Efeitos da laserterapia de baixa potência no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas

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Transcrição:

Efeitos da laserterapia de baixa potência no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas Laíza Flores Terra 1 laiza.terra@hotmail.com Dayana Priscila Maria Mejia² Pós-graduação em Procedimentos Estéticos e Pré e Pós Operatório Faculdade de Tecnologia do Ipê-FAIPE/ Bio Cursos Manaus Resumo Este artigo de revisão aborda o tema efeitos da laserterapia de baixa potência no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas, citando sua importância no cuidado da assistência de feridas cirúrgicas, pois essa prática melhora significativamente o processo cicatricial, além de proporcionar efeitos terapêuticos para o paciente, como bactericida, anti-inflamatório e analgésico. O presente artigo objetivou caracterizar os benefícios da laserterapia no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas; entender a fisiologia do processo de cicatrização das feridas cirúrgicas e descrever os efeitos terapêuticos do laser de baixa potência no processo de cicatrização. O estudo caracteriza-se como sendo de natureza qualitativa, trata-se de uma revisão de literatura, de caráter exploratório e descritivo. Conclui-se que a Laserterapia de baixa potência é uma modalidade terapêutica nova, mas realizada de forma correta, por um profissional capacitado, demonstra um papel importante como agente facilitador no processo de cicatrização, por meio de uma terapia não invasiva, eficaz e segura. Palavras-chave: Laserterapia; Laser de baixa potência; Cicatrização. 1 Pós-graduando em Procedimentos Estéticos e Pré e Pós Operatório 2 Fisioterapeuta.Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Mestre em Bioética. Doutoranda em Saúde Pública.

2 1. Introdução O presente estudo abordará o tema: Efeitos da laserterapia de baixa potência no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas. Tendo como problema de pesquisa: Quais são os benefícios da laserterapia no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas. O objetivo geral é caracterizar os benefícios da laserterapia no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas, e os objetivos específicos são: Entender a fisiologia do processo de cicatrização das feridas cirúrgicas e Descrever os efeitos terapêuticos do laser de baixa potência no processo de cicatrização. Segundo Silveira et al. 1 o laser de baixa potência como tecnologia terapêutica é recente e vem apresentando um crescimento significativo, devido ser um tratamento eficaz, seguro e por exercer um efeito importante no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas. Para Minatel et al. 2 a laserterapia constitui-se numa terapia bioestimuladora, não invasiva, é um tratamento de fácil e de rápida aplicação, com efeito cicatricial e também analgésico, sendo eficaz no tratamento de feridas cirúrgicas, levando em consideração a forma correta de aplicação. Como metodologia de pesquisa, foi escolhida a exploratória e descritiva, com análise qualitativa. O estudo está baseado em uma pesquisa bibliográfica, realizada com coleta de dados em livros, e artigos científicos, justificado pela importância deste tema junto aos profissionais enfermeiros, por ser uma modalidade terapêutica nova pouco praticada, pelo fato de acreditar que o tratamento com o laser de baixa potência realizado de forma adequada, seguindo a técnica correta, correlacionando com a teoria, proporcionara uma melhora significativa no cuidado de feridas cirúrgicas. Acelerando o processo de cicatrização, aumentando a síntese de colágeno, reduzindo a fase inflamatória, prevenindo a formação de necrose tecidual e proporcionando efeito analgésico para o paciente. Dessa forma melhorará tanto o aspecto fisiológico do processo de cicatrização, como estético em relação à cicatriz.

