Revista Canavieiros - Março de 2013



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Transcrição:

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Editorial 3 Nos últimos seis anos, o método de plantio mecanizado começou a ganhar espaço nos canaviais, atingindo uma área de 65% no Estado de São Paulo. Os principais fatores que levaram a este número foram as dificuldades de atendimento às exigências da NR 35, o aumento do custo da mão de obra e a própria expansão do setor. A mecanização na lavoura é o tema da reportagem de capa desta edição, e para explicar melhor sobre este assunto a Canavieiros conversou com os consultores da Datagro Alta Performance, Paulo Zancaner Castilho e Otavio Tufi. O diretor Comercial e de Logística do Grupo São Martinho, Helder Gosling e o representante da Unica (União da Indústria da Cana-de- -açúcar), de Ribeirão Preto, Sérgio Prado, são os entrevistados do mês, que falaram à Canavieiros assuntos de grande importância para a economia do país, como logística e perspectivas para a safra 2013/14, respectivamente. Logística, Mecanização e Produtividade Como destaque, a Canavieiros traz a cobertura da 9ª Reunião Técnica Regional do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) que aconteceu no auditório da Canaoeste, reunindo produtores rurais, empresários do agronegócio, empresas e usinas. Na secção Ponto de Vista o mestre em Agroenergia e diretor da Datagro, Guilherme Nastari, aborda as boas perspectivas para a safra 2013/14, onde fala sobre os pontos positivos para a safra de cana-de- -açúcar a ser processada. Na coluna Caipirinha, o professor Marcos Fava Neves, traz boas expectativas para o açúcar. De acordo com ele, os analistas de mercado já preveem que a China possa importar mais de 1,5 milhão de toneladas neste ano. Já em Notícias Canaoeste, o leitor poderá acompanhar o Encontro de Variedades, realizado pela Canaoeste em parceria com a Copercana e Sicoob Cocred na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro; a conquista da Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo que foi contemplada pelo Consórcio Intermunicipal Culturando com uma verba para a aquisição de novos materiais e a apresentação das atividades dos gestores da Canaoeste a serem realizadas durante o ano de 2013. Em Assuntos Legais, o advogado da Canaoeste, Juliano Bortoloti, alerta aos fornecedores de cana-de- -açúcar e unidades produtoras sobre a obrigatoriedade de obter a autorização do órgão ambiental (Secretaria Estadual do Meio Ambiente), para se efetuar a queima de palha de cana-de-açúcar. No artigo Técnico, o engenheiro agrônomo da Canaoeste, Ivan Burjali, fala sobre a importância da correção dos solos para a implantação da lavoura de cana-de-açúcar. A correção do solo é um dos requisitos básicos para obter maior produtividade agrícola e garantir o sucesso do canavial. Confira também as informações setoriais do mês de fevereiro e os prognósticos climáticos para os meses de março a maio divulgadas pelo consultor, Oswaldo Alonso. O leitor ainda poderá encontrar dicas de leitura e português. RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Murilo Sicchieri e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2008 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.500 exemplares ISSN: 1982-1530 Boa leitura! Conselho Editorial A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946 3300 - (ramal 2190) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/revistacanavieiros

4 Ano VII - Edição 81 - Março de 2013 - Circulação: Mensal Foto: Arquivo Datagro Índice: Capa - 22 Mecanização na lavoura Preparo de solo e escolha da variedade correta são fatores que influenciam na qualidade do plantio mecanizado 05 - Entrevista Helder Gosling Diretor Comercial e de Logística do Grupo São Martinho Logística x Produtividade E mais: Ponto de Vista...página 10 Coluna Caipirinha:...página 12 Artigo Técnico...página 24 40 - Notícias Copercana - Agronegócios Copercana 14 - Notícias Canaoeste - Canaoeste realiza encontro de variedades - Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo é contemplada pelo Consórcio Intermunicipal Culturando - Gestores da Canaoeste e Reunições Técnicas 20 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Sérgio Prado representante da Unica Safra 2013/2014 da cana-de-açúcar inicia de forma otimista 24 - Artigo Técnico A Importância da Correção dos Solos para a Implantação da Lavoura de Cana-de-Açucar A correção do solo é um dos requisitos básicos para termos maior produtividade agrícola e garantir o sucesso da implantação da lavoura de cana-de-açucar. Destaque - CTC...página 26 Destaque - SPMEC...página 28 Informações Setoriais...página 30 Assuntos Legais...página 32 Classificados...página 36 Cultura...página 38

