ESTADO, POLÍTICA PÚBLICA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

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Transcrição:

ESTADO, POLÍTICA PÚBLICA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Resumo Priscila Kutisque de Oliveira 1 - UEL Adriana Medeiros Farias 2 - UEL Grupo de Trabalho - Educação de Jovens e Adultos Agência Financiadora: não contou com financiamento O pôster proposto expõe uma pesquisa em andamento que se destina ao trabalho de conclusão do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual de Londrina. Objetiva-se analisar a atuação do poder público, na esfera de competência municipal e estadual, no âmbito das políticas públicas e políticas de acesso à Educação de Jovens e Adultos (EJA), no território de Londrina, no estado do Paraná. O estudo realizado no período de 2013 a 2015, conclui a revisão de literatura e parte do levantamento dos dados da população a ser investigada. A pesquisa, em sua etapa inicial, compara os dados dos recenseamentos oficiais da população jovem, adulta e idosa não escolarizada, com os coletados in loco; analisa o conceito de chamada pública e identifica as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná e pela Secretaria Municipal de Educação de Londrina que efetivam a chamada pública. A metodologia de pesquisa aplicada apresenta caráter qualitativo e quantitativo, com abordagem de pesquisa fundamentada na perspectiva do materialismo dialético. Define-se por instrumentos de pesquisa, o levantamento e análise dos dados censitários e locais, identificação e análise documental, e, a realização de entrevistas estruturadas. Outro instrumento metodológico será o seminário de pesquisa organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos da Universidade Estadual de Londrina. O seminário é instrumento relevante para registrar as concepções dos gestores municipais e estaduais a respeito da chamada pública, assim como as ações e estratégias planejadas e implementadas pelos órgãos governamentais. Os resultados parciais da pesquisa sugerem que a forma de organização, administrativa e político-institucional, do Estado tem ligação inerente com o processo de municipalização da educação. Esta forma gera implicações na efetivação da chamada pública, uma vez que a legislação educacional prevê como dever do poder público, no entanto não a conceitua e não caracteriza a sua implementação. 1 Graduanda do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos. Bolsista do Programa de Iniciação à Docência. E-mail: priscilakutisqueoliveira@gmail.com 2 Doutora em Educação pela FE/Unicamp. Professora da Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos. Coordenadora do Programa de Iniciação a Docência, subprojeto Pedagogia/ Educação de Jovens e Adultos. E-mail: adriafarias@gmail.com ISSN 2176-1396

1802 Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Estado. Políticas Públicas. Paraná. Introdução Este trabalho é originário da pesquisa concluída cujo objeto central foi a construção de um mapa geoeducacional das ações do poder público, estadual e municipal frente às demandas de escolarização de pessoas jovens, adultas e idosas. Tratava-se de identificar o atendimento das demandas de Educação de Jovens e Adultos na cidade e na região metropolitana de Londrina, do estado do Paraná. A revisão de literatura a respeito da atuação do Estado frente ao atendimento das necessidades educacionais das pessoas jovens, adultas e idosas, indicou que a ausência de um sistema nacional de EJA acaba por provocar descontinuidade dos estudos entre os alunos que freqüentam as diversas etapas ofertadas pelos diversos níveis de governo" (HADDAD, 2007). Assim entende-se que inexistência de política pública de EJA desenvolvida pelo Estado tem sido um dos aspectos relevantes para que, o direito à educação e a garantia da oferta, não sejam efetivados. Visto que são ações propostas pelo poder público, na esfera municipal e estadual desenvolvidas mediante a pauta social dos governos. Sendo possível destacar por meio dos estudos produzidos que na região metropolitana de Londrina, território que contempla ao todo 17 municípios do estado do Paraná, de acordo com a Lei Complementar Estadual nº 157 de junho de 2013, as implicações da municipalização acabam por não comprometer os gestores com a oferta e garantia da EJA. O estudo enfatiza que o município tem sido o locus privilegiado de implementação das políticas públicas por meio do processo de municipalização e/ou descentralização das responsabilidades do poder público. A distinção entre descentralização e desconcentração feita por Hevia (1991), na qual a primeira apresenta um grau maior de autonomia, onde as decisões, atividades e funções são determinadas e operacionalizadas por órgão/entes regionais ou locais, enquanto na segunda estas decisões são de âmbito menor, pertencendo estas entidades à mesma personalidade jurídica do outorgante (OLIVEIRA; GANZELI, 2001, p.100). Isto porque o governo federal embora seja indutor de serviços públicos destinado à educação básica, descentraliza para a esfera estadual e municipal de governo a execução dos mesmos. Portanto, concentrar os esforços de análise no território municipal é condição para analisar a efetividade, ou não, do Estado em ação.

