Avaliações de aplicação de macro e micronutrientes via foliar a diferentes cultivares de arroz (Oryza sativa) Evaluation of macro and micronutrients via leaf application in different rice (Oryza sativa) cultivars LOYARA JOYCE DE OLIVEIRA*¹; MATHEUS BUZO FELICIANI ²; MONALISA VERGINIA FELÍCIO FERREIRA³; FERNANDO MIQUELETTI 4 ; SAMUEL FERRARI 5. 1 Graduanda de Engenharia Agronômica. UNESP FCAT DRACENA; ² Graduando de Engenharia Agronômica. UNESP FCAT DRACENA; ³ Assistente Agropecuário II- CATI/ SP; 4 Assistente Agropecuário II- CATI/ SP; 5 Professor Assistente Doutor. UNESP FCAT DRACENA. *loyaraoliveira@gmail.com RESUMO O arroz (Oryza sativa) atualmente é um dos principais cereais produzidos e consumidos em todo o mundo, caracterizado como fonte de alimento para cerca de 70% da população mundial, destacando-se a região da Ásia como maior produtora. No Brasil sua produção também é bastante considerável, alcançando cerca de 11,5 Mt de acordo com dados da FAO (2008), todavia seu potencial produtivo varia ao longo dos anos, resultando muita das vezes na importação do grão, muitos são os fatores que justificam essas variações de produção. O presente trabalho tem por objetivo avaliar a aplicação de macro e micronutriente via foliar em diferentes tipos de cultivares de arroz IAC 202 (testemunha), IAC 203, IAC 400, IAC 500 e IAC 600, instalada na área experimental pertencente ao Câmpus Experimental de Registro UNESP, localizada no município de Registro-SP, contando com aplicação de 50, 100, 150 e 200 kg de sementes ha -1 e adubação de semeadura foi aplicada 600 kg 04-14-08 ha -1. Posteriormente os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão polinomial para o fator quantitativo e teste de Tukey a 5% para o fator qualitativo. As cultivares IAC 202 e IAC 203 apresentaram os resultados elevados em relação à absorção de macronutrientes, e destacando-se o cv. IAC 500 com altos teores de B, Cu, Mn e Zn, mostrando dessa forma ser material com grande poder de absorção de micronutrientes. INTRODUÇÃO 276
Atualmente a cultura do arroz (Oryza sativa) é um dos cereais que mais se produz e são consumidas no mundo, se caracterizando como o principal alimento de mais da metade da população mundial. Somente na Ásia, de 60 a 70% do consumo calórico de mais de 2 bilhões de pessoas é proveniente do arroz e seus subprodutos (FAO, 2004). Já no Brasil, sua produção vem variando gradativamente ao passar dos anos, consequentemente não tem atendido o suficiente para o consumo interno do país, resultando assim na necessidade de importação do grão. Na safra 2011/12 a produção nacional de arroz foi de 11.599,5 mil toneladas e espera-se para a safra 2012/13 uma produção de 12.033,7 mil toneladas (1,03%) o que mostra uma estagnação na quantidade produzida alicerçando as reais necessidades de importações (CONAB, 2013). Atualmente estudos vem sendo realizados, demonstrando a eficiência e caracterização de distintos cultivares sendo arroz de sequeiro ou alagado à aplicação de adubação de macro e micronutrientes. Segundo Dechen et al. (1991), em solos arenosos pode ocorrer com mais frequência a deficiência de micronutrientes que, em áreas sistematizadas, dependendo da profundidade de remoção de solo, possibilita resposta positiva à adubação. Ainda poucos são os dados de pesquisa a respeito do efeito da aplicação de micronutrientes em arroz cultivado, em vista disso, foi realizado esse experimento com a intenção de avaliar a aplicação de macro e micronutrientes via foliar em diferentes cultivares na área experimental do Câmpus da Unesp de Registro- SP. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi instalado na área experimental pertencente ao Câmpus Experimental de Registro UNESP, localizada no município de Registro-SP. Neta, foi realizada a coleta de uma amostra composta, originada de 20 amostras simples do solo de toda área experimental (julho/2012), na profundidade de 0,0-0,20 m, revelando resultados apresentados na Tabela 1. 277
