Propostas para Regulação e Desburocratização da Infraestrutura no Brasil Ricardo Pinto Pinheiro Presidente-Executivo Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2014
A Infraestrutura de transportes Estado da arte Assunto prioritário nas agendas do governo federal, da imprensa, do empresariado e da academia brasileira. Requisito fundamental para alcançar e manter a competitividade nacional e internacional. Necessária para atender o rápido avanço do comércio exterior e dos investimentos externos (exportação de grãos e minérios). Estado da arte: antiga, ineficiente e de baixa capacidade. Desafio: após um longo período de subinvestimento, as necessidades são gigantescas déficit da ordem de 1 trilhão de reais. Os investimento cairam de 1,85%, em 1975, para 0,10% do PIB, em 2003.
Infraestrutura de transportes Iniciativas recentes Novo patamar de investimentos públicos e privados Resgate do planejamento permanente Plano Nacional de Logística de Transportes PNLT (concluído em 2007 e revisado nos anos de 2009 e 2011); e Plano Nacional de Logística Integrada PNLI (em elaboração pela EPL, com conclusão em setembro/2014). Expansão dos Investimentos Públicos e Privados em Infraestrutura Programa de Aceleração do Crescimento PAC; Programa de Investimentos em Logística PIL; Arrendamento de Terminais Portuários e Autorizações para Terminais de Uso Privativo; e Concessões de Aeroportos e Estimulo da Aviação Regional.
História e características do Programa de Concessão de Rodovias Adotado no Brasil na década de 1990, na gestão do presidente Itamar Franco, para recuperar parte significativa da malha rodoviária, uma vez que essas rodovias, com grande volume de tráfego, haviam atingido significativo nível de degradação, devido à falta de investimentos públicos. A extinção do Fundo Rodoviário Nacional, em 1988 deixou o Estado sem outra fonte de recurso disponível, a não ser a capacidade de investimento e de gestão da iniciativa privada. Em 1994 foram assinados os primeiros contratos e em 1995 as concessionárias assumiram as concessões. A cobrança de pedágios foi iniciada em 1996. O Programa começou com o resgate das condições da Via Dutra, um dos eixos rodoviários mais importante do país. 20 anos de concessão voltar início
Das rodovias da morte às rodovias de qualidade ANTES Rodovia Presidente Dutra DEPOIS KM 167 Pavuna (RJ) KM 167 Pavuna (RJ)
Das rodovias da morte às rodovias de qualidade
Das rodovias da morte às rodovias de qualidade
História e características do Programa de Concessão de Rodovias Poder Concedente União, Estados e Municípios Agência reguladora Outorga (Contrato de concessão) Regulação e Fiscalização Concessionárias de serviço público de rodovias Obras de ampliação Manutenção e melhorias Socorro médico e mecânico Prestação de contas $ Tarifa (Pedágio) Usuários de serviço público de rodovias $ Tributos Remuneração da outorga
Cobrança de pedágio Sistema atual: parte dos usuários pagam PEDÁGIO PEDÁGIO Cobrança manual (local), com paradas nas praças ou Cobrança automática (remota), com redução de velocidade Não paga pedágio Paga 1 pedágio de R$X Paga 2 pedágios de R$X cada