Entrevista 5 Logística x Produtividade Alguns especialistas do setor sucroenergético, acredita que a logística é o grande gargalo para o escoamento da produção sucroalcooleira no país. Já o diretor Comercial e de Logística do Grupo São Martinho, Helder Gosling, acredita que este é o grande gargalo da competitividade do Brasil, que atinge todos os setores da economia. Para explicar melhor sobre este assunto de grande relevância para o país, Gosling concedeu entrevista exclusiva à Canavieiros. Confira! Helder Gosling Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Quais as perspectivas e desafios para a logística e infraestrutura no Brasil, e o que esperar do Governo? Helder: O panorama veiculado pela mídia neste início do ano, com filas de caminhões chegando aos portos, retrata o cenário da logística brasileira (neste caso usando commodities como exemplo). No momento de pressão de volume, de qualquer produto, nossos gargalos ficam potencializados. Isto se reflete não só na longa distância e produtos de escala, bem como nas movimentações internas nos perímetros urbanos e rodovias vicinais. No âmbito governamental, o Programa de Investimentos em Logística, com Investimento previsto de R$ 133 bilhões, bem como a criação da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), são passos importantes. O que esperamos do governo é que sejam colocadas em prática as medidas anunciadas e não fiquemos mais uma vez na esfera de mais um Programa anunciado. Revista Canavieiros: Em termos de investimentos, o que o Brasil precisa fazer para melhorar a logística? Helder: Isto já é um tema recorrente. São muitas medidas para conseguirmos vencer o tempo que ficamos remendando nossos gaps. Investir em multimodalidade (rodoferroviário, hidroviário e dutoviário), revisão dos marcos regulatórios, principalmente nos setores de transportes e portuário, plano diretor de adequação do porto de Santos, maior porto de movimentação no Brasil, ampliação das PPPs para viabilizar investimentos. Espero que os R$ 133 bilhões sejam suficientes. Mais uma vez, o Programa de Investimentos contempla o que deve ser feito. O importante é que seja feito de forma planejada pensando no longo prazo. Olhando em detalhes o Plano de Investimento, há a necessidade de tomar cuidado para o foco somente em menor tarifa como balizador. Como usuário, obviamente, buscamos sempre a menor tarifa, mas o binômio qualidade do serviço x custo é fundamental. Em logística sabemos que o muito barato no início será o ineficiente no médio prazo e mais caro no futuro. Mais uma vez, há a necessidade de planejamento e decisões acertadas. Revista Canavieiros: Qual é a importância do custo de transporte e logística para o setor sucroenergético? Helder: Fundamental. Somos supridores de commodities que é um produto com foco em ganho de escala. Desta forma, precisamos de transporte de escala para mantermos nossa competitividade. Hoje no açúcar o custo logístico chega a representar 15% do valor do produto. Possuímos o menor custo de produção de açúcar no mundo e deixamos parte de nossa competitividade, adquirida nas áreas agrícola e industrial, para a logística. Como o crescimento dos mercados consumidores hoje se concentram em grande parte no continente asiático, já possuímos uma restrição de logística natural. Desta forma há a necessidade de sermos extremamente eficientes no inland para quebrarmos esta barreira geográfica. O mesmo ocorre com o etanol, dado que possuímos um limitador no preço final de nosso produto no mercado interno, qualquer aumento de custo na cadeia repercute em queda da margem de contribuição. Revista Canavieiros: Devido a logística, a distribuição de produtos no Brasil se torna complicada, isso por causa da dimensão continental e da dificuldade de mobilidade nos grandes centros urbanos e até roubos de cargas. Como se prevenir contra esses fatores e como gerenciar riscos? Helder: Como mencionei anterior-

6 Entrevista mente, o foco em transporte de escala é o único instrumento para vencermos a dimensão continental que você menciona. O fracionamento da carga e foco somente em um modal restringe o controle eficiente na longa distância. Ainda mais quando este modal é o rodoviário, no qual o acesso à carga é direto. Porém, os sistemas de inteligência, rastreamento aliado a controles informatizados, são importantes ferramentas para minimização de riscos. O avanço tem sido grande neste sentido. O único ponto é que a indústria do roubo tenta acompanhar na mesma velocidade. Revista Canavieiros: Como a logística ajuda o setor a se diferenciar no mercado e ganhar produtividade? O que melhorou após a inauguração do terminal rodoferroviário? Helder: O foco da logística é alta produtividade com menor custo. Esta equação sempre foi o foco de nosso grupo. Desde a área agrícola, até a colocação do nosso produto no cliente final tentamos ser os mais eficientes. A inauguração do terminal rodoferroviário representou uma melhoria de eficiência de nossas operações e também, com certeza, um benefício para a região. Movimentamos mais de um milhão de toneladas de açúcar entre volume nosso e de terceiros. Creio que não só conseguimos ganhar competitividade em nosso produto, mas tiramos uma boa pressão sobre o frete da região em um ano que o incremento foi surpreendente. Revista Canavieiros: Transporte e logística custam 10% do PIB Nacional, esse custo poderia ser menor se tivéssemos mais infraestrutura? Helder: Podemos utilizar países de dimensões continentais semelhantes para criarmos targets, ou seja, objetivos a serem seguidos. A comparação absoluta nem sempre é a melhor análise. Nos EUA, o custo de transporte e logística representa aproximadamente 8 % do PIB (base 2011/12). O país é focado em multimodalidade e utilização dos recursos naturais de forma eficiente (transporte hidroviário, por exemplo). Se conseguirmos 1% de melhoria, já serão aproximadamente US$ 23 bilhões (tomando como base o número de 10% do PIB Nacional), tendo em vista que somos a sétima economia mundial. Revista Canavieiros: Para alguns especialistas do setor sucroenergético, a logística é o grande gargalo para o escoamento da produção sucroalcooleira no país. O senhor concorda que a logística pode ser o grande gargalo do setor? Helder: É o grande gargalo da competitividade do Brasil, ou seja, atinge todos os setores da economia. Produtos de valor agregado baixo, alto, mobilidade urbana, todos os setores são afetados diretamente e no item de maior sensibilidade, que são os custos diretos. Para termos como base, há dois anos o BID lançou o LIP (Logistics Perfomance Index) e o Brasil ficou em 45º atrás de países como Índia, Tunísia, África do Sul, Taiwan entre outros. Revista Canavieiros: O Grupo São Martinho tem novos projetos em termos de logística e infraestrutura? Quais serão os principais investimentos? Helder: Em breve teremos mais projetos de logística como foco em etanol e açúcar. Ainda estão na fase de viabilidade, mas ocorrerão em curto espaço de tempo. Temos de manter nossa competitividade e transformar a adversidade em oportunidade. RC