Tabela 01. Resultados da análise química do solo na profundidade de 0,0 0,20 m. Registro- SP, 2012. P resina S M.O. ph K Ca Mg H+Al Al CTC V mg/dm 3 g/dm 3 (CaCl 2 ) mmol c /dm 3 (%) 6 11 23 4,9 0,6 20 12 35 2 68 48 As atividades de preparo convencional do solo iniciaram-se em agosto de 2012 com aração por arado de aivecas e gradagem. Na sequência, após resultado da análise química do solo (Tabela 1) e seguindo recomendações de Cantarella e Furlani (1997) foi realizada a aplicação de 600 kg de calcário agrícola e incorporado ao solo através de gradagem de profundidade de 0,2 m. Antes da semeadura do arroz (novembro/2012) foi realizada mais uma gradagem para nivelamento do solo e controle das plantas daninhas existentes. Em 23 de novembro de 2012 foi realizado o tratamento das sementes de arroz, cultivares IAC 202 (testemunha), IAC 203, IAC 400, IAC 500 e IAC 600 com carbofurano e carboxina+tiram (1500 e 300 ml respectivamente p.c. 100 kg sementes). A semeadura foi realizada manualmente em 24 de novembro de 2012 e contou com aplicação de 50, 100, 150 e 200 kg de sementes ha -1. A adubação de semeadura foi realizada através da semeadoraadubadora e aplicados 600 kg 04-14-08 ha -1 conforme recomendação de Cantarella e Furlani (1997). A emergência das plântulas ocorreu em 03 de dezembro de 2012. Após o estabelecimento das mesmas, foram demarcadas as parcelas experimentais, sendo que cada uma contou com 6 linhas com 6,0 m de comprimento, espaçadas 0,35 m entre si. A área útil de cada parcela foi constituída pelas 4 linhas centrais, desprezando 0,50 m em ambas das extremidades de cada linha. O regime hídrico durante o cultivo das parcelas foi adequado para o ciclo das plantas (Figura 1), pois a cultura do arroz exige de 500 a 800 mm de chuva por ciclo (REICHARDT, 1987). 278
Precipitação (mm) Temperatura ( o C) 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas 250 Precipitação Temperatura 30 28 200 26 150 24 22 100 20 18 50 16 14 0 9/2012 10/2012 11/2012 12/2012 1/2013 2/2013 3/2013 4/2013 5/2013 Tempo (mês) 12 Figura 1. Temperatura e precipitação pluviométrica média em graus Celsius e milímetro respectivamente, dos meses de ciclo da cultura; (CIIAGRO Registro/SP, 2013). A adubação de cobertura foi aplicada em 03 de janeiro de 2013 (30 d.a.e.) com o fertilizante ureia (45% N). A dose utilizada foi estabelecida de acordo com o resultado da pesquisa desse sub-projeto do ano anterior (safra 2011/12), sendo utilizado 123 kg ha -1 de N. Também como resultado da pesquisa desse sub-projeto do ano anterior não foi necessário a aplicação de regulador de crescimento na cultura do arroz. O controle de plantas daninhas na área das parcelas experimentais foi realizado por aplicação em pós-emergência do herbicida metsulfuron - methyl (2,0 g ha -1 do i.a) aos 20 d.a.e. e também por controle de forma manual, através de capinas, sempre após avaliação e constatando-se necessidade. Foram realizadas duas aplicações de fungicida (azoxystrobin 400 ml ha -1 de p.c.) para controle de doenças (Pyricularia grisea e Bipolaris oryzea) em 04 de janeiro e 11 de fevereiro de 2013. Durante o início do florescimento (Cantarella e Furlani, 1997), (Tabela 2) foram coletadas 30 folhas bandeira das plantas de arroz para determinação dos teores de macro e micronutrientes das folhas de arroz. Após a secagem em estuda de circulação forçada de ar e temperatura de 65º C foram moídas e encaminhadas para laboratório para determinação dos macro e micronutrientes conforme metodologia de Bataglia et al. (1983). 279
Tabela 2. Datas de semeadura, emergência e coleta de folhas para determinação de macro e micronutrientes para cultivares e densidade de semeadura. Cultivares Semeadura Emergência Coleta de folhas IAC 202 17/02/13 IAC 203 11/02/13 24/11/12 03/12/12 IAC 400 20/02/13 IAC 500 17/02/13 IAC 600 15/02/13 Os dados foram submetidos à análise de variância e posteriormente à análise de regressão polinomial para o fator quantitativo e teste de Tukey para o fator qualitativo, (GOMES, 200), utilizando-se o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO Verifica-se que os diferentes cultivares de arroz e as densidades de semeadura não proporcionaram alterações significativas nos teores foliares de N (Tabela 3). Para os cultivares IAC 202 foram verificados os maiores teores de P e S foliar. Já para as densidades de semeadura não foi verificado resultado significativo. Na avaliação dos teores de K foliar, a cultivar com maiores concentrações foi a IAC 600 e a de menor foi IAC 500. Para teores de Ca nas folhas o cultivar com maior concentração foi IAC 203 e o que apresentou menores teores foi IAC 400. E na avaliação dos teores de Mg nas folhas os cvs. IAC 202 e IAC 203 foram os que tiveram maiores teores e o cv. IAC 400 teve os menores teores (Tabela 3). 280
