A Competitividade Externa da Economia Portuguesa

Documentos relacionados
A Crise e o Novo Paradigma Económico e Social no Horizonte 2020: O Caso da Europa Periférica, Augusto Mateus (2010)

O potencial analítico da balança de pagamentos para a compreensão da economia portuguesa

A ECONOMIA PORTUGUESA NO MUNDO

Disciplina Economia A Módulo 4,5,6

Nota de Informação Estatística Lisboa, 21 de Fevereiro de 2011

Crescimento sustentado e desenvolvimento da economia portuguesa

Crescimento Económico: experiência recente e perspectivas

PORTUGAL - INDICADORES ECONÓMICOS. Evolução Actualizado em Março Unid. Fonte Notas

Agrupamento de Escolas de Cascais

PORTUGAL - INDICADORES ECONÓMICOS. Evolução Actualizado em Dezembro de Unid. Fonte Notas 2010

MATRIZ DE EXAME (AVALIAÇÃO DO REGIME NÃO PRESENCIAL E AVALIAÇÃO DE RECURSO)

QUÍMICA RELATÓRIO DE CONJUNTURA

do Banco de Portugal na Assembleia da República

A Economia Portuguesa Dados Estatísticos Páginas DADOS ESTATÍSTICOS

PORTUGAL E A EUROPA: OS PRÓXIMOS ANOS

Investimento, Poupança e Competitividade Os três pilares do crescimento

CONSOLIDAÇÃO E CRESCIMENTO

Portugal : Retrato Económico e Social em gráficos

MATRIZ DE EXAME (AVALIAÇÃO DO REGIME NÃO PRESENCIAL E AVALIAÇÃO DE RECURSO)

CONJUNTURA ECONÓMICA. - Novembro

As Estatísticas do Banco de Portugal, a Economia e as Empresas. Teodora Cardoso 1ª Conferência da Central de Balanços Lisboa, 10 Janeiro 2011

Os problemas de crescimento da economia portuguesa

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO VERSÃO 1

O contexto macroeconómico e a economia do mar

E depois da troika? Viver com o memorando. Fernando Faria de Oliveira. Caixa Geral de Depósitos

Indicadores Económicos & Financeiros

Evolução da situação económica

Portugal - BALANÇA CORRENTE

Poupança e Investimento

Fundação Bienal de Cerveira, 15 de outubro de 2018

UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES

Nota de Informação Estatística Lisboa, 21 de fevereiro de 2013

Indicadores socioeconómicos dos Países de Língua Portuguesa

Contributo do Setor dos Serviços para a Internacionalização da Economia Portuguesa: alguns números

Componente Específica de Economia

Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Vítor Gaspar

GOVERNO DESINVESTE NA EDUCAÇÃO

Seminário Exportar, exportar, exportar A Experiência dos Principais Clusters Regionais

3-O conceito associado à especialização de cada país na produção de alguns produtos e aquisição dos restantes ao Resto do Mundo intitula-se...

A Balança de Pagamentos

Portugal a 60 anos de alcançar a escolaridade média de U.E. de 2005

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS

Escola ES/3 Dos Carvalhos Março 2007 Geografia A - 10

Indicadores Económicos & Financeiros

BPstat mobile inovação na difusão das estatísticas do Banco de Portugal

NOTAS SOBRE O DESAFIO ORÇAMENTAL

Perspectivas Económicas para Portugal em 2004

Imobiliário e Construção Uma nova era dourada?

PRODUTO INTERNO BRUTO REGISTOU UMA QUEBRA DE 1,1% EM VOLUME

Portugal - BALANÇA CORRENTE

Economia Política. Ano 4º Carga horária semanal Natureza Anual Teórica Teórico-Prática Prática - 3 -

MACROECONOMIA I - 1E201 Licenciatura em Economia 2011/2012. Normas e indicações: 1E201, 1º Teste, Versão 1 21 Outubro º Teste - 21 Outubro 2011

A Integração no Espaço Europeu

Portugal 2011 Vir o Fundo ou ir ao fundo?

