2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: PLANEJAMENTO TERRITORIAL, DINÂMICA DAS CIDADES E PAISAGENS



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Transcrição:

2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: PLANEJAMENTO TERRITORIAL, DINÂMICA DAS CIDADES E PAISAGENS ANÁLISE DA PAISAGEM GEOGRÁFICA, REGIÃO DONA FRANCISCA JOINVILLE SC, VOCAÇÃO PARA O TURISMO RURAL Resumo Giully de Oliveira 1 Ricardo Wagner ad-vincula Veado 2 A paisagem é um dos grandes componentes para a atividade turística. Neste aspecto, o principal objetivo deste trabalho é analisar a paisagem, caracterizando-a no que se refere aos seus elementos formadores e compreendendo o seu potencial para o desenvolvimento do turismo. Como metodologia, fez-se uso da pesquisa bibliográfica e técnicas de observação. Então, verificou-se que a paisagem não é exclusivamente uma imagem estática e bela disponível aos olhos de quem a contempla (visitante), mas dispõem de uma série de informações sobre a cultura local, já que o homem a modifica de acordo com suas necessidades. É nesta perspectiva que abordaremos as paisagens enfocando as áreas rurais do Município de Joinville SC, em especial a região da Dona Francisca. Palavras-chave: turismo, turismo em espaço rural, paisagem. Abstract The landscape is one of the major components for the tourist activity. In this respect, the main objective of this work is to analyze the landscape, characterizing it with respect to its formative elements and understanding their potential for tourism development. The methodology made use of bibliographic and research techniques of observation. So, it was found that the landscape is not only a static image and beautiful available in the eyes of the beholder (visitors), but have a lot of information about the local culture, as the man changes according to your needs. From this perspective, we discuss the landscapes focusing on the rural areas of the municipality of Joinville - SC, in particular the region of Dona Francisca. Key-words: turism, rural turism, landscape. 1 Bióloga, mestranda no Mestrado Profissional em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental MPPT na Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC. E-mail: giully.de.oliveira@gmail.com 2 Doutor em Geografia, professor no Mestrado Profissional em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental MPPT na Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC.

Introdução O foco do presente trabalho será analisar a paisagem geográfica da região da Dona Francisca, localizada na área rural do município de Joinville - SC. A localidade da Dona Francisca está contemplada nas extensões do Projeto Viva Ciranda, desenvolvido pela Fundação Turística de Joinville PROMOTUR em parceria com a Prefeitura Municipal e Secretária da Educação. O projeto visa valorizar e demonstrar o potencial que a área rural do Joinville tem, principalmente no que diz respeito ao do turismo, além de fomentar o turismo rural no Município, mostrar para a cidade e visitantes o potencial que Joinville tem no campo do turismo rural, e, além disso, propiciar a troca de conhecimento do agricultor aluno professor, considerando a parceria do programa com a Secretaria Municipal de Educação ao promover as visitas as propriedades. A Organização Mundial do Turismo - OMT (2001, p.38) define que o turismo envolve atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano com finalidade de lazer, negócios e outras. Dentre as atividades promovidas pelo turismo terá destaque neste trabalho o turismo rural, ou turismo em espaço rural, o qual, segundo o Mtur, (2003, p.11) é um conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural. Como se pode observar, o turismo rural aborda vários aspectos da realidade local. As regiões que fazem parte o projeto as regiões do Piraí, Dona Francisca, Quiriri, Estrada da Ilha e Estrada Bonita. Acredita-se que cada região possua características próprias embora Joinville seja uma cidade rica em termos de diversidade geográfica e seria necessário um trabalho muito extenso para analisar as diferentes regiões e suas características. Toda paisagem tem características próprias. Não existem duas paisagens iguais.