Tabela 3. Valores de p>f e teste de comparação de médias para macronutrientes foliares dos cultivares de arroz e respectivas densidades de semeadura. Registro-SP, ano agrícola 2012/13. Teste F N P K Ca Mg S p>f Cultivares (c) 0,2267 0,0004 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 Densidade (d) 0,5010 0,1816 0,2898 0,1191 0,0951 0,9458 d*c 0,8111 0,6755 0,2771 0,0711 0,5917 0,0893 (g kg -1 ) IAC 202 30,15 0,91 a 13,39 bc 5,16 bc 4,16 a 3,39 a IAC 203 30,91 0,83 b 13,04 bc 6,00 a 4,12 a 3,01 ab IAC 400 28,52 0,85 b 14,12 ab 3,57 d 1,93 c 2,78 bc IAC 500 29,70 0,86 ab 12,10 c 4,81 c 3,11 b 2,59 c IAC 600 29,05 0,81 b 15,14 a 5,77 ab 2,64 b 2,84 bc C.V. % 8,93 5,77 8,20 12,33 16,55 11,86 D.M.S. 3,09 0,05 1,29 0,73 0,61 0,40 Regressão Polinomial 50 28,92 0,88 14,00 4,77 2,93 2,94 100 29,43 0,85 13,26 5,30 3,33 2,95 150 30,27 0,84 13,61 4,81 3,13 2,88 200 30,04 0,85 13,36 5,36 3,38 2,91 p>f (linear) 0,1757 0,1595 0,2346 0,0824 0,0631 0,6750 p>f (quadrática) 0,5918 0,0886 0,4050 0,9345 0,5779 0,9646 r2 (linear %) 79,23 40,18 37,51 28,44 53,62 48,19 r2 (quadrática %) 91,40 99,78 55,75 28,50 58,23 48,73 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Pela análise dos resultados obtidos da determinação de micronutrientes em folhas de arroz, em destaque foi o cv. IAC 500 com altos teores de B, Cu, Mn e Zn, mostrando dessa forma ser material com grande poder de absorção de micronutrientes. 281
Os menores teores foliares de B foram encontrados para o cv. IAC 600, tendo concentração média de 9,04 mg kg -1 de matéria seca. Para os teores de Mn, os cvs. de menor concentração nas folhas foram IAC 202 e IAC 400. E o cv. IAC 203 apresentou os menores valores de Zn nas folhas (Tabela 4). Pela análise dos teores foliares de micronutrientes em função das diferentes densidades de semeadura não foi possível verificar diferença significativa entre esses tratamentos. Tabela 4. Valores de p>f e teste de comparação de médias para micronutrientes foliares dos cultivares de arroz e respectivas densidades de semeadura. Registro-SP, ano agrícola 2012/13. Teste F B Cu Fe Mn Zn p>f Cultivares (c) 0,0087 0,0490 0,0851 0,0002 0,0303 Densidade (d) 0,3426 0,4918 0,8454 0,7334 0,7381 c*d 0,9341 0,7152 0,4727 0,8009 0,8415 (mg kg -1 ) IAC 202 9,93 ab 19,87 b 98,33 227,91 b 23,23 ab IAC 203 10,17 ab 20,83 b 104,58 318,33 ab 19,65 b IAC 400 11,29 ab 23,54 b 93,33 219,16 b 28,28 ab IAC 500 12,23 a 41,91 a 86,66 445,00 a 47,57 a IAC 600 9,04 b 21,95 b 97,91 316,66 ab 24,64 ab C.V. % 20,51 45,77 16,08 38,87 46,77 D.M.S. 2,52 15,69 18,57 138,79 25,74 Regressão Polinomial 50 10,20 21,66 98,33 283,33 24,51 100 10,53 22,76 96,33 320,00 27,01 150 10,03 25,03 93,33 293,66 30,20 200 11,37 33,03 96,66 324,66 32,97 p>f (linear) 0,2327 0,1601 0,6566 0,4805 0,2679 p>f (quadrática) 0,3702 0,5468 0,5082 0,9268 0,9809 r2 (linear %) 42,75 83,63 24,62 39,45 99,80 r2 (quadrática %) 66,65 98,68 79,32 40,11 99,85 282
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CONCLUSÃO Portanto, conclui-se que a aplicação de macro e micronutrientes via foliar, influenciou significativamente aos distintos cultivares, destacando se os teores de macronutrientes os cvs. IAC 202 e IAC 203 apresentaram os resultados elevados em relação à absorção de macronutrientes quando comparadas as demais cultivares mesmo a densidade de semeadura não influenciando. E destacando-se o cv. IAC 500 com altos teores de B, Cu, Mn e Zn, mostrando dessa forma ser material com grande poder de absorção de micronutrientes. REFERÊNCIAS BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R.; GALLO, J.R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1983. 48p. (Boletim Técnico, 78). CAMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - Conab. Safras/arroz. Disponível em: http:// www.conab.gov.br. Acesso em 09 de agosto de 2016. CANTARELLA, H.; RAIJ, B. van.; CAMARGO, C.E.O. Cereais. In: Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. RAIJ, B.van.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (Eds). 2. Ed.rev. Campinas: IAC. 1997. p.45-47 (Boletim Técnico, 100). DECHER, A. R.; HAAG, H. P.; CARMELLO, Q. A C. Diagnose visual. In: FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P. (Ed). Micronutrients in Agriculture. Piracicaba : POTAFOS / CNPq FAO. THE STATE OF FOOD AND AGRICULTURE 2008: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS Rome, 2008. Roma: Produced By The Electronic Publishing Policy And Support Branch - Fao, 2008. 138 p. (ISBN 978-92-5-105980-7). 283
FERREIRA, D. F. Estatística multivariada. Lavras: Editora Ufla, 2011. 662 p. REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. São Paulo, Manole, 1987. 188 p. 284