Índios e Viçosa e, em 2010, no Campus do Sertão, contemplando as atividades na UE de Santana do Ipanema. Tendo em vista as vocações regionais, a capacidade técnica da UFAL, a disponibilidade de infraestrutura tecnológica para geração de negócio e os empreendimentos inovadores dispostos no estado, colocará Alagoas numa rota de Inovação e ações estratégicas a nível nacional. As metas para os rumos da CT&I, determinadas de forma coletiva e considerando as perspectivas nacionais, também estão incorporadas ao ambiente. O fundamental para o momento é fortalecer e fomentar, cada vez mais, a agregação de valor potencial e tecnológico aos celeiros de conhecimento como as Universidades. Tudo isso permitirá a continuidade da nova configuração do cenário científico e tecnológico do estado de Alagoas.

3 ATIVIDADES DA INCUBAL Gerido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, o Programa de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo (PITE) da UFAL inclui as duas incubadoras de empresas, as disciplinas de empreendedorismo na graduação e pós-graduação e toda e qualquer ação que vislumbre proteção da propriedade intelectual, transferência de tecnologia ou inovação dentro da instituição. Compete ao programa, entre outras ações: (a) Estimular e apoiar o desenvolvimento de uma cultura empreendedora, envolvendo discentes, docentes e técnicos da Universidade Federal de Alagoas; (b) Capacitar e apoiar professores das diferentes áreas do conhecimento a oferecerem o ensino de empreendedorismo; (c) Planejar, coordenar e avaliar atividades de incubação de empresas com a finalidade de atender as necessidades relacionadas à criação de novas empresas e manutenção e desenvolvimento de empresas já estabelecidas; (d) Gerir as Incubadoras de Empresas vinculadas à UFAL. O Programa de Empreendedorismo da UFAL é o mantenedor principal de duas incubadoras de empresas: A INCUBAL (base tecnológica) criada em 09 de novembro de 1999 e o Núcleo Espaço Gente (base tradicional) criada em 13 de abril de 2003. A Incubadora de Empresas de Alagoas (INCUBAL), é fruto da parceria de 11 instituições importantes no Sistema Local de Inovação é pioneira no processo de incubação de negócios tecnológicos em Alagoas. Esta incubadora, por sua vez, tem servido como laboratório e celeiro de ideias, sendo a catalisadora do surgimento de outras 15 incubadoras que operaram/operam no Estado. Inaugurada em 1999, experimentou um período de latência nos anos de 2000 a 2004, após o que retomou suas atividades com vigor. Como incubadora de base tecnológica de acesso direto dos estudantes e docentes da UFAL, vinculados aos cursos de pós-graduação, a INCUBAL tem recebido bons projetos da comunidade acadêmica da UFAL. Em seus 15 anos de existência, a INCUBAL aprovou 25 projetos para pré-incubação e 6 para incubação de empresas. Dessas, 6 foram graduadas e 3 permanecem como associadas. Pediram desligamento por diversos motivos, 9 empresas. Atualmente, são 4 empresas incubadas e 12 pré-incubadas.

