Estrutura da comunidade de peixes do rio Ibicuí, Rio Grande do Sul, Brasil.

Documentos relacionados
DINÂMICA POPULACIONAL, DENSIDADE E BIOMASSA DA ICTIOFAUNA DA FOZ DO ARROIO FELIZARDO, BACIA DO RIO URUGUAI MÉDIO, URUGUAIANA, RS

Caderno de Pesquisa, série Biologia Volume 19 (2) 37 ICTIOFAUNA DO RIO PARDINHO, RS, BRASIL.

Peixes do rio Turvo bacia do rio Paranapanema, São Paulo, Brasil

DIVERSIDADE ESPECÍFICA, DENSIDADE E BIOMASSA DA ICTIOFAUNA DA NASCENTE DO ARROIO FELIZARDO, BACIA DO RIO URUGUAI MÉDIO, URUGUAIANA, RS, BRASIL

Capivaras no Reservatório da UHE Monte Claro MEIO BIÓTICO

3.1 ESTIMATIVAS DA ABUNDÂNCIA ABSOLUTA E RELATIVA EM CPUE

Códigos dos nomes das 79 espécies capturadas nos quatro trechos do reservatório de Capivara estudados.

Porto Alegre, setembro de 2010.

AVALIAÇÃO DA COMUNIDADE ÍCTICA DA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA - (ADA) E ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA (AID) DA UHE ALZIR DOS SANTOS ANTUNES, NONOAI, RS.

COMPOSIÇÃO DAS ESPÉCIES DE PEIXES DO RESERVATÓRIO DE SALTO SANTIAGO, RIO IGUAÇU, PARANÁ, BRASIL.

COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA DO RIO CANTU, TRIBUTÁRIO DO RIO PIQUIRI, BACIA DO ALTO RIO PARANÁ.

Ictiofauna do arroio Quarai-Chico, bacia do médio rio Uruguai, no interior do Parque Estadual do Espinilho, Rio Grande do Sul, Brasil

COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA E ESTRUTURA EM TAMANHO DA ASSEMBLÉIA DE PEIXES DO CÓRREGO ITYS, NO MUNICÍPIO DE MARIALVA PR

A Ictiofauna do Rio Santa Maria do Rio Doce. Guilherme P. Fadini 1*

RELATÓRIO DA 12ª CAMPANHA DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PERÍODO PÓS-ENCHIMENTO - UHE MONJOLINHO - OUTUBRO DE 2017.

Composição da ictiofauna do rio Quilombo, tributário do rio Mogi-Guaçu, bacia do alto rio Paraná, sudeste do Brasil

RELATÓRIO DA 11ª CAMPANHA DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA PERÍODO PÓS-ENCHIMENTO - UHE MONJOLINHO -

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

Check List 2006: 2(3) ISSN: X LISTS OF SPECIES

Variações espaciais na estrutura da comunidade de peixes do reservatório de Nova Ponte.

2.11. Comunidades de peixes

A COMUNIDADE DE PEIXES INTRODUÇÃO

Fish, Passa Cinco stream, Corumbataí river basin, state of São Paulo, Brazil

PROGRAMA DE INVENTARIAMENTO, MONITORAMENTO E RESGATE DA ICTIOFAUNA UHE FOZ DO RIO CLARO

Teleostei) de ribeirões da bacia do rio

Avaliação da Ictiofauna e do Ciclo Reprodutivo na área de influência da UHE Baixo Iguaçu

Distribuição, dominância e estrutura de tamanhos da assembleia de peixes da lagoa Mangueira, sul do Brasil

ARTIGO. Ictiofauna da Estação Experimental Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sul do Brasil: composição e diversidade

Classificação. Gilmar Baumgartner Carla Simone Pavanelli Dirceu Baumgartner Alessandro Gasparetto Bifi Tiago Debona Vitor André Frana


MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DO PARQUE AQÜÍCOLA XORORÓ NO RESERVATÓRIO DE ITAIPU PARANÁ/BRASIL

ICTIOFAUNA DO MEDIO CURSO DO RIO PARANAPANEMA, BACIA DO ALTO PARANA: PROVAVEIS IMPACTOS DA IMPLANTACAO DO COMPLEXO CANOAS

INFLUÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO CULTIVO DE PEIXES EM TANQUES-REDE NA PRODUÇÃO PESQUEIRA DO RESERVATÓRIO DE ITÁ, ALTO RIO URUGUAI, BRASIL.

COMPOSIÇÃO ICTIOFAUNÍSTICA DO SISTEMA LACUSTRE DO VALE DO RIO DOCE (MG), BRASIL.

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Município de Olímpia, Fazenda Três Corações, Córrego das Laranjeiras 20º44 11,3 S 49º02 50,3 W

Gianfrancisco Schork. Estrutura da assembleia íctica nos dez anos após a formação dos reservatórios de Itá e Machadinho Alto Rio Uruguai

ECOLOGIA DE PEIXES EM UM TRECHO DO ALTO RIO URU, CIDADE DE GOIÁS, GOIÁS, BRASIL

Comunidade de Peixes

Volume 2 Programas do Meio Físico Programas do Meio Biótico Programas do Meio Antrópico

Ictiofauna do Ribeirão do Pântano, afluente do Rio Mogi-Guaçu, Bacia do Alto Rio Paraná, São Paulo, Brasil

STUDY OF THE ICTIOFAUNA IN JURAMENTO RIVER RESERVOIR, JURAMENTO/ MG,BRAZIL

CAPÍTULO 16 ICTIOFAUNA DOS RIOS FORTALEZA, IAPÓ, ALTO E MÉDIO TIBAGI

2.10. Ictiofauna. Fauna associada a bancos flutuantes de macrófitas. PELD Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração 126.

DADOS PRELIMINARES DO LEVANTAMENTO DA ICTIOFAUNA DO PLANALTO DE POÇOS DE CALDAS

Chave para gêneros do baixo rio Iguaçu, com categorias superiores

1 º RELATÓRIO CONSOLIDADO REFERENTE AO MONITORAMENTO DE ICTIOFAUNA DAS TERRAS INDÍGENAS DO RIO TIBAGI/PR

Monitoramento de um sistema de transposição de peixes em uma Pequena Central Hidrelétrica no rio Ijuí, Ijuí, RS: estudo de caso.

Mecanismo de transposição de peixes de pequena central hidrelétrica

Ictiofauna do rio Engano nos municípios de Irani, Ipumirim e Itá em Santa Catarina, sul do Brasil

2.8. Ictioparasitologia

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Inventariamento ictiofaunístico em uma propriedade rural localizada no município de Cristal, Rio Grande do Sul, Brasil. Andrei da Silveira Langoni

DISTRIBUIÇÃO DO ICTIOPLÂNCTON NO MÉDIO RIO URUGUAI: INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS REGIONAIS E LOCAIS

MEIO BIÓTICO CR/C/RM/030/043/

ICTIOFAUNA DO RIO DA PRATA (MICROBACIA DO RIO APORÉ, BACIA DO PARANAÍBA)

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DO RESERVATÓRIO E SISTEMA DE TRANSPOSIÇÃO DE PEIXES DA UHE IGARAPAVA

COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DIVISÃO DE MEIO AMBIENTE ÁREA DE GERAÇÃO

- Gerenciamento de Recursos Hídricos - Convênio de Cooperação Técnica CBH Araguari / ABHA

Estudo comparado da taxocenose de peixes em dois ambientes aquáticos do Parque Estadual de Itapuã, sul do Brasil

ICTIOFAUNA DO RIACHO DO JAPIRA, BACIA DO TIBAGI, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DE BOTUCATU. Heleno Brandão

G e o l o g i a M i n e r a ç ã o e A s s e s s o r i a L t d a. geominas@terra.com.br Fone Fone Fax

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS A GRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQÜICULTURA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA

Capítulo 9. Comunidade de peixes. Introdução

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA SÃO SIMÃO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE AMBIENTES AQUÁTICOS CONTINENTAIS