7 Safra 2013/2014 da cana-de-açúcar inicia de forma otimista A nossa expectativa é positiva em relação a essa safra que se inicia, esperamos que ela seja maior do que no ano passado porque houve chuva na medida necessária para a cultura e também nas últimas safras, houve um avanço da renovação do canavial que deve melhorar a produtividade em todas as regiões produtoras. Esta afirmação é do representante da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), Sérgio Prado, que conversou com a Canavieiros e durante a entrevista, abordou questões relacionadas ao clima, estimativas de produção e perspectivas para a safra 2013/2014. Confira abaixo! Sérgio Prado Fernanda Clariano Revista Canavieiros: A safra da cana-de-açúcar deste ano está começando com o otimismo dos agricultores motivados pelo aumento da mistura do etanol na gasolina de 20% para 25% a partir de 1º de maio, aprovado pelo Governo Federal. Como o senhor vê isso? Sérgio Prado: Adição maior na gasolina, é um fator importante para o equilíbrio do abastecimento e também para que o produtor, fabricante de etanol, consiga diversificar o mix de produção e tenha ganho com isso. Nós temos uma questão de logística muito complicada e complexa no país no que se diz respeito ao abastecimento. Quando nós temos uma cultura maior de etanol na gasolina, nós temos uma vantagem ambiental e logística em relação à garantia de abastecimento. A Unica e o seguimento todo, que representa a atividade em outros Estados insistiram durante 2012 que era necessário ter um planejamento, para que as empresas tivessem condições de se preparar para isso; A medida foi anunciada e é considerada muito positiva para todos nós. Revista Canavieiros: Algumas usinas na região já começaram a colheita e moagem da cana. Qual é a perspectiva para a safra 2013/2014? Sérgio Prado: Nossa expectativa é positiva, e esperamos uma safra maior do que o ano passado. Ainda não temos como quantificar o quanto vai ser possível moer, porque o levantamento ainda não está pronto, os fornecedores estão passando para Unica os dados com suas previsões. Muitas usinas ainda estão se planejando e há uma previsão que durante o mês de abril nós tenhamos uma boa parte das empresas já processando cana e outras no início de maio. Assim que tivermos o levantamento preciso, iremos divulgar, mas a expectativa é positiva, em função do comportamento do clima que foi bom para a atividade nas regiões produtoras. Houve chuva na medida necessária para a cultura e também nas últimas safras, houve um avanço da renovação do canavial que deve melhorar a produtividade em todas as regiões produtoras. Revista Canavieiros: Qual é a estimativa de moagem? Sérgio Prado: Não temos uma estimativa hoje que aponte com exatidão o que será possível colher. A nossa estimativa sempre é divulgada no mês de abril, porque recebemos material com os dados das empresas e fornecedores de outros Estados também, é um trabalho demorado, mas que precisa ser bem criterioso para não haver uma falsa expectativa. Não adianta trabalharmos sem esse repasse dos dados, do contrário seria uma espécie de chute e isso nós não queremos. Temos uma tradição há muitos anos de divulgar os dados com a previsão mais aproximada possível do que de fato existe no campo para colher. Revista Canavieiros: Em termos de açúcar e etanol, qual será a estimativa de produção? Sérgio Prado: É lógico que se tivermos uma safra maior, teremos uma maior produção. Se existir mais matéria-prima no campo, se existir cana, vamos ter mais açúcar e mais etanol e isso é muito importante porque há uma demanda crescente não só do etanol, mas também de açúcar. Revista Canavieiros: O aumento na estimativa de cana safra, pode ser refletido no preço do etanol? Sérgio Prado: A questão do preço do etanol não depende apenas da safra de cana em si, depende de diversos outros fatores. Tudo o que temos condições de produzir nesse momen-

8 to ainda é insuficiente para atender o mercado crescente de açúcar e etanol e em específico em relação ao etanol. Nós temos uma disparidade entre o que o mercado espera da possibilidade de consumo criada pela venda de carro novo e seminovo que é flex. Veja só, já tivemos 50% da frota de carro flex abastecido por etanol, hoje temos pouco mais de 30%, porque nossa oferta ficou parada, travada nos problemas que tivemos de clima e falta de recurso para investimento na lavoura nos últimos anos a partir de 2008. Isso impediu que nós tivéssemos condições de ampliar nossa oferta. Também houve problemas estruturais, projetos que precisavam andar ficaram parados em função do contexto que nós vivemos. Hoje o etanol hidratado remunera a cadeia da forma que é preciso para ela ter classe saudável e ser sustentável. Se o etanol hidratado não remunera, o investidor se retrai e é isso o que acontece com o setor nesse momento. Nós temos dito ao longo dos últimos anos que é necessário uma política pública que privilegie a produção de etanol, possibilite o investidor ter retorno, do contrário nós ficaremos andando em círculos e o investimento novo não virá. Revista Canavieiros: O clima possibilitou o desenvolvimento do canavial? O que isso representa para a safra? Sérgio Prado: Representa uma possibilidade de melhora da produtividade agrícola, nós tivemos uma queda muito acentuada da produtividade, principalmente em 2011 e 2012. Já nos recuperamos um pouco, mas a produtividade está abaixo do que é possível em função da falta de renovação e trato cultural correto na lavoura, e também trouxe problemas climáticos principalmente em 2008 que foram refletindo em 2011/2012. Agora com o comportamento do clima favorável, temos condição de recuperar a produtividade média por hectare, já tivemos a produtividade 85 t/h no Centro-sul e caímos abaixo de 75 t/h na safra de 2011, então isso demonstra o baque que teve a área produtiva de cana, em função do clima desfavorável e também claro a questão estrutural que é a falta de renovação. Revista Canavieiros: O plantio e a safra estão de acordo com o que foi planejado? Sérgio Prado: Sim, dentro das possibilidades que temos agora, o plantio da cana foi ideal, houve uma lição de casa feita pelas empresas e pelos fornecedores e isso é óbvio que vai se refletir nessa safra e nas próximas em função do trato cultural correto....a palha da cana é muito importante no ponto de vista econômico, pode gerar mais energia e suprir uma possibilidade importante também, você pode vir a fazer o etanol de segunda geração a partir da biomassa da cana... Revista Canavieiros: Os produtores estão reaprendendo a fazer suas operações agrícolas de plantio e colheita, antes era tudo manual e agora mecanizado. Esse processo pode dar mais agilidade e lucro para a safra ou pode trazer perdas? Sérgio Prado: A questão da mecanização é complexa, nós temos que ter no nosso horizonte um caminho sem volta, é uma pista de uma mão só (para fazermos uma analogia a estrada). Iniciamos um processo de intensificação da mecanização da lavoura a partir de 2007, com o advento do protocolo agroambiental e isso trouxe evidentes problemas porque o setor não estava preparado com o processo de mecanização acelerado desta forma, o que causou evidentes perdas na eficiência da atividade, mas que com o tempo será superado. O ganho que nós temos com a mecanização é muito grande, seja ambiental ou econômico. As empresas e os produtores têm consciência de que a palha da cana é muito importante no ponto de vista econômico, pode gerar mais energia e suprir uma possibilidade importante também. Você pode vir a fazer o etanol de segunda geração a partir da biomassa da cana, e o ganho ambiental é fundamental. É muito importante também porque deixa de emitir gases de efeito estufa com o processo de colheita da cana e sendo assim, o ganho vem por todos os lados com o processo de mecanização. Se tivermos problemas localizados na forma, no manejo agrícola, isso com o tempo está sendo superado, nós já avançamos bastante e vamos avançar ainda mais, até que em 2014 teremos o fim estipulado pelo protocolo da queima da palha para efeito de colheita nas áreas planas do Estado de São Paulo, e em 2017 nas outras áreas restantes, que são áreas mais íngremes, ou de pequenos fornecedores. Para resumir, o protocolo estabelece o seguinte: nas áreas onde é possível ser a colheita mecanizada, a queima da palha da cana-de-açúcar poderá ser realizada até 2014 e nas áreas onde hoje não é possível mecanização, em 2017. Revista Canavieiros: Quando deve terminar a safra 2013/2014? Sérgio Prado: A nossa safra tende a ser dentro do normal, de abril até novembro, essa é a nossa previsão e isso fica dentro da normalidade. RC

