PROJETOS AMBIENTAIS VISANDO A PROTEÇÃO DO RIO CORUMBATAÍ NA REGIÃO DE PIRACICABA-SP ATRAVÉS DA CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS MUNICIPAIS DE ÁGUA E ESGOTO Nomes dos autores: Fernando César Vitti Tabai (Apresentador do Trabalho) Flávia Regiani Mazziero Ana Lúcia Cella Currículo Resumido dos Autores Fernando César Vitti Tabai Engenheiro Florestal, Mestre em Manejo Ambiental e Especialista em Gestão Ambiental. Coordenador do Programa de Proteção aos Mananciais e da Unidade de Gerenciamento de Projetos-Corumbataí do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Flávia Regiani Mazziero Engenheira Florestal Consultora do FIPAI Fundação para Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial Ana Lúcia Cella Bióloga M. Sc. - Consultora do FIPAI Fundação para Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial Endereço Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Escritório Programa de Investimento da Bacia do Rio Corumbataí (UGP-Corumbataí) Rua Alfredo Guedes, 1949 - Bairro: Higienópolis Ed. Racz Center, sl 604 6º andar CEP: 13.419-080 Piracicaba, SP Palavras chaves Mananciais, Reflorestamento, Mata Ciliar, Educação Ambiental, Serviços de Água e Esgoto Equipamentos Necessários Data-show
INTRODUÇÃO O Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí é uma associação de usuários da água, composta por municípios e empresas, que tem como objetivo a recuperação dos mananciais de sua área de abrangência. A base do trabalho da entidade está na conscientização de todos os setores da sociedade sobre a problemática dos recursos hídricos da região, no planejamento e no fomento a ações de recuperação dos mananciais. Fundado em 13 de outubro de 1989, o Consórcio é uma associação de direito privado, com independência técnica e financeira. A entidade arrecada e aplica recursos em programa ambientais. O poder de decisão cabe ao Conselho de Consorciados. Os recursos financeiros da entidade são provenientes das contribuições de custeio e de investimento das prefeituras e empresas consorciadas, de parcerias e de convênios. A contribuição de custeio é repassada mensalmente pelos consorciados e é empregada na manutenção da estrutura funcional. A contribuição de investimento também tem periodicidade mensal, mas é destinada exclusivamente à produção e à execução de projetos ambientais. Por ser espontânea, a contribuição de investimento é efetuada apenas por alguns consorciados. Desde 1999 ela tem como base o uso de água nos municípios, os quais repassam ao Consórcio R$ 0,01 por cada mil litros consumidos. Esses recursos são a base do Programa de Investimento do Consórcio para a Recuperação das Bacias PCJ. A arrecadação e a aplicação dos recursos financeiros do Programa de Investimento são feitas por subbacias de modo a exercitar um modelo descentralizado de gestão dos recursos hídricos, de acordo com as legislações vigentes. Outra característica desse modelo é a ativa participação dos agentes envolvidos, que acontece através de uma Unidade de Gerenciamento do Programa (UGP), da qual fazem parte os representantes das prefeituras, dos serviços de saneamento envolvidos e de parceiros regionais. A UGP elege as prioridades para a aplicação dos recursos. Entre as ações estão educação ambiental, controle e combate às perdas de água nos sistemas públicos de abastecimento, projetos e resíduos sólidos, reflorestamento ciliar, entre outros. O Consórcio PCJ está em constante busca da adesão de municípios e de empresas ao Programa de Investimento, pois assim ele se consolidará com um grande exercício de cobrança pelo uso da água e de solidariedade financeira para a recuperação dos recursos hídricos. OBJETIVO O Programa de Investimento da Bacia do Rio Corumbataí, nasceu em dezembro de 1999 com o início do repasse do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) de Piracicaba ao Consórcio PCJ de R$ 0,01 por cada mil litros de água consumida na cidade. Em 2000, Santa Gertrudes, também município da sub-bacia, aderiu ao