De acordo com a literatura, o suporte oferecido pelas incubadoras de empresas faz com que a taxa de mortalidade das empresas incubadas seja menor que 20% e para as associadas, menor que 10% (ANJOS, 2009). Considerando esse parâmetro, pode se observar que a estatística da INCUBAL mostra uma taxa de desligamento de cerca de 35%, mas deve-se considerar nessa taxa, alguns projetos que foram abandonados antes de se formalizarem como empresas, o que pode se traduzir em uma espécie de seleção dentro do próprio sistema de pré-incubação, o que pode trazer menores prejuízos e frustrações. O processo de incubação na UFAL tem um período de tempo variável e inicia com uma chamada interna. Acompanhando os processos dos últimos dois anos, pode se verificar que o nível de maturidade dos projetos ainda é pequeno, razão pela qual, a maioria dos ingressos se dá na forma de pré-incubação. A partir do edital de 2012 houve a abertura para a participação de empresas no interior do estado, sendo aprovados 3 projetos, sendo 2 em Arapiraca e um na UE de Penedo. É a partir desses três projetos aprovados em 2012 e um projeto aprovado em 2013 que se situa a análise da contribuição de uma incubadora para o desenvolvimento de um estado ainda com baixos índices de escolaridade e do próprio desenvolvimento humano. Como os projetos que foram implementados e serão analisados são localizados no município de Arapiraca, a seguir fazse breve descrição do mesmo. Com o início das atividades nessa cidade, a seguir descreve-se brevemente o município. Arapiraca é o mais importante município do interior de Alagoas, distante 123 quilômetros da capital do Estado, destacando-se como importante centro comercial da região agreste. A área de influência do município atinge uma população de aproximadamente meio milhão de habitantes e ficou conhecida, nos anos de 1970, como a Capital do Fumo por ser um dos maiores produtores de tabaco do país. A partir da década de 1980, por conta da grande área plantada de fumo, houve um excesso de produção e a conseqüente diminuição no preço, provocando um ciclo de decadência da fumicultura. Porém, isso não impediu o crescimento econômico do município que se destaca no setor industrial e de serviços. 4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida em dois tempos, sendo o primeiro de uma pesquisa aplicada, através da elaboração de um questionário estruturado e aplicado a pesquisadores visando avaliar o seu interesse e nível de conhecimento sobre as atividades de inovação e empreendedorismo. Foram escolhidos os líderes de grupos de pesquisa e solicitados a responderem diversas questões de forma objetiva. O segundo momento foi uma avaliação das três empresas do interior do estado aprovadas na seleção, e que iniciaram suas atividades em 2012. Procurou-se identificar o que pode ter levado ao sucesso e ao insucesso, bem como a sua contribuição para o desenvolvimento da região. 5 RESULTADOS 5.1 Questionário aplicado a pesquisadores A UFAL conta atualmente com 293 grupos de pesquisa (GP) certificados no CNPq, sendo considerados de áreas tecnológicas, 159, com 834 linhas de pesquisa e 673 doutores envolvidos. Nesse universo houve a resposta de 71 questionários, sendo preponderantemente a maioria da capital, apenas 4 do interior. Em primeiro lugar, foi perguntado se o GP desenvolvia atividades em parceria com instituições privadas ou públicas, sendo que a maioria respondeu que não, como visto na figura 1. Figura 1 Parcerias com empresas privadas (esquerda) e instituições públicas (direita). Fonte: autores

Considerando as parcerias, observam-se que alguns pesquisadores desenvolvem atividades conjuntas com empresas privadas, destacando-se as do setor sucroenergético e químico. Quanto as empresas públicas, esse número aumenta, pois muitos consideram as parcerias com outras universidades nesse universo. Quanto aos objetivos das pesquisas, os respondentes afirmaram, em sua maioria, que pretendem publicar os resultados, e apenas 6% utilizar para abrir uma empresa, conforme evidenciado na figura 2. Figura 2 Objetivos das pesquisas desenvolvidas. outros Fazer parceria com empresas interessadas Criar empresa e comercializar Proteger e transferir a tecnologia Publicar 0 20 40 60 80 Fonte: autores Percebe-se a cultura voltada para a questão da valorização de publicações científicas, em detrimento do empreendedorismo. Neste cerne, como contributo para o debate, pode-se dizer que o sistema acadêmico brasileiro ainda é pautado pelo mérito baseado em publicações científicas quando comparado aos pedidos de patentes. Este hiato é perceptível ao analisar, por exemplo, que no ano de 2009 o Brasil respondia por, 9 da produção científica mundial, da mesma forma que o número de artigos científicos indexados pelo Institute for Scientific Information (ISI) atingiu um aumento de 205% no período entre 2000 e 2009, enquanto que neste mesmo período o crescimento dos depósitos de patentes brasileiros no United States Patent and Trademark Office (USPTO) foi de apenas 8,5% ao ano (DOS SANTOS E TORKOMIAN, 2013; ARAÚJO, 2013). Ao relacionar a

possibilidade de abertura de empresas, muito provavelmente as publicações científicas se sobressaem, uma vez que o grau de risco desta é muito menor. Quando se questiona o interesse em constituir uma empresa o interesse em publicar também se reflete, como pode ser visto na figura 3. Figura 3 Interesse em construir empresa 18% 82% sim não Fonte: autores No entanto, ao se referir a incentivar os alunos a constituírem uma empresa, esse discurso muda, conforme se vê na figura 4. Figura 4 Incentivo aos alunos para construir empresa. 7% sim não 93% Fonte: autores