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10 Ponto de Vista Boas perspectivas para a safra 13/14 *Guilherme Nastari O clima favorável, a elevada taxa de renovação dos canaviais em 2012, e tratos culturais realizados dentro das melhores práticas do setor são os elementos que justificam as perspectivas positivas para a safra de cana a ser processada em 2013/14. A precipitação abundante no segundo trimestre e dentro de condições normais desde o final do ano passado, associada a temperaturas acima da média, impulsionaram o desenvolvimento dos canaviais a serem colhidos no início e meio da próxima temporada, gerando boas perspectivas de aumento do rendimento agrícola e industrial. Embora a chuvas tenham sido menores do que a média entre outubro e dezembro, as temperaturas se mantiveram em nível elevado, o que favoreceu os canaviais nos estágios iniciais e médios de desenvolvimento, por demandarem menor volume de umidade para atingir o seu máximo potencial de crescimento. Para canas em estágios mais avançados, a chuva observada neste período não foi suficiente para atingir o pleno potencial de crescimento. Ainda as- sim, considerando todas as variáveis, a Datagro classificou o desenvolvimento dos canaviais na região Centro-sul como satisfatório, apontando para uma diminuição de falhas de brotação e recuperação das plantas. Contribuem também para o otimismo em relação à próxima safra os melhores índices de expansão e renovação da lavoura, que vão permitir uma nova redução da idade média dos canaviais e menores índices de infestação de ervas daninhas. A taxa de reforma dos canaviais é de aproximadamente 20,5%, aumento significativo à média de 15% dos últimos 12 anos. Caso as condições climáticas mantenham-se próximas aos índices normais durante os dois primeiros trimestres de 2013, há expectativa de aumento no rendimento agrícola dos canaviais da região Centro-sul entre 7% e 9%. Com um canavial melhor perfilhado e mais produtivo, as usinas devem melhorar a eficiência da colheita mecanizada, permitindo controle dos custos de CTT (corte, transbordo e transporte). Foto: Arquivo Case As preocupações permanecem, entretanto, no volume de chuvas observado em março, que agora precisam parar para que a safra possa começar, e nos impactos que a elevação do preço do diesel e da implementação da Lei do Descanso do Caminhoneiro (Lei 12.619/12) poderá causar no custo geral das operações agrícolas. Estimamos que moagem de cana-de- -açúcar na região Centro-sul do Brasil será de 587 milhões de toneladas no ciclo 2013/14, contra 532,3 milhões de toneladas da safra 2012/13. Este incremento assegura o abastecimento de etanol ao mercado interno, tanto hidratado quanto anidro, dando plena garantia de que haverá anidro suficiente para garantir o retorno da mistura de 25% na gasolina, a recuperação desejada de demanda do etanol hidratado, bem como o já esperado aumento nas exportações do biocombustível. Para o mercado de açúcar, o cenário continuará dominado pelo fato de que a atual safra mundial, de 12/13, a se encerrar em 30 de setembro, é o terceiro ano consecutivo de superavit, e o preço da commodity continuará muito sensível a notícias sobre o desenvolvimento da safra em países-chave como India, Rússia, Tailandia, União Europeia e Brasil. *Guilherme Nastari é mestre em agroenergia e diretor da DATAGRO. RC

