Nestlé GUIA TÉCNICO. Controles zootécnicos. Registros de produção e reprodução contribuem para o sucesso na atividade

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Transcrição:

Nestlé Controles zootécnicos Registros de produção e reprodução contribuem para o sucesso na atividade Ano 1 Número 6 Out./Nov. 2014 GUIA TÉCNICO Eficiência e qualidade na produção leiteira Nesta Edição Boas informações facilitam a tomada de decisões Registros de produção Índices de monitoramento da eficiência reprodutiva Condição corporal Caso de sucesso

Guia Técnico Nestlé Informações confiáveis facilitam a tomada de decisões Controles bem feitos identificam pontos que precisam ser melhorados na busca por melhor rentabilidade Para gerenciar com competência e profissionalismo uma propriedade leiteira é essencial ter informações corretas, obtidas de registros confiáveis. Para isso, é necessário dispor de um controle eficiente dos aspectos zootécnicos e administrativos. A partir desse controle, podese estabelecer objetivos que aumentam a competitividade do produtor e permitam seu crescimento na atividade. Fator fundamental para o sucesso do produtor leiteiro é chegar ao perfeito equilíbrio entre o ótimo produtivo e o ótimo econômico. Esta edição discute os controles zootécnicos. Na próxima analisaremos os controles econômicos. O valor da assistência técnica Para alguns produtores, registrar e analisar os controles produtivos e reprodutivos pode trazer dificuldade, o que torna indispensável o apoio da assistência técnica. Existem programas como o NATA (Núcleo de Assistência Técnica Autorizada) e o Educampo em que o atendimento é feito para grupos de produtores, o que reduz custos e torna a assistência técnica acessível a todos. Os Supervisores de Distrito Leiteiro (SDL) que atendem as propriedades podem explicar melhor como participar do NATA ou do Educampo. Controles zootécnicos A principal característica esperada de um animal leiteiro é a produção de leite. Todos os índices de um controle zootécnico são focados neste aspecto e servem para monitorar a produção e a produtividade da propriedade, acompanhando a eficiência de cada animal e do rebanho. Para que os indicadores cumpram bem essa função, as atividades da propriedade devem ser registradas em um caderno, em fichas ou, preferencialmente, em planilhas de programas de computador desenvolvidos para essa finalidade. O controle zootécnico aborda dois aspectos principais: Controle leiteiro, ou de produção Controle reprodutivo Controle leiteiro, ou de produção Antes de tudo, é preciso considerar que para um animal apresentar a produção esperada, ele tem que ter acesso ao manejo adequado e a uma dieta balanceada e consumi-la adequadamente. Ou seja, existe a dieta balanceada pelo nutricionista, que é servida aos animais, e a que efetivamente é consumida pelo rebanho. Se o consumo ficar abaixo do exigido, a produção de leite só será atingida se for à custa do uso de reservas corporais. 2

