INOCULAÇÃO DE SEMENTES COM
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- Paulo Miranda Van Der Vinne
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1 INOCULAÇÃO DE SEMENTES COM Azospirillum brasilense E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA DO MILHO SAFRINHA Douglas de Castilho Gitti (1), Renata Azambuja Silva Miranda (2), André Luis Faveiros Lourenção (3), Renato Roscoe (3) Introdução A produção de milho (Zea mays L.) no Brasil na safra 2012/13 foi de 81,3 milhões de toneladas, sendo a segunda safra ou safrinha, responsável por 46,8 % da produção brasileira de milho (CONAB, 2013). A viabilidade econômica e os benefícios agronômicos, como rotação de culturas, redução de pragas e doenças, além do aproveitamento dos fertilizantes utilizados no sistema de produção consolida a utilização desta tecnologia pelos produtores (PEREIRA et al., 2009). O nitrogênio (N) é constituinte de vários compostos em plantas, destacando-se os aminoácidos, ácidos nucleicos e clorofila. O N pode ingressar no sistema solo-planta pela decomposição da matéria orgânica, deposições atmosféricas, fixação biológica - simbiótica ou não e pelas adubações químicas e orgânicas. Por ser um nutriente absorvido em grandes quantidades pelas plantas cultivadas, e por apresentar altas perdas por lixiviação e volatização, quando utilizado em condições desfavoráveis, pode representar o nutriente mais caro para a agricultura (CANTARELLA, 2007). A possibilidade da ocorrência de déficit hídrico no período de cultivo e dúvidas quanto à dose de N a ser aplicada em cobertura no milho safrinha em sucessão a soja são fatores que influenciam os produtores na utilização de fertilizantes nitrogenados, embora autores mencionem resposta à adubação com N em cobertura do milho safrinha (ROSCOE; MIRANDA, 2013; MAR et., 2003). A fixação biológica do N pelas bactérias do gênero Azospirillum em associação com gramíneas pode contribuir com o fornecimento de parte das necessidades das plantas por este nutriente. 1 Engenheiro-Agrônomo, M. Sc., Pesquisador da Fundação MS, Estrada da Usina Velha, Km 02, Zona Rural Caixa Postal 137, Maracaju, MS. douglas@fundacaoms.org.br 2 Engenheira-Agrônoma, aluna do curso de Pós-Graduação (Mestrado) da Universidade Federal da Grande Dourados UFGD. renata_azambuja@hotmail.com 3 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Pesquisadores da Fundação MS, Estrada da Usina Velha, Km 02, Zona Rural Caixa Postal 137, Maracaju, MS. andre@fundacaoms.org.br; renatoroscoe@fundacaoms.org.br [1]
2 O objetivo deste trabalho foi de avaliar a influencia da inoculação de sementes com Azospirillum brasilense e cinco doses de N (0, 40, 80, 120 e 160 kg ha -1 ) em cobertura no desenvolvimento e produtividade do milho safrinha. Material e Métodos O experimento foi realizado em 2013, no campo experimental da Fundação MS, em Latossolo Vermelho distroférrico em Maracaju, MS. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com cinco repetições e dez tratamentos distribuídos em fatorial 2 x 5, constituídos pela inoculação de sementes com A. brasilense (presença e ausência) e cinco doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120 e 160 kg ha -1 ) aplicadas em cobertura na cultura do milho. As parcelas foram constituídas por 5 linhas de milho com 12 m de comprimento, considerando-se como área útil as 3 linhas centrais com 4 m de comprimento. Os resultados da análise de solo nas profundidades de 0-20 e cm foram apresentados na Tabela 1. O registro de chuvas foi obtido em pluviômetro instalado na Fundação MS em Maracaju (Figura 1). Tabela 1. Análise química do solo da área experimental em Maracaju, MS, Prof. ph MO P 1 K Ca Mg Al H+Al SB T V (cm) CaCl 2 g dm -3 mg dm mmol c dm (%) ,6 26 não efet. 2 3, , , P Mehlich. 