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12 Coluna Caipirinha O mês: O clima vem ajudando e devemos ter uma super safra. Quase 83 milhões de toneladas de soja e 76 milhões de milho, e um total de 184 milhões de toneladas em grãos, incríveis 16% a mais que em 2012. Janeiro também surpreendeu com compras chinesas de açúcar, estimadas em mais de 250 mil toneladas. Analistas de mercado já preveem que a China possa importar mais de 1,5 milhão de toneladas neste ano. Também em janeiro o Brasil teve excelente desempenho exportador, quase 2,3 milhões de toneladas, o que é recorde para este mês. Começa-se bem o ano. Empresas: A BM&F Bovespa também colocou a partir de janeiro dois contratos futuros importantes para o setor, o do açúcar cristal e do anidro. É mais um importante movimento, e se estes contratos ganharem musculatura, serão importante fonte de referência e planejamento no setor. E o BNDES anunciou desembolsar mais de R$ 5 bilhões em 2013 ao setor. Além de crescer fortemente o programa Pro-Renova, com regras mais ajustadas às necessidades do setor, destacam-se os apoios do Banco junto com a FINEP para o desenvolvimento do etanol celulósico, bioquímicos e gaseificação. Portanto, a bola está na quadra do setor privado para fazer bons projetos, captar estes recursos e fazer o Brasil liderar na inovação, criando e capturando valor. Vale ainda ressaltar a importante contribuição que o bagaço de cana deu nas Usinas listadas em bolsa no terceiro trimestre do ano. As margens operacionais das Usinas estão bem melhores, o que mostra que o cenário está mudando. Pessoas Canavieiras (homenagem do mês): neste mês queria fazer uma homenagem especial a Embrapa, na sua unidade de agroenergia, que vem sendo liderada pelo Manoel Souza Jr. A Embrapa, verdadeiro patrimônio brasileiro, vem atuando em diversas frentes para promover a inovação na cana, desde variedades, aspectos agrícolas e industriais. Também compartilho com o leitor que perdemos o grande cientista Caetano Ripoli. Segue a Se avolumam as boas notícias minha postagem no facebook hoje perdi meu professor da Esalq e um amigo de admiração mútua, um cara com quem aprendi sobre cana, sobre mecanização e principalmente, sobre vida. Crítico, falava sempre o que pensava, de maneira simples e direta. Um cara de muita luta, como a que travou com a doença que o tirou de nós ainda muito jovem. Tenho seus livros autografados, lí, aprendi e ri com eles todos. Descansa em paz nosso guerreiro Caetano Ripoli, obrigado pelos quase 30 anos em que te conheci, ganhei muito com isto. Fico feliz que fizemos nesta coluna uma homenagem a ele em vida, e tenho guardado comigo o telefonema emocionado que recebi dele quando viu a revista Canavieiros. Aprendizado de Viagem: Passei sete dias na África do Sul. O assunto biocombustível está efervescendo. Devem entrar com a mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel ainda neste ano, com grande plano de investimentos. Eles também acreditam muito no desenvolvimento da cana nos países vizinhos, destacando principalmente o Moçambique e o Zimbabue. Agora escrevo este texto dos EUA, vim para uma imersão de 15 dias na Universidade de Purdue, é meu ano sabático, e devo vir a cada 15 dias, e passar o segundo semestre aqui. Eu tenho muita admiração pelos EUA na forma como os negócios funcionam. Cheguei em Chicago e em 15 minutos um ônibus me deixou na locadora. Lá havia um painel com os diversos sobrenomes de pessoas que tinham alugado carros pela internet. Um rapaz se aproximou, perguntou meu nome, olhou no I-Pad e mostrou uma sequência de 15 carros na categoria que havia escolhido, estacionados de ré, com o porta-malas aberto. Escolhi um e fui embora. Minha carteira de motorista foi conferida pela pessoa que fica na guarita de saída. Um processo de três a cinco minutos, no total, ate estar com o carro na rua. Cana: Muitas usinas já devem iniciar a moagem no final de março, diferentemente do ano passado, onde se atrasou o início. A Datagro estimou a renovação de cana em 20%, e continuam as ex- Marcos Fava Neves pectativas que a produtividade será de até 10% maior, voltando a casa das 80 toneladas/ha. O problema agora passa a ser novamente a capacidade de processamento. Estima-se uma capacidade instalada máxima de 700 milhões de toneladas no Brasil, e o processamento pode chegar a mais de 600 milhões. Já em 2014 podemos ter usinas operando a capacidade máxima, o que também pode gerar ineficiências e aumento de custos, principalmente devido a desperdícios. Haja limão: Apesar de sequenciais alertas feitos por mim e por muitos outros estudiosos do setor, o desastre da importação de gasolina se verificou. Fechados os números em 2012, gastamos US$ 3 bilhões para comprar 3,8 bilhões de litros. E o mais incrível é ver a evolução... Em 2009 importou-se US$ 70 mil, em 2010 US$ 285 milhões, em 2011 US$ 1,6 bilhão para finalizar com os US$ 3 bilhões em 2012. Quanto será em 2013? Não será nada bom se observarmos como está a balança comercial neste início de ano. Considero este um dos erros, se não o principal erro do atual Governo brasileiro, mais injustificável ainda pelo fato da Presidente ser uma pessoa que tem um passado na área de energia. MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat. RC

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14 Notícias Canaoeste Canaoeste realiza encontro de variedades Carla Rodrigues Evento contou com a participação dos principais institutos de pesquisas e melhoramento genético em cana-de-açúcar Preocupada em atender as necessidades de seus associados, a Canaoeste, em parceria com a Copercana e Sicoob Cocred, realizou um Encontro de Variedades com o objetivo de levar até o fornecedor informações valiosas sobre as principais variedades de cana-de-açúcar disponíveis atualmente no mercado. Participaram deste encontro os principais institutos de pesquisas e melhoramento genético, sendo eles: Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), IAC (Instituto Agronômico), CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e Canavialis. O evento contou com grande presença dos associados garantindo o sucesso do encontro O evento aconteceu na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro e contou com o apoio de empresas parceiras como LL Cultivar, Syngenta, Ihara, DuPont, Stoller, Basf, Bio Soja, Omex e FMC e com a presença de fornecedores, produtores, representantes de unidades industriais e as equipes técnicas da Canaoeste e Copercana, reunindo aproximadamente 270 pessoas. O professor Hermann Paulo Hoffmann, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de- -açúcar (PMGCA) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que faz parte da Ridesa, foi quem iniciou as apresentações sobre o manejo das principais variedades desenvolvidas pela equipe. Durante sua exposição, ele abordou temas relacionados à fitossanidade das plantas, apresentou os resultados do censo varietal realizado anualmente pela Ridesa (área de cultivo e área de plantio) e apresentou os clones RB s mais promissores: RB97-5201, RB97-5157, RB97-5184, RB97-5242, RB97-5952, RB97-5932 e RB98-5476. Hoffmann falou também sobre as variedades RB s mais plantadas nos Estados de São Paulo e Mato Grosso, realizou importantes recomendações e discorreu sobre as principais características destas variedades. Variedades RB s: RB86-7515: rústica e produtiva, adaptada a solos de média e baixa fertilidade e colheita no meio e fim da safra; Hermann (Ridesa), Marcos Landell (IAC), Gustavo Nogueira (Canaoeste), Mauro Violante (Canavialis) e Rodrigo de Almeida (CTC) RB85-5453: rica e precoce, excelente colheitabilidade, para ambientes de alta fertilidade e colheita no início da safra; RB96-6928: precoce e produtiva, para ambientes B, C e D e colheita no início da safra; RB85-5536: excelente brotação de soqueira, para ambientes de alta e média fertilidade, para colheita no meio da safra; RB85-5156: hiper precoce, para ambientes de alta e média fertilidade e colheita em abril e maio; RB92-579: muito produtiva, exigente em água, para ambientes A, B e C e colheita no meio da safra; RB96-5917: alta produtividade, para ambientes B e C e colheita no meio da safra. O diretor do Centro de Cana e pesquisador do IAC, (Instituto Agronômico) de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Landell, conversou com os presentes sobre manejo varietal. Também aproveitou a oportunidade para falar sobre as características das principais e futuras variedades do instituto agronômico, como: - IAC87-3396: boa estabilidade de produção e boa adaptação ao plantio mecânico; - IACSP93-3046: excelente colhei-