Percebe-se que há pouco interesse por parte dos pesquisadores docentes em empreender, quando se trata de ser o próprio responsável pela empresa, mas esse interesse aumenta quando se cita incentivar os alunos a empreenderem a partir dos resultados obtidos nas pesquisas. Essa pesquisa reflete fortemente a relativa baixa procura pelas atividades de inovação, incluindo o processo de incubação de empresas na universidade. Apesar da constatação do baixo interesse em empreender por parte dos pesquisadores docentes, a pesquisa procurou traçar um perfil e avaliar o impacto dos projetos para incubação das empresas selecionados no ano de 2012 e oriundos do interior do estado. 5.2 Projetos selecionados no interior A chamada interna do ano de 2012, pela primeira vez na história da INCUBAL, possibilitou a inscrição de projetos dos Campi interioranos. Salienta-se que uma das dificuldades enfrentadas para a abertura dessas vagas foi a falta de espaço físico destinado a atividades de empreendedorismo, consequência de atrasos na execução de obras de infraestrutura da instituição. Foram submetidos 8 projetos, sendo aprovados 6 e entre esses, 3 do interior. Fato inédito, pois 50% de projetos a serem desenvolvidos estavam localizados no Campus Arapiraca, sendo dois na cidade de Arapiraca. Na chamada interna de 2013, foram aprovados apenas 4 projetos, pois não havia espaço físico para novas empresas, e as candidatas deveriam comprovar a existência de local para sua instalação na própria unidade acadêmica que a originou. Novamente, houve a aprovação de um projeto do interior, Campus Arapiraca. Na tabela 1 estão listadas as empresas. Tabela 1 Empresa aprovadas localizadas no interior do Estado Ano Empresa Cidade 2012 Empresa A Penedo 2012 Empresa B Arapiraca 2012 Empresa C Arapiraca 2013 Empresa D Arapiraca Fonte: autores

EMPRESA A: Empresa de beneficiamento de pescado. A proposta da empresa era de agregar valor a produtos oriundos da atividade pesqueira, ainda realizada de forma artesanal na região. Apesar de proposta bem estruturada, devido à saída do coordenador da equipe para qualificação, foi solicitado o desligamento do projeto na INCUBADORA. Pretendia-se que essa empresa fosse um vetor de desenvolvimento regional, pois estaria transformando produtos in natura em produtos industrializados, utilizando estrutura já iniciada por outra instituição e não utilizada. Envolvia um docente, um técnico administrativo e dois alunos, todos da Unidade de Ensino Penedo. EMPRESA B: Empresa para desenvolvimento de softwares, envolve um docente, um técnico e dois discentes do Campus Arapiraca. Nasceu a partir de um laboratório de pesquisa de informática. Apesar de ainda não ter sido formalizada a empresa, o processo está bem adiantado, com grande empolgação dos envolvidos, os quais buscaram qualificação, principalmente a oferecida pela INCUBAL. A equipe está se tornando multiplicadora dos conceitos de empreendedorismo, tendo participado ativamente na edição do START UP WEEKEND realizado em Arapiraca. Mesmo que não se tenha números empresariais, no momento, conta-se com os participantes do projeto para a divulgação das atividades voltadas a incubação de empresas. EMPRESA C: Visando o desenvolvimento de websites, atua também como gerenciador de conteúdo online, e-mail marketing e identidade visual, a empresa já se encontra formalizada, aguardando o processo de graduação. Envolve discentes e ex-discentes da UFAL, tendo modificado a sua estrutura societária, inicialmente com 4 pessoas. Ao final de 2013, contava com mais 4 colaboradores eventuais, além de estagiários da própria universidade. A empresa visa estar na liderança do mercado local de desenvolvimento de websites, também começando a prestar serviços para a capital. Apesar de não apresentar inovação radical, a empresa oferece uma inovação local.

EMPRESA D: A ultima empresa a ter seu projeto aprovado é uma empresa de tecnologia que atua na área de agricultura irrigável, através da prestação de serviços altamente especializados. Utiliza software de otimização de recursos hídricos, com planejamento de irrigação e drenagem, podendo ser adequado para cada situação demandada. Envolve um docente em nível de doutorado, uma mestranda e dois discentes de graduação. Apesar de ser uma empresa nascente, concorreu ao I Prêmio Alagoano Empreendedor Inovador, com um projeto voltado a otimização dos recursos hídricos oriundos do canal do Sertão. A premiação, em terceiro lugar, veio consolidar uma ideia que nasceu da academia e mostrou a grande potencialidade de aplicação com grandes retornos para a sociedade. Pode-se perceber que as empresas estão muito focadas em tecnologia da informação e comunicação (TIC), sendo que somente a primeira iria atuar em outro setor, procurando agregar tecnologia a um setor bastante tradicional. As empresas B e C atuam no segmento mais tradicional da TIC, enquanto a terceira aplica a referida tecnologia em um setor ainda carente no estado e que pode contribuir de forma acentuada para o desenvolvimento regional. CONCLUSÃO A estruturação de ambientes com o foco em desenvolvimento é um desafio encontrado pelos governos de todos os países. A implantação de políticas de atração de grandes empresas, choques econômicos, fatores sociais e indicadores de inovação proporcionam uma relação inerente ao processo de desenvolvimento lastreado, também, por infraestrutura que congregue de maneira satisfatória para alavancar áreas estratégicas do setor produtivo. A partir da experiência de interiorização do processo de incubação de empresas no estado de Alagoas, pode se avaliar a importância desempenhada pela UFAL também na área de empreendedorismo. O impacto das empresas criadas na economia regional ainda é pequeno, devido à escala de negócios das mesmas. No entanto, consegue-se vislumbrar um possível posicionamento de vanguarda nas empresas incubadas, seja pelo viés tecnológico, seja pela referência da sua ligação com a UFAL. Deve-se considerar ainda que a disseminação da cultura do empreendedorismo está sendo consolidada, podendo ser citadas palestras realizadas, eventos como o I Encontro Alagoano de Educação Empreendedora, em setembro de 2013, e mais