Ictiofauna da microbacia do Rio Jaguari, Juaguari/RS, Brasil

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

PEIXES. Luiz R. Malabarba 1, Clarice B. Fialhol, Vinicius A. Bertaco 2, Fernando R. Carvalho 3, Ana Paula S. Dufechl, Juliano Ferrerl, Julia Giora 1

Comunidades de Peixes da RPPN SESC Pantanal

GIANFRANCISCO SCHORK

Utilização de índices ecológicos em assembléias de peixes como instrumento de avaliação da degradação ambiental em programas de monitoramento

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA SÃO SIMÃO

The fish fauna of Turuçu river, Patos-Mirim lagoon system, Rio Grande do Sul state, southern Brazil

Capítulo 13. Ictioparasitologia. Introdução. Materiais e Métodos

Fish, Mogi Guaçu reservoir and four oxbow lakes, state of São Paulo, Brazil

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS CERRO LARGO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS HUANA TAINÁ LINO DAMIAN

MONITORAMENTO DA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE MIRANDA, RIO ARAGUARI, BACIA DO PARANÁ, MG (ANO DE 2004) RELATÓRIO FINAL

AVALIAÇÃO DA ESTOCAGEM DE DUAS REPRESAS RIO GRANDE. Alexandre Godinho Gregório Kurchevski Mariana Côrtes UFMG.

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA

DIVERSIDADE DE PEIXES ASSOCIADOS À MACRÓFITAS AQUÁTICAS, NO RIO BENTO GOMES E BAÍA PARENTAL, PANTANAL DE POCONÉ-MT

I.M.K.BOSSEMEYER, M.L.C.WEIS, S.T.BENNEMANN e M.L.S.BIER Departamento de Biologia. Centro de Ciências Naturais e Exatas.UFSM. Santa Maria, RS.

A IMPORTÂNCIA DA HIDROGRAFIA SOBRE A BIOGEOGRAFIA AQUÁTICA REGIONAL: UM CASO DOS AFLUENTES DA BACIA DO RIO PARANÁ

DHONATAN OLIVEIRA DOS SANTOS ESTRUTURAÇÃO LONGITUDINAL DA ICTIOFAUNA A JUSANTE DAS CATARATAS DO IGUAÇU

Chec List Journal of species lists and distribution

RELATÓRIO FINAL DE MONITORAMENTO DE ICTIOFAUNA INTEGRANTE DO PBA (Plano Básico Ambiental) TERRAS INDÍGENAS DO RIO TIBAGI/PR

MONITORAMENTO ANUAL DE ICTIOFAUNA 2005

A ICTIOFAUNA DOS RIOS CAVEIRAS E CARONAS DO PLANALTO SERRANO, SUB - BACIAS DOS RIOS CANOAS E PELOTAS - BACIA DO RIO URUGUAI - SANTA CATARINA, BRASIL.

COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA PRESENTES EM UM RESERVATÓRIO DO SEMIÁRIDO POTIGUAR ANTES DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO.

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA MIRANDA

PARECER TÉCNICO Nº. 001/08 NCA/TEC GOIÂNIA, GO, 18 DE JULHO DE REFERÊNCIA: GRADE ANTI CARDUMES UHE FOZ DO RIO CLARO OBJETIVO DO DOCUMENTO

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE MIRANDA, RIO ARAGUARI, MG (ANO DE 2002)

MONITORAMENTO ANUAL DA ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE DE MIRANDA, RIO ARAGUARI, BACIA DO PARANÁ 2005

Composição da Ictiofauna de quatro trechos de diferentes ordens do Rio Capivara, Bacia do Tietê, Botucatu, São Paulo

[T] Caracterização da assembleia de peixes em um reservatório recém-formado no Sul do Brasil

ESTUDO DA TAXOCENOSE DE PEIXES DA PRAIA DAS POMBAS, PARQUE ESTADUAL DE ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.

RELATÓRIO DA ICTIOFAUNA DA UHE SALTO GRANDE

ICTIOFAUNA EPÍGEA E HIPÓGEA NUMA ÁREA CÁRSTICA NO MUNÍCIPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO TO

Rev. Colombiana cienc. Anim. 3(1).2011

Transcrição:

Estrutura da comunidade de peixes do rio Ibicuí, Rio Grande do Sul, Brasil. Everton Rodolfo Behr* * Programa de Pós-Graduação em Zoologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Caixa Postal 1429, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. e-mail: everton_behr@hotmail.com Resumo A estrutura da comunidade de peixes do rio Ibicuí (RS) foi analisada entre dezembro de 1999 e janeiro de 2001 em seis locais de amostragem sendo três em ambiente lótico e três em ambiente lêntico. Foram utilizadas redes de espera e de arrasto para as coletas que ocorreram com periodicidade bimestral. As redes de espera ficaram na água por 24 horas e foram revisadas a cada seis horas. A ictiofauna esteve composta por duas classes, nove ordens, 29 famílias e 111 espécies, entre estas Loricariichthys edentatus, uma ocorrência nova para o território brasileiro. Foram analisadas a constância, equitatividade, diversidade, riqueza e similaridade da ictiofauna e comparadas entre os diferentes ambientes. A ictiofauna dominante, considerada até 90% da biomassa relativa, esteve composta por 15 espécies. Quanto aos estratos componentes da ictiofauna, 68 espécies foram consideradas forrageiras e 43 não forrageiras. Uma Análise de Componentes Principais foi realizada com as variáveis ambientais e as 15 espécies dominantes da ictiofauna. Abstract Community structure of fishes in the rio Ibicuí, State of Rio Grande do Sul, Brazil. The community structure of fishes in the rio Ibicuí, State of Rio Grande do Sul, Brazil, was studied between December 1999 and January 2001. The study was conducted in six sampling sites, three in lenthic and three in lotic habitats. Gill nets and beach seines were used for the bimonthly samplings. Gill nets were set for a 24 hours period and were fished every six hours. The sampled ichthyofauna of the rio Ibicuí was composed of two classes, nine orders, 29 families and 111 species. Loricariichthys edentatus is a new record for the Brazilian territory. Constancy, equitativity, diversity, richness, and similarity of the ichthyofauna were analysed and compared among the different habitats. The dominant ichthyofauna, including up to 90% of relative biomass, was composed by 15 species. Regarding the distinct strata components of the ichthyofauna, 68 species are forageing and 43 not forageing species. A Principal Component Analysis was performed with the environmental variables and the 15 dominant species of the ichthyofauna. Key words: ichthyofauna, diversity, richness, Uruguai basin, Loricariichthys edentatus. 4

Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download.

Introdução Comunidades de peixes de regiões tropicais apresentam elevada riqueza de espécies e complexas inter-relações como características marcantes (Lowe-McConnel, 1999). A ocupação de uma determinada área por um grupo de espécies pode ser estudada sob três aspectos: espacial, temporal e trófico, sendo que as espécies se substituem ao longo de cada um destes componentes (Pianka, 1978). Para a compreensão destas inter-relações são necessários estudos que contemplem não só a distribuição espacial e utilização dos habitats pelas espécies, mas também as condições físicas e químicas do ambiente além das populações de outros organismos com as quais interagem. Espacialmente, os processos longitudinais são de grande importância na definição da estrutura e do funcionamento das comunidades de peixes. Vários autores constataram alterações na composição da ictiofauna ocasionadas por mudanças sazonais, volume de água e presença de refúgios (Caramaschi, 1986; Garutti, 1988; Winemiller et al., 1990; Uieda e Barreto, 1999; Uieda & Uieda, 2001, Lemes & Garutti, 2002, Oliveira & Garavello, 2003). O Rio Grande do Sul possui três grandes sistemas hidrográficos. Na porção leste localiza-se o sistema da laguna dos Patos, enquanto ao norte e a oeste do Estado encontra-se o sistema do rio Uruguai. Além destes, junto ao litoral norte, há o sistema do rio Tramandaí. Existem relativamente poucos trabalhos ictiológicos realizados no Estado que abordam a comunidade, entre os quais podemos citar para o sistema da laguna dos Patos: Bossemeyer et al. (1981); Grosser & Hahn (1981); Buckup & Malabarba (1983); Teixeira (1989); Konrad (1992); Behr & Baldisserotto (1994); Lucena et al. (1994); Garcia et al. (2003). No sistema do rio Tramandaí o inventário da ictiofauna foi realizado por Malabarba & Isaia (1992). Ainda nesse sistema, Malabarba (1996) investigou a fauna de peixes da lagoa Emboaba; Hartz (1997) estudou a alimentação e a estrutura da comunidade da lagoa Caconde, no município de 5