3 2. Fundamentação Teórica 2.1 Processo de cicatrização de Feridas cirúrgicas Campos 3 considera que as feridas são causadas por algum tipo de ruptura na pele, na membrana ou até mesmo em qualquer estrutura da pele, através de um agente físico, químico ou biológico. Já as feridas cirúrgicas são ocasionadas do pós operatório, quanto à etiologia; são consideradas feridas agudas intencionais, ou seja, pode cicatrizar por primeira intenção, quando as bordas da pele são mantidas próximas, realizada por suturas ou fitas. Já as feridas por segunda intenção são deixadas abertas, para poder ocorrer drenagem do material infectado e também pode ocorrer o fechamento primário tardio da ferida. Em relação ao tipo de cicatrização as feridas estão divididas em três etapas, conforme abaixo: Primeira intenção: Ocorre fechamento imediato das bordas da ferida, não é contaminada e a cicatriz é linear. Segunda intenção: Ocorre perda de tecido e as bordas não se contatam entre si. O espaço é preenchido por tecido de granulação, até o tecido cicatrizar. Fechamento primário tardio ou por terceira intenção: As feridas são deixadas abertas, geralmente por serem contaminadas. Pode haver necessidade de realizar debridamento já que o tecido é infectado, e associar também com o tratamento de antibioticoterapia. Após melhora do tecido a ferida pode ser fechada mecanicamente, através de suturas, enxertos cutâneos ou retalhos. Em relação ao processo de cicatrização Tazima et al. 4 descreve que as feridas cirúrgicas, também podem ser dividido em três fases: inflamatória, proliferativa e de remodelação, conforme o citado abaixo: 1ª Fase Inflamatória

4 Inicia no momento da lesão. Nesta etapa o sangramento está ativo, vai estar composto por elementos como plaquetas, hemácias e fibrina, selando as bordas da ferida. Forma um coágulo na borda da ferida estabelece uma barreira impermeabilizante que tem como objetivo evitar a contaminação. A lesão tecidual desencadeia uma liberação local de histamina, serotonina e bradicinina que causam a vasodilatação e o aumento do fluxo sanguíneo no local, por este motivo as vezes pode estar presentes sinais flogistícos no local da ferida. Esta fase tem duração em média três dias. 2ª Fase de proliferação Essa fase é composta por três eventos importantes: neoangiogênese, fibroplastia e epitelização. Nesta fase ocorre a formação do tecido de granulação. A fase de proliferação tem inicio apartir do terceiro dia após a lesão, e perdura por 2 a 3 semanas, momento em que inicia a formação da cicatriz. 3ª Fase Reconstrução Remodelação É a ultima fase do processo de cicatrização, nesta esta ocorre mudança do tipo de colágeno que a compõe e de sua disposição. O colágeno tipo lll, inicialmente mais abundante que o tipo l, vai sendo degradado mais ativamente, enquanto o colágeno l vai tendo sua produção aumentada pelos fibroblastos. Essa fase dura aproximadamente por um ano. O processo de cicatrização é dividido em 03 fases: inflamação, proliferação e remodelação. A partir da segunda semana inicia o remodelamento de colágeno, com constante síntese de degradação, que se estende por um longo período, mas não alcança a resistência normal da pele. As incisões cirúrgicas são geralmente feridas limpas, oque favorecem melhores condições para uma boa evolução no processo de cicatrização 5. Podem acontecer algumas complicações durante o processo de cicatrização das feridas, como: hemorragia interna e externa podendo ser arterial ou venosa; deiscência da ferida; evisceração; infecção e fístulas 3.

5 Acredita que evitar o processo infeccioso nas feridas cirúrgicas, é umas das principais preocupações da equipe de saúde que acompanha o paciente pós cirúrgico. Se acontecer manifestações sistêmicas ou locais que indique processo infeccioso da ferida cirúrgica deve ser notificado imediatamente. Por isso devem ser adotadas medidas preventivas e terapêuticas para que não aconteça infecção da ferida e nem interfira o processo de cicatrização 6. 2.2 Laser de baixa potência Moreira et al. 7 considera que palavra laser é um acrônimo para amplificação da luz através do estimulo da irradiação. Idealizada por Albert Einstein, que propôs a teoria dos princípios físicos da emissão estimulada. O primeiro aparelho a laser foi criado em 1960. O laser é considerado uma radiação eletromagnética, tem suas propriedades especificas, diferenciada de outras luzes emitidas por fontes convencionais incandescentes, o que faz com que sua utilização no cotidiano da medicina, um tratamento viável. Suas propriedades terapêuticas são estudadas desde a teoria de Einstein 1917, sugeridas em 1957 por Charles Townesne Arthur Achawlow. Mas tornando-se realidade somente em 1960, quando surgiu o primeiro laser Rubi por Theodore Maimam 8. Os lasers são aparelhos que produzem energia luminosa de uma forma altamente especializada, podendo gerar calor e força imensa, quando focalizada numa faixa estreita. Existem diversos tipos de lasers, como laser de argônio, de dióxido de carbono, laser com pulso mutável, entre outros. Considerando que esses são de uso medico e o laser de baixa potência outros profissionais aptos a trabalhar podem utilizar. Cada um emite seu próprio comprimento de onda dentro do espectro de cores 9. Para Andrade et al. 10 o laser é considerado uma fonte de luz monocromática, intensa, coerente e colimada, a radiação ocorre através do estimulo gerado pelo campo externo, e podem ser utilizado nas formas mais variadas em tratamentos de cicatrização cutânea. São classificados em baixa potência e alta potência. Os de alta

