BRASIL COLÔNIA: PERÍODO JOANINO E INDEPENDÊNCIA

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Transcrição:

BRASIL COLÔNIA: PERÍODO JOANINO E INDEPENDÊNCIA CONTEÚDOS A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil Período Joanino (1808-1821) O regresso de D. João VI a Portugal A regência de D. Pedro I (1821-1822) O processo de Independência do Brasil AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil A ideia de transferir a sede da coroa portuguesa para o Brasil, aparece de forma recorrente na história de Portugal, principalmente quando o país enfrentava algumas crises. Por exemplo, quando a cidade de Lisboa foi destruída por um grande terremoto, o Marquês de Pombal sugeriu que o rei D. José I realizasse essa transferência, porém, essa proposta não foi aceita pelo monarca. Figura 1 - Arco Triunfal da Rua Augusta entrada oficial de Lisboa (reconstruído após o terremoto) Fonte: Wikimédia Commons Assim, foi apenas com a expansão do império napoleônico, que esse projeto de transferir a corte para o Brasil foi de fato colocado em prática. Portugal mantinha fortes vínculos com a Inglaterra e, por isso, passou a ter sua coroa ameaçada pelas tropas francesas que estavam sob o comando de Napoleão Bonaparte. Desse modo, no momento em que o Bloqueio Continental foi decretado, o rei de Portugal decide não aderir a esse embargo, transferindo a sede do governo português para o Brasil, de onde manteria suas relações comerciais com a Inglaterra.

Figura 2 O Bloqueio Continental imposto por Napoleão Bonaparte Fonte: Fundação Bradesco O governo de Portugal, nesse período, estava sob o comando do príncipe regente D. João VI, que reinava em nome de sua mãe a rainha D. Maria I, que estava impedida devido aos seus constantes surtos de loucura. Dessa forma, coube a ele negociar com a Inglaterra a manutenção de sua aliança econômica, em troca da proteção da marinha inglesa para a transferência da corte para o Brasil. Nesse contexto, a Família Real e sua corte, embarcaram apenas durante à noite para não chamar a atenção do povo, que ficaria abandonado e desprotegido. Além dos nobres, eles também levaram nos navios para o Brasil, todo o ouro, joias, livros e outros objetos de uso pessoal da realeza. A longa viagem iniciou em novembro de 1807 e foi marcada por alguns revezes como a epidemia de piolhos, que obrigou os nobres a raspar o cabelo e jogar as perucas ao mar. Devido a repentina decisão dessa viagem, não houve tempo da colônia se preparar previamente para a chegada desses nobres. Desse modo, ao desembarcarem no Brasil, não havia um palácio para abrigar a Família Real e sua corte. A solução encontrada foi desapropriar as melhores casas para abrigar a realeza até que fosse construída uma moradia oficial para que eles ocupassem. Esse fato, gerou grande descontentamento entre a elite colonial carioca, que se viu obrigada a abandonar temporariamente suas casas.

Período Joanino (1808-1821) O período que D. João VI governou o Brasil, foi marcado por decisões políticas que impactaram positivamente para os colonos que viviam no Brasil. Dessa forma, os ânimos exaltados daqueles que buscavam a independência, acalmaram-se acomodando-se com a nova conjuntura política que o país passou a vivenciar. Figura 3 - O rei D. João VI e sua rainha Carlota Joaquina Fonte: Wikimédia Commons Para legitimar seu poder como monarca, D. João VI elevou o Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves. Com isso, o Brasil deixava de ser uma colônia e sua nova posição política permitia que fosse a sede de todo o império português. No campo econômico, ele acabou com o Pacto Colonial, abrindo os portos do Brasil às nações amigas, ou seja, a Inglaterra e seus aliados (uma vez que a França e seus domínios eram considerados inimigos da coroa portuguesa). Desse modo, para garantir que os produtos ingleses tivessem privilégios alfandegários ao serem importados pelo Brasil, ele assina com a Inglaterra os Tratados de 1810. Esses tratados concediam aos ingleses uma série de vantagens que ultrapassavam as questões econômicas, como por exemplo, que o cidadão inglês só seria julgado por um tribunal inglês, mesmo que o crime tenha sido cometido no Brasil, e que navio inglês seria considerado território inglês, mesmo que ancorado em portos brasileiros. Além disso, ele concedeu a liberdade para a construção de indústrias no Brasil, que tinha sido proibida depois da queda do Marquês de Pombal, e fundou a primeira indústria bélica (produção de armas) do país. Ele também fundou o Banco do Brasil e a Casa da Moeda, para que o país pudesse emitir o dinheiro que circularia internamente.