programa, cujas prioridades são recuperação da mata ciliar do Corumbataí, a promoção de educação ambiental e a identificação dos principais problemas do manancial através do monitoramento da água, da calha e das margens, nos oito municípios da Sub-bacia do Rio Corumbataí, a saber: Analândia, Corumbataí, Itirapina, Santa Gertrudes, Rio Claro, Ipeúna, Charqueada e Piracicaba, objetivando: Oferecer instrumentos aos Serviços de Água e Esgoto para poderem assumir as responsabilidades referentes às atribuições ambientais relacionados aos seus mananciais, conforme leis específicas. Proteger os mananciais de uso público atuais e futuros a fim de garantir água de qualidade para toda a população atual e futuras gerações das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Fomentar uma atitude mais saudável em relação aos mananciais difundindo o conceito de que tudo o que se faz dentro de uma bacia hidrográfica interfere na qualidade da água. Contribuir para a compreensão de que os problemas ambientais extrapolam os limites municipais e devem ser abordados regionalmente de maneira integrada. Realizar plantios de matas ciliares no diversos municípios que compõem a bacia para servir de base às atividades de educação ambiental e fomentar os produtores rurais e proprietários lindeiros a recuperarem suas áreas de preservação permanente. Desenvolver materiais e mídias para informar e estimular a proteção dos mananciais, bem como a discussão acerca do tema. Estimular o poder público municipal a desenvolver ações no sentido de proteger os mananciais, servindo como exemplo para a comunidade local. Doar mudas aos produtores rurais, priorizando os pequenos produtores que utilizem a propriedade para a sua subsistência. Implantar viveiros em diversos municípios no intuito de disponibilizar mudas de espécies nativas da região aos produtores interessados. METODOLOGIA - REFLORESTAMENTO CILIAR As ações de reflorestamento ciliar do Programa de Investimento da Bacia do Rio Corumbataí foram iniciadas em 2000 de acordo com as seguintes ações: Inicialmente foram contactadas as lideranças dos municípios, governamentais (casa da Agricultura, Secretaria da Agricultura) e não governamentais (associação de produtores, cooperativas e ONGs). Essas lideranças foram informadas e envolvidas no programa, atuando como referência do trabalho do município. Esses parceiros auxiliaram no contato inicial dos proprietários, na determinação da melhor estratégica de divulgação e no cadastramento de proprietários interessados. São pessoas de confiança da comunidade rural local e normalmente são consultados pelos produtores antes que estes entrem em contato com o Consórcio. Em seguida foram agendadas reuniões com os produtores para detalhamento da proposta dos trabalhos. O objetivo foi dirimir possíveis dúvidas e reforçar as informações repassadas aos parceiros nos municípios. Cada parceiro procurou trazer o maior número possível de produtores. Ao final da reunião os proprietários já podem se cadastrar no programa.
O cadastramento coletou informações básicas da propriedade e do produtor. Tais informações foram utilizadas em posterior visita na área a ser realizada por um dos técnicos da equipe. As visitas foram agendadas com os proprietários. Durante essas visitas foi realizado um diagnóstico da área de preservação permanente coletando informações necessárias à elaboração do projeto de recomposição. A conversa com produtor também identificou seu nível de envolvimento e de compreensão da ação que foi tomada em sua propriedade. Foram também repassadas informações relativas a conservação do solo e manutenção de estradas rurais. Um projeto de reflorestamento ciliar foi elaborado a partir dos dados de visita. Esse projeto foi submetido ao DEPRN (Departamento de Proteção aos Recursos Naturais) para aprovação como exige a legislação vigente. Uma vez aprovada, o projeto foi então executado utilizando-se espécies nativas da região. Uma empresa da área florestal foi contratada para a realização das atividades de plantio e manutenção das áreas reflorestadas por um período de um ano. Após esse período, foi estabelecido um acordo com os proprietários rurais onde os mesmos se responsabilizaram pela manutenção dos reflorestamentos. Paralelamente, foram intensificadas as atividades de produção de mudas de árvores nativas da mata ciliar da região nos viveiros municipais de Piracicaba e Rio Claro. O Consórcio apóia esse trabalho auxiliando na estrutura física. O reflorestamento acontece no período das chuvas em parceria com os proprietários das áreas. Os projetos de recomposição da mata são supervisionados por técnicos do Consórcio PCJ. - EDUCAÇÃO AMBIENTAL Estudantes e grupos da melhor idade participam de ações de educação ambiental desenvolvidos pelo Consórcio através do Programa de Investimento da Bacia do Rio Corumbataí, que acontecem em Piracicaba e Santa Gertrudes. Os projetos Mini-viveiros Florestais e Clube da Pesca são iniciativas que visam conscientizar a população sobre a importância da recuperação e preservação