Autor(es) AMANDA PELLIGRINOTTI. Co-Autor(es) HELOISA MALAGUETTA DÉBORA GRIGIO LUVIZOTTO JOSÉ LUIZ SOUZA BEATRIZ PARISE. Orientador(es) KAYNA AGOSTINI



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Transcrição:

8º Simposio de Ensino de Graduação BIOLOGIA REPRODUTIVA DE QUESNELIA ARVENSIS EM INDIVÍDUOS DE BORDA E INTERIOR DA RESTINGA DA ILHA COMPRIDA, LITORAL SUL DE SÃO PAULO Autor(es) AMANDA PELLIGRINOTTI Co-Autor(es) HELOISA MALAGUETTA DÉBORA GRIGIO LUVIZOTTO JOSÉ LUIZ SOUZA BEATRIZ PARISE Orientador(es) KAYNA AGOSTINI 1. Introdução A restinga é um ecossistema que ocupa grande parte da extensão do litoral brasileiro sob dunas e planícies costeiras (SOARES; 2007). Seu solo é arenoso, altamente lixiviado e pobre em nutrientes (GUEDES et al., 2006). A vegetação é muito diversificada, sendo constituída de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas, que variam conforme o grau de inundação do terreno e o teor de salinidade (MIRANDA & HANAZAKI, 2008). Presente em quantidade considerável nesses ambientes, a família Bromeliaceae, com aproximadamente 56 gêneros e 3.010 espécies, é típica de zonas tropicais e subtropicais das Américas, sendo cerca de 40% de suas espécies encontradas no Brasil (NARA & WEBBER, 2002, apud, Sazima et al., 1989). São vegetais que apresentam adaptações as mais diversificadas condições de temperatura, umidade, luminosidade e até mesmo altitude, podendo se estabelecer em ambientes extremos, assim como ter hábitos que variam de epífito a terrestre (COSTA & WENDT, 2007). Segundo Nara & Webber (2002) as bromélias constituem uma das poucas famílias cuja polinização por vertebrados supera a realizada por invertebrados. Apresentam características de ornitofilia, como inflorescências vistosas, com brácteas vermelhas ou rosas, corola tubular, néctar escondido, odor ausente, entre outros. Quanto aos polinizadores, destaca-se o beija-flor como sendo o principal, seguido de morcegos, borboletas e abelhas, em menores quantidades. Devido à crescente exploração e intervenção humana em ambientes onde ocorrem tais espécies, nota-se a progressiva fragmentação e redução de várias populações naturais, tanto em áreas desprotegidas, como em unidades de preservação, tornando-se cada vez mais importante, estudos visando sua conservação (VIEIRA, 2006). 2. Objetivos Este trabalho tem como objetivo verificar se existem diferenças na biologia reprodutiva de Quesnelia arvensis na borda e interior da

