VIABILIDADE ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE DOSES DE INOCULANTE CONTENDO
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- Miguel Anjos Imperial
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1 VIABILIDADE ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE DOSES DE INOCULANTE CONTENDO Azospirillum brasilense VIA FOLIAR E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA EM MILHO SAFRINHA Amanda Ribeiro Peres (1), Ricardo Antônio Ferreira Rodrigues (2), José Roberto Portugal (1), Orivaldo Arf (2), Maria Aparecida Anselmo Tarsitano (2), Aline Aparecida Franco (3) Introdução O nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade pela cultura do milho e o único que tem proporcionado respostas significativas em plantios de safrinha nos solos corrigidos de Mato Grosso do Sul (ROSCOE; MIRANDA, 2013). No entanto, os fertilizantes nitrogenados apresentam alto custo e aumentam a poluição ambiental. Nesse contexto, a exploração e a utilização da fixação biológica do nitrogênio na agricultura visando à substituição ou a complementação do nitrogênio fornecido por meio de fertilizantes industriais é uma estratégia fundamental (REIS JÚNIOR et al., 2011). Para a cultura do milho, já estão disponíveis no mercado vários inoculantes registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sobretudo com bactérias do gênero Azospirillum (ROSCOE; MIRANDA, 2013). Porém, decisões a serem tomadas na empresa rural devem ser baseadas em informações técnicas e econômicas. Assim, avaliar principalmente os coeficientes técnicos, os preços dos insumos e dos produtos são fundamentais para que o produtor possa gerenciar sua propriedade de forma clara, objetiva e com sustentabilidade (RICHETTI, 2012). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade econômica da aplicação de doses de inoculante contendo Azospirillum brasilense e doses de nitrogênio em cobertura em milho safrinha. Material e Métodos A pesquisa foi desenvolvida no ano de 2013, na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira UNESP, localizada no município 1 Engenheiro-Agrônomo, Mestrando na Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ilha Solteira, Av. Brasil, 56, Ilha Solteira, SP. amandarperes_agro@yahoo.com.br; jrp_agro@yahoo.com.br 2 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Professor da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ilha Solteira, Av. Brasil, 56, Ilha Solteira, SP. ricardo@agr.feis.unesp.br; arf@agr.feis.unesp.br; Engenheira-Agrônoma, M.Sc., Doutoranda na Universidade de São Paulo, Câmpus Luiz de Queiroz, Av. Pádua Dias, 11, Piracicaba, SP. alinefranco_itba@hotmail.com [1]
2 de Selvíria - MS (latitude 22 º 23 ' S e longitude 51 º 27 ' W), com precipitação pluvial média anual de mm, temperatura média de 23,7 ºC e tipo climático A w, segundo a classificação de Köppen. O solo é classificado, de acordo com Embrapa (2006), em LATOSSOLO VERMELHO Distrófico típico argiloso. O preparo do solo foi realizado com escarificador e com grade niveladora. Foi utilizado o sistema de semeadura convencional, sendo o milho como cultura anterior. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 12 tratamentos dispostos em esquema fatorial 4x3. Os tratamentos foram constituídos de quatro doses de inoculante aplicado via foliar (0, 100, 200 e 400 ml ha -1 ) e três doses de nitrogênio aplicado em cobertura, na forma de sulfato de amônio (0, 50 e 100 kg ha -1 ). As parcelas foram constituídas de 5 linhas de 5 m de comprimento, sendo consideradas como área útil as 2 linhas centrais. Foi utilizado o híbrido simples DKB 390 VT PRO, de ciclo precoce e grão semiduro amarelo-alaranjado. A inoculação foi realizada com o produto Masterfix Gramineas com as estirpes AbV5 e AbV6 de Azospirillum brasilense (2x10 8 células viáveis ml -1 ). A semeadura foi realizada no dia 02/01/2013, com espaçamento de 0,90 m entrelinhas e adubação no sulco de semeadura com 250 kg ha -1 da formulação A inoculação via foliar da bactéria, bem como a adubação de cobertura foram realizadas quando as plantas estavam no estádio de desenvolvimento V6 (seis folhas expandidas), nessa fase a cultura se encontrava com 22 DAE (dias após a emergência), sendo que