15 O encontro recebeu o apoio de empresas parceiras como LL Cultivar, Syngenta, Ihara, DuPont, Stoller, Basf, Bio Soja, Omex e FMC tabilidade, ereta, rica e possui crescimento lento; - IACSP94-2094: novo biótipo, ótima colheitabilidade, ereta, elevada tolerância a seca e pode ser alocada em ambientes restritivos; - IACSP95-5000: ótima colheitabilidade, ereta, vai bem em final de safra e em solos médios até ambientes D; - IACSP95-5094: estável, ereta, excelente plantio mecânico e desempenho similar a RB86-7515; Futuras variedades: - IACSP96-7569: não tem hábito ereto; - IACSP97-4039: precoce com alta produtividade, elevado teor de sacarose, boa brotação, ótima soqueira, produtiva e PUI longo. Para o coordenador Técnico do CTC, Rodrigo de Almeida, hoje a realidade do produtor é diferente de antigamente, têm-se o plantio e a colheita mecânicos e variedades que são mais produtivas, e é por este motivo que a instituição, através de pesquisas, busca evoluir junto com as necessidades do produtor. Durante sua apresentação, Almeida falou sobre as características das variedades precoces, médias e tardias e também destacou a série CTC9000, desenvolvida para climas restritivos (cerrados), colheita e plantio mecânicos. Variedades CTC: - CTC9: início de safra, ambientes B, C e D, desenvolvimento rápido, riqueza e plantio mecanizado; - CTC 17: início de safra, ambientes restritivos (C, D e E), rusticidade, plantio mecanizado e longevidade de soqueira; - CTC 2: meio de safra, ambientes A, B, C e D, longevidade de soqueira, estabilidade de soqueira, produtividade e plantio mecanizado; - CTC 4: meio de safra, ambientes A, B e C, longevidade de soqueira, estabilidade de soqueira, produtividade e plantio mecanizado. - CTC 15: meio de safra, ambientes A, B, C, D e E, rústica, produtividade alta - CTC 20: meio de safra, ambientes A, B e C, alta produtividade e perfilhamento alto; - CTC 21: precoce e alta produtividade; - CTC 24: tardia, melhores ambientes, alta produtividade, alto perfilhamento e não floresce. O representante da área de desenvolvimento tecnológico da Canavialis, Mauro Violante, dividiu com os participantes a experiência da empresa com a cultura de sorgo sacarino e apresentou as variedades lançadas pela empresa em 2012. São elas: - CV7231: vigor e riqueza, alta produtividade e ambientes intermediários; - CV 7870: boa produtividade, ereta, ótima brotação de soqueira, ambientes C e D; - CV6654: ciclo médio, ambientes intermediários, ereta e boa colheitabilidade. RC

16 Notícias Canaoeste Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo é contemplada pelo Consórcio Intermunicipal Culturando Fernanda Clariano com informações de Haroldo Beraldo A biblioteca pública municipal Prof. Sônia Regina Mossin Garcia, localizada em Cruz das Posses, distrito de Sertãozinho, recebeu no dia 1º de março, autoridades do poder público local, além de personalidades ligadas à cultura e educação para a entrega simbólica dos prêmios relacionados aos Pontos de Leitura sertanezinos, conquistados junto ao CIC - Consórcio Intermunicipal Culturando. Um dos projetos contemplados com a premiação de R$20.000,00 foi elaborado pelo colaborador Haroldo Luís Beraldo, bibliotecário responsável da Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo, que é mantida pela Canaoeste há mais de 40 anos. O projeto Todo dia é dia de ler foi concebido no intuito de fomentar a leitura entre os associados e cooperados do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred que usufruem dos serviços da biblioteca, além dos munícipes de Sertãozinho e região. A verba conquistada será aplicada para aquisição de livros de literatura universal e infantojuvenil, livros em Braille, áudio books, livros técnicos e científicos de diversas áreas do conhe- Verba será aplicada na aquisição de novos materiais cimento. Parte da verba também será direcionada para aquisição de itens de ambiência e estrutura da biblioteca, sempre visando o aprimoramento das instalações para receber os visitantes e usuários, assim como a melhora constante dos serviços prestados pela biblioteca, sejam eles de empréstimo de material ou até serviços de referência ligados às novas tecnologias de informação e comunicação. A biblioteca pública municipal Prof. Sônia Regina Mossin Garcia, localizada em Cruz das Posses, distrito de Sertãozinho, recebeu no dia 1º de março a entrega simbólica dos prêmios relacionados aos Pontos de Leitura sertanezinos, conquistados junto ao CIC - Consórcio Intermunicipal Culturando. Um dos projetos contemplados foi elaborado pelo colaborador Haroldo Luís Beraldo, bibliotecário responsável da Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo A entrega do Ponto de Leitura à biblioteca da Canaoeste é muito significativa no cenário cultural e educacional de Sertãozinho. Essa iniciativa vai de encontro à nova proposta de trabalho da biblioteca que é a de atendimento público e democrático à população. Esse projeto é uma conquista para a biblioteca, e essa verba que está vindo do Ponto de Leitura, vai potencializar o nosso trabalho, melhorando ainda mais o acervo, assim como a estrutura, adquirindo móveis, materiais de multimídia, itens de ambiência para proporcionar um ambiente mais agradável e um atendimento melhor aos visitantes e com isso, teremos também a oportunidade de diversificar as opções educacionais e culturais em Sertãozinho de acesso à informação, fundamental para colaborarmos com o crescimento social de nosso município e de nossa região. Só lembrando que, através do trabalho realizado pela biblioteca, nós conseguimos atender leitores no entorno de 45 municípios da nossa região através de malotes de comunicação interna, são os nossos colaborados e também os associados e cooperados que residem nessas cidades, afirmou Haroldo Luís Beraldo bibliotecário responsável da Biblioteca General Álvaro Tavares Carmo. RC