6 potência são utilizados em procedimentos de remoção, ou corte de tecidos, o de baixa potência são utilizados para o tratamento de reparação tecidual. 2.2 Efeitos terapêuticos do laser de baixa potência no processo de cicatrização de feridas Assis et al. 11 considera que os efeitos terapêuticos relacionados a o laser de baixa potência no processo de cicatrização de feridas são bioquímicos, bioelétricos e bioenergéticos, resulta em ação que estimula a microcirculação, o trofismo celular, tem ação: analgésica, antiflamatória, antiedematosa e cicatrizante. Os lasers de baixa potência são utilizados nos processos terapêuticos para acelerar os processos reparativos dos tecidos, devido aos efeitos bioestimuladores, que acontece tanto na célula como nos tecidos, que promovem efeitos terapêuticos de morfodiferenciação e proliferação celular, neoformação tecidual, revascularização, aumento da microcirculação local, permeabilidade vascular, e até mesmo efeito analgésico e redução do edema 8. A utilização do laser de baixa potência como terapia vem sendo utilizado a mais de 30 anos. Mas mesmo assim é necessário que o profissional que utilize o equipamento tenha conhecimento dos princípios físicos e bioquímicos para melhor resultado nos tratamentos. O equipamento a laser de baixa potência pode ter saída pulsada e contínua, os comprimentos das ondas variam de 630nm a 1300nm, e a luz pode ser visível e não visível (infravermelho). Por isso justifica-se a importância de saber utilizar o laser, de acordo com o comprimento da onda e a dose a ser empregada para não alterar os efeitos desejados durante aplicação desse recurso 12. 2.3 Benefícios da laserterapia no Processo de Cicatrização de Feridas Cirúrgicas A laserterapia surgiu primeiramente na odontologia, tendo muito sucesso nos seus tratamentos, por ser uma metodologia simples e de baixo custo, podendo ser utilizado de forma isolada ou integrada com outras terapias. Seus efeitos terapêuticos na ferida cirúrgica são: analgésicos, anti-inflamatórios e indutores da

7 reparação tecidual. Deve-se ressaltar que, por ser uma tecnologia nova, exigem aprimoramento dos equipamentos e atualização constante dos profissionais da área da saúde que utilizam a laserterapia 8. A laserterapia é uma nova modalidade terapêutica, mostrando-se eficaz devido sua ação antiflamatória, analgésica e ajuda no processo de reparação tecidual. O princípio envolvido é o efeito fotofísicoquímico, no qual a luz do laser interage no nível biomolecular, através de processos bioelétricos, bioenergéticos e bioquímicos celulares. Já o mecanismo de ação ocorre através da biomodulação do processo inflamatório, juntamente com os mediadores químicos, inibem as prostaglandinas, e promovem a estimulação dos fibroblastos na reparação tecidual de feridas cirúrgica 13. 3. Metodologia O presente estudo caracteriza-se como sendo de natureza qualitativa Trata-se de uma revisão literária, realizada através de livros, artigos científicos e endereço eletrônico. Além disso, a pesquisa trata de uma investigação de caráter exploratória e descritiva. Compreendemos por metodologia, o estudo de métodos utilizados para realizar pesquisas e analisar os dados obtidos. Por meio dela, descobre-se o grau de confiabilidade do conhecimento adquirido, bem como a investigação fundamentada e as críticas de sua propriedade 14. A metodologia é indispensável na construção de um trabalho de pesquisa, pois ela serve de guia no caminho a ser percorrido, num trabalho de investigação científica. A metodologia não pode ser separada da teoria, pois elas caminham ligadas, inseparáveis. A partir de concepções teóricas é que iremos usar as técnicas para construir o conhecimento 15. São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referencia mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas.