Osório; Fialho (1998) realizou estudo sobre a ictiofauna da lagoa das Custódias em Tramandaí e Becker (2002) estudou vários aspectos biológicos dos peixes de corredeira na bacia do rio Maquiné. No sistema do rio Uruguai trabalhos com a comunidade ictiofaunística também são relativamente escassos (Weis et al., 1983; Bertoletti, 1985; Bossemeyer et al., 1985; Bertoletti et al., 1989a, 1989b, 1990; Hahn, 2000; Azevedo et al., 2003; Câmara & Hahn, 2003; Zaniboni-Filho et al., 2004). Di Persia & Neiff (1986) consideram incipiente o estudo da ictiofauna deste sistema hidrográfico quando comparado aos dos rios Paraná e Paraguai. A bacia do rio Ibicuí é uma das mais desconhecidas do Estado do ponto de vista ictiológico, a despeito de possuir muitas espécies de elevado valor econômico tanto para a pesca como para a piscicultura. O rio Ibicuí é um dos principais afluentes do rio Uruguai, sendo formado pelos rios Ibicuí-Mirim e Santa Maria. Weis et al. (1983) registraram 81 espécies para o rio Ibicuí-Mirim e Bossemeyer et al. (1985) listaram 53 espécies para o rio Santa Maria. Entretanto, estes trabalhos limitaram-se a inventários sem fornecer dados sobre a biologia ou ecologia das espécies. A partir do material coletado naquela época foram realizados trabalhos sobre a sistemática, alimentação e reprodução de Schizodon nasutus e Schizodon platae (Bennemann, 1985), ocorrência de Leporinus lacustris e Leporinus striatus na bacia do rio Ibicuí (Bossemeyer & Weis, 1986; Weis & Bossemeyer, 1987) e a descrição de Cynolebias ibicuhiensis (Costa, 1998) (= Austrolebias ibicuhiensis) para o rio Ibicuí-Mirim. Recentemente, outros trabalhos têm sido realizados na bacia do rio Ibicuí envolvendo sistemática e alimentação de algumas espécies (Costa, 1999; Costa, 2002, Lucinda et al., 2002; Giora & Fialho, 2003). O objetivo deste trabalho foi analisar a estrutura da comunidade de peixes em três pontos (seis ambientes) do rio Ibicuí, quanto à composição ictiofaunística, ictiofauna 6

dominante, estratos componentes da ictiofauna, diversidade específica, equitatividade, constância e similaridade ictiofaunística. Material e métodos Área de estudo O rio Ibicuí situa-se na região da Campanha do Rio Grande do Sul, sendo um dos principais afluentes do rio Uruguai. Diferentemente da maioria dos afluentes do rio Uruguai, o Ibicuí é um rio de planície, portanto, lento e com substrato bastante arenoso. Rambo (1994) descreveu o rio Ibicuí como possuidor de um leito raso, ladeado por pantanais e com ampla planície de inundação. Os pontos de amostragem estão situados nos seguintes locais (Fig. 1): Ponto 1 - Cerca de 2 km abaixo da confluência dos rios Santa Maria e Ibicuí-Mirim, entre os municípios de São Vicente do Sul e Cacequi (29º48 S e 54º58 O). Ponto 2 - Trecho intermediário entre os municípios de Manoel Viana e Alegrete (29º29 S e 55º45 O). Ponto 3 Aproximadamente 3 km acima da ponte da BR 472, entre os municípios de Alegrete e Itaqui (29º20 S e 56º38 O). Em cada ponto foram amostrados ambientes lótico e lêntico. No ambiente lótico os artefatos de pesca foram armados no canal principal enquanto que no ambiente lêntico os artefatos foram armados em lagoas que normalmente possuem comunicação com o rio. Os ambientes lênticos apresentam características que os tornam diferentes entre si. No ponto 1 este ambiente é o canal de uma sanga, mas que apresenta uma lagoa (quando a água está alta) há uns 40 m de distância do rio. Em períodos de águas baixas permanece somente o canal, sem correnteza, com largura variando entre 3 e 8 m. No ponto 2 a lagoa está conectada ao rio por um estreito e curto canal. É profunda e suas margens são totalmente cobertas por 7

vegetação arbórea e arbustiva. Apresenta mais de 100 m de comprimento e cerca de 70 m de largura. No ponto 3 a lagoa é de grande proporção tendo praticamente a mesma largura que o rio. Sua largura é de cerca de 200 m e sua desembocadura é um de seus pontos mais largo. Em nenhum desses ambientes ocorrem macrófitas aquáticas em grande número. Fig. 1 Localização dos pontos de amostragem no rio Ibicuí. P1 - ponto 1; P2 ponto 2; P3 ponto 3. Métodos Foram realizadas coletas bimestrais de dezembro de 1999 a janeiro de 2001. Em cada um dos ambientes foram utilizados redes de espera, de arrasto e espinhel. As redes de espera de malhas 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 cm (medidas entre nós adjacentes) tinham dez metros de comprimento. As redes de malhas 4,0; 5,0; 6,0; 8,0; 10,0 cm e feiticeiras (4,0/20,0; 5,0/20,0; 6,0/20,0 cm) possuíam 20 m. Foram utilizados dois tipos de arrasto: uma rede picaré com abertura de malha de 8,0 mm (chamada arrasto grosso ) e uma tela de sombrite com abertura 8

de 1,0 mm (chamada arrasto fino ) utilizada como método complementar. Espinhel com 30 anzóis (somente à noite) e linhas de mão foram empregados em algumas amostragens. As redes de espera permaneceram na água por 24 horas, sendo revisadas a cada seis horas, sempre nos mesmos horários (6 h; 12 h; 18 h e 24 h). As redes de arrasto foram utilizadas duas vezes ao entardecer e em locais diferentes. Os peixes coletados em cada rede e horário receberam um número de amostra. Após foram fixados com formol a 10% e, posteriormente, conservados em álcool 70% (Malabarba & Reis, 1987). De cada exemplar capturado foi registrado o ambiente de amostragem, data, aparelho de pesca e horário de captura. Nem sempre foi possível utilizar todos os aparelhos de pesca em todos os ambientes, principalmente devido ao baixo ou, excessivamente alto, nível hidrológico em algumas das campanhas (Tabela 1). Tabela 1 Número de coletas e aparelho de pesca utilizado nos ambientes lótico e lêntico do rio Ibicuí, Rio Grande do Sul. Aparelho de pesca Ambientes* 1R 1L 2R 2L 3R 3L Redes de espera 12 11 12 9 12 11 Arrasto Grosso 12 8 12 2 12 10 Arrasto Fino 12 8 12 3 12 10 *1R rio no ponto 1; 1L lagoa no ponto 1; 2R rio no ponto 2; 2L lagoa no ponto 2; 3R rio no ponto 3; 3L lagoa no ponto 3. Em cada ambiente de amostragem foram realizadas medidas de transparência da coluna d`água (disco de Secchi), ph, oxigênio dissolvido (com kit de análise da Alfa Tecnoquímica), temperatura da água e do ar (com termômetro comum). Estas análises eram realizadas sempre no período da manhã entre às 9 e 10 horas. Com relação ao nível hidrológico foram utilizadas as medições da Agência Nacional de Águas (ANA), somente para o segundo ano de amostragem, nas estações Jacaquá, Manoel Viana e Passo Mariano Pinto. No primeiro ano não foram realizadas medições de nível pela ANA. Em virtude disso, classificou-se o nível hidrológico em 5 categorias conforme as 9