Controles zootécnicos Registros de produção Controle leiteiro Registra a produção de leite da propriedade, total e por animal. O volume do dia deve ser medido no tanque de resfriamento com a utilização da régua que converte em volume a altura que o leite ocupa no tanque. Já o controle de produção de cada vaca deve ser feito no mínimo uma vez ao mês, através da pesagem do que ela produz. Benefícios do controle leiteiro individual: Permite conhecer as vacas de maior produção. Ajuda a separar os animais por lote para, com isso, otimizar o uso de concentrado e da dieta. Dá informações sobre a persistência e período de lactação. Contribui para o melhoramento genético do rebanho. Identifica animais que podem ser descartados. Produção por lactação Deve ser a maior possível em função do tipo de gado e das condições de manejo adotadas. No caso de sistema de leite a pasto, produção acima de 3.000 litros por vaca em 305 dias de lactação é considerada boa. Vacas da raça Holandesa confinadas ou semiconfinadas deverão produzir acima de 7.000 litros por lactação de 10 meses. Importante: a melhor vaca nem sempre é a que dá mais leite, mas sim a que dá mais lucro. Produção por intervalo entre partos (IEP) Providência interessante é relacionar a produção por lactação ao intervalo de partos, forma que ajuda a definir as vacas mais eficientes. Como exemplo, vamos considerar duas vacas, conforme o quadro abaixo. A Bolinha produziu 12.000 kg e a Rosinha 16.000 kg em suas lactações. Relacionando-se a produção com o intervalo de partos, verifica-se que a Bolinha é a mais eficiente: dividindo-se a produção pelo intervalo de partos, ela produziu 1.334 kg de leite a mais em um ano. Além disso, se esse cenário se repetir nos próximos ciclos, a cada três anos Bolinha dará uma cria a mais. Vaca Produção total (Kg) IEP (meses) Produção/ IEP (kg/ano) Bolinha 12.000 12 12.000 Rosinha 16.000 18 10.666 Duração da lactação É o tempo em dias que vai do parto ao final da lactação, quando ocorre a secagem da vaca. O ideal é uma lactação de 10 meses ou 305 dias, mas essa característica depende da genética da vaca. Para gado mestiço meio-sangue (F1 HZ), a duração da lactação deve estar acima de 290 dias. Já para vacas mais azebuadas, deve ser superior a 270 dias. Persistência de lactação Este índice corresponde à queda de produção de uma vaca durante a lactação. A lactação caracteriza-se por uma curva: entre 30 e 60 dias após o parto a curva é ascendente até atingir o volume máximo de produção, chamado de pico da lactação. Depois, a produção cai. Quanto menor a queda, maior a persistência de lactação, o que favorece o resultado econômico da propriedade. O registro da curva de lactação de cada vaca, obtido no controle leiteiro, mostra a persistência de cada animal. Considerar: Para se calcular o índice de persistência da vaca é necessário, a partir do pico de lactação, dividir o volume de leite produzido em um mês pelo volume produzido no mês seguinte. O percentual de queda da produção será o índice de persistência. Por exemplo, Supondo duas vacas que pariram em 01/01/13, encerraram a lactação em 01/01/14 e produziram no pico (01/03/13) 50 kg. No entanto, uma secou produzindo 25 kg de leite e a outra secou com 10 kg de leite. A primeira tem maior persistência, pois sua queda de produção foi de 5% por mês a partir do pico. Já a outra teve queda de 8%. Embora possa haver alteração na produção de leite de acordo com a idade do animal (vacas de primeira cria têm menor persistência), o fator que determina essa característica é a genética do bovino. A boa persistência é importante também para minimizar prejuízos quando a reprodução do rebanho mostra-se ineficiente. Assim, vacas de 3

Guia Técnico Nestlé boa persistência prolongam a lactação por 14 meses ou mais sem que o volume de produção fique muito comprometido. Vacas em lactação Quanto maior o percentual de vacas em lactação em relação ao total de vacas do rebanho, melhor para a rentabilidade. Considerase que o ideal é ter 80% do número total de vacas produzindo. Percentual baixo pode indicar problemas reprodutivos relacionados à sanidade, falhas nutricionais e na observação de cio, práticas de manejo incorretas e presença de animais com lactação curta. O ideal é ter intervalo de partos de 12 a 13 meses e trabalhar com vacas que produzam leite por no mínimo dez meses. Algumas providências que ajudam a subir o percentual de vacas em lactação: Descartar vacas com problemas reprodutivos ou de lactação curta. Melhorar a recria de fêmeas para que elas possam parir com o peso adequado (80% do peso adulto) com, no máximo, 30 meses de idade (o ideal é entre 24 e 25 meses). Buscar o melhoramento genético do rebanho. Ficar atento aos fatores que afetam os bons índices reprodutivos do rebanho como manejo, alimentação, conforto animal e sanidade. Período seco O ideal é secar a vaca 60 dias antes da data prevista para o parto. Um período seco de 90 dias ainda pode ser aceito, mas acima disso é ruim. Descarte de vacas/ano É desejável que as vacas sejam descartadas após a quarta cria porque nesse momento elas ainda são vendidas como vacas leiteiras. Isso significa que o descarte anual deveria ser de 20% a 25% das vacas. No entanto, se o rebanho não tem boa taxa de concepção é difícil adotar descarte ao redor de 20% a 25%. Principais índices produtivos para rebanhos bovinos leiteiros Índice Ideal Bom Regular Produção por lactação (1.000 kg): HPB / Mestiças HZ 6 a 7 / 3,5 a 4 5 a 6 / 2,5 a 3,5 4 a 5 / 1,5 a 2,5 Duração da lactação (meses) 10 a 12 9 a 10 8 a 9 Persistência de lactação (%) - (até o quarto mês de lactação 50 a 60% da produção e secar com 45 a 55% da produção ao pico) 89 a 90 70 a 805 60 a 70 Vacas em lactação (%) 80 a 83 70 a 79 60 a 69 Período seco (dias) 60 75 90 Descarte de vacas/ano (%) 20 a 25 15 a 20 10 a 15 Fonte: Embrapa Gado de Leite Controle reprodutivo A eficiência reprodutiva é o fator que mais afeta a produtividade e a lucratividade de um rebanho, mas há muitos obstáculos para otimizá-la. Em bovinos, a mortalidade pré-natal é uma das maiores causas de falhas reprodutivas e a maioria dessas perdas acontece durante os primeiros 35 dias de gestação chegando a atingir 40% dos embriões. Em um sistema em que a reprodução é ineficiente, ocorre aumento no descarte involuntário, diminuição do número de animais para reposição, menor progresso genético, maior gasto com inseminação e medicamentos. Além disso, há redução na produção de leite, pois haverá aumento do intervalo de lactações, assim como prolongamento do período seco da vaca e da proporção de vacas secas no rebanho. Pontos fundamentais que envolvem o sucesso reprodutivo: Oferecer condições que evitem partos prematuros. Iniciar rapidamente o tratamento de endometrites e doenças do pós-parto. Procurar antecipar o retorno ao cio e identificá-lo corretamente. Inseminar em tempo certo, monitorar a eficiência do inseminador e realizar o diagnóstico precoce da gestação. 4