Cobrança de pedágio Sistema previsto: todos usuários pagam 3 a 5 anos para instalação??? Free flow: placas eletrônicas e pórticos Paga pedágio por distância percorrida Paga pedágio por distância percorrida Paga pedágio por distância percorrida
Programa de concessões rodoviárias federais 1ª Etapa 1994 a 1997 1.482,4 km Licitação de concessão de cinco trechos que até então estavam submetidos à cobrança de pedágio pelo extinto DNER: São Paulo 116 Juiz de Fora 040 Rio de Janeiro Além Paraíba 116 Rodovia Presidente Dutra; Freeway, PoA - Osório; Ponte Rio-Niterói; BR 040/MG/RJ - trecho Juiz de Fora - Rio; e BR-116/RJ, trecho Além Paraíba - Teresópolis Caçapava do Sul 290 Osório Porto Alegre 392 Camacuã Bagé 293 Pelotas 116 Rio Grande Jaguarão Fonte: Ministério voltar dos Transportes início
Programa de concessões rodoviárias federais 1ª Etapa 1994 a 1997 1.482,4 km RODOVIA TRECHO CONCESSIONÁRIA BR-101/RJ Rio de Janeiro/RJ Niterói/RJ PONTE RIO- NITERÓI 1 ª ETAPA EXTENSÃO (km) DATA DO CONTRATO PRAZO DA CONCESSÃO PRAÇAS DE PEDÁGIO VALOR 23,2 01/06/1995 20 1 4,90 BR- 116/RJ/SP BR- 116/RJ/MG BR-040/RJ Rio de Janeiro/RJ São Paulo/SP Rio de Janeiro/RJ Teresópolis/RJ Além Paraíba/MG Rio de Janeiro/RJ Juiz de Fora/MG NOVADUTRA 402 01/03/1996 25 6 10,10 CRT 143 22/03/1996 25 1 12,20 CONCER 180 04/07/1997 25 3 8,00 BR-290/RS PÓLO PELOTAS/RS Porto Alegre/RS Osório/RS BR-116 Camaquã / Pelotas BR-116 Pelotas / Jaguarão BR-392 - Santana da Boa Vista / Pelotas CONCEPA 113 04/07/1997 20 3 8,50 ECOSUL 623,8 04/03/2001 25 5 9,00 Fonte: Ministério voltar dos Transportes início
Programa de concessões rodoviárias federais 2ª Etapa 2007-2009 3.281,4 km Licitação de concessão de 8 trechos: BR-153/SP: Divisa MG/SP a SP/PR BR-101/RJ: Divisa RJ/ES - Ponte Rio - Niterói BR-116/PR/SC: Curitiba Divisa SC/RS BR-116/376/PR: Curitiba - Florianópolis BR-116/SP/PR: São Paulo - Curitiba BR-381/MG/SP: Belo Horizonte - São Paulo BR-393/RJ: Divisa MG/RJ - Dutra BR-116/BA Ourinhos 116 Icém 153 Curitiba 101 116 São Paulo São Francisco do Sul 381 Belo Horizonte Barra Mansa Além Paraíba 393 Rio de Janeiro Divisa Alegre 101 116 Salvador Lages Florianópolis Fonte: Ministério voltar dos Transportes início
Programa de concessões rodoviárias federais 2ª Etapa 2007-2009 3.281,4 km RODOVIA TRECHO CONCESSIONÁRIA 2ª ETAPA EXTENSÃO (km) DATA DO CONTRATO PRAZO DA CONCESSÃO PRAÇAS DE PEDÁGIO VALOR BR-153/SP Div. MG/SP Div. SP/PR Transbrasiliana 321,6 05/02/2008 25 4 3,30 BR-101/RJ Div. RJ/ES - Ponte Presidente Costa e Silva Autopista Fluminense 320,1 15/02/2008 25 5 3,30 BR-116/PR/SC Curitiba Div. SC/RS Autopista Planalto Sul 412,7 15/02/2008 25 5 3,60 BR-116/376/PR BR-101/SC Curitiba - Florianópolis Autopista Litoral Sul 382,33 15/02/2008 25 5 1,70 BR-116/SP/PR São Paulo - Curitiba Autopista Régis Bittencourt 401,6 17/02/2008 25 6 1,80 BR-381/MG/SP Belo Horizonte - São Paulo Autopista Fernão Dias 562,1 18/02/2008 25 8 1,40 BR-393/RJ BR-116/BA BR-324/BA Div. MG/RJ - Entr. BR-116 (Pres. Dutra) BR-116 Feira de Santana; BR-324 Salvador-Feira de Santana; BR-116/BR- 324/BA; BA-528/BA- 526/ARATU Rodovia do Aço 200,35 27/03/2008 25 3 4,50 VIABAHIA 680,6 20/10/2009 25 7 1,70 Fonte: Ministério voltar dos Transportes início