1803 Inserido neste contexto de debate a respeito do Estado na implementação de políticas de EJA é que se propõe a pesquisa de trabalho de conclusão de curso. A pesquisa em sua fase inicial parte da premissa que a organização do poder público, por meio das esferas federativas não garante o cumprimento dos incisos I e II, do 1º, que dispõem a respeito do recenseamento das pessoas que não concluíram a educação básica e a chamada pública, presentes no Art. 5º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. A referida lei não define o conceito de chamada pública, tampouco delineia a atuação dos entes federados na implementação da mesma. Ao mesmo tempo em que não identifica a inserção da chamada pública na definição das ações do Estado, quer seja em âmbito municipal e/ou estadual. A pesquisa proposta objetiva analisar a atuação do poder público, na esfera de competência municipal e estadual, ao que se refere à chamada pública, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no território de Londrina, situado no estado do Paraná, no período de 2013 a 2015. Do objetivo geral decorrem os objetivos específicos, quais sejam: analisar o conceito de chamada pública e as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), por meio do Núcleo Regional de Educação (NRE) e pela Secretaria Municipal de Educação de Londrina (SMEL). Comparar os dados de recenseamento produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) com os dados do recenseamento realizados in loco, pelo Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos, (CEEBJA) Herbert de Souza, situado na Vila Nova, região central de Londrina. Espera-se que ao decorrer da pesquisa seja realizado, com o apoio do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o III Seminário Regional de Educação de Jovens e Adultos de Londrina, sendo este outro instrumento metodológico utilizado como fonte de dados para a análise. Marco teórico A produção científica, produzida no campo da Educação de Jovens e Adultos e inserida nos estudos a respeito das políticas públicas, indica a relevância da investigação acerca das políticas educacionais planejadas e implementadas no âmbito das ações do Estado. Isto porque somente o Estado é capaz de alcançar o atendimento da demanda populacional para escolarização. Sobretudo para as pessoas jovens, adultas e idosas, a ausência do poder

1804 público na oferta de educação presencial e gratuita, é terreno para que o setor privado mercantilize a certificação conclusiva dos estudos, sem qualquer comprometimento com a qualidade dos processos educacionais. A redução da atuação do Estado frente às demandas sociais fez com que nas últimas décadas o setor privado ocupasse significativamente as ofertas educacionais. No campo da Educação de Jovens e Adultos, esta é uma premissa que se verifica. Mesmo por dentro do Estado, os governos têm efetivados parcerias contratuais com o setor privado para a oferta educacional, ressaltando as modalidades de ensino à distância. No âmbito da educação básica, há sérios comprometimentos no interior da educação infantil e da educação de jovens e adultos. Esses comprometimentos conduzem a que os espaços que deveriam ser ocupados por dever, pelo Poder Público, tornem-se apropriados pelo setor privado, especialmente por meio de parcerias, convênios ou terceirizações (CURY, 2002, p.197-98). O tema de investigação que parte da conceituação de que a Educação de Jovens e Adultos é tarefa do Estado sua garantia e oferta pública e gratuita, aponta para a necessidade de aprofundamento dos conceitos, tais como: Estado federativo, governo, políticas públicas, municipalização, regime de colaboração, sistemas de ensino, chamada pública entre outros que demandarem as categorias de análise no decorrer do processo. Contudo, indicamos que o aprofundamento teórico para os estudos políticos foram pautados nas obras de Marx (1996), Engels (1984), Arroyo (2011); Cury (2002; 2010), Dalari (1998), Haddad (2007), Oliveira (2006), Araújo (2006; 2013), Saviani (2010), Vieira (2010) e demais. Neste sentido, para a compreensão da formação do Estado federativo brasileiro o estudo buscou retomar, por meio dos referenciais teóricos, conceitos que irão balizar as discussões ao decorrer da pesquisa. Para tanto, atentamos que a base etimológica do termo Estado é oriunda da língua latina, contudo seu significado indicando uma sociedade política, só aparece no século XVI, e este é um dos argumentos para alguns autores que não admitem a existência do Estado antes do século XVII (DALARI, 1998, p. 22). É possível destacar que sua gênese a partir das causas econômicas, tem ligação intrínseca com o processo social de aquisição, acumulação e manutenção da riqueza, pois no momento histórico que surge a necessidade de criar uma instituição que garanta essas condições observa-se, no direito de uma classe possuidora explorar a não-possuidora e o domínio da primeira sobre a segunda (ENGELS, 1984, p.120), o nascer da divisão de classes e a constituição do Estado. Deste modo, não é possível atribuir um caráter universal ao termo,

