RESOLUÇÃO N o 14/2007, DO CONSELHO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Aprova o Regimento Interno do Comitê de Ética na Utilização de Animais CEUA. O CONSELHO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, no uso das competências que lhe são conferidas pelo art. 18 do Estatuto, em reunião realizada aos 12 dias do mês de dezembro do ano 2007, tendo em vista a aprovação do Relatório Único referente ao Processo n o 68/2007, R E S O L V E: Art. 1 o Aprovar o Regimento Interno do Comitê de Ética na Utilização de Animais CEUA, da Universidade Federal de Uberlândia, cujo inteiro teor se publica a seguir: REGIMENTO INTERNO DO COMITÊ DE ÉTICA NA UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS CEUA CAPÍTULO I DA NATUREZA E DA FINALIDADE DO COMITÊ Art. 1 o O Comitê de Ética na Utilização de Animais, neste Regimento designado pela palavra Comitê ou pela sigla CEUA, é um órgão colegiado, interdisciplinar e independente, com munus público, de caráter consultivo, deliberativo e educativo. O CEUA está vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação PROPP da Universidade Federal de Uberlândia UFU, constituído nos termos de designação do Reitor em Portaria própria. Art. 2 o O CEUA destina-se a fazer a revisão ética de toda e qualquer proposta de atividade científica ou educacional que envolva a utilização de animais vivos não-humanos, essencialmente de grupos vertebrados, sob a responsabilidade da Instituição, seguindo e promovendo as diretrizes normativas nacionais e internacionais para pesquisa e ensino de pós-graduação envolvendo tais grupos. 1 o É dever primordial do CEUA defender os interesses dos animais em sua integridade, dignidade e vulnerabilidade, assim como zelar pelo desenvolvimento da pesquisa e do ensino de pós-graduação segundo elevado padrão ético e acadêmico. 2 o Antes de qualquer atividade envolvendo animal, o pesquisador/professor deverá encaminhar a sua proposta ao CEUA, com a ciência de seu superior hierárquico, e só poderá iniciar a pesquisa ou atividade educacional envolvendo animais após a avaliação do Comitê, apresentada em Parecer. 3 o Entende-se por utilização: manipulação, captura, coleta, criação, experimentação (invasiva ou não-invasiva), realização de exames ou procedimentos cirúrgicos ou qualquer outro tipo de intervenção que possa causar estresse, dor, sofrimento, mutilação e/ou morte. 4 o A utilização de animais não-vivos deve obedecer à legislação e aos regulamentos internos em vigor, além de ser compatível com as normas éticas deste Regimento. 1 de 5
CAPÍTULO II DA ORGANIZAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO Art. 3 o O CEUA é composto de treze membros titulares, cujos nomes serão indicados pelas unidades acadêmicas das áreas de ciências biomédicas, de ciências exatas e de ciências humanas, bem como pelo Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação, que indicará um representantes da Pró- Reitoria e da comunidade. 1 o Na constituição do CEUA participarão profissionais da Instituição, ativos ou aposentados, com, pelo menos, metade dos membros com experiência em pesquisa ou ensino de pós-graduação envolvendo animais, e 70% de docentes da ativa. Atuando como fiscal dos interesses dos animais há dois membros representantes da comunidade, que são prioritariamente solicitados à Associação Protetora dos Animais ou a outra organização não governamental com finalidade similar. 2 o O CEUA tem a seguinte composição: I três membros das áreas citadas no caput deste artigo; II sete membros de áreas que utilizam direta e intensivamente animais (Medicina, Veterinária, Biomedicina, Odontologia, Genética e Bioquímica, Biologia e Psicologia); III dois membros da comunidade, e IV um representante da PROPP. 3 o Nos termos do 1 o deste artigo, o CEUA terá caráter multi e trans-disciplinar, não havendo mais que a metade de seus membros pertencentes à mesma categoria profissional, participando pessoas de ambos os sexos. O CEUA poderá ainda indicar consultores ad hoc, pessoas pertencentes ou não à Instituição, com a finalidade de fornecer subsídios técnicos. 4 o A nomeação dos membros do CEUA será por três anos, permitida uma recondução consecutiva por mais três, por meio de ato do Reitor, a partir da indicação das Unidades Acadêmicas. 5 o Na primeira reunião de trabalho, o CEUA escolherá por votação, entre os seus membros, o Presidente do Comitê, como seu coordenador, para um mandato de três anos, permitida uma recondução consecutiva. 6 o Os membros não receberão remuneração pelo trabalho no CEUA, sendo porém dispensados na UFU de outras obrigações, no horário da execução do trabalho. 