Programa de concessões rodoviárias federais 3ª Etapa 475,9 km CONCESSIONÁRIA: ECO 101 CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS S.A. Investimento Previsto: R$ 3.800.000.000,00 Investimento Realizado: - Responsável: ANTT Data de início: 17/04/2013 Prazo de Concessão: 25 anos Cobrança de Pedágio: - 101 São Mateus Contrato de Concessão assinado em 17/04/2013 Sooretama Deságio de 45,63% Tarifa de Pedágio: R$ 3,39 7 Praças de Pedágio Cachoeiro do Itapemirim 101 Viana Vitória Fonte: Ministério voltar dos Transportes início
Macapá Belém PIL Rodoviário Manaus Itacoatiara Itaqui Pecém Fortaleza Natal Porto Velho Recife Suape Maceió BR-153/GO/TO + TO-080 814,0 km Galvão Engenharia em 12/09/2014 BR-163/MT 850,9 km Odebrecht em 27/11/2013 BR-060/153/262/DF/GO/MG 1176,5 km Triunfo em 04/12/2013 Salvador Aratu Ilhéus BR-101/BA 772,3 km Em aberto BR-050/GO/MG 436,6 km Planalto em 18/09/2013 Vitória BR-116/MG 816,7 km Em aberto Portos Malha Rodoviária Federal: 119.718,4 km PIL Rodoviário: 7.027 km BR-163/MS 847,2 km CCR em 17/12/2013 Porto Alegre Santos Paranaguá São Francisco do Sul Itajaí Imbituba Itaguaí Rio de Niterói Janeiro BR-262/ES/MG 375,6 km Em aberto BR-040/DF/GO/MG 936,8 km Invepar em 27/12/2013 Pelotas Rio Grande Fonte: Ministério voltar dos Transportes início
Programa de concessões rodoviárias do Estado de São Paulo 3.234,2 km
Programa de concessões rodoviárias do Estado de São Paulo 3.234,2 km
Investimentos, custos operacionais e outros Programa de Concessões Rodoviárias Brasil* FLUXO DE CAIXA - 1995 até junho de 2014 R$ milhões Receita de Pedágio 106.612,837 Desembolsos Investimentos 41.092,289 Despesas Operacionais 35.580,037 Pagamentos ao Poder Concedente 12.012,063 Tributos Federais 13.312,181 Tributos Municipais 5.354,419 Despesas Financeiras 15.568,016 Total de Desembolsos 122.919,005 * Nos próximos cinco anos, as concessionárias de rodovias devem investir R$ 55 bilhões nos trechos administrados pela iniciativa privada.
Investimentos em rodovias (em R$ bi) Fonte: ABCR e CNT A partir de 2003 houve uma melhoria nos níveis de investimento do setor público, atingindo a 0,36% do PIB em 2011. O percentual voltou a cair em 2012, chegando a 0,29% do PIB. Por outro lado, os níveis de investimentos do setor privado são crescentes. Não tem explicação a ocorrência de 2013, dado que as concessões privadas respondem por menos de 10% da malha rodoviária brasileira.
Investimentos em rodovias (em R$ bi)
Situação atual das concessões no País (Federais, estaduais e municipais) Setor rodoviário concedido: 16.344 quilômetros de rodovias, que devem ser acrescidas de 2.958 quilômetros em fase de contratação. 8% da malha viária brasileira pavimentada será de 9,5%. 7.385 quilômetros de rodovias federais; 8.942 quilômetros de rodovias estaduais; e 17 quilômetros de rodovia municipal.