1805 considerando que o mesmo irá se constituir mediante a pretensão socioeconômica dos diferentes períodos históricos. A formação do Estado Federativo em âmbito nacional tem seu marco inicial no século XIX, com a promulgação da Constituição de 1891, contudo os estudos de Gilda Cardoso de Araújo (2013) apontam que o federalismo passou a ser pauta das discussões no campo das Ciências Políticas e Econômicas, a partir da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Compreendesse assim, que o amparo legal para o processo de municipalização da educação, torna-se mais complexo, a partir desta publicação no final da década de 1980, indicando que a: questão federativa é indissociável do direito à educação, visto que a forma administrativa e político-institucional do Estado brasileiro imprime um formato à educação que deve ser oferecida por esse Estado, ou seja, a forma que assumirão os poderes e as responsabilidades estatais na tarefa de educar a população. 3 Partindo desta premissa, indaga-se quais são as implicações desta forma de organização do Estado na implementação da chamada pública, na modalidade da EJA, no município de Londrina, na esfera do poder público municipal e estadual. Para efetivação do ato de chamada pública há no município um Grupo de Trabalho da Educação de Jovens e Adultos, sob coordenação do Mistério Público do Paraná, instituído no ano de 2013, pela 24ª Promotoria de Justiça da Comarca de Londrina. A atuação do GT a respeito deste debate foi impulsionada pelo Fórum Regional de Educação de Jovens e Adultos da Região Londrina. Para tanto, o Fórum elaborou um dossiê a respeito da oferta da EJA no território municipal. Em decorrência dos dados apresentados no dossiê e da necessidade de concentrar os esforços em um dos pontos da pauta social apresentada, a chamada pública foi destacada frente ao conjunto de questões que circunscrevem o campo político-pedagógico da EJA. Para contribuir mais com as discussões, esta organização não governamental construiu outro texto que define a chamada pública e delineia a ação do Estado frente as políticas de recenseamento. O Fórum apresenta chamada pública como sendo 3 Idem, p.32.