Entretanto este trabalho se deterá na questão geográfica para analisar a paisagem tomando com o recorte a região da Dona Francisca, não contemplando as demais áreas que fazem parte do projeto. A região da Dona Francisca é um bairro situado na "Área de Proteção Ambiental APA Serra Dona Francisca" e foi criado em 1977 pela Lei nº. 1.526, de 5 de julho de 1977. Recebe esta denominação em homenagem à princesa Dona Francisca Carolina, filha de Dom Pedro I. É um bairro que, na época do Brasil Colônia, desempenhou importante papel na expansão dos limites do Município de Joinville e da economia do Estado de Santa Catarina, pois serviu de via para escoamento da produção da erva-mate do planalto para o litoral. O bairro era ligado à região da subida da serra, ligando aos Municípios de Campo Alegre e São Bento do Sul, sendo uma forma de desenvolver o município economicamente e o Estado de certa forma. A região possui muitas belezas naturais o que torna a paisagem um belo cartão de visitas para desenvolvimento do turismo rural (IPUJJ, 2011). 1. Referencial teórico O turismo é a única prática social que consome, fundamentalmente, espaço, sendo este consumo efetivado por meio da apropriação do espaço pelos agentes do turismo, ou seja, por meio das formas de consumo (serviços de hospedagem, de restauração, de lazer, bem como o consumo da paisagem) que se estabelecem entre turista e lugar visitado. (Cruz apud Yázigi, 2002 p.109). Segundo Nicolás (1989) é a única atividade que aproveita o espaço tanto por seu valor paisagístico como pelas condições ambientais que prevalecem (clima, hidrologia e vegetação). A paisagem é, sabidamente, um dos motores fundamentais do turismo (Meneses, 2002) e turismo é uma das indústrias de maior peso econômico em nossos dias, em crescimento contínuo, e capaz até mesmo de sustentar países desprovidos de outros recursos. Para Dollfus (1991), por exemplo, as paisagens são reflexos dos espaços, sua porção aparente. Dollfus classifica as paisagens em naturais, modificadas e organizadas.

A paisagem natural corresponde a um meio que, tanto quanto podemos saber, não foi submetido, pelo menos em data recente, à ação do homem (idem 1991). Uma paisagem modificada seria, para o autor, aquela que sofreu, em algum momento, uma transformação provocada pelo homem em função de queimadas ou da prática de atividades pastoris. Já as paisagens organizadas representam o resultado de uma ação meditada, combinada e contínua sobre o meio natural (ib idem 1991). A região da Dona Francisca passa pelos três níveis de classificação, pois, nos topos, se tem áreas naturais, onde não houve ação humana, e nas áreas habitadas pelos agricultores elas passam por uma transição entre paisagens modificadas e organizadas. Bertrand (1968) definiu a paisagem como uma entidade global, que possibilita a visão sistêmica numa combinação dinâmica e instável dos elementos físicos, biológicos e antrópicos (conjunto único e indissociável em perpétua evolução). O entidade global, citada por Bertrand se dá justamente pela quantidade de fatores que a formação de uma paisagem implica, que são os fatores: físicos, biológicos e antrópicos. A pesquisa ambiental em geografia objetiva a compreensão das relações entrenatureza e sociedade e pode ser analisada a partir do método sistêmico. A teoria dos sistemas é citada, primeiramente, em 1950, por Bertanlanffy, mas no campo da Geografia a teoria geossistêmica é demonstrada por Jean Tricart (1965) em seu trabalho que expõe a classificação de unidades ecodinâmicas do meio ambiente. Tricart (1977) define o conceito de sistema como um conjunto de fenômenos que se desenvolvem a partir dos fluxos de matéria e energia, que tem origem a partir de uma interdependência, no qual surge uma nova entidade global, integral e dinâmica, permitindo assim uma atitude dialética, a necessidade de análise e de visão do todo, afim de se atuar sobre o meio ambiente. O termo geossistema surgiu na escola russa, tendo como precursor Sochava (1977) que, em 1963, remete à discussão em torno deste método, sendo que sua análise geossistêmica está associada aos sistemas territoriais naturais que se distinguem no contexto geográfico, constituídos de componentes naturais intercondicionados e interrelacionados no tempo e no espaço, como parte de um todo que possui sua estrutura influenciada pelos fatores social e econômico. Na visão de Sochava, relatado por Dias & Santos (2007):

