AVALIAÇÃO POSTURAL DA ATIVIDADE DE DERRUBADA E TRAÇAMENTO COM MOTOSSERRA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO POSTURAL DA ATIVIDADE DE DERRUBADA E TRAÇAMENTO COM MOTOSSERRA Luciano José Minette 1 ; André Luiz Petean Sanches 1 ; Emília Pio da Silva 1 ; Amaury Paulo de Souza 1 ; Regiane Valentim Leite 1 ;Felipe Leitão da Cunha Marzano 1 1 Universidade Federal de Viçosa minetti@ufv.br Resumo: Este estudo teve como objetivo realizar avaliação postural da atividade de derrubada e traçamento com motosserra, em uma empresa de base florestal. Para avaliação das posturas adotadas pelos trabalhadores foi utilizado o método REBA, que identificou posturas prejudiciais à saúde do trabalhador florestal. Sendo necessária a adoção de medidas urgentes para melhoria das condições de trabalho. Palavras-chave: lombalgias; trabalhadores florestais; capina química. 1. Introdução A derrubada e o traçamento com motosserra permite um bom rendimento operacional do trabalhador florestal, quando comparada a mesma atividade realizada de forma manual, ou seja, com machado, sendo que a mesma possui grande versatilidade, podendo ser utilizada em terrenos acidentados de difícil acesso. Além disso, permite as empresas um baixo custo de implantação. No entanto, é considerada uma atividade perigosa e de alto risco para a saúde e segurança do trabalhador, podendo ocasionar acidentes e doenças ocupacionais. De acordo com Sant Anna (2008), a motosserra é uma máquina perigosa, e seus riscos inerentes podem ser classificados em: riscos de operação e do equipamento. Os riscos de operação correspondem a: rebote, queda de árvores, declividade, postura de trabalho, projeção de cavacos nos olhos. Os riscos relacionados aos equipamentos são os seguintes: ruído, vibração, parte cortante, tanque de combustível, parte elétrica e escapamento de gases. Na atividade de derrubada e traçamento o trabalhador muitas vezes assume posturas inadequadas devido à necessidade de manusear a 1

motosserra e atender as exigências da tarefa. As posturas inadequadas podem causar sobrecarga dos músculos e articulações, levando a fadiga muscular, dores e distúrbios osteomusculares (IIDA, 2005). É sabido que uma simples avaliação postural visual não é suficiente para identificar as sobrecargas ocasionadas pelas posturas deficitárias e inadequadas, é preciso utilizar técnicas e métodos específicos de registro e análises das posturas. Um método utilizado para avaliar as posturas adotadas pelos trabalhadores é o REBA. O REBA é uma ferramenta semiquantitativa usada para avaliar o risco de distúrbio músculo esquelético a partir da análise postural dos trabalhadores. Este estudo teve como objetivo realizar avaliação postural da atividade de derrubada e traçamento com motosserra. 2. Material e Métodos 2.1. Local do estudo O estudo foi realizado em uma empresa de base florestal. As áreas de atuação da empresa estão localizadas na região centro-leste do Estado de Minas Gerais, entre as coordenadas Latitude 18º29 25 a 20º15 52 S e Longitudes 42º07 50 a 43º 35 58 W. 2.3. Descrição da atividade A atividade de derrubada e traçamento é uma atividade semimecanizada realizada com o uso de motosserra. Inicia-se com o operador realizando os ajustes necessários na máquina (abastecimento, lubrificação, esticamento da corrente, etc.) e a colocação dos EPIs para a operação segura do equipamento. Em seguida, o trabalhador escolhe uma linha para iniciar a derrubada. Em virtude de os plantios de eucalipto apresentarem grande homogeneidade dos indivíduos arbóreos, o operador de motosserra consegue direcionar, sem grandes dificuldades, praticamente todas as árvores para um mesmo sentido de queda. 2

Para a operação de derrubada propriamente dita, em cada árvore o trabalhador realiza a abertura da boca de corte ou entalhe de corte (dependendo do diâmetro da árvore a ser abatida) na face do tronco direcionada para o sentido de queda desejado, realizando posteriormente o corte final na face oposta da árvore, assim sucessivamente por toda a linha de derrubada selecionada. Ao finalizar a linha de derrubada, o operador reinicia o ciclo de derrubada em distância de pelo menos duas linhas da linha original, permitindo que o ajudante possa realizar o desgalhamento e destopamento das árvores. Ao finalizar a segunda linha de derrubada, o trabalhador retorna a primeira linha para então realizar o traçamento das toras, agora já desgalhadas. O traçamento consiste basicamente no seccionamento das toras em tamanhos já pré-determinados, que serão posteriormente baldeados e transportados até o seu destino final. 2.4. Avaliação postural Para avaliação postural foi utilizado o método REBA (Avaliação Rápida de Corpo Inteiro). O objetivo era analisar as posturas e enquadrá-las conforme níveis de risco e categoria de ação, para resolução dos problemas diagnosticados. A codificação das regiões corporais é estabelecida por diagramas representativos associados à tabela de escores divididos em dois grupos: A e B. A Tabela 1 ilustra os grupos A e B com os respectivos segmentos corpóreos avaliados pela técnica. Os diagramas do Grupo A (pescoço, tronco e pernas) são compostos por um total de 60 combinações de posturas, o que resulta em um total de 9 possíveis escores encontrados na Tabela A que serão somados ao escore de carga/força. Já os diagramas do Grupo B são compostos por um total de 36 combinações de posturas entre o braço, antebraço e punho, que também resultam num total de nove escores encontrados na Tabela B que deverão ser adicionados ao escore de qualidade da pega. 3