Já nos campos da comunicação, ciências e cultura, ele funda a Imprensa Regia, a cria Biblioteca Nacional e constrói o Jardim Botânico, que por reunir espécies vegetais trazidas de todas as partes de mundo para o Brasil, servia de centro de pesquisa científica. Figura 4 - Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro-RJ) Fonte: Wikimedia Commons O regresso de D. João VI a Portugal A derrota definitiva de Napoleão Bonaparte, reuniu no Congresso de Viena, as principais lideranças da Europa para reestruturar as fronteiras e os governos das nações desse continente. Nesse momento, o rei de Portugal que se encontrava no Brasil, foi convocado a regressar para a Europa e tomar posse oficialmente do trono português. O problema é que D. João VI, prorrogou demais seu retorno, ao ponto de eclodir em Portugal uma revolta liberal que ganhou o nome de Revolução do Porto. Dentre as reivindicações dos rebeldes, estavam o retorno imediato do rei e sua corte para Portugal, a aceitação do monarca de uma Constituição que limitava os seus poderes, e a retirada dos privilégios político-econômicos que foram concedidos ao Brasil. Dessa forma, D. João VI percebeu que era necessário regressar imediatamente para garantir a posse da sua coroa e controlar esse descontentamento popular. A regência de D. Pedro I (1821-1822) Antes de regressar a Portugal, D. João VI, decide nomear seu filho, D. Pedro I, como Príncipe Regente do Brasil. Desse modo, D. Pedro I permanece no Brasil, assumindo o papel de comando antes ocupado pelo seu pai.

Durante esse primeiro ano do governo de D. Pedro I, as cortes portuguesas insistiam muito para que a liberdade de comércio do Brasil fosse revogada e que o Pacto Colonial fosse reestabelecido. De modo geral, Portugal dava claros sinais de uma tentativa de recolonização, o que desagradou as elites brasileiras que passaram a pressionar D. Pedro I a organizar a independência do Brasil. Figura 5 - D. Pedro I Fonte: Wikimedia Commons O primeiro sinal de que D. Pedro I estava alinhado com os interesses dessas elites que reivindicavam a independência, foi o fato de ele ter se recusado a atender o pedido de seu imediato regresso a Portugal. Esse episódio histórico ficou popularmente conhecido no Brasil, como o Dia do Fico, e ocorreu em 9 de janeiro de 1822. O processo de Independência do Brasil As elites brasileiras pretendiam realizar a independência do Brasil, mas para declarar uma guerra contra Portugal, como os demais países da América fizeram contra as suas metrópoles, era preciso contar com o apoio popular. Dessa forma, corria-se o risco de haver grandes mudanças na estrutura social do país, principalmente no tocante a manutenção da escravidão. Por isso, eles decidem pressionar D. Pedro I para que esse processo de emancipação fosse político e sem a participação popular. D. Pedro I, sabia que a independência do Brasil era inevitável, mas se ele a encabeçasse, seus privilégios políticos como imperador seriam mantidos. Assim, ele decide se aliar as elites para realizar esse processo de emancipação.