7 o Os membros do CEUA deverão ter independência na tomada das decisões no exercício das suas funções, mantendo sob caráter confidencial as informações recebidas, isentando-se em questões financeiras e abstendo-se no caso de conflito de interesses envolvendo a si próprios. 8 o O Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFU, por intermédio de seu representante no CEUA, acompanhará os trabalhos, podendo recorrer ao Conselho Universitário de deliberação que possa comprometer ou prejudicar o interesse da Instituição. Art. 4 o O CEUA reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, e, extraordinariamente, sempre que convocado por seu Presidente, por iniciativa sua ou por requerimento da maioria dos seus membros. 1 o De cada reunião do CEUA será lavrada respectiva Ata, assinada pelo Presidente e membros presentes, em livro próprio ou em folhas soltas, com numeração seqüencial, para arquivamento na Secretaria do Comitê. 2 de 5
2 o As reuniões e deliberações do CEUA obedecerão ao disposto no Regimento Geral da UFU, art. 238 e seguintes, do Capítulo I Dos Colegiados. Art. 5 o Compete ao Comitê: CAPÍTULO III DAS ATRIBUIÇÕES I avaliar Protocolos de Pesquisa ou de Ensino de Pós-graduação, envolvendo quaisquer animais vivos não-humanos, inclusive os realizados por duas ou mais Unidades, Departamentos, Núcleos ou Disciplinas, cabendo-lhe a responsabilidade primária pelas decisões sobre a ética na pesquisa a ser desenvolvida na Instituição; II emitir parecer consubstanciado por escrito, no prazo máximo de trinta dias, identificando com clareza o ensaio, documentos estudados, data da revisão e avaliação do Comitê. A revisão de cada Protocolo culminará com seu enquadramento em uma das seguintes categorias: a) aprovado: quando o Comitê considera o Protocolo aceitável eticamente; b) com pendência: quando o Comitê, apesar de considerar o Protocolo quase aceitável, identifica ainda algum problema e recomenda uma revisão específica, ou uma modificação ou informação relevante, que deverá ser atendida em até sessenta dias pelos pesquisadores ou docentes; c) retirado: quando, transcorrido o prazo, o Projeto ou Protocolo permanece pendente; e d) não aprovado: quando o Comitê não considera o Protocolo aceitável eticamente dadas razões, especificadas no Parecer, para o pesquisador; III manter a guarda confidencial de todos os dados obtidos na execução de sua tarefa e arquivamento do processo completo; IV acompanhar o desenvolvimento dos projetos e aulas pela análise dos relatórios anuais dos pesquisadores e professores; V desempenhar papel consultivo e educativo, fomentando a reflexão em torno da ética na ciência; VI receber denúncias de abusos ou notificação sobre fatos adversos, que possam alterar o curso normal do estudo, decidindo pela continuidade, modificação ou suspensão da pesquisa ou atividades didáticas. Considera-se como eticamente inaceitável a pesquisa descontinuada sem justificativa; VII requerer instauração de sindicância à direção da UFU, em caso de denúncias de irregularidades de natureza ética nas pesquisas ou aulas práticas, realizadas dentro dos seus campi; e VIII manter comunicação regular e permanente com organizações e comissões nacionais e internacionais afins. Parágrafo único. No caso de Protocolos realizados por mais de uma Unidade, Departamento, Núcleo ou Disciplina, o encaminhamento deverá ser feito em conjunto com todos os participantes. Art. 6 o O Protocolo de Pesquisa ou de Ensino de Pós-graduação referido no art. 5 o, a ser submetido ao CEUA, somente poderá ser apreciado após preenchimento e entrega dos formulários próprios, incluindo termo de compromisso, assinado pelo pesquisador/professor responsável e pela Instituição, atestando cumprimento das normas éticas na utilização de animal. 3 de 5
CAPÍTULO IV DAS NORMAS ÉTICAS Art. 7 o As diretrizes normativas utilizadas pelo Comitê para apreciar e avaliar os Protocolos devem ser tornadas públicas para toda a comunidade acadêmica e, periodicamente, estudadas à luz da experiência e de novas recomendações éticas e técnicas de conselhos nacionais e internacionais afins, e obedecerão aos seguintes princípios: I as atividades científicas e educacionais que incluam quaisquer animais vivos não-humanos deverão sempre respeitá-los em sua dignidade e protegê-los em sua vulnerabilidade; II o respeito à dignidade animal exige que toda atividade científica ou educacional, envolvendo animais, se processe após avaliação do CEUA, que manifestará por escrito aprovação, após apreciar o Protocolo de Pesquisa ou de uso educacional; III a proteção dos animais em sua vulnerabilidade exige que os danos sérios e