ambos realizados no final da tarde, visando melhor eficiência da inoculação e da adubação de cobertura, visto que esse período ocorre temperaturas mais amenas. Foi utilizado pulverizador costal com ponta de jato cone vazio e vazão de 180 L ha -1. No intuito de manter a cultura livre da competição com plantas daninhas, aplicouse atrazina e tembotriona, nas doses de e 100 g ha -1, respectivamente. A colheita foi realizada no dia 16/05/2013, aos 127 DAE. Para avaliar a viabilidade econômica, utilizou-se a técnica da orçamentação parcial, detalhada por Noronha (1987). A orçamentação parcial é utilizada para analisar decisões que envolvem modificações parciais na organização de uma atividade produtiva. Procurase comparar os acréscimos de custos com os acréscimos dos benefícios da decisão. A melhor alternativa será aquela que oferecer maiores benefícios líquidos ou margens de [2]
3 ganho maiores. Foram determinadas as receitas e os custos adicionais da aplicação de inoculante via foliar e adubação nitrogenada de cobertura, considerando-se os preços médios da região de MS. Com base na produtividade média de grãos de cada tratamento, calculou-se o acréscimo de produtividade proporcionado pela aplicação foliar de inoculante e adubação nitrogenada em cobertura, em relação à testemunha (0 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura e 0 ml de inoculante ha -1 ). O valor de produção marginal em cada tratamento foi obtido multiplicando-se a produtividade adicional pelo preço médio recebido pelos produtores do estado de Mato Grosso do Sul no período de 12/08/3013 a 16/08/2013, de R$15,00 a saca de 60 kg, segundo dados da Conab (2013). Os custos foram calculados levando em consideração os preços médios da região de Mato Grosso do Sul no ano de 2013 da aplicação de nitrogênio em cobertura (R$6,94), do sulfato de amônio(r$838,00 tonelada -1 ), da aplicação de inoculante (no caso foi considerado o preço da aplicação de defensivos) (R$16,59) e do inoculante (R$8, ml -1 ). A margem de ganho foi obtida pela subtração do custo marginal de cada tratamento, do valor da produção marginal em cada cultivar. Resultados e Discussão Na Tabela 1 são apresentados os resultados de produtividade média de grãos, acréscimo de produtividade, acréscimo do valor de produção e custos, em função da aplicação de doses de nitrogênio em cobertura e da aplicação foliar de doses de inoculante contendo Azospirillum brasilense em milho safrinha. Verifica-se que o maior acréscimo de produtividade (12,36%) foi obtido com 100 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura sem inoculação. O segundo maior acréscimo (7,71%) ocorreu com a utilização de 50 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura sem aplicação de inoculante (Tabela 1). Godoy et al. (2011), ao avaliar a influência de doses de nitrogênio em cobertura sobre a produtividade de milho de verão, obtiveram acréscimos de 7,91% utilizando 45 kg ha -1 e de 18,02% com 90 kg ha -1. Souza e Soratto (2006) ao estudar os efeitos de doses de nitrogênio em milho safrinha verificaram maiores acréscimos em produtividades do que os relatados neste experimento, que ao aplicar 120 kg ha -1 de N obtiveram aumento de 22,1% em relação à testemunha, [3]
4 porém, com a aplicação de 60 kg ha -1, obteve-se produtividade apenas 1,5% inferior à maior dose (120 kg ha -1 ). Em consequência dos maiores acréscimos de produtividade, observaram-se também os maiores valores de produção para 100 e 50 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura sem inoculação, que, no entanto proporcionaram maiores custos de produção em relação aos tratamentos em que houve apenas a aplicação de inoculante (Tabela 1), havendo, portanto, a necessidade de averiguar se esses ganhos em produtividade e valor de produção compensam o valor investido, principalmente no momento atual em que o preço do milho está baixo. Tabela 1. Produtividade, acréscimos de produtividade e do valor de produção e custos da aplicação de doses de nitrogênio em cobertura e da aplicação foliar de doses de inoculante contendo Azospirillum brasilense em milho safrinha. Selvíria-MS, Tratamentos Doses de Nitrogênio (kg ha -1 ) Doses de Inoculante (ml ha -1 ) Produtividade de