2 não efetuado. O milho consorciado com Brachiaria ruziziensis (2,0 kg ha -1 de sementes puras e viáveis), foi implantado mecanicamente com semeadora-adubadora desenvolvida para o sistema plantio direto, com espaçamento de 0,50 m entre-linhas. As sementes de milho foram tratadas com os inseticidas imidacloprido e tiodicarbe (52 e 158 g ha -1, respectivamente) e os fungicidas carbendazim e tiram (30 e 70 g ha -1 ). Após o tratamento de sementes e antes da semeadura foi realizada a inoculação de sementes com A. brasilense, utilizando as estirpes Ab-V5 e Ab-V6. O inoculante utilizado apresentava 2x10 8 células viáveis por ml do produto comercial, utilizando-se a dose de 100 ml de inoculante para 25 kg de sementes. [2]
3 A semeadura do milho foi realizada no dia 03/03/2013 utilizando o híbrido AG 9010 PRO, ocorrendo à emergência das plântulas seis dias após a semeadura. Na adubação de semeadura, foram aplicados 300 kg ha -1 da formulação Figura 1. Precipitação pluviométrica por decêndio, durante o período de condução do experimento de milho safrinha. Maracaju, MS, Na adubação nitrogenada em cobertura realizada no dia 30/03/2013, aos 21 dias após a emergência (DAE), quando as plantas apresentavam entre quatro e cinco folhas desenvolvidas, utilizou-se como fonte nitrogenada a ureia. Com relação ao manejo fitossanitário, não foram realizadas aplicações de defensivos para o controle de plantas daninha e pragas. A colheita do milho foi realizada no dia 31/07/2013, aos 144 DAE. Foram realizadas as avaliações: Altura de inserção da espiga: mensurada do nível do solo até a inserção do limbo da folha bandeira, em cinco plantas presentes na área útil de cada parcela no florescimento. Diâmetro de colmo: mensurado no centro do segundo entre nó a partir do nível do solo em cinco plantas presentes na área útil de cada parcela no florescimento. Teor de N foliar: na ocasião do florescimento, foram coletados o terço médio do limbo da folha abaixo da espiga em 15 plantas por parcela. Após secagem em estufa com circulação forçada, foram moídas e submetidas à digestão sulfúrica. Comprimento de espiga: no período de colheita, foram coletadas cinco espigas da área útil de cada parcela e mensurado o comprimento das espigas, realizado o comprimento médio das espigas. Produtividade: as espigas presentes na área útil foram colhidas aos 144 DAE e submetidas à trilha mecânica. Os grãos foram pesados e os dados transformados em kg ha - 1, corrigindo-se a produtividade para 13% de umidade (b.u.). [3]
4 Os resultados foram submetidos ao teste F da análise de variância e a comparação entre as médias dos tratamentos com e sem a inoculação de sementes pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (p < 0,05), e análise de regressão para as doses de N em cobertura. Foi utilizado o programa estatístico Sisvar para análise dos resultados. Resultados e Discussão A inoculação de sementes com A. brasilense não influenciou as variáveis analisadas do milho safrinha. A altura de inserção da espiga apresentou influência positiva linear com o aumento das doses de N em cobertura (Tabela 2). Tabela 2. Altura da inserção de espigas (AE), diâmetro de colmos (DC) e teor de N foliar (TN). Maracaju, MS, Tratamentos AE (m) DC (cm) TN (g kg -1 ) Azospirillum brasilense Doses de N (kg ha -1 ) Presença 1,51 7,0 30,3 Ausência 1,53 7,2 30,4 0 1,44 (1) 7,1 29,1 40 1,49 7,0 30,0 80 1,54 6,9 31, ,56 7,0 30, ,57 7,5 31,0 Inoculação (I) 0,67 ns 1,47 ns 0,01 ns Teste F Doses (D) 2,75 * 1,46 ns 1,33 ns I * D 1,18 ns 0,72 ns 0,79 ns CV (%) * e ns - significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey e não significativo, respectivamente. CV coeficiente de variação. DMS diferença mínima significativa. (1) y = 1, ,0008x (R 2 = 0,92). Mar et al. (2003) também obtiveram aumento da altura de inserção da espiga (ajuste quadrático) com o aumento das doses de N (0, 30, 60, 90, 120 