Controles zootécnicos Índices de monitoramento da eficiência reprodutiva Idade à puberdade, à primeira cobertura e ao primeiro parto A puberdade é caracterizada pelo primeiro cio, momento em que a fêmea tem potencial para se reproduzir. A idade em que isso ocorre varia conforme a raça, mas o principal fator que influencia esse índice é o manejo nutricional. Em geral, as primeiras manifestações do cio ocorrem quando o animal apresenta cerca de 40% do peso que vai ter na idade adulta (o peso na idade adulta é obtido das próprias vacas do rebanho com mais de três partos), mas é necessário que o animal ao ser acasalado já tenha passado por alguns cios e tenha chegado a 60% do peso à idade adulta. Já a idade ao primeiro parto representa o marco onde o animal entra em sua fase produtiva. Quando A redução no intervalo entre partos aumenta a produção leiteira, faz crescer o número de novas bezerras e melhora a rentabilidade da propriedade mais cedo isso ocorrer, maior o número de crias produzidas e mais rápido o ganho genético. É importante saber: As raças especializadas atingem a puberdade quatro a seis meses mais cedo do que as raças zebuínas. Assim, novilhas taurinas podem entrar em reprodução ao redor de 15 meses de idade, o que permite o primeiro parto com 24 meses de idade. Deve-se respeitar um peso mínimo ao primeiro parto de 80% do peso à idade adulta. Estabelecida a meta de peso ao primeiro parto, é preciso estipular metas de ganho de peso durante as fases anteriores, de recria. Intervalo de partos O espaço de tempo ideal entre um parto e outro é de 12 a 13 meses. Intervalos mais longos retardam a próxima parição, atrasam a geração de um novo bezerro e de uma nova lactação e limitam a intensidade do melhoramento genético. O intervalo de partos pode ser considerado um termômetro das condições de alimentação, sanidade, conforto e manejo geral oferecido ao rebanho. Quanto menor o intervalo, maior a produção Veja o quanto a redução do intervalo de partos pode aumentar a produção de leite e o número de bezerros Intervalo (meses) Aumento percentual na produção de leite Número de bezerras nascidas por ano em um rebanho de 100 vacas De Para De Para 24 12 100% 50 100 21 12 75% 57 100 18 12 50% 66 100 16 12 33% 75 100 14 12 16% 86 100 Fonte: Ademir de Moraes Ferreira, Embrapa Gado de Leite. 5