restinga da Ilha Comprida, litoral sul de São Paulo. 3. Desenvolvimento O presente trabalho foi realizado na restinga baixa da Ilha Comprida, litoral sul de São Paulo, no dia 05/06/2010. Para coleta de dados foram escolhidos ao acaso 40 indivíduos da espécie Q. arvensis, sendo 20 indivíduos de borda e 20 indivíduos de interior da restinga. No período da manhã observaram-se os visitantes florais de Q. arvensis os quais foram fotografados e registrados. No período da tarde foram coletados dados referentes à floração da espécie, como estágio da inflorescência (inicial, intermediário e final), contagem de flores por inflorescência, flores em antese (flores com as pétalas fechadas, mas frouxa, e as flores que já haviam sido visitadas) e visitadas (flores que já haviam sido abertas pelos visitantes). O odor foi descrito de acordo com a percepção olfativa dos pesquisadores. Uma inflorescência foi coletada e preservada em álcool 70%, para análise da biologia floral em laboratório, com o auxílio de um microscópio estereoscópio. A análise laboratorial foi realizada no campus Taquaral da Universidade Metodista de Piracicaba, no município de Piracicaba, São Paulo. 4. Resultado e Discussão No dia da observação, inicio de junho, havia inúmeros indivíduos de Q. arvensis florescendo, em diversos estágios de inflorescência, tanto nos indivíduos de borda quanto nos de interior (Figura 1). Muitos dos indivíduos analisados estavam iniciando sua floração (32,5%), mas a maioria (57,5%) já estava no estágio final da inflorescência. De acordo com Vieira (2006) Q. arvensis apresenta pico de floração de junho a agosto. A média dos resultados referentes ao número de flores por inflorescência foi de 78 para indivíduos de borda e 79 para os de interior (Tabela 1), não havendo, portanto, diferença entre os dois ambientes. A quantidade de flores entre os indivíduos variou de 42 a 136 flores por inflorescência. Vieira (2006) registrou variações intrapopulacionais quanto à forma e tamanho das inflorescências de Q. arvensis, ocorrentes nos municípios de Mangaratiba, Parati e áreas adjacentes, destacando que variações são comuns no gênero Quesnelia, dificultando a delimitação das espécies. No dia da observação foi registrada uma média de 14 flores em antese por inflorescência, tanto em ambiente de borda quanto de interior (Tabela 1). A quantidade de flores em antese foi proporcional (n=0 a n=33) entre os indivíduos, independente do tamanho da inflorescência; n=0 apareceu apenas em indivíduos que ainda não haviam iniciado ou já haviam encerrado seu período reprodutivo. Araujo (1996) em estudo numa área de planície costeira do Litoral Norte de São Paulo obteve registro similar, uma média de 12 flores por dia. Entre as flores em antese receberam visitantes florais capazes de abrir as pétalas, uma média de 7 flores por inflorescência em indivíduos de borda e 6 flores por inflorescência em indivíduos de interior (Tabela 1). O beija-flor realiza visitas sequênciais em várias flores na mesma inflorescência. Como não houve diferença entre os ambientes, tanto na floração quanto nas visitas, acredita-se que havendo recurso disponível os visitantes florais não diferenciam o ambiente. Um dos fatores que poderia influenciar a floração da espécie seria a disponibilidade de luz, por ela ser um recurso essencial para o desenvolvimento das plantas (MANDAI et al., 2008), pois indivíduos de borda estariam mais expostos a luminosidade que os de interior. Segundo SUHOGUSOFF et al. (2005) ao longo da evolução muitas espécies de bromélias desenvolveram mecanismos adaptativos à condições de estresse no interior das matas, como baixa luminosidade, pouca disponibilidade de água, entre outros, isso justificaria o fato da luminosidade não ser um fator que interfira nos processos de floração desses indivíduos. Mandai et al. (2008) registrou em estudo realizado no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, que a diferença de luminosidade causou variações morfológicas apenas nas folhas de Q. arvensis, como menor inclinação e maior área foliar, sendo uma estratégia para aumentar a capacidade de captação de luz em ambiente de restinga fechada. Os indivíduos de Q. arvensis que habitam a restinga da Ilha Comprida apresentaram hábito terrestre, conforme Vieira (2006) essa espécie também pode crescer como epífita em regiões litorâneas ocupadas por restinga. Sua flor possui formato tubular de tamanho médio, com o ápice das pétalas fechado, ficando seus órgãos reprodutivos inclusos mesmo na antese floral, que ocorre no período diurno, sendo uma das características da síndrome de ornitofilia (MACHADO & SEMIR, 2006). De acordo com as observações de campo apenas os beija-flores e abelhas do gênero Euglossine foram capazes de abrir a flor para utilização de seus recursos. Segundo Machado et al. (2007) flores com o tubo comprido selecionam beija-flores de bico comprido, sendo o que o tubo médio é considerado generalista em relação ao bico dos beija-flores. As flores possuem coloração branca com o ápice das pétalas azul que contrasta com a coloração predominante que é a cor rosa das brácteas. Segundo Machado & Semir (2006) esse contraste faz parte da síndrome de ornitofilia, e de acordo com Araújo et al. (2009, apud, Faegri e Pijl, 1979; Proctor et al. 1996) os pássaros são atraídos pela tonalidade vermelha devido ao fato de não possuírem percepção do ultravioleta, enquanto que, alguns grupos de insetos são sensíveis ao ultravioleta sendo atraídos pelas colorações azul, verde e amarelo. Seu odor é fraco e suave. Geralmente flores ornitófilas são inodoras (MACHADO et al., 2007), sendo o odor doce e