observações realizadas nas campanhas: muito baixo = 1; baixo = 2; normal = 3; alto = 4; muito alto = 5. Os procedimentos laboratoriais foram realizados nas dependências dos Departamentos de Biologia e Fisiologia da Universidade Federal de Santa Maria. Em laboratório os peixes foram determinados utilizando literatura especializada e, em algumas ocasiões, foram realizadas consultas a especialistas. Os peixes foram pesados e medidos quanto ao comprimento padrão (Ls) e total (Lt). Para a definição da ictiofauna dominante foi utilizada a fórmula proposta por FUEM (1993) a qual combina os dados sobre abundância relativa em número e peso dos estratos populacionais das espécies que ocupam os distintos ambientes do sistema, em um índice que expressa a biomassa relativa de cada espécie (B ri ) como um produto dessas duas freqüências relativas, onde: B ri = Biomassa relativa de cada espécie. n i = Número de indivíduos de cada espécie. w i = Peso dos indivíduos de cada espécie. f ni = freqüência relativa (%) em número = n i *100/Σ ni f wi = freqüência relativa (%) em peso = w i *100/Σ wi, sendo: B ri = f ni *f wi /Σ f ni *f wi É considerada dominante a comunidade composta pelas espécies que integram de 80 a 90% da biomassa total relativa coletada, ou seja: ΣB ri = 80 a 90%. Neste estudo optou-se por apresentar a ictiofauna dominante através das espécies que integraram 80% e 90% da biomassa total relativa coletada. Os peixes coletados pelo arrasto fino não foram considerados nesta análise. Além de determinar a composição e riqueza ictiofaunística bem como a ictiofauna dominante, também foram analisados os estratos componentes da ictiofauna classificando as 10

espécies em forrageiras e não forrageiras conforme FUEM (1993). As espécies forrageiras são aquelas que apresentam Ls max. 20 cm. As espécies foram classificadas quanto à constância (C) em acidentais (<25%), acessórias (entre 25 e 50%) e constantes (>50%) conforme Dajoz (1983). As espécies constantes, em pelo menos um dos ambientes, foram consideradas como constituindo a ictiofauna residente (Uieda, 1984). Estas foram definidas separadamente para os ambientes lóticos e lênticos. A diversidade específica para os ambientes foi calculada através do Índice de Shannon-Wiener (Krebs, 1972). A equitatividade (uniformidade na distribuição da abundância entre as espécies presentes) foi calculada pelo Índice de Equitatividade (Pielou, 1975) através da fórmula: E=H/Hmáx sendo Hmáx=log S (onde S = número de espécies). Para a análise da similaridade ictiofaunística foi utilizado o Coeficiente de Jaccard (Jaccard, 1908) e construído o dendrograma com os dados obtidos. A análise de componentes principais foi empregada como técnica de ordenação para correlacionar a comunidade ictiofaunística com as variáveis ambientais. As matrizes utilizadas foram compostas de sete variáveis ambientais e das 15 espécies dominantes. Para a análise dos dados foram utilizados os softwares STATISTICA 6.0 e BioEstat 3.0 (Ayres et al., 2003). Resultados As variáveis ambientais relacionadas às características físicas e químicas da água para cada um dos ambientes de amostragem encontram-se nas figuras 2, 3, 4, 5, 6, 7. Não houve coletas nas lagoas na primeira campanha e nem na oitava e décima-segunda campanha na lagoa do ponto 2. 11

80 10 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Campanhas T ar T água Dureza Transp. Amônia OD ph Fig. 2 Variações da temperatura do ar (T ar - ºC); da água (T água - ºC), dureza (mg/l), transparência (Transp - cm), amônia (mg/l), oxigênio dissolvido (OD mg/l) e ph no ambiente de rio no ponto 1. 80 10 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Campanhas T ar T água Dureza Transp. Amônia OD ph Fig. 3 Variações da temperatura do ar (T ar - ºC); da água (T água - ºC), dureza (mg/l), transparência (Transp - cm), amônia (mg/l), oxigênio dissolvido (OD mg/l) e ph no ambiente de lagoa no ponto 1. 120 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Campanhas T ar T água Dureza Transp. Amônia OD ph Fig. 4 Variações da temperatura do ar (T ar - ºC); da água (T água - ºC), dureza (mg/l), transparência (Transp - cm), amônia (mg/l), oxigênio dissolvido (OD mg/l) e ph no ambiente de rio no ponto 2. 12

80 10 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Campanhas T ar T água Dureza Transp. Amônia OD ph Fig. 5 Variações da temperatura do ar (T ar - ºC); da água (T água - ºC), dureza (mg/l), transparência (Transp - cm), amônia (mg/l), oxigênio dissolvido (OD mg/l) e ph no ambiente de lagoa no ponto 2. 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Campanhas T ar T água Dureza Transp. Amônia OD ph Fig. 6 Variações da temperatura do ar (T ar - ºC); da água (T água - ºC), dureza (mg/l), transparência (Transp - cm), amônia (mg/l), oxigênio dissolvido (OD mg/l) e ph no ambiente de rio no ponto 3. 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Campanhas T ar T água Dureza Transp. Amônia OD ph Fig. 7 Variações da temperatura do ar (T ar - ºC); da água (T água - ºC), dureza (mg/l), transparência (Transp - cm), amônia (mg/l), oxigênio dissolvido (OD mg/l) e ph no ambiente de lagoa no ponto 3. 13

Durante o primeiro ano de amostragens verificou-se níveis muito baixos na primeira campanha o que inviabilizou coletas nas lagoas. O nível hidrológico esteve em patamares considerados normais na terceira campanha e elevado nas subseqüentes (Fig. 8). No segundo ano de amostragem os maiores níveis hidrológicos ocorreram na nona campanha, embora altos níveis também tenham ocorrido na décima e décima-primeira. Na décima-segunda campanha (dezembro de 2001 e janeiro de 2002) o nível hidrológico foi diminuindo de um ponto para outro (Fig. 9). Nível hidrológico 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Campanhas Fig. 8 Representação gráfica dos níveis hidrológicos no primeiro ano de amostragem no rio Ibicuí. Valores e níveis da ordenada foram: 1 Muito baixo; 2 Baixo; 3 Normal; 4 Alto; 5 Muito alto. Nível hidrológico (cm) 1000 800 600 400 200 0 7 8 9 10 11 12 Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Campanhas Fig. 9 Níveis hidrológicos no rio Ibicuí no segundo ano de amostragem, conforme as estações da Agência Nacional de Águas. Foram coletados 29.759 peixes, pertencentes a 111 espécies, 29 famílias e nove ordens. A listagem das espécies segue a nomenclatura e ordenação utilizada por Reis et al. (2003a). 14

Listagem de peixes coletadas no rio Ibicuí, situadas nas respectivas espécies, famílias e ordens e acompanhadas do nome vulgar. O número de espécies em cada família está entre parênteses. MYLIOBATIFORMES POTAMOTRYGONIDAE (1) Potamotrygon brachyura (Günther, 1880) CYPRINIFORMES CYPRINIDAE (1) Cyprinus carpio (Linnaeus, 1758) CLUPEIFORMES ENGRAULIDIDAE (1) Lycengraulis grossidens (Spix & Agassiz, 1829) CHARACIFORMES PARODONTIDAE (1) Apareiodon affinis (Steindachner, 1879) CURIMATIDAE (4) Cyphocharax platanus (Günther, 1880) Cyphocharax voga (Hensel, 1869) Cyphocharax spilotus (Vari, 1987) Steindachnerina brevipinna (Eigenmann & Eigenmann, 1889) PROCHILODONTIDAE (1) Prochilodus lineatus Steindachner, 1882 ANOSTOMIDAE (7) Schizodon platae (Garman, 1890) Schizodon nasutus Kner, 1859 Schizodon australis Garavello, 1994 Leporinus elongatus (Valenciennes, 1849) Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1847) Leporinus lacustris Campos, 1944 Leporinus striatus Kner, 1859 Raia Carpa Sardinha Canivete Biru Biru Biru Biru Grumatã Voga Voga Voga Piava Piava Piavinha Canivete, Piava CRENUCHIDAE (1) Characidium sp. cf. C. zebra CHARACIDAE (28) Incertae Sedis Astyanax jacuhiensis Cope, 1894 Astyanax aff. fasciatus (Cuvier, 1819) Astyanax sp. a Canivete, charutinho Lambari Lambari Lambari 15