Guia Técnico Nestlé Período de serviço É o tempo decorrido entre o parto e a concepção e costuma variar de 85 a 115 dias. A primeira ovulação após o parto ocorre ao redor de 25 dias, mas não é recomendável aproveitar o primeiro cio porque nessa fase o útero ainda não voltou à sua normalidade e a vaca não apresenta uma situação hormonal adequada para segurar outro feto. O aproveitamento do cio até 90 dias após o parto irá garantir um intervalo de partos de 12 meses. O cio na vaca saudável ocorre em intervalos de 18 a 24 dias e a sua duração varia de seis a 20 horas. A habilidade e o conhecimento técnico da pessoa responsável pela identificação do cio são fatores que pesam muito no sucesso da concepção. Por outro lado, condições desfavoráveis de ambiente, de manejo, de nutrição e problemas de saúde dificultam a instalação e observação do cio. Taxa de concepção Indica a percentagem de fêmeas que ficaram prenhes dentro de um dado período preferencialmente de 21 em 21 dias em relação ao número total de fêmeas inseminadas e o ideal é que atinja 50% no mínimo. Vacas que ficaram prenhes Vacas inseminadas Taxa de inseminação Representa a percentagem de fêmeas inseminadas em relação ao número de fêmeas aptas para inseminação, que são todas aquelas fêmeas que não estão gestantes e acima do período de espera voluntário que é de 45 dias de parida. A taxa de detecção de cio influencia diretamente este índice. Ou seja, quanto maior a taxa de detecção de cio, maior a taxa de inseminação. O ideal é que seja superior a 50%. Vacas inseminadas Vacas aptas para inseminação Taxa de prenhez Indicadora da eficiência reprodutiva. É calculada através da multiplicação da taxa de inseminação pela taxa de concepção e o ideal é que seja superior a 25%. Taxa de prenhez = taxa de inseminação x taxa de concepção (ideal > 25%) Principais índices reprodutivos para rebanhos bovinos leiteiros Índice Ideal Bom Regular Idade cobrição novilhas (meses): HPB / Mestiças HZ 15 a 17 / 21 a 22 18 a 21 / 23 a 25 22 a 24 / 26 a 27 Idade ao primeiro parto (meses): HPB / Mestiças HZ 24 a 26 / 29 a 31 27 a 30 / 32 a 34 31 a 33 / 35 a 36 Intervalo de partos (meses) 12,5 12,5 a 14 14 a 15,5 Período de serviço (dias) Até 100 101 a 145 146 a 190 Intervalo de parto e primeiro cio (dias) 20 a 30 31 a 50 51 a 70 Prenhez ao primeiro serviço (%) 65 a 75 58 a 64 50 a 57 Número de serviços por concepção Até 1,5 1,6 a 1,7 1,8 a 1,9 Fonte: Embrapa Gado de Leite 6

Controles zootécnicos Condição corporal Importante ferramenta para avaliar e monitorar o estado nutricional de um animal é sua condição corporal. Em bovinos leiteiros utilizam-se escores que variam de 1 (magra) a 5 (obesa) e que podem ter escalas de 0,25. Apesar de ser uma medição subjetiva, baseada na gordura depositada em algumas regiões, a estimativa da condição corporal deve ser realizada frequentemente e com especial atenção no momento do parto, no pico da lactação e na secagem. Vacas paridas em condição corporal ruim (magra) produzem bezerros mais leves e, em geral, com maior mortalidade no período de aleitamento, o que compromete o pico da lactação. Além disso, o período para recuperação da vaca é maior e ocorre atraso para o aparecimento do primeiro cio pós-parto. Já vacas que parem obesas (ECC > 4) tem maior predisposição a desenvolverem doenças, o que leva a queda na produção de leite e coloca em risco a vida do animal. Por isso, a condição corporal ao parto que a maioria dos técnicos considera como sendo 3,5 a ideal é um importante ponto no ciclo de lactação da vaca, pois afeta o consumo de alimento no início da lactação, a perda de reservas corporais no pós-parto, a produção de leite e a reprodução. Daí a importância de um pré-parto bem feito. Deve-se oferecer um trato especial para as vacas 30 a 60 dias antes da data prevista de parição, em local de fácil observação e com bastante sombra. Escores de condição corporal 1 1 2 2 3 Holandês X Mestiço 3 4 4 5 5 Influência da nutrição no pré e pós-parto sobre o desempenho reprodutivo Pré-parto Nutrição Pós-parto % de vacas em cio até 60 dias após o parto Índices reprodutivos Concepção ao primeiro serviço (%) Boa Boa 80 67 Ruim Boa 45 65 Boa Ruim 81 42 Ruim Ruim 17 33 Fonte: Wiltbank et al, 1962 (adaptado). Fontes: Revista Leite DPA, Embrapa Gado de Leite e Embrapa Pecuária Sudeste. Consultoria e revisão: Christiano Nascif, zootecnista, coordenador técnico do Programa de Capacitação de Especialistas em Pecuária Leiteira e Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira/UFV; Coordenador técnico do Projeto Educampo/Sebrae; Consultor do Senar e Marcus Vinícius Castro Moreira e André Navarro Lobato médicos veterinários do Programa de Capacitação de Especialistas em Pecuária Leiteira e Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira/UFV. Guia Técnico nestlé (Serviço ao Produtor de Leite) spl.faleconosco@br.nestle.com www.dpamericas.com.br Coordenação: Bárbara P. Solléro Bernardes, Serviço ao Produtor de Leite, tel.: (62) 3250 2726 Jornalista responsável: Luiz Laerte Fontes (MTb-SP 8346) LLfontes@ Lfcomunicacoes.com.br Direção de arte e editoração: Arco W Comunicação & Design www.arcow.com.br atendimento@arcow.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Fotos capa até pág. 7: Arquivo Nestlé/Gerson Sobreira. Foto pág. 8: Arquivo Nestlé. 7