O geossistema é o resultado da combinação de fatores geológicos, climáticos, geomorfológicos, hidrológicos e pedológicos associados a certo(s) tipo(s) de exploração biológica. Tal associação expressa a relação entre o potencial ecológico e a exploração biológica e o modo como esses variam no espaço e no tempo, conferindo uma dinâmica ao geossistema. Por sua dinâmica interna, o geossistema não apresenta necessariamente homogeneidade evidente. Na maior parte do tempo, ele é formado de paisagens diferentes, que representam os diversos estágios de sua evolução (2007). Segundo Monteiro (2001), a aplicação do método geossistêmico auxilia nas estruturas dos chamados subsistemas, através de uma hierarquia da dinâmica espacial e ambiental e também natural e social, que apresentam caráter vertical e horizontal, desempenhando a análise geográfica de forma estruturada e hierárquica. Bertrand resgata o conceito de geossistema criado por Sochava (1963), incorporando a ele a dimensão da ação antrópica, sendo assim uma categoria espacial de componentes relativamente homogêneos, cuja dinâmica resulta da interação entre o potencial ecológico, a exploração biológica e a ação antrópica. Ecossistema e Geossistema são conceitos diferentes na ótica bertrandiana. Portanto, o geossistema condiz ao sistema de modelos de paisagem e o ecossistema a um sistema modelo, que corresponde à parte biótica do geossistema. (Torres, 2003). O conceito de paisagem é citado por Bertrand & Bertrand (2007) como sendo uma determinada porção do espaço, resultado de uma combinação dinâmica, mas instável, que é composta de elementos físicos, biológicos e antrópicos os quais reagem dialeticamente, uns sobre os outros, e fazem a paisagem indissociável, sendo um único conjunto que está em constante evolução. Através dos elementos que compõem um geossistema é que será feita a observação e análise, procurando através desta leitura avaliar a paisagem da região Dona Francisca frente à atividade do turismo. 2. Localização O município de Joinville localiza-se na região nordeste do Estado de Santa Catarina, na Região Sul do Brasil. Joinville é a maior cidade do Estado, responsável por cerca de 20% das exportações catarinenses. Figura entre os quinze maiores arrecadadores de tributos e taxas municipais, estaduais e federais. A cidade concentra grande parte da

atividade econômica na indústria com destaque para os setores metal mecânico, têxtil, plástico, metalúrgico, químico e farmacêutico. Possui altitude da sede de 4,5 m, sendo o ponto culminante o Pico Serra Queimada, com 1. 325 m, ficando a área total do Município em 1.134,03 km 2 (IPPUJ, 2011). 3. Aspectos naturais Nos tópicos a seguir serão caracterizados os aspectos naturais da região bem como: climatologia, relevo, geomorfologia, vegetação, fauna e hidrografia. 3.1 Climatologia O clima da região é do tipo úmido a superúmido, mesotérmico, com curtos períodos de estiagem, apresentando três subclasses de micro clima diferentes, devido às características do relevo.quanto à temperatura tem adotado no período dos últimos 12 anos, a temperatura média anual é de 22,66 ºC, sendo a média das máximas 27,23 º C e a média das mínimas de 19,02 ºC (IPPUJ, 2011). Em meio à pesquisa bibliográfica houve dificuldade em encontrar um material especifico do município retratando a climatologia de Joinville, porém o autor Monteiro (2001) em um de seus trabalhos discute o clima do Estado de Santa Catarina, fazendo um breve retrato nesse artigo monteiro coloca: O Estado de Santa Catarina, apesar de possuir pouco distanciamento latitudinal, especialmente no Oeste, apresenta expressivas variações espaciais no seu clima. Essas variações são conseqüências dos diversos sistemas atmosféricos que atuam no Estado, associados às diferenças de altitude existentes entre o Planalto e regiões circunvizinhas. É nesse contexto de variabilidade climática que alguns pesquisadores têm buscado alternativas para dar ao homem do campo e da cidade melhores condições de sobrevivência (2001, p.77) 3.2 Relevo O relevo do município se desenvolve sobre terrenos cristalinos da Serra do Mar e numa área de sedimentação costeira. Na região e transição entre o Planalto Ocidental e as Planícies Costeiras encontram-se as escarpas da serra, com vertentes de elevada declividade (mais de 50%) e vales profundos e encaixados. A parte oeste do