P L AN I F I C AÇ Ã O AN U AL

Perspectivas e Desafios Para a Economia Portuguesa

Euro: saudades do escudo? Saudades do marco? Sérgio Gonçalves do Cabo

Não vou apresentar uma intervenção estruturada, mas apenas uma reflexão baseada num conjunto de notas soltas segundo o esquema orientador seguinte:

Lições da experiência portuguesa. Fernando Teixeira dos Santos. Ministro de Estado e das Finanças. Universidade do Minho Maio

A CRISE COM FOCO NA EUROPA

Indicadores socioeconómicos dos Países de Língua Portuguesa

Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos.

Maputo, 14 de Abril de 2011 Rogério P. Ossemane

MATRIZ DA PROVA DE EXAME A NÍVEL DE ESCOLA AO ABRIGO DO DECRETO-LEI Nº 357/2007, DE 29 DE OUTUBRO (Duração: 90 minutos + 30 minutos de tolerância)

Documento de Estratégia Orçamental Errata

de la Recuperación Augusto Mateus LA ENCRUCIJADA DE LA POST CRISIS: AUSTERIDAD + CRECIMIENTO?

ÍNDICE. Prefácio à presente edição 7. Prefácio à 3. 8 edição 9. Prefácio à 2.- edição 13. Prefácio à 1.* edição 15

P L A N I F I CA ÇÃ O ANUAL

PORTUGAL UMA NOVA CENTRALIDADE LOGÍSTICA. Dia Regional Norte do Engenheiro 2012

NOTA TÉCNICA N.º 1/2009

Desenvolvimento Local

Economia do País. Análise de conjuntura económica trimestral. Produto Interno Bruto. Variações trimestrais homólogas

Economia do País. Análise de conjuntura económica trimestral. Produto Interno Bruto. Variações trimestrais homólogas

Angola. Evolução dos principais indicadores económicos e financeiros entre 2008 e 2012 e perspectivas futuras. Junho 2013

Indicadores socioeconómicos dos Países de Língua Portuguesa 2013

Boletim de Estatísticas Mensal Junho Banco de Cabo Verde

Portugal Processo de desalavancagem prossegue a bom ritmo

G PE AR I. Boletim Mensal de Economia Portuguesa. N.º 03 março 2011

UNIÃO GERAL DE TRABALHADORES

GPEARI Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais. Boletim Mensal de Economia Portuguesa.

Prova Escrita de Economia A VERSÃO º e 11.º Anos de Escolaridade. Prova 712/2.ª Fase. Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos.

Resumo do Relatório de Política Monetária

1E207 - MACROECONOMIA II

Despesas Descrição Orçamento Orçamento Variação (%)

Boletim de Estatísticas Mensal Setembro Banco de Cabo Verde

Dia da Libertação dos Impostos

Crescimento Económico e Financiamento da Economia Portuguesa

Filiais Estrangeiras em Portugal

MACROECONOMIA I 1E201 Licenciatura em Economia 2010/11

EVOLUÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS DO SECTOR FLORESTAL ENTRE 2000 E 2008

DESPOUPANÇA E MALPOUPANÇA CONDENAM PORTUGUESES A

Lisboa, 9 de Mayo de Santander. Jose Luis de Mora Director Geral de Planeamento Estratégico e Desenvolvimento Corporativo

DEPARTAMENTO CURRICULAR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS. PLANO CURRICULAR DA DISCIPLINA DE ECONOMIA MÓDULOS 1, 2, 3 e 4 10º ANO. Ano Letivo

Boletim de Estatísticas. Outubro Banco de Cabo Verde

Provas de Acesso ao Ensino Superior

BOLETIM MENSAL FEVEREIRO DE 2017 Situação Monetária e Cambial

Fatores Determinantes do

INE Divulga Estatísticas das Empresas em Seminário Internacional

Acordo de Cooperação Cambial e liberalização de capitais: passado, presente e futuro

Transcrição:

Universidade de Aveiro DEGEI Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial Trabalho Individual Análise de dados 24 De Abril de 2014 A Competitividade Externa da Docente: João Paulo Bento Discente: Daniela da Fonseca Pinheiro, Nº 66135 Resumo A economia portuguesa enfrenta uma profunda crise económica, pelo que se torna importante fomentar a competitividade da mesma, de modo a assegurar a criação de emprego, o crescimento económico e a sustentabilidade das dívidas (pública e externa). O objectivo deste trabalho é analisar a evolução da competitividade com a entrada no euro através do estudo dos principais indicadores, enquadrados no contexto económico-financeiro europeu. Palavras-chave: Competitividade externa, Balança Corrente, Taxa de câmbio real, Sector transaccionável, Portugal;