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18 Notícias Canaoeste Thiago de Andrade Silva Gestor de Planejamento, Controle e Topografia Gestores da Canaoeste - Pagamento de Cana: Sistematização da Metodologia; Treinamento de Funcionários; Orientação às Unidades Produtoras para elaboração e correção de cálculos; Apresentação e acompanhamento dos resultados; Conferência, negociação e orientação à Produtores Associados quanto ao pagamento de cana. - Acompanhamento do Andamento de Safra: Produção relatórios e artigos de acompanhamento de safra; Sistema ATR: Acompanhamento da qualidade da matéria-prima; Acompanhamento do ATR Relativo; Acompanhamento Amostragem de Análise; Acompanhamentos diversos para tomada de decisão. - Acompanhamento do Comportamento do Mercado; - Plano de Queima / Protocolo Agro-ambiental / Cadastro Ambiental Rural: Planejamento e estruturação; Informação aos Associados; Acompanhamento do ingresso de planos de queima e protocolos; Solução de Problemas; Acompanhamento das alterações junto a SMA (Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo). - Diversos: Reuniões Grupo Técnico Orplana; Desenvolvimento de sistemas de apoio (PEQ/PAA/CAR, Agenda Eletrônica, Agrosist, entre outros); Site da Canaoeste (atualizações); Busca de novas tecnologias; Treinamento / Capacitação de utilização de software; Avaliação Informática para Contratação; Elaboração e Busca de Artigos para a Revista Canavieiros, Site e Informe Canaoeste. Alessandra Durigan Gestora Técnica do Departamento Técnico da Canaoeste - Promover Cursos de Capacitação e Treinamentos: Áreas: manejo varietal, alocação de variedades por ambiente de produção e época de colheita; manejo de pragas e doenças, levantamento e controle; manejo de solos, correção e adubação; manejo de ervas daninhas, levantamento e controle; levantamento e classificação dos ambientes de produção; produção de mudas sadias. - Desenvolvimento Agronômico: Experimentação Agrícola, implantação no campo de ensaios de Competição de Variedades e ensaios para a avaliação de eficiência de corretivos, fertilizantes e defensivos agrícolas; difusão de tecnologia; participação efetiva em novos projetos técnicos como: equipe de pragueiros e produção de mudas pré-brotadas; aperfeiçoamento de novas tecnologias como: agricultura de precisão, plantio e colheita mecanizados, condomínios e consórcios; suporte técnico para aprimoramento dos custos de produção. - Contato com Multinacionais: Posicionamento e treinamento técnico sobre novas moléculas, produtos e inovações tecnológicas. - Relacionamento com Centros de Pesquisa: CTC; IAC; UFSCar (Ridesa); CanaVialis; Unesp; Esalq; Fafran e outras. - Administração Técnica da Fazenda Santa Rita: Produção de mudas e multiplicação de novos materiais (clones e variedades). - Diversos: Atendimentos internos a associados; participação em congressos, seminários e eventos promovidos pelas multinacionais; palestras técnicas para produtores; participação efetiva nas reuniões do grupo fitotécnico; relacionamento com a STAB; apoio na execução de palestras técnicas realizadas pela Canaoeste; atualização do site Canaoeste; elaborar artigos, apoiar o planejamento e buscar artigos para a Revista Canavieiros; divulgar as atividades realizadas pelo Departamento Técnico; atendimento a visitas; apoio técnico ao PEQ, PAA, CAR e PRA; monitoramento das estações meteorológicas.

19 Gustavo de Almeida Nogueira Gestor Operacional do Departamento Técnico Canaoeste Gestão Operacional dos Escritórios da Canaoeste localizados nos Municípios de Bebedouro, Barretos, Cravinhos, Descalvado, Ituverava, Morro Agudo, Pitangueiras, Pontal, Serrana, Sertãozinho, Severínia e Viradouro. Estruturação, divisão, definição da área de atuação e das metas, do Departamento Técnico, gestão Operacional dos Agrônomos e Secretárias de todos os Escritórios Regionais da Canaoeste, atualizações do Sistema de Relatórios e Acompanhamento de Metas. Gestão Operacional dos Laboratórios de Solo e Sacarose: Planejamento, acompanhamento e elaboração das Metas, busca de novos serviços. Gestão Operacional da Fazenda Santa Rita: Viveiro de Produção de Mudas de Cana-de-açúcar. Diversos: Participação nas Reuniões do Grupo Técnico da Orplana, realizadas em Piracicaba; participação nas Reuniões do Conselho Administrativo da ABAG-RP; visita aos Laboratórios das Unidades Industriais, novos projetos da Canaoeste. Relacionamento institucional com a Unica: novas parcerias para o aumento dos serviços oferecidos aos associados. Relacionamento Institucional com Centros de Pesquisa: CTC, IAC, UFSCar. Reuniões Técnicas da Canaoeste Abril e Maio de 2013. Datas Escritórios Apoio Tema 09 de abril Pitangueiras Dow Controle de Ervas Daninhas em Cana-de-açúcar 11 de abril Ituverava Syngenta Encontro sobre Variedades de Cana-de-açúcar 16 de abril Pontal Dupont Controle de Ervas Daninhas em Cana-de-açúcar 17 de abril Bebedouro Stoller Utilização de Micronutrientes e Bioreguladores na Cana-de-açúcar 18 de abril Cravinhos Dupont Controle de Ervas Daninhas em Cana-de-açúcar 18 de abril Morro Agudo a definir Controle de Ervas Daninhas em Cana-de-açúcar 25 de abril Severinia Bio Soja Utilização de Micronutrientes e Bioreguladores na Cana-de-açúcar 25 de abril Viradouro Syngenta Ferrugens na Cana-de-açúcar 28 de maio Sertãozinho LL Cultivar Agricultura de Precisão Para mais informações, consulte os Eng Agrônomos nos escritórios da Canaoeste