Astyanax sp. b Astyanax sp. c Astyanax sp. d Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882) Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) Moenkhausia intermedia Eigenmann, 1908 Oligosarcus oligolepis (Steindachner, 1867) Salminus brasiliensis (Cuvier, 1816) Serrasalminae Pygocentrus nattereri Kner, 1858 Serrasalmus maculatus Kner, 1858 Aphyocharacinae Aphyocharax anisitsi Eigenmann & Kennedy, 1903 Characinae Charax stenopterus (Cope, 1894) Cynopotamus argenteus (Valenciennes, 1836) Galeocharax humeralis (Valenciennes, 1834) Cheirodontinae Cheirodon ibicuhiensis Eigenmann, 1915 Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842) Macropsobrycon uruguayanae Eigenmann, 1915 Odontostilbe pequira (Steindachner, 1882) Serrapinus calliurus (Boulenger, 1900) Lambari Lambari Lambari Lambari Lambari Lambari Lambari Lambari Lambari Tambicu Dourado Piranha, Palometa Palometa Lambari Lambari-giboso Peixe-cachorro, Dentudo Dentudo Lambari Lambari, piquira Lambari Lambari Lambari, piquira Glandulocaudinae Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891 Lambari, Lambari alado Cyanocharax alburnus (Hensel, 1870) Caracídeo azul Cyanocharax alegretensis Malabarba & Weitzmann, 2003 Caracídeo azul ACESTRORHYNCHIDAE (1) Acestrorhynchus pantaneiro Menezes, 1992 CYNODONTIDAE (1) Rhaphiodon vulpinus Spix & Agassiz, 1829 ERYTHRINIDAE (2) Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Hoplias lacerdae Miranda-Ribeiro, 1908 LEBIASINIDAE (1) Pyrrhulina australis Eigenmann & Kennedy, 1903 Tambicu, Dentudo dourado Peixe-cachorro Traíra Trairão Pirrulina 16

SILURIFORMES ASPREDINIDAE (2) Bunocephalus doriae Boulenger, 1902 Bunocephalus iheringii Boulenger, 1891 TRICHOMYCTERIDAE (4) Homodiaetus anisitsi Eigenmann & Ward, 1907 Parastegophilus maculatus (Steindachner, 1879) Parastegophilus sp. Trichomycterus sp. CALLICHTHYIDAE (2) Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) Hoplosternum litoralle (Hancock, 1828) LORICARIIDAE (19) Hypoptopomatinae Hisonotus sp. Otocinclus flexilis Cope, 1894 Otocinclus affinis Steindachner, 1877 Loricariinae Loricaria apeltogaster Boulenger, 1895 Loricariichthys anus (Valenciennes, 1840) Loricariichthys edentatus Reis & Pereira, 2000 Loricariichthys melanocheilus Reis & Pereira, 2000 Loricariichthys platymetopon Isbrüker & Nijssen, 1979 Paraloricaria vetula (Valenciennes, 1840) Pseudohemiodon devincenzii (Soriano-Señorans, 1950) Rineloricaria sp. Peixe-guitarra Peixe-guitarra Chupa-chupa Bagre Bagre Bagre Coridora, Limpa-fundo Tamboatá Cascudinho Cascudinho Cascudinho Viola Cascudo-viola Cascudo-viola Viola Viola Viola-de-cola Cascudo-viola Violinha, Viola Hypostominae Hypostomus aspilogaster (Cope, 1894) Cascudo Hypostomus commersonii Valenciennes, 1836 Cascudo Hypostomus isbrueckeri Reis, Weber & Malabarba, 1990 Cascudo Hypostomus regani (Ihering, 1905) Cascudo Hypostomus roseopunctatus Reis, Weber & Malabarba, 1990 Cascudo Hypostomus uruguayensis Reis, Weber & Malabarba, 1990 Cascudo Rhinelepis strigosa Valenciennes, 1840 Cascudo-preto Megalancistrus parananus (Peters, 1881) Cascudo-de espinhos PSEUDOPIMELODIDAE (1) Pseudopimelodus mangurus (Valenciennes, 1840) HEPTAPTERIDAE (3) Pimelodella gracilis (Valenciennes, 1840) Pimelodella australis Eigenmann, 1917 Rhamdia quelen (Quoy & Gaymard, 1824) Bagre-sapo Mandizinho Mandizinho Jundiá 17

PIMELODIDAE (8) Pimelodinae Iheringichthys labrosus (Kröyer, 1855) Luciopimelodus pati (Valenciennes, 1840) Megalonema platanum (Günther, 1880) Parapimelodus valenciennis (Lütken, 1874) Pimelodus absconditus Azpelicueta, 1995 Pimelodus maculatus La Cepède, 1803 Pseudoplatystoma corruscans (Agassiz, 1829) Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) DORADIDAE (2) Rhinodoras d`orbignyi (Kröyer, 1855) Pterodoras granulosus (Valenciennes, 1821) Pintado bicudo, papa-isca Pati Jundiá, fidalgo, pati Mandi Mandi Pintado Surubim, Piracajara Bico-de-pato, Jurupoca Armado Armado AUCHENIPTERIDAE (5) Ageneiosus militaris Valenciennes, 1836 Auchenipterus nigripinnis (Boulenger, 1895) Auchenipterus osteomystax (A. de Miranda Ribeiro, 1918) Trachelyopterus albicrux (Berg, 1901) Trachelyopterus lucenai Bertoletti, da Silva & Pereira, 1995 GYMNOTIFORMES STERNOPYGIDAE (1) Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1847) RAMPHICHTHYIDAE (1) Rhamphichthys hahni (Meinken, 1937) ATHERINIFORMES ATHERINOPSIDAE (2) Odontesthes perugiae (Evermann & Kendall, 1906) Odontesthes humensis (De Buen, 1953) Manduvi Manduvi Bagrezinho Cangati Cangati Tuvira Tuvira Peixe-rei Peixe-rei CYPRINODONTIFORMES POECILIIDAE (2) Cnesterodon decenmaculatus (Jenyns, 1842) Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) PERCIFORMES SCIAENIDAE (1) Pachyurus bonariensis Steindachner, 1879 CICHLIDAE (7) Cichlasoma pusillum Kullander, 1983 Crenicichla lepidota Heckel, 1840 Crenicichla scotti Eigenmann, 1907 Crenicichla vittata Heckel, 1840 Barrigudinho, guaru Barrigudinho Corvina Cará Joana Joana Joana 18

Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaymard, 1824) Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) Gymnogeophagus balzanii (Perugia, 1891) PLEURONECTIFORMES ACHIRIDAE (1) Catathyridium jenynsii (Günther, 1862) Cará Cará Cará Linguado As ordens com maior número de espécies foram Siluriformes com 46 espécies e Characiformes com 33. As famílias com maior número de representantes foram Characidae com 28 espécies e Loricariidae com 19 (Fig. 10). Anostomidae Cichlidae Pimelodidae Loricariidae Characidae Outras 0 10 20 30 40 50 Número de espécies Fig. 10 Número de espécies das famílias de peixes mais representativas no rio Ibicuí. As espécies com maior número de indivíduos foram Bryconamericus stramineus (6885), Odontostilbe pequira (2629), Apareiodon affinis (2413), Astyanax jacuhiensis (2100), Cheirodon ibicuhiensis (2028) e Parapimelodus valenciennis (1062). As espécies mais raras foram Potamotrygon brachyura, Cyprinus carpio, Schizodon australis, Hyphessobrycon bifasciatus, Charax stenopterus, Pyrrhulina australis, Bunocephalus iheringii, Parastegophilus sp., Hoplosternum litoralle, Pterodoras granulosus, Ramphichthys hahni, Cnesterodon decenmaculatus, Cichlasoma pusillum, Crenicichla scotti, Geophagus brasiliensis e Gymnogeophagus gymnogenys com um ou dois exemplares capturados (tabela 2). 19