grãos (1) (kg ha -1 ) Acréscimo Produtividade (2) (kg ha -1 ) Valor de Produção (3) (R$ ha -1 ) Custo Adubação Nitrogenada (4) + Inoculação Foliar (5) (R$ ha -1 ) , ,0-233,8-58,4 24, ,0-79,8-20,0 32, ,0 273,2 68,3 48, ,0 412,2 103,1 206, ,1 26,3 6,6 231, ,8 305,0 76,2 239, ,9 365,1 91,3 255, ,6 660,8 165,2 406, ,6 366,8 91,7 430, ,8-56,0-14,0 438, ,4-346,4-86,6 454,6 1) Produtividade média obtida em cada tratamento; (2) Acréscimo de produtividade obtido pela diferença entre o tratamento e a testemunha (0 kg ha -1 de nitrogênio + 0 ml ha -1 inoculante); (3) Acréscimo do valor de produção obtido pela multiplicação do acréscimo de produtividade com o preço médio da saca de 60 kg de milho no período de 12/08/2013 a 16/08/2013 de R$15,00 segundo a Conab (2013); (4) Custo da adubação = custo da aplicação de nitrogênio (R$6,94) + custo do sulfato de amônio (R$838,00 tonelada -1 ), considerando preços médios da região de Mato Grosso do Sul; (5) Custo da Inoculação Foliar = custo da aplicação foliar (R$16,59) + custo do inoculante (R$8,00 100mL -1 ), considerando os preços médios da região. A margem de ganho bruto (Figura 1) não apresentou a mesma tendência da produtividade, em que as doses de 50 e 100 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura [4]
5 proporcionaram os maiores valores, fato esse que se deve ao custo do fertilizante nitrogenado. O maior retorno econômico (R$19,7) foi verificado com a aplicação de 400 ml ha -1 de inoculante sem adubação de cobertura, evidenciando que investimentos em adubação nitrogenada no milho safrinha devem ser menores e que assim podem garantir maior renda ao produtor. Como se observa na Figura 1, apenas o tratamento 0 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura associado a 400 ml ha -1 de inoculante apresentou valor positivo na margem de ganho bruto, demonstrando que a inoculação é uma tecnologia economicamente viável e barata. Os quatro menores valores resultaram dos tratamentos com 100 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura associados a 400, 200, 100 e 0 ml ha -1 de inoculante. Portanto, altos investimentos em adubação nitrogenada em cobertura no milho safrinha não resultam em maior retorno econômico. Figura 1. Margem de ganho bruto obtida pelo milho safrinha em função da aplicação de doses de nitrogênio em cobertura e doses de inoculante contendo Azospirillum brasilense via foliar. Selevíria-MS, Conclusões A maior produtividade em milho safrinha é obtida com a aplicação de 100 kg ha -1 de nitrogênio em cobertura sem aplicação foliar de inoculante, porém não apresenta margem de ganho bruto positiva. A aplicação de 400 ml de inoculante sem adubação de cobertura é economicamente viável. [5]
6 Referências COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Preços da Agropecuária; Safra 2012/2013. Brasília, Disponível em: < Acesso em: 19 de set EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro: Embrapa, p. GODOY, J.C.S.; WATANABE, S.H.; FIORI, C.C.L. et al. Produtividade de milho em resposta a doses de nitrogênio com e sem inoculação das sementes com Azospirillum brasilense. Campo Digital, Campo Mourão, v.6, n.1, p.26-30, NORONHA, J.F. Projetos agropecuários: administração financeira, orçamento e avaliação econômica. 2ed. São Paulo: Atlas, p. REIS JÚNIOR, F.B.; MENDES, I.C.; REIS, V.M. et al. Fixação biológica de nitrogênio: uma revolução na agricultura. In: FALEIRO, F.G.; ANDRADE, S.R.M.; REIS JÚNIOR, F.B. (Eds.) Biotecnologia: estado da arte e aplicações na agropecuária. Planaltina: Embrapa Cerrados, p RICHETTI, A. Viabilidade econômica da cultura do milho safrinha, 2013, em Mato Grosso do Sul. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, p. (Comunicado Técnico, 182) ROSCOE, R.; MIRANDA, R.A.S. Fixação Biológica de Nitrogênio e Promoção de Crescimento em Milho Safrinha. In: ROSCOE, R.; LOURENÇÃO, A.L.F.; GRIGOLLI, J.F.J. et al. (Eds.) Tecnologia e produção: milho safrinha e culturas de inverno Curitiba: Midiograf, p SOUZA, E.F.C.; SORATTO, R.P. Efeito de fontes e doses de nitrogênio em cobertura, no milho safrinha, em plantio direto. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v.5, n.3, p , [6]
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