Introdução O Tratado de Maastricht ou Tratado da União Europeia, a 10 de Dezembro de 1992, ditou o caminho de Portugal para a moeda única. Com este tratado, o país perdia a sua autonomia, ao ver eliminada a moeda nacional. Perante o processo de globalização e do alargamento da União Europeia, a passagem para um regime de câmbios fixos e de uma situação de moeda fraca para uma moeda forte gerou novas dificuldades que expuseram ainda mais as limitações da economia portuguesa. Apesar dos investimentos e do melhoramento das capacidades realizados pelas empresas ao longo dos últimos anos, tal não se revelou suficiente para ganhar a competitividade necessária de modo a enfrentar as novas exigências da concorrência na globalização e na União Europeia alargada. Os problemas de competitividade global da economia portuguesa acumularamse à medida que as empresas e as actividades mais vulneráveis iam perdendo força e velocidade, gerando pressões cada vez mais fortes sobre o crescimento económico, o emprego, o défice público e o endividamento externo. Esta crise de competitividade traduziu-se no reaparecimento de défices externos muito relevantes, na diminuição das remessas de emigrantes, no aumento do pagamento de juros e no aumento de dividendos a não residentes. Com este trabalho, pretendo analisar a evolução da competitividade da economia portuguesa com a entrada no euro, através do estudo dos principais indicadores (balança corrente, taxa de câmbio real e sector transaccionável), procurando relacionar com o contexto económico europeu. O objectivo será dar resposta à seguinte questão: A introdução do euro, como uma moeda forte, foi ou não determinante para a competitividade da economia portuguesa? Secção 1. Competitividade Externa da A competitividade de uma economia é um conceito essencialmente dinâmico e avalia-se pela sua capacidade de inserção na economia mundial, análise realizada na primeira parte deste trabalho. A avaliação da competitividade deve ter em conta indicadores, como a balança corrente, que permite a análise da situação de equilíbrio ou desequilíbrio das contas com 2

o exterior, a evolução da taxa de câmbio real e, por último, a proporção de produção de bens transaccionáveis 1 no total da produção. Secção 2. Análise de indicadores 2.1.Balança Corrente A balança corrente é um dos indicadores de competitividade externa. Nesta são contabilizados os recebimentos e pagamentos resultantes de transacções com não residentes em bens, serviços, rendimentos e transferências correntes. Analisemos, portanto, a sua evolução na seguinte figura. Figura 1. Balança corrente: Comparação entre Portugal e União Europeia (período 1986 2010). Fonte: Augusto Mateus & Associados com base em FMI e Banco Mundial. Através da Figura 1, constato que a balança corrente agravou-se desde 1995, tendo mesmo atingido um máximo de 12.6 % do PIB em 2008, com o despoletar da crise económica. O persistente défice externo deve-se à diminuição das remessas dos emigrantes, ao aumento dos pagamentos de juros e dividendos a não residentes e ao facto de Portugal importar mais do que aquilo que exporta (figura 2). 1 Bens e serviços que competem com a produção de outros países, ao contrário dos bens e serviços não transaccionáveis que estão protegidos da concorrência internacional. 3