Tabela 2 Total de exemplares capturados por ambiente de amostragem e total para todos os ambientes. Rio no ponto 1 (1R), lagoa no ponto 1 (1L), rio no ponto 2 (2R), lagoa no ponto 2 (2L), rio no ponto 3 (3R) e lagoa no ponto 3 (3L). Espécie 1R 1L 2R 2L 3R 3L TOTAL Potamotrygon brachyura 0 1 0 0 0 0 1 Cyprinus carpio 0 0 0 0 0 1 1 Lycengraulis grossidens 7 18 22 18 35 49 149 Apareiodon affinis 693 1005 270 43 285 117 2413 Cyphocharax platanus 12 135 47 104 115 92 505 Cyphocharax voga 5 373 3 14 1 14 410 Cyphocharax spilotus 0 31 0 0 1 2 34 Steindachnerina brevipinna 185 439 227 97 237 259 1444 Prochilodus lineatus 9 23 12 12 5 18 79 Schizodon platae 19 17 14 6 21 17 94 Schizodon nasutus 12 8 7 0 7 17 51 Schizodon australis 0 1 0 0 1 0 2 Leporinus elongatus 0 2 1 0 3 16 22 Leporinus obtusidens 6 11 11 0 9 9 46 Leporinus lacustris 1 2 0 7 1 18 29 Leporinus striatus 8 5 9 0 0 2 24 Characidium sp. C. zebra 1 0 0 1 3 0 5 Astyanax jacuhiensis 555 826 77 80 206 356 2100 Astyanax aff. fasciatus 95 337 27 16 83 153 711 Astyanax sp. a 8 60 34 11 28 80 221 Astyanax sp. b 2 4 8 4 4 1 23 Astyanax sp. c 0 0 0 0 2 2 4 Astyanax sp. d 2 0 6 3 4 0 15 Bryconamericus iheringii 229 26 32 0 21 0 308 Bryconamericus stramineus 2308 432 1782 566 1568 229 6885 Hyphessobrycon bifasciatus 0 1 0 0 0 0 1 Hyphessobrycon eques 0 0 0 0 1 2 3 Hyphessobrycon luetkenii 6 66 0 0 0 46 118 Moenkhausia intermedia 0 13 0 6 8 44 71 Oligosarcus oligolepis 7 123 1 3 0 3 137 Salminus brasiliensis 7 6 10 0 8 5 36 Pygocentrus nattereri 1 0 0 2 18 65 86 Serrasalmus maculatus 21 31 21 17 33 80 203 Aphyocharax anisitsi 2 158 0 2 106 207 475 Charax stenopterus 0 1 0 0 0 0 1 Cynopotamus argenteus 133 153 118 35 170 41 650 Galeocharax humeralis 13 0 17 0 51 3 84 Cheirodon ibicuhiensis 200 1610 0 163 13 42 2028 Cheirodon interruptus 3 201 0 0 1 3 208 Odontostilbe pequira 226 215 273 105 167 1643 2629 Tabela 2. Cont. 20

Espécie 1R 1L 2R 2L 3R 3L TOTAL Serrapinus calliurus 19 173 0 0 31 80 303 Macropsobrycon uruguayanae 0 242 0 0 1 0 243 Pseudocorynopoma doriae 14 265 0 6 1 1 287 Cyanocharax alburnus 0 1 0 0 0 2 3 Cyanocharax alegretensis 0 21 0 1 0 1 23 Acestrorhynchus pantaneiro 44 207 72 63 94 118 598 Raphiodon vulpinus 0 4 6 1 11 45 67 Hoplias malabaricus 3 44 4 23 4 11 89 Hoplias aff. lacerdae 0 10 0 17 1 13 41 Pyrrhulina australis 0 0 0 0 1 0 1 Bunocephalus doriae 4 2 7 0 1 1 15 Bunocephalus iheringii 0 1 1 0 0 0 2 Homodiaetus anisitsi 11 1 6 0 0 1 19 Parastegophilus maculatus 1 0 6 0 3 0 10 Parastegophilus sp. 0 0 1 0 0 0 1 Trichomycterus sp. 3 0 1 0 0 0 4 Corydoras paleatus 32 84 1 11 0 95 223 Hoplosternum litoralle 0 2 0 0 0 0 2 Hisonotus sp. 1 2 0 0 0 0 3 Otocinclus affinis 0 61 0 0 0 0 61 Otocinclus flexilis 0 35 0 1 0 0 36 Loricaria apeltogaster 7 1 1 0 6 1 16 Loricariichthys anus 5 51 5 0 3 3 67 Loricariichthys edentatus 0 0 9 0 9 0 18 Loricariichthys melanocheilus 9 168 82 88 39 36 422 Loricariichthys platymetopon 0 19 8 5 4 10 46 Paraloricaria vetula 8 1 14 0 17 12 52 Pseudohemiodon devincenzii 3 0 1 0 0 0 4 Rineloricaria sp. 1 3 0 0 0 1 5 Hypostomus aspilogaster 3 2 1 0 0 1 7 Hypostomus commersonii 26 136 18 8 14 8 210 Hypostomus isbrueckeri 7 2 5 0 0 0 14 Hypostomus regani 4 0 3 0 0 6 13 Hypostomus roseopunctatus 3 0 2 1 0 1 7 Hypostomus uruguayensis 5 0 8 0 16 6 35 Rhinelepis strigosa 18 0 0 3 1 0 22 Megalancistrus parananus 0 0 2 0 3 0 5 Pseudopimelodus mangurus 0 0 0 0 5 0 5 Pimelodella gracilis 12 3 335 1 70 13 434 Pimelodella australis 119 17 45 6 1 0 188 Rhamdia quelen 3 0 2 1 0 1 7 Iheringichthys labrosus 99 148 146 21 104 61 579 21

Tabela 2. Cont. Espécie 1R 1L 2R 2L 3R 3L TOTAL Luciopimelodus pati 2 0 3 0 6 4 15 Megalonema platanum 4 0 0 0 7 0 11 Parapimelodus valenciennis 26 248 121 135 96 456 1082 Pimelodus absconditus 4 0 0 0 0 0 4 Pimelodus maculatus 13 22 4 2 5 19 65 Pseudoplatystoma corruscans 0 0 0 2 3 2 7 Sorubim lima 4 2 0 24 2 12 44 Rhinodoras d`orbignyi 5 0 15 0 26 19 65 Pterodoras granulosus 0 0 1 0 1 0 2 Ageneiosus militaris 4 2 3 3 26 21 59 Auchenipterus nigripinnis 1 24 26 70 17 138 276 Auchenipterus osteomystax 7 8 7 6 110 13 151 Auchenipterus sp. 0 0 0 2 3 10 15 Trachelyopterus albicrux 16 64 21 48 11 109 269 Trachelyopterus lucenai 0 5 1 0 0 2 8 Eigenmannia virescens 1 0 3 0 1 2 7 Ramphichthys hahni 0 0 0 0 0 1 1 Odontesthes perugiae 70 3 54 46 42 5 220 Odontesthes humensis 36 0 61 0 97 0 194 Cnesterodon decenmaculatus 0 2 0 0 0 0 2 Phalloceros caudimaculatus 0 4 0 0 0 0 4 Pachyurus bonariensis 56 83 115 49 143 174 620 Cichlasoma pusillum 0 1 0 0 0 0 1 Crenicichla lepidota 0 5 0 1 0 1 7 Crenicichla scotti 2 0 0 0 0 0 2 Crenicichla vittata 7 9 6 5 6 21 54 Geophagus brasiliensis 0 2 0 0 0 0 2 Gymnogeophagus gymnogenys 1 0 0 0 0 0 1 Gymnogeophagus balzanii 1 10 0 3 5 15 34 Catathyridium jenynsii 11 2 5 1 15 10 44 Total 5511 8536 4267 1969 4278 5198 29759 O somatório da biomassa relativa das 10 espécies com maiores valores alcançou 81,1%. O acréscimo das 5 espécies subseqüentes fez com que o valor acumulado alcançasse 90,4%. Apesar da riqueza relativamente elevada, apenas 15 espécies respondem por mais de 90% da biomassa relativa encontrada no rio Ibicuí (tabela 3). 22