dos recursos hídricos. O primeiro envolve alunos de escolas públicas de Piracicaba e Santa Gertrudes em palestras sobre a mata ciliar na região e na produção de mudas de árvores nativas dessa vegetação, através de mini-viveiros montados nas próprias escolas. Ao final de cada edição, os estudantes ajudam nos plantios das mudas, que acontecem em áreas públicas ou privadas com o apoio das prefeituras municipais envolvidas. O projeto Clube da Pesca, iniciado em 2001, envolve grupos de melhor idade de Piracicaba em atividades de pesca e educação ambiental. Os associados participam de atividades como passeios ambientais e projetos de conscientização. Os envolvidos também estão habilitados a pescar na lagoa do Parque da Rua do Porto e no Lago do Lar dos Velhinhos de Piracicaba, locais onde o Consórcio efetua constantes peixamentos. Esse projeto também é desenvolvido em parceria com o Serviço Municipal de Água e Esgoto (SEMAE) e com a Prefeitura Municipal de Piracicaba, através da Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (SEDEMA). - MONITORAMENTO DA ÁGUA E TRATAMENTO DE ESGOTO Com o objetivo de identificar os principais problemas ambientais envolvendo o Rio Corumbataí, o Consórcio PCJ, através do Programa de Investimento, contratou uma empresa para efetuar o monitoramento da água, da calha e das margens do rio. O trabalho foi realizado durante todo o primeiro semestre de 2002 e apontou
a erosão, o assoreamento e a queda de árvores com alguns dos principais problemas do manancial de abastecimento de água de Piracicaba. De acordo com o relatório final do trabalho, o solo arenoso da região, a intensidade das chuvas nos períodos de grandes precipitações aliados à ausência de vegetação ciliar são as principais causas dos problemas. Os técnicos responsáveis pelo trabalho concluíram que esta situação pode atrapalhar o fluxo da água contribuindo com o desmoronamento das margens. Para a solução dos problemas, são estudadas ações que devem diminuir a velocidade das águas das chuvas, além de campanhas de educação ambiental junto ao proprietários rurais e a reconstituição das margens. A retirada dos eucaliptos do leito do Rio Corumbataí também pode acontecer dependendo do apoio de parcerias firmadas com os órgãos públicos. A poluição causada pelos afluentes lançados ao rio sem tratamento foi outra constatação do trabalho. Como contribuição o Consórcio PCJ viabilizou dois projetos de ETEs para a bacia. RESULTADOS E CONCLUSÕES Através das ações do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí na sub-bacia do Rio Corumbataí, com recursos do Programa de Investimentos foi possível implantar aproximadamente 250 mil árvores nativas da região visando a proteção dos mananciais que abastecem o município de Piracicaba-SP, além da implantação de projetos de educação ambiental em 17 escolas e para 700 pessoas com mais de 45 anos, bem como identificar diversos problemas ocorridos na calha do Rio Corumbataí propondo soluções, além de ajudar a aumentar o índice de tratamento de esgotos na bacia. BIBLIOGRAFIA Plano de Manejo da Microbacia do Ribeirão Forquilha CATI/DIRA Campinas Secretaria da Agricultura 1990 Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas Secretaria da Agricultura CATI Prefeitura Municipal de Iracemápolis Plano Diretor de uso e Manejo Microbacia Hidrográfica do Ribeirão Cachoeirinha 1987 Relatório nº 03 Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 1990 Relatório nº 01 Bacia do Rio Piracicaba Diretrizes para planejamento SMA/CPLA 1989 Salvador, J.L.G. Considerações sobre matas ciliares e a implantação de reflorestamento mistos nas margens de rios e reservatórios, 2. ed. SP, ARI 1985 15p
Foto 1 - Vista parcial de área degradada antes de sua recuperação em município da sub-bacia do Rio Corumbataí - SP Foto 2 Vista parcial de área degradada logo após recomposição da mata ciliar no município da sub-bacia do Rio Corumbataí - SP Foto 3 Reflorestamento Ciliar em área de preservação permanente, na sub-bacia do Rio Corumbataí SP, com 01 ano de idade
Foto 4 - Detalhe de reflorestamento ciliar executado em curvas de nível em município da sub-bacia do Rio Corumbataí - SP Foto 5 - Reflorestamento Ciliar em área de preservação permanente, na sub-bacia do Rio Corumbataí SP, com 02 anos de idade Foto 6 - Reflorestamento Ciliar em área de preservação permanente, na sub-bacia do Rio Corumbataí SP, com 02 anos de idade
Foto 7 - Reflorestamento Ciliar em área de preservação permanente, na sub-bacia do Rio Corumbataí SP, com 03 anos de idade