8 O estudo será bibliográfico realizado, através de registros disponíveis, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como artigos, livros, e endereço eletrônico. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registradas. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos 16. A pesquisa qualitativa como sendo a opção daqueles que possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, que apresenta contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos 17. A pesquisa exploratória visa uma maior familiaridade com o problema, tendo como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuição. A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis 18. O levantamento bibliográfico foi realizado no período de 02 de julho a 15 de novembro de 2015, através de artigos científicos nacionais, encontrados nos periódicos da SCIELO, livros e endereços eletrônicos, publicados nos últimos 22 anos, do ano de 1993 a 2015. 4. Resultados e Discussão Moreira et al. 7 ressalta que laserterapia tem sido utilizada no tratamento de feridas cirúrgicas para acelerar o reparo de diferentes tecidos. Acontece o aumento do número de mitose e o desenvolvimento de células epiteliais, dessa forma aumenta a vascularização e síntese de colágeno pelos fibroblastos, na lesão, favorecendo o processo de cicatrização. A laserterapia de baixa intensidade estimula o processo de cicatrização e a síntese de colágeno, diminui a resposta inflamatória e eleva a neoformação de

9 vasos sanguíneos aumenta a proliferação celular, acelera o ciclo mitótico. Favorecendo a formação de tecido de granulação que é fundamental para o reparo tecidual 8. A laserterapia é um dos principais tratamentos para cicatrização de feridas cirúrgicas, atua nos vasos sanguíneos superficiais, podendo melhorar o aspecto eritematoso e o prurido, associado no tratamento a cicatriz 19. Os efeitos benéficos da laserterapia de baixa potência são: efeito proliferativo, pois aumenta à neo angiogênese, síntese de fibroblastos, colágenos e adenosina trifosfato; efeito fibrinolítico que facilita a fibrinólise; efeito anti-edematogênico, pois facilita o retorno venoso e linfático; efeito antiflamatório, interfere na síntese de prostaglandinas; efeito analgésico ocorre liberação de substâncias quimiotáxicas, que estimulam a liberação de endorfinas; efeito bactericida, devido o aumento da quantidade de interferon e pelo efeito direto na membrana bacteriana 20. Para Andrade et al. 10 os efeitos do laser de baixa potência são observados no comportamento dos linfócitos que aumentam sua proliferação e ativação, sobre os macrófagos, aumentando a fagocitose. Assim elevará a secreção de fatores de crescimento dos fibroblastos, favorecendo a reabsorção do colágeno e da fibrina, e aumentando a quantidade do tecido de granulação, podendo diminuir a fase inflamatória do processo de cicatrização. Mas para isso acontecer quando for, aplicar o laser de baixa potência no tratamento das feridas cirúrgicas, deve-se utilizar o protocolo de irradiação corretamente, observando a potência, a dose, o modo e o tempo de irradiação e o número de aplicações que serão utilizados no tratamento. Para Minatel et al. 2 as ações terapêuticas do laser de baixa potência no tratamento de feridas cirúrgicas destaca-se como método bioestimulador para o reparo tecidual, ocorre aumento da circulação no local, proliferação celular e aumento da síntese de colágeno. Mas esse tratamento com laser dependerá da forma que for administrada para um resultado satisfatório, levando em consideração, o comprimento da onda, potência e intensidade que comprovará a eficácia na cicatrização tecidual.