território do município estende-se até os contrafortes da Serra do Mar, cujas escarpas prolongam-se até a Região Nordeste (FATMA, 2003). Destaca-se a Serra Queimada, atingindo o ponto de 1.325 metros de altitude; na parte leste ocorre uma região de planícies, resultado de processos sedimentares aluvionais nas partes mais interioranas e marinhas na linha da costa, onde ocorrem os mangues. Justamente nessa unidade se desenvolve a ocupação humana (área agricultável e urbana), com altitude que varia de 0 a 20 metros. Inseridos na região da planície ocorrem morros isolados, constituídos de formas de relevo arredondadas conhecidas como Mar de Morros sendo o morro da Boa Vista o mais alto da área urbana, com 220 metros (FATMA, 2003). A associação dos fatores clima e vegetação define a predominância dos processos químicos de intemperismo, que resulta em solos de matriz silto-argilosa bastante instáveis e sujeitos à erosão. 3.3 Geomorfologia Segundo Rosa, (2003): O panorama geomorfológico da região de Joinville revela uma área com grande diversidade de aspectos litológicos e estruturais, onde são encontrados desde sedimentos quaternários que correspondem primordialmente a planícies até rochas pre-cambrianas que estão entre as mais antigas de todo o território brasileiro e que correspondem a serras e montanhas, constituindo uma área onde a paisagem foi intensamente dissecada pelos agentes erosivos. A Região da Baia da Babitonga tem seus divisores de águas muito próximos à faixa costeira, onde esses influenciam no escoamento das bacias hidrográficas da baia. O visual geomorfológico da região é constituído por uma série de feições (escarpa, linhas de falha, depósito de sedimentos, entre outros). 3.4 Vegetação 3 A região apresenta alguns patrimônios ambientais, cujos ecossistemas expressam uma forte característica tropical, consequência da ação combinada de diversos processos pedogenéticos que atuam sobre elementos estruturais, tais como o embasamento geológico, o clima, a cobertura vegetal e a hidrografia. Dentre os ecossistemas que ocorrem na região 3 Os dados de vegetação do município são baseados no Plano de Gerenciamento Costeiros elaborado pela Fundação do Meio Ambiente de Joinville FUNDEMA, 2007.