Situação atual das concessões no País A comparação com as concessionadas mostra que as maiores dificuldades estão nas rodovias mantidas pelos governos federal e estaduais. Em relação ao estado geral, apenas 2,7% da extensão sob gestão pública foi considerada ótima e 24%, boa. Já em relação ao estado geral das concedidas, os percentuais de classificação de extensão ótima e boa são de 48,5% e de 35,9%, respectivamente. Fonte: Pesquisa CNT de 2013
Externalidades das concessões de rodovias (resultados preliminares) Avaliação Socioambiental - Programa de Concessões Paulista (2009-2013) - mil reais Itens Analisados Total % Efeito Multiplicador R$ 5.903.394,95 11,46% Pagamento ao Poder Concedente R$ 2.371.265,68 4,60% Impostos R$ 5.448.532,91 10,57% Retorno Econômico para a Sociedade R$ 13.723.193,54 26,63% Redução na Gravidade dos Acidentes R$ 3.774.897 7,33% Serviço de Atendimento ao Usuário R$ 3.743.076 7,26% Redução no Custo Operacional R$ 30.263.044 58,73% Redução na Emissão de Carbono R$ 24.745 0,05% Retorno Socioambiental R$ 37.805.761 73,37% Retorno Total para a Sociedade R$ 51.528.955 100,00% Receita de Pedágio - custo para a sociedade R$ 26.854.747 Retorno Líquido para a sociedade R$ 24.674,208 Efeito Multiplicador para a Sociedade R$ 1,92
Sobre a ABCR ANO Concessões Extensão (km) 1995 4 748,200 1996 4 748,200 1997 7 943,530 1998 31 8.331,951 1999 32 8.638,847 2000 36 9.887,797 2001 36 9.887,797 2002 36 9.887,797 2003 36 9.887,797 2004 36 9.887,797 2005 36 9.887,797 2006 36 9.887,797 2007 36 9.887,797 2008 46 12.896,947 2009 52 15.272,910 2010 53 15.193,760 2011 55 15.513,950 2012 55 15.513,950 2013 57 16.002,850 2014 53 16.344,746 53 empresas privadas associadas em 12 estados (BA, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP), sendo: 18 concessionárias federais; 34 estaduais; e 1 municipal. De 1º de junho de 1995 até 30.06.2014 24.050.566 veículos atendidos; 2.141.922 de usuários atendidos; Redução de 26,7% no índice de mortes (últimos cinco anos); R$ 41 bilhões investidos na recuperação, ampliação e melhorias nas rodovias; 61 mil quilômetros pavimentados e recapeados.
Índice ABCR de atividades Emprego e renda
Índice ABCR de atividades Produção industrial
Pontos notáveis dos contratos de concessão Arcabouço regulatório: Leis n. 8.987/95 e n. 9.074/95 que dispõem sobre a concessão e lei 10.233/01 de criação da ANTT. Pedágio inicial e critério de reajuste, bem como programa de obras e qualidade dos serviços fixados em contrato. Preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato e correspondente TIR e Plano de Negócio atrelados à proposta vencedora do leilão. Recomposição do equilibrio dos contratos de concessão da 1a. e 2a. Etapas, decorrentes de novas obras e serviços pela metodologia do fluxo de receita marginal (Resolução ANTT n. 3651/11). A delegação é contratual e o fiel cumprimento dos contratos é fundamental!
Como regular e desburocratizar a infraestrutura no Brasil? Instrumentalizar a EPL, com recursos humanos e técnicos, de modo a ser o órgão de apoio ao setor de transportes na definição do planejamento de curto, médio e longo prazo, bem como estruturar e viabilizar modelos de concessão e fontes de financiamento; Fortalecer o setor de transportes na definição das políticas, estratégias, planos e programas de transporte e logística do País, bem como na preparação dos editais de licitação das concessões; Assumir o compromisso público, por parte do poder concedente federal, de zelar pelo fiel cumprimento dos contratos de concessão;
Como regular e desburocratizar a infraestrutura no Brasil? Envolver a ABCR na discussão do planejamento do setor de transporte e logística, modelos de concessão e fontes de financiamento; Promover a discussão sistemática da experiência consolidada de projeto e construção de rodovias no Brasil, via setor de transportes, de modo a introduzir as melhores práticas com base na experiência de vinte anos do programa de concessões de rodovias; Preencher o quadro de diretores da ANTT, com pessoal de alto nível e qualificado, de preferência com a definição de requisitos técnicos mínimos de preenchimento dos cargos de direção;
Como regular e desburocratizar a infraestrutura no Brasil? Instrumentalizar a ANTT, com recursos técnicos e quadro próprio qualificado, com a finalidade de atender aos objetivos de regular e fiscalizar os contratos de concessão; e Criar condições para que haja maior transparência nas reuniões, decisões e atos regulatórios da ANTT, estimulando o uso da agenda regulatória para dar previsibilidade, incentivando o uso da análise de impacto regulatório (AIR) e estabelecendo mecanismos de solução de controvérsias.
Como regular e desburocratizar a infraestrutura no Brasil? Criar um centro de referência de estudos e pesquisas na área de transporte e logística do país, de preferência associado com uma universidade federal, a exemplo do que ocorre no setor de energia elétrica e de petróleo; e Incentivar o intercâmbio de experiência do Brasil em planejamento, planos e programas, regulação e fiscalização e financiamento de rodovias com os países da América Latina, EUA, Europa e Ásia.
OBRIGADO! Ricardo Pinto Pinheiro Presidente-Executivo Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2014