recentemente, o Start Up Weekend, realizado em Arapiraca em abril de 2014. Como fruto desse ambiente, voltado para o empreendedorismo inovador, pode-se ressaltar a presença, na chamada interna para incubação de empresas da UFAL, metade dos projetos localizados nos Campi do interior. Por fim, percebe-se que o ambiente proporcionado pela presença da incubadora no campus Arapiraca estimula o desenvolvimento de várias ações para o fortalecimento do empreendedorismo na região, tanto para beneficiar a comunidade acadêmica, como para colaborar com as instituições parceiras locais. O impacto dos novos projetos, somente será possível conhecer após a formalização do processo de pré-incubação e de incubação. REFERENCIAS ANJOS, L. C. M. dos. Um Estudo Sobre a Percepção dos Gestores de Micro e Pequenas Empresas Acerca da Utilização da Contabilidade para Obtenção de Financiamento. 2009. 104 f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009. ANSELIN, L.; VARGA, A.; ACS, Z. Local Geographic Spillovers between University Research and High Technology Innovations. Journal of Urban Economics. 42, 422-448. 1997. ARAUJO, B. C. Políticas de Inovação no Brasil e na China do Século XXI. IPEA.Rio de Janeiro. 2013. Texto para discussão n. 1863. ASHEIM, B.; GERTLER, M. The geography of innovation Regional Innovation System. In: FAGERBERG, J.; MOWERY, D.; NELSON, R. The Oxford Handbook of Innovation. Oxford UK, 2005. BRESCHI, S; MALERBA, F. Sectoral Innovation Systems. In: EDQUIST, C. Systems of Innovation: technologies, institutions and organization. Londres: Pinter, 1997. CARLSSON, B.; STANKIEWICZ, R. On the nature, function and composition of technological systems. Journal of Evolutionary Economics. 1991, Vol. 1, Issue 2, pp 93-118 COOKE, P., URANGA, G. M., ETXEBARRIA, G. (1997). Regional Innovation Systems: Institutional and Organizational Dimensions. Research Policy. 1997, 26(4-5), 475-491. DOS SANTOS,, M.E.R.; TORKOMIAN, A.L.V. Technology transfer and innovation: The role of the Brazilian TTOs. International Journal of Technology Management & Sustainable Development. 2013, 12, 89 111.

EDQUIST, C. Systems of Innovation: Perspectives and Challenges, in: Fagerberg, J., Mowery, D., and Nelson, R. (eds.). Oxford Handbook of Innovation, Oxford University Press, Oxford, 2005. ETZKOWITZ, H.; de MELLO, J.M.C.; ALMEIDA, M., 2005. Towards meta-innovation in Brazil: The evolution of the incubator and the emergence of a triple helix. Research Policy. 2005, 34, 411 424. FIEA. Relatório de competitividade. 2010?. Disponível em: http://www.fiea.org.br/wpcontent/uploads/2014/03/relatorio_final_competitividade.pdf, acesso em maio de 2014. FRITSCH, M.; SCHWIRTENZ, C.. Enterprise-University Co-operation and the Role of Public Research Institutions in Regional Innovation Systems. Industry and Innovation. Volume 6, Issue1, 1999. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Contas Regionais 2003-2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. SEPLANDE. Alagoas em números 2013. Disponível em: http://informacao.seplande.al.gov.br/sites/default/files/alagoas_em_numeros- 2013_novo_0_0.pdf. Acesso em junho de 2014.