destacam-se a Floresta Atlântica e os manguezais, com mais de 60% de seu território coberto pela Floresta Ombrófila Densa (cerca de 680 km²) e seus ecossistemas associados, destacando-se os manguezais, com 36 km ². A importância desses biomas revela-se pela área de cobertura do território. Assinale se a cobertura vegetal é secundária ou primária. Da meia encosta para baixo, as formações secundárias tendem a predominar. Da meia encosta para cima, o predomínio em geral é das formações primárias. As elevadas declividades dificultam e impedem a exploração da madeira, o que, em geral, serve para preservar as formações primárias. Embora, em muitos lugares, possam ser vistas muitas estradas secundárias galgando os picos e as serras, percorridas por caminhões, que transportam muitas árvores da floresta. Nos primórdios da colonização da região, a extração seletiva da madeira de qualidade foi intensa e as florestas foram derrubadas para dar lugar a áreas de cultivo e pastagens, principalmente na planície costeira e, posteriormente, no planalto. Por questões de relevo muito íngreme, a cobertura florestal das encostas de alta declividade da serra ainda está preservada em parte. A biodiversidade da região é representada, por um lado, pelas diferentes tipologias da Floresta Atlântica, cuja diversidade no complexo da Floresta Ombrófila Densa, chega a alcançar mais de 600 espécies vegetais, o que favorece a distribuição espacial vertical e horizontal das diversas populações de animais, cada uma delas podendo explorar a floresta de acordo com seus hábitos e adaptações. A Floresta Ombrófila Densa assume características diferenciadas conforme a altitude, o clima e o tipo de solo da região. Este tipo de vegetação cobria originalmente quase toda a extensão do município até a planície quaternária de solos argilo-arenosos. Atualmente está restrita aos morros, montanha, serras e a alguns remanescentes de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, em altitudes de até 30 metros. Esta floresta caracteriza-se pela grande variedade de espécies da fauna e flora, formando vegetações densas e exuberantes, podendo atingir altura superior a 30 metros. As copas das árvores (dossel) maiores ficam próximas, formando um ambiente mais úmido e com pouca luminosidade, favorecendo a reprodução e vivência da fauna e flora. A pouca luminosidade no sub-bosque da floresta não favorece às espécies arbóreas. O sub-bosque é formado por espécies de médio porte, que recebem pouca luz. Caso ocorra uma clareira na floresta, essas espécies de médio porte podem crescer e alcançar em altura as árvores

maiores. De modo geral o relevo da encosta da serra é em degraus. Desta forma, a luz pode se distribuir melhor entre os degraus, o que favorece às árvores, que não competirão, pois, pela luz. Mas no interior dos degraus, a competição pela luz é forte. Nas camadas intermediárias, aparece o palmito juçara Euterpe edulis, espécie muito comum, sendo uma característica marcante desse ecossistema juntamente com o grande número de plantas epífitas, como as bromélias e orquídeas.toda essa flora é de ciófita, i.e., são plantas que suportam pouca luminosidade. Algumas orquídeas e bromélias são heliófitas e preferem a borda da floresta ou os galhos mais elevados das árvores, onde a luz é mais intensa. O interior da mata é escuro e tem pouca luz. 3.5 Fauna 4 A fauna em Joinville é muito rica. Segundo estudos realizados, o estado de Santa Catarina conta com 169 espécies de mamíferos, preliminarmente catalogadas. Já no que diz respeito à avifauna, a mesma é extremamente dependente das formações florestais e, em Santa Catarina, tem 337 espécies de aves na Floresta Atlântica. Com esses dados genéricos de Santa Catarina podemos verificar que, apesar da degradação geral, ainda existe uma fauna razoável que precisa ser conservada. Em Joinville, as áreas onde se encontram os remanescentes mais preservados de floresta estão situadas nas encostas íngremes da Serra do Mar. Encontram-se, nos vales profundos e estreitos, fragmentos de florestas primárias, onde há dificuldade de acesso, o que proporcionou uma proteção natural contra a exploração de madeira. Os remanescentes disponibilizam abrigo e alimentação à fauna, suprindo as necessidades de espécies de grande porte como a Pantera onca (onça-pintada) e o Puma concolor (puma). Na área de Proteção Ambiental Serra Dona Francisca foi registrada a existência de 216 espécies de aves e 50 espécies de mamíferos. Entre elas podemos citar o Ramphastosdicolorus (tucano-de-bico-verde), Tinamussolitarius (macuco), Rupornismagnirostris (gavião-carijó) e a jacutinga. Entre os mamíferos, o Alouatta guariba (bugio-ruivo), Tamanduatetradactyla (tamanduá-mirim), tatu-pelado, Pseudalopexgymnocercus (graxaim), Nasuanasua (quati), Procyoncancrivorus (mão- 4 Os dados de fauna do município são baseados no Plano de Gerenciamento Costeiros elaborado pela Fundação do Meio Ambiente de Joinville FUNDEMA, 2007.