Na medida que Portugal tentava impor medidas para recolonizar o Brasil, os ânimos se acirravam, ao ponto das elites pressionarem D. Pedro I de tal forma, que ele decide dar o grito da independência no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga em São Paulo. Curiosidade: A independência do Brasil foi oficialmente proclamada em São Paulo, uma vila pobre e sem grande importância para a época (lembre-se que São Paulo só ganhará destaque com o advento do café que aconteceu apenas durante o Segundo Reinado). Esse dado gera uma certa estranheza já que a capital do Brasil, nessa época era a cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, o ocorrido se deu devido D. Pedro I ter viajado (acompanhado apenas pela sua guarda pessoal) até o litoral de São Paulo para visitar a Marquesa de Santos, sua amante. Assim, no seu retorno ele faz uma parada as margens do rio Ipiranga e, coincidentemente, foi nesse local que um mensageiro lhe entrega uma carta com a informação de que as elites brasileiras não esperariam mais tempo para que ele proclamasse a independência, uma vez que tropas portuguesas estavam sendo enviadas ao Brasil para reprimir os emancipacionistas. Assim, D. Pedro I, decide ali mesmo, romper com Portugal e proclamar a Independência do Brasil, antes mesmo de retornar ao Rio de Janeiro. Figura 6 - Obra: Independência ou Morte (Pedro Américo) Fonte: Wikimedia Commons A obra mais importante que retrata a independência do Brasil, foi pintada por Pedro Américo, um artista português que a produziu muitos anos depois do ocorrido em 1888. Assim, o quadro não retrata o fato histórico de forma fidedigna, mas sim uma visão romântica do artista sobre o acontecimento de 1822.

O prédio em estilo neoclássico que abriga o Museu Paulista (Ipiranga), onde encontra-se essa obra, também foi construído muitos anos após a independência, sendo inaugurado em 1895, já durante o período Republicano do Brasil. Figura 7 - Fachada do Museu Paulista (Ipiranga) Fonte: Wikimedia Commons Politicamente, para que a independência recém proclamada por D. Pedro I fosse validada, era preciso conseguir o reconhecimento de pelo menos três nações soberanas. Como não houve luta e os acordos políticos dessa emancipação foram desenhados entre pai e filho, mantendo a estrutura de um Império e não de uma República, os Estados Unidos acabaram resistindo inicialmente em reconhecer a Independência do Brasil. Mas, devido aos seus interesses no mercado brasileiro e pelos princípios firmados na Doutrina Monroe (América para os americanos), eles foram os primeiros a realizar esse reconhecimento. O segundo país a realizar o reconhecimento da independência do Brasil, foi Portugal, que negociou a transferência de boa parte da sua dívida externa (cerca de dois bilhões de Libras Esterlinas) em troca de realizar esse ato. Além disso, D. Pedro I cede ao seu pai, D. João VI, o título honorário de imperador do Brasil e se compromete a não invadir ou anexar as colônias portuguesas aos domínios do Brasil. Já o terceiro país a realizar esse reconhecimento foi a Inglaterra, que exigiu do Brasil uma indenização que deveria ser paga a coroa inglesa, a renovação dos seus privilégios comerciais contidos nos Tratados de 1810 (que garantia vantagens alfandegárias para os produtos importados da Inglaterra) e que o Brasil se comprometesse a acabar com a escravidão até 1830 (o que não ocorreu, uma vez que, a abolição da escravatura só ocorreu oficialmente em 1888).

Por fim, outros países europeus como a França e a Áustria, e alguns países latino americanos, reconheceram a Independência do Brasil e o país passa a ser visto pelo mundo como uma nação soberana. ATIVIDADES 1. Observe a imagem do rei português D. João VI: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/file:retrato_de_d._joao_vi_- _Gregorius,_Albertus_Jacob_Frans_2.jpg>. Acesso em: 25 mai. 2016. 14h Explique quais os fatores que levaram esse monarca decidir pela transferência da sede do governo português para o Brasil e pela mudança da Família Real Portuguesa e sua corte para a cidade do Rio de Janeiro.

2. (ENEM-2010) Leia o texto: Eu, o Príncipe Regente, faço saber aos que o presente Alvará virem: que desejando promover e adiantar a riqueza nacional, e sendo um dos mananciais dela as manufaturas e a indústria, sou servido abolir e revogar toda e qualquer proibição que haja a este respeito no Estado do Brasil. Alvará de liberdade para as indústrias (1º de Abril de 1808). In: BONAVIDES, P.; AMARAL, R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1. Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado). O projeto industrializante de D. João, conforme expresso no alvará, não se concretizou. Que características desse período explicam esse fato? a) A ocupação de Portugal pelas tropas francesas e o fechamento das manufaturas portuguesas. b) A dependência portuguesa da Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobre suas redes de comércio. c) A desconfiança da burguesia industrial colonial diante da chegada da família real portuguesa. d) O confronto entre a França e a Inglaterra e a posição dúbia assumida por Portugal no comércio internacional. e) O atraso industrial da colônia provocado pela perda de mercados para as indústrias portuguesas. 3. (ENEM-2014) A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808. NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997. Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terem:

