CAESP - Artes Aula 11-25/05/2017 PRÉ-RENASCIMENTO EM FLORENÇA: A NOVA ATENAS
Contexto histórico do Pré-Renascimento Italiano: No início do século XV, o Duque de Milão pretendia subjugar toda a Itália. Porém, Florença resistiu aos seus avanços mantendo sua posição independente e democrática. Essa resistência florentina deu origem a um sentimento cívico-patriótico, que aclamava a cidade como a nova Atenas. Um archote da Antiguidade Clássica que voltava a alumiar uma Europa envolvida nas trevas da Idade Média.
Contexto histórico do Pré-Renascimento Italiano: Florença era uma defensora da liberdade e pátria das artes e das letras (e dos bancos). Havia um enorme financiamento da produção artística na cidade para poder servir como propaganda da capacidade do engenho humano na superação das condições históricas e determinação do progresso. Estava pavimentado o caminho para o Renascimento, mas ainda era necessário iniciar a jornada, ou seja, o Pré-Renascimento.
Contexto histórico: o artista como um intelectual O Pré-Renascimento traz uma nova forma de ver os artistas. Agora eles não são apenas mestres de algum ofício mecânico realizado com grande capacidade técnica, mas ele é um homem de ideias que utiliza a arte como um veículo para a exposição dessas ideias. Lembremos que Platão, ao estabelecer o Trivium (lógica, gramática, retórica) e o Quatrívium (aritmética, música, geometria, astronomia) como as bases para a o sistema educacional das Artes Liberais, ele retira as Artes Mechanicae desse sistema. Nela, estavam incluídas, dentre outras, a Arquitetura, a Escultura e a Pintura.
Contexto histórico: o artista como um intelectual Quando do Pré-Renascimento, os artistas passam a incluir nas suas obras a necessidade de conhecimentos teóricos específicos para a própria produção delas. Isso causa uma enorme transformação na forma como os autores iram se ver e serem vistos pela sociedade. Ele não será mais apenas um manipulador (por mais hábil que seja) de materiais, mas um homem de ideias.
Contexto histórico: o artista como um intelectual A própria arte e os objetivos da arte também mudam, ela será um registro visível da mente criadora desse artista. Assim, ela não será somente um veículo de divulgação da ideologia moral, política e religiosa da época, ou uma propaganda da nova classe burguesa que começa a nascer e se estabelecer, mas ela é um discurso do próprio artista para o público. Inclusive, é nessa época que surgem os primeiros tratados de teoria da arte. Antes, o que tínhamos eram apenas os manuais para ensinar a execução das obras de arte e arquitetura, pois era um fazer eminentemente mecânico.
O início: escultura Pré-Renascentista A arte Pré-Renascentista começa com a escultura, pois as principais fontes florentinas de financiamento das obras estava ligada a produção da estatuaria para o exterior da igreja Horta de São Miguel (Orsanmichele). Donatello foi o grande escultor do século XV na Itália. Em suas obras podemos perceber claramente a retomada das regras de concepção e realização das esculturas greco-romanas.
O início: escultura Pré-Renascentista São esculturas que estão apoiadas em si mesmas, que tem a indumentária cobrindo o corpo em articulação com esse e transmitem dramaticidade. Tudo bem ao modo e gosto greco-romanos. Suas obras possuem um realismo incrível que está baseado não nas pessoas do seu cotidiano, mas na realidade histórica de sua época, nas questões cívicas das repúblicas de Florença e Veneza.
Donatello: São Marcos (1411 a 1413)
Donatello: Davi (1430 a 1432)
Arquitetura Pré-Renascentista: Brunelleschi O grande arquiteto do Pré-Renascimento foi Brunelleschi. Foi ele o primeiro a estudar as obras arquitetônicas romanas e registrar corretamente a medida delas. Ele também é o artista que redescobre a perspectiva científica. É provável que tenha ocorrido pela necessidade de colocar em papel seus estudos e registros dos monumentos romanos.
Arquitetura Pré-Renascentista: Brunelleschi Sua arquitetura é uma retomada dos elementos greco-romanos: arco pleno (ou arco perfeito), colunas ao invés de pilastras, abóbadas e cúpulas para a produção de amplos espaços públicos à maneira dos romanos. Seu objetivo era a racionalização do vocabulário arquitetônico. Ele escolhe os elementos clássicos por serem eles regidos por normas muito rígidas e claras para a sua realização e articulação estética. Ele baseia sua gramática no círculo e no quadrado.
Brunelleschi - Igreja do Espírito Santo (interior) (1444)
Brunelleschi domo da Santa Maria del Fiore (1420-36)
Brunelleschi domo da Santa Maria del Fiore (1420-36)
Pintura Pré-Renascentista A pintura Pré-Renascentista começa com Masaccio na década de 1420. Ele desenvolve um novo estilo para a pintura, um estilo em forte contraste com o Gótico Tardio. Nesse novo estilo, temos a representação de uma grandiosidade monumental em cenas fantástica. Isso era o oposto das cenas de realidade concreta e cotidiana do Gótico Tardio. O tempo evocado pelas obras não é o presente, mas um passado místico, conhecido através das lendas, das fábulas e da mitologia. As vestimentas não são parte do corpo que cobrem e escondem, mas são roupas que vestem esses corpos que estavam nus. Eles têm dobras e caem como tecidos verdadeiros.
Pintura Pré-Renascentista O espaço nas obras não está mais restrito, mas se expande para o infinito juntamente com as linhas de perspectiva. A profundidade de campo é trazida para a pintura a partir do domínio da perspectiva. Esse será o espaço pictórico racional. Um espaço que é criado e regido pela razão humana, reproduzido através dos cálculos matemáticos da perspectiva. Nesse espaço, as figuras humanas nele não o criam, o espaço não depende daqueles que nele estão. As pessoas apenas habitam o espaço. Ele será um local para as figuras encenarem um momento, um história, uma lenda, um acontecimento.
Jan Van Eyck: Madona do Chanceler Rolin (1435)
Masaccio: Cobrador de impostos (1425)
Masaccio: Santíssima Trindade (1427)
Pintura Pré-Renascentista: Sacra conversazione É uma típica pintura de painel para os altares que se tornará muito popular depois de meados do século XV. Ela possui um esquema de composição em que figuram a Virgem Maria com seu filho no colo. Ela está entronizada no interior de um esquema arquitetônico, sendo ladeada por santos. Esses santos podem estar a conversar com ela, ou entre si, ou com os observadores da obra. Sua composição busca causar no espectador uma postura de contemplação da cena. Nós não somos convidados a entrar na obra, nem podemos fazer paralelos com os espaços cotidianos, mas vemos um outro mundo, um mundo do divino.
Domenico Veneziano: Retábulo de Santa Luzia (1445)
Muito obrigado. Bons estudos! Prof. Heleno Licurgo do Amaral <heleno@dr.com>