Guia Técnico Nestlé Caso de Sucesso Fazenda Baú Crescimento com assistência técnica Produtor de Minas Gerais só tem elogios para o apoio que recebe no Educampo O produtor Geso da Mota Lima, proprietário da Fazenda Baú, em Lagoa Formosa (MG), está na atividade há 30 anos aproximadamente. Mas há apenas três anos ele resolveu fazer parte do Educampo, um programa do Sebrae, que tem parceria com a Nestlé, em que a assistência técnica é prestada por um profissional de ciências agrárias para um grupo de produtores. Ele lembra que quem sugeriu sua entrada no Educampo foi o Múcio Macedo, Supervisor de Distrito Leiteiro que atende sua propriedade: "O Múcio veio falar comigo e resolvi experimentar." Aí, entrou no grupo atendido pelo médico veterinário Carlos Henrique de Araújo Campos. Hoje, perguntado se recomendaria o Educampo a um colega produtor responde: "Na hora!" E se ouve questionamentos sobre o valor que gasta, ele explica: "O que eu pago não conta. O que conta é o quanto o Educampo me ajuda". Sobram motivos para a satisfação de Geso. Em setembro de 2011, quando entrou no Educampo, suas vacas produziam 680 litros/ dia, com a média, por vaca, de 17 litros/dia. Hoje, sua produção é de 1.200 litros/dia e as vacas produzem 22,5 litros/dia, na média. Ou seja, em três anos a produção do rebanho cresceu 76% e a média por vaca 32%. Esse ganho em produtividade é consequência dos bons índices O produtor Geso com os filhos Gabriel (esquerda) e Rafael. Rafael faz todas as anotações zootécnicas da propriedade zootécnicos que a fazenda passou a apresentar. Passos do programa Carlos Henrique explica que o primeiro passo em um programa de assistência técnica é realizar um diagnóstico econômico e técnico da propriedade: "O diagnóstico é importante porque revela os pontos que precisam melhorar. Na parte técnica, havia problemas com o intervalo entre partos (maior que 14 meses) e porcentagem de vacas em lactação (75%). Várias interferências, relacionadas à inseminação artificial e na nutrição das vacas em lactação e não lactantes foram decisivas para o aumento da produtividade. O intervalo entre partos agora é de 13,7 meses, ideal para animais do rebanho (Holandês 15/16), e as vacas em lactação representam 84% do total". Carlos Henrique ainda destaca: "Outra grande influência para a melhoria na produção diária de leite foi a diminuição na idade ao primeiro parto, que antes do projeto era maior que 30 meses e agora está ao redor de 23 meses. Isso é consequência da melhoria na cria das bezerras que é feita em casinhas individuais e divisão das recrias em cinco lotes e dieta balanceada para cada lote. Com todas essas providências, a margem bruta unitária por litro de leite aumentou em mais de 47%". Anotações em fichas No dia a dia da propriedade, Geso conta com a ajuda de seu filho, que é o responsável pelos registros. Assim que nasce uma bezerra, abre-se uma ficha onde são anotadas todas as ocorrências. De tempos em tempos, Carlos Henrique passa os dados para o computador. Convencido da importância da assistência técnica e dos resultados que traz, Geso está investindo em equipamentos e quer aumentar o número de vacas em lactação: passar das atuais 58 para 80. E já pensa em construir um barracão para instalar um compost barn, sistema de confinamento alternativo. Para ele, o apoio técnico é indispensável para crescer na atividade. 8