pelada), Lutralongicaudis (lontra), Pantheraonca (onça-pintada), Puma concolor (puma), Leoparduspardalis (jaguatirica), Tapirusterrestris (anta), Ozotocerusbezoarticus (veadocampeiro) e Tayassutajacu (porco-do-mato-cateto) (SAMA, 2004). 3.6 Hidrografia 5 A região de Joinville apresenta um grande potencial em recursos hídricos, proporcionado pela combinação das chuvas intensas orográficas, convectivas e frontais com a densa cobertura florestal remanescente. Quando, em 1851, os primeiros imigrantes de língua alemã chegaram a Joinville, alguns rios já tinham nome, como o Cubatão, o Cachoeira, o Quiriri, o Pirabeiraba, o Seco, o da Prata, o Três Barras e o Bucarein. Alguns rios que ainda estavam sem topônimo próprio foram batizados pelos imigrantes, como o Rio Mathias, no centro da Colônia. Alguns afluentes da margem direita do Cubatão, como o Rio Isaac, o Rio Fleith, o Rio Kunde e o Rio Alandf, receberam essa designação porque passavam pelos terrenos pertencentes, na época, a proprietários com esses nomes. O mesmo acontece na margem esquerda do Cubatão, com o Rio Kohn, o Rio Silo Brüske e o riacho Rolando, só que em época bem mais recente. Diversos pequenos rios, afluentes do Cubatão, possivelmente, ainda não possuem o seu nome próprio. A manutenção, ou não, dessa toponímia, depende das autoridades competentes e dos cartógrafos. A hidrografia local é fortemente influenciada por aspectos estruturais e geomorfológicos. A rede de drenagem natural da região apresenta formato dendrítico, com leitos encachoeirados e encaixados em vales profundo, com vertentes curtas nos cursos superior e médio. Nas planícies de inundação apresenta baixa declividade e grande sinuosidade natural. Em geral, devido ao relevo acidentado, são estreitas. Os leitos dos cursos mostram blocos de rochas rolados das encostas ou trazidos pelas enxurradas nas cheias. Corredeiras são muito comuns nos cursos. O ordenamento hidrográfico do município é constituído por sete unidades de planejamento e gestão dos recursos hídricos: Bacia Hidrográfica do Rio Palmital, Bacia 5 Os dados de hidrografia têm como fonte documento da Fundação do Meio Ambiente de Joinville FUNDEMA, dados de 2009; SILVEIRA, W.N. Análise Histórica de inundação no município de Joinville SC, com enfoque na bacia hidrográfica do Rio Cubatão Norte. UFSC: Florianópolis, 2008. 108 p.

Hidrográfica do Rio Cubatão do Norte (BHRC), Bacia Hidrográfica do Rio Piraí, Bacia Hidrográfica do Rio Itapocuzinho, Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira, Bacias Hidrográficas Independentes da Vertente Leste e Vertente Sul. A região em estudo está localizada na Bacia Hidrográfica do Rio Palmital que drena uma área de 375,6 km², sendo que seus principais afluentes são: Rio da Onça, Rio Sete Voltas, Rio do Saco, Rio Pirabeirabinha, Rio Três Barras, Rio Cavalinho, Rio Cupim, Rio Turvo, Rio Bonito, Rio Pirabeiraba e Rio Canela. Esses três últimos tem suas nascentes localizadas no município de Joinville, junto à Serra do Mar/ Serra do Quiriri. Área ocupada no município por essa bacia hidrográfica é de 110,82 km², que representa 9,7 % da área do município. Estão localizados nessa bacia os bairros Rio Bonito e Dona Francisca, já citados. Por ser uma área estuarina que recebe contribuições de diversos cursos d água e está sob a influência das marés, a bacia encontra-se quase que totalmente envolta por grandes manguezais. A área verde nessa bacia é de 45 km². 4. Metodologia O trabalho não foi desenvolvido dentro de uma metodologia especifica, como se pode observar nos tópicos anteriores, ele é baseado em uma pesquisa bibliográfica, pois através de diferentes fontes foram levantados materiais para ser realizada uma possível análise da paisagem da região Dona Francisca, frente ao foco do turismo rural. Algumas visitas ao local foram necessárias justamente para cruzar os dados bibliográficos com as observações feitas. 5. Resultados e discussões A região de estudo é conhecida e visitada pelas suas belezas naturais (paisagem), tratando-se assim de, analisar de que forma o turismo rural realizado nas localidades da Dona Francisca causa impacto nos bens naturais dessa paisagem, sejam eles diretos ou indiretos.