1806 um conjunto de ações contínuas promovidas e financiadas pelo Estado, com a finalidade de assegurar ampla publicização da oferta da Educação de Jovens e Adultos. As ações são integradas entre os diversos setores da administração pública estadual e municipal, de entidades da sociedade civil organizada e de movimentos sociais e populares. Pressupõe o caráter diagnóstico, formativo e informativo com implementação em curto, médio e longo prazo (FÓRUM DE EJA LONDRINA, 2012). Este conceito foi incorporado ao relatório do Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos (ENEJA, 2013) e tem sido debatido nos espaços de organização política. O conceito foi utilizado para balizar o debate em torno das ações realizadas tanto pela SEED quanto pela SMEL. No âmbito da pesquisa é pertinente verificar se a análise pode incidir tanto no campo qualitativo do conceito e das práticas políticas organizativa, quanto no âmbito da produção dos dados que caracterizam a população fora da escola. Deste modo, o estudo se propõe a comparar as ações de chamada pública realizadas na esfera municipal e na estadual, no que diz respeito ao acesso a educação básica identificando impacto na ampliação do atendimento da oferta. Metodologia A metodologia aplicada apresenta caráter qualitativo, considerando que há a preocupação em verificar a atuação o poder público na garantia do direito à Educação e os desdobramentos no acesso à escolarização por parte daqueles que não tiveram assegurado esse direito, no território do município de Londrina. O método de Marx concebe os fenômenos em análise como sendo históricos, dotados de materialidade e movidos pela contradição: afirmação-negação-nova afirmação. Desse método resulta a tese que concebe o conhecimento como um movimento que se dá no marco da luta de classes e, assim, a ciência e a pesquisa afirmam-se como fenômenos que contribuem para a manutenção da atual sociedade capitalista. Por outro lado, as classes trabalhadoras e aquela intelectualidade que se aliar a seus interesses tornar-se-ão os sujeitos da contradição dessa sociedade também no campo do conhecimento, isto é, capacitar-se-ão a estabelecer uma nova afirmação: a luta por uma nova ciência e por pesquisas comprometidas com os valores populares (MEKSENAS, 2002, p. 16). O método proposto se coloca em consonância com o campo de investigação e com os interesses da classe trabalhadora no que tange ao acesso à escolarização e aos conhecimentos decorrentes da instituição escolar. A pesquisa não sendo neutra se insere nas disputas em torno do direito à educação e como o Estado capitalista se utiliza de estratégias para impedir que a classe trabalhadora tenha acesso. Deste modo, o método de pesquisa não pode negar as

1807 contradições da sociedade e do Estado frente aos processos educacionais, especificamente para a Educação de Jovens e Adultos. Considerações Finais A pesquisa encontra-se em sua fase inicial e sugere que a forma de organização administrativa e político-institucional do Estado tem ligação inerente com o processo de municipalização da educação, o que gera implicações na efetivação da chamada pública. Há o indício de que a organização do poder público, por meio das esferas federativas não garante o cumprimento da legislação, que prevê a chamada e o recenseamento anualmente da demanda populacional que não tiveram o acesso à educação e/ou não concluíram o processo de escolarização, de acordo com o Art. 5º da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Visto que a legislação a menciona em seu texto, porém não apresenta o conceito chamada pública, assim como não caracteriza sua implementação, é necessário comparar os dados de recenseamento produzidos pelo INEP com os dados do recenseamento realizados pelo Centro de Educação Básica de Jovens e Adultos (CEEBJA) Herbert de Souza, bem como desenvolver a análise do conceito de chamada pública e as ações realizadas em âmbito municipal e estadual no território de Londrina. Para assim ter dimensão das condições de acesso à escolarização na modalidade da EJA e o papel do Estado de assegurar esse direito, aos jovens, adultos e idosos que não concluíram seu processo de escolarização. REFERÊNCIAS ARAUJO. Gilda Cardoso de. Políticas Educacionais e Estado Federativo: conceitos e debates sobre a relação entre município, federação e educação no Brasil. Curitiba: Appris, 2013. DALARI, Dalmo de Abreu. Origem e formação do Estado. In: DALARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 22-45. ENGELS, Friedrich. A origem da família, propriedade privada e do Estado. 9.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. HADDAD, Sérgio. Ação de governos locais na educação de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, v.12, n. 35, maio/ago. 2007. LONDRINA FÓRUM PARANAENSE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Dossiê da Educação de Jovens e Adultos. Londrina, 05 nov. 2012.

1808 MEKSENAS, Paulo. Pesquisa social e ação pedagógica: conceitos, métodos e práticas. São Paulo: Loyola. 2002. p. 15-16-88. OLIVEIRA, Dalila Andrade. A gestão democrática da educação no contexto da reforma do estado. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2006. p.91-112. OLIVEIRA, Cleiton de; GANZELI, Pedro. O processo de municipalização do ensino fundamental, da primeira à quarta série, em Piracicaba. In: GIUBILEI, Sonia. (Org.) Descentralização, municipalização e políticas educativas. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001, pp. 93-138.