10 5. Conclusão O presente estudo demonstra que o laser de baixa potência, de acordo com as doses e comprimentos de ondas apropriadas é terapeuticamente benéfico no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas. A importância e relevância da laserterapia no tratamento de feridas cirúrgicas para melhorar o processo de cicatrização justificam-se pelos efeitos benéficos do laser de baixa potência, como: efeitos anti- inflamatório, analgésico, bactericida, e reparador tecidual. Podendo essa ser uma prática realizada pelo profissional enfermeiro, sendo esse o principal profissional no cuidado de feridas, ou outro profissional que esteja capacitado, já que se trata de um procedimento não invasivo. Para que a laserterapia seja utilizada como modalidade terapêutica de forma confiável, por se tratar de uma modalidade nova, e necessária que seja realizado por um profissional capacitado, seguindo a técnica correta, levando em consideração: a dose, comprimento de onda e intensidade de energia de acordo com o objetivo a ser tratado. O presente estudo não teve por objetivo esgotar o tema, mas foi importante, pois proporcionou um entendimento melhor sobre os aspectos relacionados ao uso do laser de baixa potência no processo de cicatrização de feridas cirúrgicas. A partir dessas considerações, pode-se concluir que os enfermeiros e outros profissionais da saúde, que atuam no cuidado de feridas cirúrgicas, devem buscar atualização para desenvolver a laserterapia, de forma eficaz, para prestar uma assistência segura e de qualidade, proporcionando efeitos terapêuticos desejados no processo de cicatrização das feridas, enfrentar as dificuldades com determinação e conquistar a confiança do paciente quanto à sua competência técnico-científica para executar a laserterapia no tratamento dessas feridas.

11 6. Referências: 1. SILVEIRA, P. C. L.; SILVA, L. A.; TUON, T.; FREITAS, T. P.; STRECK, E. L.; PINHO, R. A. Efeitos da laserterapia de baixa potência na resposta oxidativa epidérmica induzida pela cicatrização de feridas. Revista Brasileira de Fisioterapia, 2009. 2. MINATEL, D. G.; FRANÇA, C. F.; ENWEMEKA, C. S.; FRADE, M. A. C. Fototerapia (LEDs 660/890nm) no tratamento de úlceras de perna em pacientes diabéticos: estudo de caso. Anais Brasileiros de Dermatologia 2009. 3. CAMPOS; A. A. G. Protocolo de cuidados de feridas. Florianópolis: IOESC, 2007. 4. TAZIMA, M. F. G. S. et al. Biologia da ferida e cicatrização. Medicina (Ribeirão Preto) 2008. 5. RADWANSKI, H. N.; ELISABETH, W.; CORREA, M.; REFOSCO, T. J.; JUNIOR, A. F.; PITANGUY, I. Silicone gel em cicatrizes de cirurgia plástica: estudo clínico prospectivo. Revista Brasileira de Cirurgiões Plásticos, 2010. 6. MAIA A. M. S. Risco das infecções cirúrgicas segundo o potencial de contaminação das feridas operatórias. Disponível em: <http//www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/ecjs- 6XSPC3/anair_dos_santos_maia.pdf?sequence=1 >.Acesso em :1/9/2015. 7. MOREIRA, F. M.; OLIVEIRA, L. P.; BARBOSA, F. S.; SILVA, J. G. Laseretrapia de baixa intensidade na esperssão de colágeno após lesão muscular cirúrgica. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo. V.18. 2011. 8. HENRIQUES, A. C. G.; CAZAL, C.; CASTRO, J. F. L. C. Ação da laserterapia no processo de proliferação e diferenciação celular. Revisão da literatura. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 2010. 9. BARE & SMELTZER, BRUNNER/SUDARTH. Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgica. 10. ed. v.1, Rio de Janeiro: Guanabara/ Koogan, 2005. 10. ANDRADE, F do. S. da S. D.; CLARK, R. M de O.; FERREIRA, M. L. Efeitos da laserterapia de baixa potência na cicatrização de feridas cutâneas. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, 2014. 11. ASSIS, G. M.; MOSER, A. D. de L. Laserterapia em úlceras por pressão: limitações para avaliação de resposta em pessoas com lesão medular. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2013. 12. FUKUDA, T. Y.; JESUS, J. F.; SANTOS, M. G.; JUNIOR, C. C.; TANJI, M. M.; PLAPLER, H. Aferição dos equipamentos de laser de baixa intensidade. Revista Brasileira de Fisioterapia, 2010.

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