Esse espaço rural da região de Joinville conta com diferentes atrações turísticas, desde espaços para contemplação da paisagem natural, como é o caso do Castelo dos Bugres, com 998 m de altitude, muito procurado pelos adeptos ao turismo de aventura, ou para quem procura produtos artesanais ou comidas típicas, como o Apiário Pfau, com a produção e venda de mel e própolis ou, ainda, para os amantes de pesque-pague, a exemplo do o pesque-pague 7 Lagoas, muito conhecido na região. Como já mencionado em tópicos anteriores, a região Dona Francisca foi escolhida como tema de estudo por abranger duas propriedades do projeto Viva Ciranda, que visa promover e fomentar o turismo rural na região de Joinville, projeto que ainda inclui as seguintes localidades: Quiriri, Estrada da Ilha, Piraí e Estrada Bonita. As duas propriedades que compreendem a região Dona Francisca são: Sitio Vó Bia e Apiário Pfau. Sítio Vó Bia é um espaço natural muito procurado para recreação e descanso, recebendo um número grande de visitantes por mês, e possui nos seus arredores fontes naturais de água e Mata Atlântica bem preservada, apesar de ter sido explorada pra a retirada de madeira e agricultura. A floresta, embora tenha bom desenvolvimento, é constituída por formações secundárias em diversos estágios de regeneração. Apesar disso, o aspecto típico de uma floresta tropical está preservado e é isso que acaba atrai as pessoas. O espaço era de uso comum da família, para encontros e descanso, suas os proprietários com o passar o tempo, viram a propriedade como fonte de renda, hoje executa a função de pousada na região. O Apiário Pfau funciona há alguns anos como uma atividade executada pela família Pfau prevendo a sua principal fonte de renda. Lá são fabricados própolis e mel sendo o produto vendido na região e para visitantes que vão conhecer a propriedade. O Apiário é um dos destinos mais procurados pelos visitantes do projeto Viva Ciranda considerando que o mesmo visa, além de promover e fomentar o turismo rural na região, fortalecer os laços com o turismo pedagógico uma vez que atende crianças sendo assim na faixa etária de 6 aos 10 anos. É o local mais desejado pelos estudantes devido ao fato lá oferecer de conhecer e compreender a produção do mel. Ao levantar material bibliográfico e analisar a região Dona Francisca é possível levantar alguns pontos que influenciam e modificam a paisagem dessa região rural.

O bairro Dona Francisca foi criado em 1979 em homenagem à filha de Dom Pedro I, na época do Brasil Império. A região já desempenhava importante papel na expansão dos limites do município e da economia do Estado de Santa Catarina, pois servia de via para escoamento da produção da erva-mate do Planalto para o litoral. Hoje a região é povoada, servindo de residência a muitas famílias e boa parte delas ainda tendo hábitos da vida rural. A região em especial sofre impacto há algum tempo, como vimos a cima desde o escoamento da produção erva-mate, quando foram feitas as estradas para esta finalidade. Nem todos os visitantes possuem consciência de usar o espaço de forma correta, pois existem relatos de grupos que vão ao Castelo dos Bugres praticando abertura de trilhas, queimadas, deixando lixo e diferentes ações antrópicas que perturbam a paisagem. Porém, como o foco objetivo foi analisar as propriedades envolvidas no Projeto Viva Ciranda, abaixo há um quadro apontando alguns aspectos importantes nas duas propriedades que fazem parte do projeto nessa região. Quadro 1 Aspectos que influenciam na modificação da paisagem Propriedade Ação Impactante (Antrópica) Custo Ecológico Ação Antrópica da Fatores causais Indicadores da ação (consequências) Sítio Vó Bia Ocupação (construção de edificação) dentro de um recorte de Mata Atlântica Perturbação para fauna e flora; Modificação da paisagem; Contaminação do solo; Utilização inadequada espaço alguns visitantes; do por Introdução de algumas espécies vegetais que não fazem parte do ecossistema; Descaracterização da paisagem e o ecossistema; Contaminação do lençol freático. Tratamento de efluentes não é feito