e 150 kg ha -1 ) em cobertura do milho safrinha, utilizando a ureia como fonte de N. Maiores alturas de inserção das espigas e da planta poderão predispor a planta ao acamamento ou quebramento, fatores que não ocorreram durante o período de realização do experimento. O diâmetro de colmo e o teor de N foliar, não obtiveram influencia das doses de N em cobertura. Segundo Büll (1993), plantas de milho adequadamente supridas por N apresentam maior desenvolvimento vegetativo, devido o N influenciar diretamente a divisão e expansão celular e o processo fotossintético. A ausência de respostas às doses de [4]
5 N no diâmetro de colmo e teor de N foliar pode ser justificado pelo fornecimento de N adequado proveniente do solo (matéria orgânica). Os resultados referentes ao comprimento de espiga ajustaram-se de maneira quadrática ao aumento da disponibilidade de N em cobertura, sendo a dose de N e o comprimento de espiga máximo estimado em 154 kg ha -1 e 27,8 cm, respectivamente (Tabela 3). Tabela 3. Comprimento de espiga (CE) e produtividade (PR) do milho safrinha. Maracaju, MS, Tratamentos CE (cm) PR (kg ha -1 ) Azospirillum brasilense Doses de N (kg ha -1 ) Teste F Presença 25, Ausência 26, ,3 (1) , , , , Inoculação (I) 2,08 ns 0,01 ns Doses (D) 7,01 ** 6,24 ** I * D 0,68 ns 2,83 * CV (%) 8 13 **, * e ns - significativo a 1% e 5% de probabilidade pelo teste de Tukey e não significativo, respectivamente. CV coeficiente de variação. DMS diferença mínima significativa. (1) y = 23, ,0615x 0,0002x 2 (R 2 = 0,96). Houve interação entre a inoculação de sementes com A. brasilense e as doses de N em cobertura do milho safrinha (Tabela 3). Os resultados de produtividade do milho na presença e ausência da inoculação de sementes ajustaram-se de maneira quadrática ao aumento da disponibilidade de N em cobertura, obtendo na ausência da inoculação a estimativa da dose de N e da produtividade máxima em 85 kg ha -1 de N e kg ha -1 de grãos e, na ausência da inoculação em 129 kg ha -1 N e kg ha -1 de grãos (Figura 2), respectivamente. Analisando os resultados dentro de doses de N, não houve diferença significativa entre as produtividades na presença e ausência da inoculação de sementes. [5]
6 Figura 2. Desdobramento da interação entre a inoculação de sementes com Azospirillum brasilense e doses de N em cobertura na produtividade do milho safrinha. Maracaju, MS, Conclusões A estimativa da maior produtividade do milho safrinha foi obtida com as doses de N em cobertura de 85 e 129 kg ha -1, com e sem a inoculação de sementes com A. brasilense, respectivamente. Referências BÜLL, L.T. Nutrição mineral do milho. In: BÜLL, L. T.; CANTARELLA, H. (Ed.). Cultura do milho: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: POTAFOS, p CANTARELLA, H. Nitrogênio. In: NOVAIS, R.F.; ALVAREZ V., V.H.; BARROS, N.F.; FONTES, R.L.F.; CANTARUTTI, R.B.; NEVES, J.C.L. Fertilidade do Solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, cap. 7, p COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Décimo segundo Levantamento de Grãos Safra Setembro/2013. Brasília. Disponível em: < ugues_setembro_2013.pdf. Acesso em: 29 set MAR, G.D.; MARCHETTI, M.E.; SOUZA, L.C.F.; GONÇALVES, M.C.; NOVELINO, J.O. Produção do milho safrinha em função de doses e épocas de aplicação de nitrogênio. Bragantia, v. 62, p , PEREIRA, J.L.A.R.; PINHO, R.G.V.; BORGES, I.D.; PEREIRA, A.M.A.R.; LIMA, T.G. Cultivares, doses de fertilizantes e densidades de semeadura no cultivo de milho safrinha. Ciência e Agrotecnologia, v. 33, p , ROSCOE, R.; MIRANDA, R.A.S. Manejo da adubação do milho safrinha. In: ROSCOE, R.; LOURENÇÃO, A.L.F.; GRIGOLLI, J.F.J.; MELOTTO, A.M.; PITOL, C.; MIRANDA, R.A.S. Tecnologia e produção: milho safrinha e culturas de inverno Curitiba: Midiograf, cap. 1, p [6]
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