suave associado à polinização por abelhas (MACHADO & SEMIR, 2006). Durante o período de observação os beija-flores foram os visitantes florais predominantes. Q. arvensis apresenta a ornitofilia como a principal síndrome de polinização (SANTOS, 2000). Segundo Machado & Semir (2006) os polinizadores mais importantes para as bromélias pertencem à família Trochilidae, sendo considerados os vetores de pólen de cerca de 85% das bromeliáceas por diversos estudos. Abelhas do gênero Euglossine, também visitaram as flores em antese (Figura 2) e apresentaram um comportamento de vibração, provavelmente para abertura das pétalas, mas não foi encontrado na literatura confirmação que essas abelhas sejam polinizadores eficientes de Q. arvensis. As Euglossini são importantes polinizadores de certas plantas da restinga, como algumas das famílias Bignoniaceae, Apocynaceae e Clusiaceae (ZEPEDA, 2008). As borboletas apareceram com menor frequência e visitaram apenas flores que já haviam sido abertas por outro visitante (Figura 2). Segundo Kaehler et al. (2004) a polinização por insetos em bromeliáceas é menos comum, e quando realizadas são feitas por abelhas e borboletas. Também foram registrados formigas (Figura 2) e ácaros nas inflorescências de Q. arvensis. Siqueira Filho & Machado (2001) observaram a presença da formiga Ectatomma tuberculatum (Ponerinae), em algumas inflorescências de Canistrum aurantiacum (Bromeliaceae) e um grande número de ácaros que utilizam o pólen como parte de sua dieta alimentar e são transportados de uma flor a outra no bico dos beija-flores. 5. Considerações Finais Na floresta de restinga da Ilha Comprida não há diferença na floração de Quesnelia arvensis, em relação ao estágio de floração da inflorescência, ao número de flores por inflorescência, as flores em antese, as flores visitadas e os visitantes florais, nos ambientes de borda e interior. Referências Bibliográficas ARAÚJO, AC. Beija-flores e seus recursos florais numa área de planície costeira do litoral norte de São Paulo. 1996. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia. ARAÚJO, JLO; QUIRINO, ZGM; NETO, PCG; ARAÚLO, AC. Síndromes de polinização ocorrentes em uma área de Mata Atlântica, Paraíba, Brasil. Biotemas, v.22, n.4, p. 83-94, dezembro de 2009. COSTA, AF; WENDT, T. Bromeliaceae na Região de Macaé de Cima, Nova Friburgo, Rio de janeiro, Brasil. Rodriguésia, v. 58, n. 4, p. 905-939. 2007. FAEGRI, K; PIJL, VD. 1979. The principles of pollination ecology. Pergamon Press, Oxford, UK, 127pp. GUEDES, D; BARBOSA, LM; MARTINS, SE. Composição florística e estrutura fitossociológica de dois fragmentos de floresta de restinga no Município de Bertioga, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, vol. 20, n.2 São Paulo Jun/Abr. 2006. KEAHLER, M; VARASSIN, IG; GOLDENBERG, R. Polinização em uma Comunidade de Bromélias em Floresta Atlântica Alto-montanha no Estado do Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 28, n. 2, p. 219-228, abr/jun. 2005. MACHADO, CG; SEMIR, J. Fenologia da floração e biologia floral de bromeliáceas ornitófilas de uma área da Mata Atlântica do Sudeste brasileiro. Revista Brasileira de Botânica, v.29, n.1, p.163-174, jan/mar. 2006. MACHADO, CG; COELHO, AG; SANTANA, CS; RODRIGUES, M. Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo rupestre da Chapada Diamantina, Bahia. Revista Brasileira de Ornitologia, v.15, n.2, p. 267-279 junho de 2007. MANDAI, CY; MARISCAL, AA; BARBOSA-OLIVEIRA, C; NASCIMENTO, MC. Variações morfológicas em Quesnelia Arvensis (bromeliaceae) em diferentes condições de luz. Práticas em Pesquisa da Ecologia da Mata Atlântica 2008. Disponível em < http://ecologia.ib.usp.br/curso/2008/pdf/ O_03_05.pdf>. Acessado em 10 de agosto de 2010. MIRANDA, TM; HANAZAKI, N. Conhecimento e uso de recursos vegetais de restinga por comunidades das ilhas do Cardoso (SP) e de Santa Catarina (SC). Acta Botanica Brasilica, v.22, n. 1, p. 203-215. 2008. NARA, AK; WEBBER, AC. Biologia floral e polinização de Aechmea beeriana (Bromeliaceae) em vegetação de baixio na Amazônia Central. Acta Amazônica, v. 32, n. 4, p. 571-588. 2002. PROCTOR, M; YEO, P; LACK, A. 1996. The natural history of pollination. Timber Press, London, UK, 479pp. SANTOS, CGM. Distribuição espacial, fenologia e polinização de Bromeliaceae na Mata Atlântica do Alto da Serra de Paranapiacaba, SP. Tese de doutorado (biologia vegetal) Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2000. SAZIMA, I; VOGEL, S; SAZIMA, M. 1989. Bat pollination of Encholirium glaziovii, a terrestrial bromeliad. Pl. Syst. Evol., 168:167-179. SIQUEIRA FILHO, JA; MACHADO, ICS. BIOLOGIA REPRODUTIVA DE CANISTRUM AURANTIACUM E. MORREN (BROMELIACEAE) EM REMANESCENTE DA FLORESTA ATLÂNTICA, NORDESTE DO BRASIL. Acta Botanica Brasilica, v.15, n. 3, p. 427-443. 2001. SOARES, BP. Almanaque Brasil Sócio Ambiental. 2ª ed. Instituto Socioambiental. 2008. p. 552.

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