Ano 1995 Importações de Bens Exportações de e Serviços Bens e Serviços 29.777,8 23.865,0 1996 32.042,4 25.363,8 1997 36.316,3 28.073,6 1998 41.041,9 30.825,0 1999 44.393,3 32.137,6 2000 50.832,2 36.838,8 2001 51.532,1 37.753,0 2002 50.469,7 38.797,6 2003 49.388,0 39.630,8 2004 54.294,2 41.874,7 2005 57.190,5 42.668,8 2006 63.685,2 49.712,7 2007 68.044,8 54.498,2 O saldo da balança corrente primária depende negativamente da taxa de câmbio real: uma apreciação real (figura 4) corresponde a um aumento do preço relativo dos produtos nacionais em termos dos estrangeiros, a uma perda de competitividade externa da economia e, portanto faz aumentar as importações e diminuir as exportações. 2008 73.124,7 55.801,8 2009 59.717,3 47.235,6 2010 67.439,2 54.109,3 2011 2 68.537,9 61.060,4 Figura 2. Importações e Exportações de bens e serviços em milhões de Euros (Base 2006). Fonte: INE Figura 3. Balança corrente: Comparação com a UE (2002 e 2010). Fonte: Augusto Mateus & Associados com base em FMI e Banco Mundial. A Figura 3 permite comparar a posição de Portugal com os restantes Estados- A Figura 3 permite comparar a posição de Portugal com os restantes estadosmembros da União Europeia. Verifica-se que Portugal é um dos países com um maior 2 Dados de 2011 provisórios 4

défice da balança corrente, cuja situação piorou de 2002 para 2010. A par de Portugal, encontram-se os países do Sul e do Leste, nomeadamente o Chipre, Grécia, Hungria, Letónia e Estónia. Contrariamente, países como Finlândia, Luxemburgo e Suécia apresentam uma posição mais favorável. 2.2.Taxa de câmbio real A taxa de câmbio real 3, calculada com base nos custos unitários da produção nas actividades mais expostas à concorrência internacional, constitui um indicador de competitividade, visto que reflecte a maior ou menor capacidade de uma economia ganhar capacidade concorrencial para o seu tecido empresarial. Figura 4. A evolução da taxa de câmbio real como indicador de competitividade nas economias europeias (sector transaccionável) Fonte: Caixa Geral de Depósitos com base em Comissão Europeia 3 A taxa de câmbio real conjuga os efeitos da apreciação/depreciação das moedas com os diferenciais de inflação nos diversos países ou, por outras palavras, preço relativo dum cabaz de produtos domésticos em termos dum cabaz de produtos do exterior. De facto, se a inflação interna for superior à de outro país, dizemos que há uma apreciação real. 5

A análise da evolução da taxa de câmbio real (Figura 4) das actividades transaccionáveis nas economias europeias mostra os diferentes desempenhos das várias economias, revelando assim as dificuldades competitivas da Europa do Sul, que representa as maiores perdas de competitividade. A Suécia é o país com maior ganho de competitividade (+ 21,1% entre o primeiro trimestre de 2010 e a média de 1998-1999) ao contrário da economia italiana que apresenta a maior perda (-46.8%). Portugal apresenta uma perda de competitividade de (-14,6%) e situa-se numa numa posição intermédia entre o conjunto das economias da Europa do Sul, evidenciando um comportamento bem menos negativo que o da Itália ou da Espanha. A introdução de uma moeda única com as características do Euro (criada para ser tão forte como tinha sido o marco alemão) juntamente com o processo de globalização e de liberalização da economia mundial acentuou ainda mais as diferenças entre países mais competitivos e menos competitivos. (Ferreira do Amaral 2013) 2.3. Sector transaccionável Português Para o economista João Ferreira do Amaral, uma proporção decrescente da produção de bens transaccionáveis (figura 5) no total da produção de um país, se prolongada no tempo, é um indicador seguro da perda de competitividade desse país e pré-anúncio de dificuldades futuras no crescimento económico. Se o país produzir demais em sectores protegidos da concorrência internacional, mais cedo ou mais tarde gerará dificuldades a nível do equilíbrio das contas externas e terá de sofrer um processo de ajustamento que poderá ser penoso, pois passará pela redução relativa dos rendimentos e da procura interna, em particular do consumo das famílias, e pelo aumento do desemprego, como aliás se verificou na economia Figura 5. A dimensão das actividades de bens e serviços transaccionáveis, numa óptica de ramos, na economia portuguesa. Fonte: Caixa Geral de Depósitos com base em OCDE. 6