Tabela 1 Classificação dos grupos e segmentos corpóreos avaliados Grupo A B Segmento Corpóreo Avaliado Pescoço, tronco e pernas Braço, antebraço e punho Os escores A e B são encontrados pelo cruzamento das pontuações das posturas específicas observadas nas tabelas A e B. Os resultados dos escores da tabela A e B são cruzados na tabela C. O escore C é somado a um escore associado às atividades: 1) uma ou mais regiões corporais estão em trabalho estático, 2) pequenas faixas de ações repetitivas e 3) ações que provocam mudanças rápidas nas posturas. O escore final do REBA é associado à tabela de escores para as categorias de ações. A Tabela 2 mostra a classificação dos riscos e as categorias de ações. Tabela 2 Classificação dos riscos e categoria de ação do método REBA Nível de Ação Escore do REBA Risco Ação 0 1 Negligenciável Desnecessária 1 2-3 Baixo Pode ser Necessária 2 4-7 Médio Necessária 3 8-10 Alto Necessária Breve 4 11-15 Muito Alto Necessária Agora 3. Resultados e Discussão As posturas adotadas pelos trabalhadores florestais durante a execução da atividade de derrubada e traçamento são resultantes da função desenvolvida. Durante a atividade os trabalhadores são obrigados a adotar posturas prejudiciais à saúde, que podem causar distúrbios, dores e desconfortos. Observou-se que os trabalhadores necessitam fazer inclinações e rotações com o tronco. Esses movimentos levam a um aumento de pressão nos discos intervertebrais. De acordo com Couto (2002), os distúrbios dos discos intervertebrais são mais graves e podem ocasionar dor muito forte e extremamente incapacitante. Costumam gerar afastamentos prolongados e comumente o indivíduo tem incapacidade permanente para as atividades mais pesadas. 4

Os membros superiores são extremamente requisitados durante a atividade. Os trabalhadores realizam movimentos de flexão, extensão e inclinação do pescoço; flexão, extensão e abdução do ombro e desvios de punho. Estes movimentos podem ser prejudiciais para as articulações. O maior agravante é que as estruturas dos membros superiores são frágeis e de biomecânica complexa, o que favorece ao aparecimento dos distúrbios osteomusculares (COUTO, 2002). Segundo Chaffin et al. (2001), quando os membros superiores realizam com frequência esforços manuais, repetidos praticamente todos os dias durante a vida laborativa, podem ocorrer deterioração progressiva dos tecidos e músculos, resultando em desconforto, dor e perda de função. Os membros inferiores também são bastante requisitados durante o deslocamento do trabalhador no talhão e operação da motosserra. Essa situação é bastante fatigante, o coração pode encontrar maiores resistências para bombear sangue para os extremos do corpo, e o consumo de energia torna-se elevado, é comum edema de membros inferiores (inchaço de pés e pernas) e dores musculares (IIDA, 2005). A análise postural realizada por meio do REBA mostrou que as posturas adotadas pelos trabalhadores florestais durante a atividade de derrubada e traçamento são prejudicais e necessitam de mudanças urgentes. Os estudos de Chaffin et al. (2001) mostraram que uma vez que os fatores de risco específicos tenham sido identificados utilizando-se o levantamento apropriado das características das tarefas, torna-se freqüente a necessidade de avaliação específica das condições e métodos de trabalho para assegurar que atendam as diretrizes biomecânicas e ergonômicas. 4. Conclusão Ao término deste estudo pode-se concluir que as posturas adotadas pelos trabalhadores florestais durante a execução da atividade de derrubada e traçamento são inadequadas e podem causar distúrbios, dores e desconfortos. 5

Além disso, são necessárias mudanças ergonômicas urgentes que garantam a saúde e segurança do trabalhador florestal. 5. Referências Bibliográficas CHAFFIN, D. B.; ANDERSSON, G. B. J.; MARTIN, B. J. Biomecânica ocupacional. Belo Horizonte: Ergo Editora, 2001. 579 p. COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho em 18 lições. Belo Horizonte: Ergo Editora, 2002. 202 p. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Editora Edgar Blüncher, 2005. 614 p. SANT ANNA, C. M. Corte. In: MACHADO, C. C. Colheita florestal. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2008. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por concederem recursos financeiros destinados a aquisição de equipamentos que viabilizaram a execução de projetos, permitindo a elaboração deste trabalho. 6