adequadamente; Apiário Pfau Ocupação (construção de edificação) Cultivo do mel; Perturbação para fauna e flora (manejo natural das espécies); Modificação da paisagem; Tratamento de efluentes não é feito adequadamente; Mudanças na fauna (cadeia alimentar); Contaminação do lençol freático. Diante dos aspectos levantados é possível fazer algumas considerações sobre a paisagem na região da Dona Francisca, especificamente nas duas propriedades. 6. Considerações finais Que o turismo é uma atividade que causa impacto, já é de conhecimento. Independente do tipo de turismo, seja de massa ou de grupos específicos, pode haver atividades menos ou mais impactantes, isso irá depender do que é desenvolvido. Embora alguns autores tratem o turismo como a indústria sem chaminés, querendo apontar para a questão ambiental (poluição), muitas atividades turísticas causam impacto aos fatores ambientais e modificam as paisagens. A região em questão tem como atrativo os bens naturais e a paisagem, beleza natural que os olhos vêem como um atraente ao turismo. Como pode-se observar, as duas propriedades em questão, que fazem parte do Projeto Viva Ciranda, que visa promover e desenvolver o turismo rural na região, causam de certa forma um impacto, seja ele direto ou indireto. Porém a proposta, quando se criam programas ou projeto para fomentar o turismo em espaço rural, é justamente a amenizar o impacto. Um dos pontos do Viva Ciranda é capacitar e orientar os proprietários e agricultores que desejam praticar turismo em suas

propriedades, fazendo com que a atividade complemente a renda e que e cause o mínimo impacto possível. As paisagens são modificadas com o passar do tempo pela própria dinâmica da natureza e pela contribuição antrópica, com as edificações, lançamento de esgoto sem tratamento, alteração na fauna e flora dentre outros. Quando se fala que a paisagem sofre modificações não é considerando apenas aspectos negativos, às vezes o grupo que ali vive pode mudar as práticas que até dado momento eram realizados de um jeito. De qualquer forma, deve-se, sempre ter um olhar atendo para as atividades e ações que modificam a paisagem e a prejudica. 7. BIBLIOGRAFIA CITADA BERTRAND, G.Paysage et géographiephysiqueglobale: esquisse méthodologique.revuegéographiquedespyrénées et sud-ouest,v. 39, fasc. 3, p. 249-272, 3 fig., 2 pol. Phot.h.t. 1968. BERTRAND, G.; BERTRAND, C. Uma geografia transversal e de travessias: o meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Maringá: Massoni, 2007. DIAS, J.; SANTOS, L. A paisagem e o geossistema como possibilidade de leitura da expressão do espaço sócio-ambiental rural. Confins, número 1, 2º semestre, 2007. DOLLFUS, O. O espaço geográfico. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1991. FATMA. Atlas Ambiental da Região de Joinville: complexo hídrico da Baía da Babitonga. 2ª edição, Fatma, 2003. IPPUJ. Joinville em Dados 2010/2011. Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para Desenvolvimento Sustentável de Joinville IPPUJ (Org.). MENESES, Ulpiano T. Bezerra de.a paisagem como fato cultural. In: YÁZIGI, Eduardo (Org.). Turismo e paisagem. São Paulo: Contexto, 2002. MONTEIRO, C. A.Geossistema: a história de uma procura. São Paulo. Contexto, 2001. MONTEIRO, Maurici Monteiro. Caracterização climática do estado de Santa Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v.16, n.31, p 69-78, jan./jun. 2001

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