20 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS PRODUTORES RURAIS E EMPRESÁ- RIOS DO INTERIOR PAULISTA - BALANCETE - Fevereiro/2013 Valores em Reais

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22 Matéria de Capa Mecanização na lavoura Preparo de solo e escolha da variedade correta são fatores que influenciam na qualidade do plantio mecanizado Carla Rodrigues Nos últimos seis anos, o método de plantio mecanizado começou a ganhar espaço nos canaviais, atingindo uma área de 65% no Estado de São Paulo. Os principais fatores que levaram a este número foram as dificuldades de atendimento às exigências da NR 35, o aumento do custo da mão de obra e a própria expansão do setor. Esta modalidade de plantio exige um maior controle de qualidade, desde a escolha da muda, até a cobrição, uma vez que os fatores de risco para o insucesso, são ainda maiores que no plantio manual. Isto acarretará a valorização do trabalho das equipes de qualidade. Segundo os consultores da Datagro Alta Performance uma unidade de negócios da Datagro, que cuida dos aspectos técnicos e operacionais da produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol Paulo Zancaner Castilho e Otavio Tufi, ainda existem situações em que se considera o dano causado pela broca, como dano causado pela colhedora de muda, o que não é verdade. Para eles, os principais fatores que podem influenciar o plantio são o tipo de máquina escolhida e a tecnologia empregada, o preparo de solo e a variedade da cana. Também é importante utilizar insumos como fungicidas e inseticidas corretamente, além do treinamento e adaptação das equipes que irão Consultores da Datagro Otavio Tufi e Paulo Castilho realizar o plantio. Ainda há a necessidade de uma atenção maior em relação ao déficit hídrico, já que esta modalidade de plantio vem mostrando que é preciso ser mais cauteloso em relação à disponibilidade de água.

23 Foto: Arquivo Datagro Castilho e Tufi também afirmam que dificuldades podem ser deparadas no plantio mecanizado, e consequentemente comprometer a qualidade da operação. A principal dificuldade é manter a qualidade das mudas após a colheita, pois os danos às gemas e toletes, se não forem tomados alguns cuidados, em geral são muito elevados, como também mantermos a uniformidade na distribuição de gemas/metro, sem exceder o consumo de muda, disseram. Vantagens também podem ser encontradas neste método, como o menor número de funcionários envolvidos por hectare plantado, a possibilidade do trabalho 24 horas e a regularidade da operação, além da otimização do uso da frota agrícola, reduzindo o custo fixo da estrutura de safra. Já no caso da plantadora é possível preservar a umidade do solo, já que é realizado o sulco, a distribuição da muda e o cobrimento concomitantemente, não deixando o sulco aberto evitando a perda da umidade residual. Os consultores explicam que hoje não é verificada diferença quanto à brotação dos talhões plantados manual e mecanicamente. Isso somente ocorre, quando alguns cuidados na operação não são tomados, pois hoje em dia a técnica do plantio mecânico está dominada e não é para ter diferença significativa entre os dois sistemas. É claro que melhorias podem ser realizadas para garantir a qualidade da brotação das gemas e uniformidade de distribuição de mudas, por exemplo, um bom planejamento, o uso de equipamentos bem ajustados e regulados e a escolha da variedade de cana correta, que nem sempre estão sendo utilizados ao mesmo tempo e isso é essencial para que o plantio tenha sucesso, pois é um sistema que por um lado traz ganhos, porém pelo outro exige um pouco mais de atenção do agricultor, além da necessária capacitação da equipe, explicaram. De acordo com Castilho e Tufi, em relação ao consumo de mudas por hectare plantado no sistema mecanizado, eles levantaram, junto ao setor, um número próximo a 22 toneladas, o que é muito alto e ainda tem que melhorar. Este consumo elevado está relacionado com os danos provocados nas gemas, na manipulação da muda em todos os processos mecânicos, que força o técnico ajustar a quantidade colocada no sulco para garantir a brotação. Um fator relevante para este excessivo consumo de mudas é a insegurança da equipe em relação a germinação do plantio, que será mudada com conscientização e treinamentos. Hoje o que se costuma ver são sulcos adubados com muda, pela excessiva quantidade deste insumo no sulco de plantio. Foto: Arquivo Datagro Sabemos que dentro da formação do custo de plantio, o custo da muda é um dos que mais impacta. Este fato dificulta um maior ganho de competitividade do plantio mecanizado em relação ao manual. Entendemos que um número bom atualmente seria consumir em torno de 18 toneladas e equipes com experiência podendo chegar a 15 toneladas por hectare, comentaram os consultores. Eles ainda fazem uma comparação entre o número de pessoas necessárias para realizar o trabalho de uma máquina. Em média hoje são utilizadas de 2,5 a 3,0 pessoas por hectare no plantio mecanizado, mas existem casos de 1,5 pessoas por hectare, sendo o ganho de eficiência fundamental para a melhoria deste índice. Já no plantio manual são necessárias 8,5 pessoas por hectare. Conforme dados da Datagro, hoje o plantio mecanizado está 14,88% mais caro que o manual, sobretudo pelo consumo maior de muda, mas com a adequação deste consumo e a diluição do custo fixo da frota, e com a utilização plena da mesma durante todo o ano, o custo do plantio mecanizado será menor que o manual. O rendimento médio está entre sete a oito hectares por dia, o que, segundo Castilho e Tufi, ainda é baixo. Fazendo uma analogia com a colheita mecanizada, vale lembrar que num passado não muito distante, as colhedoras de cana colhiam 250 toneladas por dia e hoje estão em 700 toneladas por dia, chegando a alguns casos a 900 toneladas por dia. Isto deixa bem claro o quanto ainda temos que caminhar, em eficiência do aproveitamento do tempo, no plantio mecanizado. Quando o assunto é mercado, os consultores afirmam que hoje a maioria das empresas fabricantes de implementos e equipamentos canavieiros tem em sua linha a plantadora e/ou distribuidora de cana, o que facilita muito na hora da aquisição. Eles ainda alertam sobre a importância da avaliação do produto para que ele se adeque à utilização conjunta com a frota já existente. RC