previsíveis àqueles animais individualmente envolvidos (estresse, dor, sofrimento, danos à integridade física e morte), e que ocorram exclusivamente por causa da utilização científica ou educacional, deverão ser, ordinariamente, evitados; IV no caso de danos e riscos sérios considerados estritamente necessários pelo pesquisador, um parecer cuidadoso, com as razões que justificam esta consideração, incluindo explicitação dos riscos e danos, e dos benefícios previsíveis intencionados (para os animais envolvidos, e/ou para a saúde humana ou animal em geral, e/ou para o avanço do conhecimento científico), e dos meios de atenuar ao máximo a extensão dos danos, deve ser apresentado no Protocolo ao Comitê de Ética, que deliberará sobre sua aceitabilidade ou não, extraordinariamente, à luz das normas éticas e da ponderação de alternativas e conseqüências; V toda criação e acomodação de animais e todo Protocolo para sua utilização devem prever condições que sejam bem suportadas pelos animais do ponto de vista de seu bem-estar; e VI Protocolo de Pesquisa, em qualquer área do conhecimento, envolvendo animais, deverá observar ainda as seguintes exigências: a) ser realizado somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser conseguido por métodos alternativos que substituam o uso de animais (como métodos computadorizados, pesquisa in vitro, uso de cadáveres, ou outro método alternativo existente na comunidade científica); b) quando o uso de animais for inevitável, deve ser realizado com técnica(s) que reduza(m) o número de animais e que refina (qualifique) o procedimento de maneira a evitar ou mitigar, ao máximo, riscos e danos aos animais; c) justificar claramente a escolha dos animais sujeitos da pesquisa, especificando no Protocolo a seleção de animais de espécie apropriada e em número mínimo para obter resultados válidos cientificamente; d) especificar no Protocolo todos os danos e benefícios previsíveis, justificando danos e riscos sérios pela comparação com benefícios maiores previsíveis; e) declarar cumprir as exigências contidas nestas normas; f) considerar a suspensão da pesquisa imediatamente ao perceber algum risco ou dano sério ao bem-estar do animal participante da pesquisa, conseqüente à mesma, não previsto no termo de autorização e que não seja justificável ou necessário; 4 de 5
g) os animais participantes nos Protocolos que vierem a sofrer qualquer tipo de dano, previsto ou não no termo de autorização, terão direito à assistência visando reparação ou atenuação ao máximo do dano sofrido; h) no caso de quaisquer procedimentos cirúrgicos previstos e aprovados pelo CEUA deve-se utilizar técnicas adequadas de antissepsia, sedação, analgesia e/ou anestesia (PROIBIDO o uso de agentes paralisantes, como curare e similares), considerando-se as recomendações do CEUA (cf. Protocolos Para Procedimentos Cirúrgicos Recomendados ); i) no caso de ocorrência inesperada de dor ou desconforto intensos ou crônicos, e que não podem ser aliviados, ou no caso de necessidade estrita, aprovada pelo CEUA, de se tirar a vida do animal, deve-se praticar eutanásia seguindo o melhor protocolo adequado ao caso e ao bem-estar do animal, considerando-se as recomendações do CEUA (cf. Protocolos de Eutanásia Recomendados ); e j) o destino dos animais utilizados, incluindo animais mortos e em pós-cirurgia, deve ser explicitado claramente no Protocolo, cumprindo-se os preceitos de saúde pública, biosegurança e bem-estar animal. CAPÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES REGIMENTAIS GERAIS E TRANSITÓRIAS Art. 8 o Os Protocolos e Relatórios correspondentes serão arquivados por cinco anos após encerramento do estudo. Art. 9 o Os casos omissos e as dúvidas surgidas na aplicação do presente Regimento Interno serão dirimidos pelo Conselho do CEUA. Art. 10. O presente Regimento Interno poderá ser alterado pelo Conselho de Pesquisa e Pósgraduação, mediante proposta do CEUA ou da PROPP, por meio de Resolução que contemple a alteração solicitada e aprovada. Art. 11. Todo Projeto de Pesquisa, em andamento ou recém-concluído, que envolve animais vivos não-humanos poderá solicitar, até o prazo de um ano, atestado ao CEUA sobre a condução ética do trabalho desenvolvido na Instituição. Art. 12. Serão receptíveis pela Instituição as Normas posteriores à Lei Federal n o 9.605/98, quanto à prática didático-científica de utilização de animais, resguardada a autonomia didáticocientífica da Universidade.. Art. 2 o Esta Resolução entra em vigor nesta data. Uberlândia, 12 de dezembro de 2007. ELMIRO SANTOS RESENDE Presidente em exercício do Conselho de Pesquisa e Pós-graduação 5 de 5