Tabela 3 Relação das espécies dominantes correspondentes a 80% e 90% da biomassa relativa (Bri) no rio Ibicuí. Espécies Percentual Cynopotamus argenteus 16,47 Steindachnerina brevipinna 12,09 Parapimelodus valenciennis 11,91 Acestrorhynchus pantaneiro 10,13 Pachyurus bonariensis 6,97 Iheringichthys labrosus 6,72 Cyphocharax platanus 6,05 Hypostomus commersonii 4,55 Apareiodon affinis 3,19 Loricariichthys melanocheilus 3,04 Soma Bri 80% 81,12% Astyanax jacuhiensis 2,27 Cyphocharax voga 2,03 Prochilodus lineatus 1,81 Trachelyopterus albicrux 1,80 Serrasalmus maculatus 1,45 Soma Bri 90% 90,48% A captura por arte de pesca foi de 6.862 exemplares em arrasto grosso, 14.196 exemplares em arrasto fino e 8.701 exemplares em redes de espera (Tabela 4). Quanto às espécies, 77 foram coletadas através das redes (incluindo duas espécies parasitas, Homodiaetus anisitsi e Parastegophilus maculatus, capturadas junto com seus hospedeiros). Trinta e seis espécies foram exclusivas deste método. Os arrastos capturaram 74 espécies sendo que 34 foram amostradas somente por este método. O arrasto fino contribuiu com 11 capturas exclusivas de espécies, demonstrando a importância de sua utilização. Das 111 espécies capturadas no rio Ibicuí, 68 integraram o estrato forrageiro, sendo que quatro delas apresentaram apenas um ou dois indivíduos com Ls máximo acima de 20cm, mas que foram mesmo assim mantidas como pertencentes a este estrato devido a grande maioria dos exemplares estar abaixo dos 20 cm de Ls. 23

Tabela 4 - Número de indivíduos capturados nas diferentes artes de pesca e estratos componentes da ictiofauna (espécies forrageiras com asterisco) no rio Ibicuí. Espécie Arrasto grosso Arrasto fino Redes 1 Total Potamotrygon brachyura 0 0 1 1 Cyprinus carpio 0 0 1 1 Lycengraulis grossidens* 27 7 115 149 Apareiodon affinis* 889 1357 167 2413 Cyphocharax platanus* 12 2 491 505 Cyphocharax voga* 126 46 238 410 Cyphocharax spilotus* 15 17 2 34 Steindachnerina brevipinna* 339 122 983 1444 Prochilodus lineatus 0 0 79 79 Schizodon platae 1 0 93 94 Schizodon nasutus 8 0 43 51 Schizodon australis 0 0 2 2 Leporinus elongatus 2 1 19 22 Leporinus obtusidens 0 0 46 46 Leporinus lacustris** 0 0 29 29 Leporinus striatus* 1 1 22 24 Characidium cf. zebra* 2 3 0 5 Astyanax jacuhiensis* 965 993 142 2100 Astyanax aff. fasciatus* 222 364 125 711 Astyanax sp. a * 76 75 70 221 Astyanax sp. b * 0 0 23 23 Astyanax sp. c * 2 1 1 4 Astyanax sp. d * 2 0 13 15 Bryconamericus iheringii* 99 209 0 308 Bryconamericus stramineus* 1407 5478 0 6885 Hyphessobrycon bifasciatus* 0 1 0 1 Hyphessobrycon eques* 0 3 0 3 Hyphessobrycon luetkenii* 113 5 0 118 Moenkhausia intermedia* 11 60 0 71 Oligosarcus oligolepis* 16 87 34 137 Salminus brasiliensis 0 0 36 36 Pygocentrus nattereri 0 0 86 86 Serrasalms maculatus 12 5 186 203 Aphiocharax anisitsi* 88 387 0 475 Charax stenopterus* 0 1 0 1 Cynopotamus argenteus 0 0 650 650 Galeocharax humeralis 0 0 84 84 Cheirodon ibicuhiensis* 195 1833 0 2028 Cheirodon interruptus* 1 207 0 208 Odontostilbe pequira* 1209 1420 0 2629 Serrapinus calliurus* 44 259 0 303 Macropsobrycon uruguayanae* 0 243 0 243 Pseudocorynopoma doriae* 130 157 0 287 Cyanocharax alburnus* 3 0 0 3 Cyanocharax alegretensis* 4 19 0 23 Acestrorhynchus pantaneiro 20 17 561 598 24

Tabela 4. Cont. Espécie Arrasto grosso Arrasto fino Redes 1 Total Raphiodon vulpinus 0 0 67 67 Hoplias malabaricus 1 5 83 89 Hoplias lacerdae 2 4 35 41 Pyrrhulina australis* 1 0 0 1 Bunocephalus doriae* 9 5 1 15 Bunocephalus iheringii* 0 2 0 2 Homodiaetus anisitsi* 0 7 12 19 Parastegophilus maculatus* 4 5 1 10 Parastegophilus sp* 0 1 0 1 Trichomycterus sp.* 0 4 0 4 Corydoras paleatus* 66 157 0 223 Hoplosternum litoralle* 0 0 2 2 Hisonotus sp.* 0 3 0 3 Otocinclus affinis* 0 61 0 61 Otocinclus flexilis* 22 14 0 36 Loricaria apeltogaster 0 0 16 16 Loricariichthys anus 17 8 42 67 Loricariichthys edentatus* 10 3 5 18 Loricariichthys melanocheilus 5 4 413 422 Loricariichthys platymetopon 6 9 31 46 Paraloricaria vetula 0 0 52 52 Pseudohemiodon devincenzii* 0 0 4 4 Rineloricaria sp.* 2 3 0 5 Hypostomus aspilogaster 0 0 7 7 Hypostomus commersonii 3 1 206 210 Hypostomus isbrueckeri 0 0 14 14 Hypostomus regani 0 0 13 13 Hypostomus roseopunctatus 0 0 7 7 Hypostomus uruguayensis 0 0 35 35 Rhinelepis strigosa 0 0 22 22 Megalancistrus parananus 0 0 5 5 Pseudopimelodus mangurus 0 0 5 5 Pimelodella gracilis* 273 149 12 434 Pimelodella australis* 131 57 0 188 Rhamdia quelen 0 0 7 7 Iheringichthys labrosus 37 0 542 579 Luciopimelodus pati 0 0 15 15 Megalonema platanum* 2 0 9 11 Parapimelodus valenciennis** 17 0 1065 1082 Pimelodus absconditus* 0 0 4 4 Pimelodus maculatus 1 0 64 65 Pseudoplatystoma corruscans 0 0 7 7 Sorubim lima 0 0 44 44 Rhinodoras d`orbignyi 0 0 65 65 Pterodoras granulosus 0 0 2 2 Ageneiosus militaris 0 0 59 59 Auchenipterus nigripinnis* 0 0 276 276 25