portuguesa. Ainda, assistiu-se a uma rápida desindustrialização, com uma diminuição do peso da agricultura, pescas e indústrias no PIB 4. Também, o facto de o euro se afirmar como uma moeda forte em pleno processo de competição comercial mundial, acrescido pelo avanço da globalização, tornou precária a existência de muitos sectores de bens transaccionáveis em Portugal e tornou muito mais rentável investir em sectores protegidos da concorrência externa: os sectores de bens não transaccionáveis, como o imobiliário. Figura 6. Rendibilidade das actividades económicas. Fonte: Augusto Mateus & Associados com base em Comissão Europeia. A indústria transformadora nacional, componente fundamental do sector transaccionável, perdeu competitividade face à economia como um todo. A rendibilidade caiu 11% na economia portuguesa e 19% na indústria transformadora nacional face à UE15 (Figura 6). A indústria transformadora portuguesa tem conseguido manter os seus níveis de rendibilidade 5 face ao padrão europeu (Figura 7), ocupando uma posição intermédia na UE27 e com registos mais favoráveis que as restantes indústrias transformadoras da 4 Gráfico em anexo. 5 A rendibilidade da indústria transformadora é aferida pela comparação do rácio entre os preços de exportação e os custos em trabalho por unidade produzida na indústria transformadora entre 1994 e 2010, considerando dois subperíodos: 1999 2001 e 2008 2010. 7

Europa do Sul (Letónia, por exemplo). Entre 1994 e 2010, a tendência generalizada das indústrias transformadoras do Sul europeu foi de agravamento dos preços de exportação e dos custos em trabalho por unidade produzida (Figura 8). No entanto, Portugal não está tão mal posicionado quanto Grécia, Itália ou Espanha. Desta forma, o sector transaccionável perdeu competitividade e rendibilidade face à UE27. Figura 7. Rendibilidade da indústria transformadora: a posição de Portugal na UE (1999 a 2010). Fonte: Augusto Mateus & Associados com base em Comissão Europeia. Figura 8. Custo em trabalho por unidade produzida (à direita) e preços de exportação no sector transaccionável (à esquerda) 1994 a 2010. Fonte: Augusto Mateus & Associados com base em Comissão Europeia. 8

Conclusão Portugal perdeu competitividade com a entrada no euro. A análise efectuada revela que a moeda única expôs ainda mais as dificuldades da economia portuguesa bem como acentuou as diferenças entre países mais competitivos e menos competitivos da Europa, criando desta forma um espaço desigual. De facto, a adesão de Portugal ao euro criou um problema ao levar à queda drástica das taxas de juro. Perante um acesso ao crédito mais barato, Estado, empresas e famílias foram-se endividando. Este nível de endividamento, cada vez mais preocupante e insustentável, foi suportado pelo financiamento externo. Financiamento este, que permitiu também suportar os défices da balança corrente, que se tornaram cada vez mais exagerados, com o aumento das importações e a diminuição das exportações. Além disto, a produção descolocou-se para o sector de bens não transaccionáveis, nomeadamente imobiliário e infra-estruturas. A maior rendibilidade deste sector levou as empresas de bens transaccionáveis a fechar e o investimento dirigiu-se fundamentalmente para o sector não transaccionável. Desta forma, Portugal tem que procurar melhorar a sua competitividade, apostando na qualidade dos produtos, na inovação do tecido empresarial (factor de bastante importância para a competitividade futura), de modo a ganhar novos mercados e a assumir uma posição forte a nível mundial. 9

Bibliografia: Amaral, João Ferreira Porque devemos sair do euro: o divórcio necessário para tirar Portugal da crise. Lua de Papel, 2013. Instituto Nacional de Estatística [INE] (2012). Importações e Exportações de bens e serviços em milhões de Euros, Lisboa: INE. Gabinete de Estudos da Caixa Geral de Depósitos (CGD). 2010. Desenvolvimento da. Disponível em https://www.cgd.pt/institucional/research/relatorios/pages/relatorio-economia- Portuguesa-Maio2011.aspx [Consultado em 14-04-2014] Manuel dos Santos, Fundação Francisco. 2013. 25 Anos de Portugal europeu: A economia, a sociedade e os fundos estruturais. Disponível em: http://www.ffms.pt/upload/docs/23b69163-ee6d-4327-a324-03a0dfc0cfc5.pdf [Consultado em 13-04-2014]. 10

Anexos Anexo 1. Estrutura do valor acrescentado bruto em Portugal (1986 a 2008). 11