a) incentivado o clamor popular por liberdade. b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana. c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial. d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português. e) provocado os movimentos separatistas das províncias. LEITURA COMPLEMENTAR Carlota Joaquina Carlota Joaquina foi a primeira filha do rei Espanhol Carlos IV com D. Maria Luísa de Bourbon, ela nasceu a 25 de abril de 1775 na cidade de Aranjuez. Aos dez anos foi obrigada a contrair matrimônio, por meio de procuração, com o príncipe português D. João, segundo filho da rainha D. Maria I (a louca). O casamento de ambos deu-se por interesse das duas famílias, que ambicionavam um acordo entre os dois países. D. João veio a tornarse príncipe regente e em seguida rei de Portugal, somente após a morte de seu primeiro irmão, D. José II, adquirindo então o título de D. João VI. Dona Carlota era uma pessoa que se não se enquadrava nos padrões de beleza, era feia de nascimento, possuía um gênio muito forte e pretendia sempre impor suas vontades. Assaz cobiçosa, tentou de imediato mandar em seu esposo, porém este não se curvou aos seus desmandos, o que acarretou o afastamento entre ambos. Quando sua mãe adoece, com problemas de demência, D. João VI passa a viver no palácio de Mafra, ao seu lado, enquanto Dona Carlota permanece no palácio de Queluz junto à família real. Dona Carlota Joaquina deu à luz nove filhos, os quais foram batizados com os seguintes nomes: Maria Teresa, Antônio Pio, Maria Isabel Francisca, Pedro de Bragança (que viria a ser o futuro soberano do Brasil), Maria Francisca, Isabel Maria, Miguel, Maria da Assunção e Ana de Jesus. Veio para o Brasil contra sua vontade e assim que chegou ao Rio de Janeiro optou por habitar sempre distante do marido, em localidades campestres, como Botafogo, por exemplo. Somente em festividades públicas os dois eram vistos juntos. Seu humor variava muito, quando se encontrava de péssimo humor tinha a capacidade de mandar castigar com chicotadas os viandantes que não dobravam os joelhos quando ela passava com sua comitiva. O príncipe não podia colocar a sua autoridade em risco e procurava manter Dona Carlota sempre bem vigiada por agentes secretos, que contratava para lhe informar todos os passos da mesma.

A princesa, com seu gênio voluntarioso, encontrava sempre um meio de comprar algum deles para lhe manter informada do que se passava no Palácio Real e na Quinta da Boa Vista. Um espião em particular ficou muito conhecido na época por trabalhar para ambos simultaneamente, Francisco Gomes da Silva, cujo apelido era Chalaça. Entre as várias informações relatadas ao príncipe, algumas eram irrelevantes, outras, porém, eram graves, como os vários amantes de sua mulher e as tramas que articulava contra o príncipe, no intuito de lhe tirar o poder das mãos. No ano de 1816, após o falecimento de D. Maria l, Carlota Joaquina é declarada rainha. Quando retorna a Portugal, após a Revolta do Porto, torna pública e notória sua insatisfação para com o regime constitucional que impera, o que acarreta na invalidação de seu título honorífico português. Isolada na Quinta do Ramalhão, ela maquinou para o retorno do absolutismo, e após o falecimento de D. João VI, tentou convencer o filho D. Miguel a apossar-se da coroa, mas a tentativa foi frustrada, pois ela por direito pertencia a D. Pedro I, que posteriormente a reivindicaria. Dona Carlota Joaquina vem a morrer no palácio de Queluz, em Lisboa, a 7 de janeiro de 1830. SANTANA, Miriam Ilza. Carlota Joaquina. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/carlota-joaquina/>. Acesso em: 25 mai. 2016. 15h30min. REFERÊNCIAS INEP. Prova Amarela do primeiro dia do ENEM de 2014. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/cad_enem_2014_dia _1_02_AMARELO.pdf>. Acesso em 25 mai. 2016. 15h. INEP. Prova Azul do primeiro dia do ENEM de 2010. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2010/azul_sabado_gab.pd f>. Acesso em 25 mai. 2016. 14h30. MALERBA, Jurandir. A corte no exílio: interpretação do Brasil joanino (1808-1821). São Paulo: Cia. das Letras, 2000. MARTINS, Antonio Marco Ventura. Um império a construir, uma ordem a consolidar: elites políticas e Estado no sertão. In: Franca-SP, 1824-1852. Franca: Ribeirão Gráfica, 2004.

NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 1996. SANTANA, Miriam Ilza. Carlota Joaquina. Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/carlota-joaquina/>. Acesso em: 25 mai. 2016. 15h30min. SILVA, Maria Beatriz Nizza da. História da família no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. WIKIMEDIA COMMONS. Arco Triunfal da Rua Augusta entrada oficial de Lisboa (reconstruído após o terremoto). Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/ wiki/file:lisboa_april_2014-18a.jpg>. Acesso em: 24 mai. 2016. 14h. WIKIMEDIA COMMONS. Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro-RJ). Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/file:biblioteca_nacional_rio_janeiro.jpg>. Acesso em: 24 mai. 2016. 16h. WIKIMEDIA COMMONS. Fachada do Museu Paulista (Ipiranga). Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/file:museu_paulista.jpg>. Acesso em: 25 mai. 2016. 10h. WIKIMEDIA COMMONS. O rei D. João VI e sua rainha Carlota Joaquina. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/file:domjoao6_carlotajoaquina.jpg>. Acesso em: 24 mai. 2016. 15h. WIKIMEDIA COMMONS. Obra: Independência ou Morte (Pedro Américo). Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/file:independence_of_brazil_1888.jpg>. Acesso em: 25 mai. 2016. 9h.

GABARITO 1. Comentário: Portugal mantinha fortes vínculos políticos e econômicos com a Inglaterra e, por isso, passou a ter sua coroa ameaçada pelas tropas francesas que estavam sob o comando de Napoleão Bonaparte. No momento em que o Bloqueio Continental foi decretado, o rei de Portugal que não pretendia criar um atrito com os ingleses, decide não aderir a esse embargo. Assim, para evitar que as tropas napoleônicas o destronasse, ele transfere a sede do governo português para o Brasil, de onde manteria suas relações comerciais com a Inglaterra e viveria em segurança com o restante da Família Real Portuguesa e sua corte. 2. Alternativa B. Comentário: Durante praticamente todo o período colonial, o Brasil foi proibido de ter indústrias. No governo do Marquês de Pombal, essa proibição foi revogada temporariamente, pois com a sua queda a rainha D. Maria I proibiu novamente a construção de indústrias no país. Porém, quando D. João VI, transfere a sede da administração portuguesa, ele novamente dá a liberdade para a construção de indústrias no Brasil. Mas vale lembrar que isso não significou o fim da proibição, que gerou um surto industrial no país, uma vez que a presença maciça de produtos industrializados ingleses no mercado brasileiro, gerava uma concorrência desleal que impedia o desenvolvimento da indústria nacional. 3. Alternativa B. Comentário: Antes da chegada da família real portuguesa no Brasil, o país enfrentou uma série de revoltas e insatisfações contra a exploração da metrópole, algumas delas (Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana e Revolução Pernambucana) pretendiam inclusive a emancipação do país. Porém, com as ações tomadas por D. João VI, como por exemplo, romper com o Pacto Colonial e abrir os portos para as nações amigas, a exploração dos colonos diminuiu, a liberdade aumentou e as insatisfações tornaram-se momentaneamente menores. Por consequência, quando D. João VI volta à Portugal e as cortes portuguesas tentam revogar essas medidas que beneficiavam os Brasileiros, pretendendo retornar o modelo colonialista, as elites do Brasil se mobilizam para organizar um movimento político que desencadearia na Independência do Brasil.