Tabela 4. Cont. Espécie Arrasto grosso Arrasto fino Redes 1 Total Auchenipterus osteomystax* 1 0 150 151 Auchenipterus sp.* 0 0 15 15 Trachelyopterus albicrux* 5 1 263 269 Trachelyopterus lucenai* 0 0 8 8 Eigenmannia virescens 0 0 7 7 Ramphichthys hahni 0 0 1 1 Odontesthes perugiae* 85 135 0 220 Odontesthes humensis* 43 151 0 194 Cnesterodon decenmaculatus* 0 2 0 2 Phalloceros caudimaculatus* 0 4 0 4 Pachyurus bonariensis** 17 1 602 620 Cichlasoma pusillum* 0 1 0 1 Crenicichla lepidota* 2 0 5 7 Crenicichla scotti* 0 0 2 2 Crenicichla vittata 23 3 28 54 Geophagus brasiliensis* 0 2 0 2 Gymnogeophagus gymnogenys* 0 1 0 1 Gymnogeophagus balzanii* 20 6 8 34 Catathyridium jenynsii** 16 7 21 44 TOTAL 6862 14196 8701 29759 1 Alguns indivíduos capturados em linha de mão e espinhel foram incluídos na coluna redes. ** Espécies que apresentaram um ou dois indivíduos maiores que 20 cm. Algumas espécies foram constantes em todos os ambientes de amostragem como A. jacuhiensis, A. aff. fasciatus, S. maculatus, C. argenteus, A. pantaneiro e P. bonariensis. Outras foram acessórias em apenas um ou dois ambientes sendo constantes nos demais como A. affinis, C. platanus, S. brevipinna, B. stramineus, O. pequira, L. melanocheilus, I. labrosus e P. valenciennis (Tabela 5). Algumas espécies ocorreram em somente um dos ambientes de amostragem e de forma acidental. No ambiente de rio do ponto 1 estas espécies foram P. absconditus, C. scotti e G. gymnogenys. A lagoa do ponto 1 foi o ambiente que apresentou o maior número de espécies exclusivas: P. brachyura, H. bifasciatus, C. stenopterus, H. littorale, O. affinis, C. decenmaculatus, C. pusillum e G. brasiliensis consideradas acidentais e P. caudimaculatus que foi considerada espécie acessória. Hisonotus sp. foi coletado somente no ponto 1 nos dois ambientes. No ponto 2, somente o rio apresentou uma espécie exclusiva que foi 26

Parastegophilus sp., P. mangurus e Pyrrhulina australis foram espécies exclusivas do rio no ponto 3, sendo a primeira considerada acessória e a segunda acidental. Somente na lagoa deste ponto foram capturados C. carpio e R. hahni. Já Astyanax sp. c e H. eques são exclusivos deste ponto e ocorreram nos dois ambientes (Tabela 5). Tabela 5 Constância das espécies por ambiente e número de espécies de cada categoria de constância para cada ambiente. Acidental (A), Acessória (B), Constante (C), rio no ponto 1 (1R), lagoa no ponto 1 (1L), rio no ponto 2 (2R), lagoa no ponto 2 (2L), rio no ponto 3 (3R) e lagoa no ponto 3 (3L). Ambientes de amostragem Espécie 1R 1L 2R 2L 3R 3L Potamotrygon brachyura - A - - - - Cyprinus carpio - - - - - A Lycengraulis grossidens B B C C B C Apareiodon affinis C C C B C C Cyphocharax platanus B C B C C C Cyphocharax voga B C A C A B Cyphocharax spilotus - B - - A A Steindachnerina brevipinna C C C B C C Prochilodus lineatus B B B C B B Schizodon platae B C B B B C Schizodon nasutus B B B - B B Schizodon australis - A - - A - Leporinus elongatus - A A - A C Leporinus obtusidens B C B - B C Leporinus lacustris A A - A A B Leporinus striatus B A B - - A Characidium cf. zebra A - - B B - Astyanax jacuhiensis C C C C C C Astyanax aff. fasciatus C C C C C C Astyanax sp. a B B C B B C Astyanax sp. b A B B A A A Astyanax sp. c - - - - A A Astyanax sp. d A - B A A - Bryconamericus iheringii C C B - B - Bryconamericus stramineus C B C C C B Hyphessobrycon bifasciatus - A - - - - Hyphessobrycon eques - - - - A A Hyphessobrycon luetkenii A B - - - A Moenkhausia intermedia - B - B A B Oligosarcus oligolepis B C A B - A Salminus brasiliensis B B B - B B Pygocentrus nattereri A - - A B B Serrasalmus maculatus C C C C C C Aphyocharax anisitsi A C - B B C 27

Tabela 5. Cont. Ambientes de amostragem Espécie 1R 1L 2R 2L 3R 3L Charax stenopterus - A - - - - Cynopotamus argenteus C C C C C C Galeocharax humeralis A - B - C B Cheirodon ibicuhiensis B C - B A A Cheirodon interruptus A A - - A A Odontostilbe pequira C C B C C C Serrapinus calliurus B C - - A B Macropsobrycon uruguayanae - B - - A - Pseudocorynopoma doriae A C - B A A Cyanocharax alburnus - A - - - A Cyanocharax alegretensis - B - B - A Acestrorhynchus pantaneiro C C C C C C Rhaphiodon vulpinus - B B A B B Hoplias malabaricus B C A B B B Hoplias lacerdae - B - C A B Pyrrhulina australis - - - - A - Bunocephalus doriae B A A - A A Bunocephalus iheringii - A A - - - Homodiaetus anisitsi B A A - - A Parastegophilus maculatus A - B - A - Parastegophilus sp. - - A - - - Trichomycterus sp. B - A - - - Corydoras paleatus B C A B - B Hoplosternum litoralle - A - - - - Hisonotus sp. A A - - - - Otocinclus affinis - A - - - - Otocinclus flexilis - B - B - - Loricaria apeltogaster B A A - B A Loricariichthys anus A C B - A A Loricariichthys edentatus - - B - B - Loricariichthys melanocheilus B C C C B C Loricariichthys platymetopon - C B A B C Paraloricaria vetula B A C - C B Pseudohemiodon devincenzii A - A - - - Rineloricaria sp. A A - - - A Hypostomus aspilogaster A A A - - A Hypostomus commersonii C C C B B B Hypostomus isbrueckeri B A A - - - Hypostomus regani B - A - - A Hypostomus roseopunctatus A - A A - A Hypostomus uruguayensis B - B - B B Rhinelepis strigosa A - - A A - Megalancistrus parananus - - A - A - Pseudopimelodus mangurus - - - - B - Pimelodella gracilis B B B A B A Pimelodella australis B B A B A - 28

Tabela 5. Cont. Ambientes de amostragem Espécie 1R 1L 2R 2L 3R 3L Rhamdia quelen A - A A - A Iheringichthys labrosus C C C C C B Luciopimelodus pati A - A - B B Megalonema platanum B - - - A - Parapimelodus valenciennis B C C C B C Pimelodus absconditus A - - - - - Pimelodus maculatus C C B A B C Pseudoplatystoma corruscans - - - A B A Sorubim lima B A - A A B Rhinodoras dorbignyi A - B - C B Pterodoras granulosus - - A - A - Ageneiosus militaris B A B A B C Auchenipterus nigripinnis A B C C B C Auchenipterus osteomystax B B A A B C Trachelyopterus albicrux B C C B B C Trachelyopterus lucenai - B A - - A Eigenmannia virescens A - B - A A Rhamphichthys hahni - - - - - A Odontesthes perugiae C A C B B A Odontesthes humensis B - B - B - Cnesterodon decenmaculatus - A - - - - Phalloceros caudimaculatus - B - - - - Pachyurus bonariensis C C C C C C Cichlasoma pusillum - A - - - - Crenicichla lepidota - B - A - A Crenicichla scotti A - - - - - Crenicichla vittata B B B B B B Geophagus brasiliensis - A - - - - Gymnogeophagus gymnogenys A - - - - - Gymnogeophagus balzanii A B - A B B Catathyridium jenynsii B A B A B B Constantes (n) (percentual) 15 19,5 29 36,3 19 28,0 17 31,5 15 19,8 24 31,2 Acessórias (n) (percentual) 35 45,4 24 30,0 26 38,2 19 35,2 34 44,7 24 31,2 Acidentais (n) (percentual) 27 35,1 27 33,7 23 33,8 18 33,3 27 35,5 29 37,6 As campanhas que apresentaram as maiores capturas foram a segunda e terceira no primeiro ano e a sétima, oitava, décimo-primeira e décimo-segunda no segundo ano (Fig. 11 e tabela 6). Estas maiores taxas de capturas coincidiram com os menores níveis hidrológicos (Fig. 8 e 9). No primeiro bimestre a captura foi pequena porque não houve captura nas lagoas. 29

Número de peixes capturados 8000 6000 4000 2000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Campanhas Fig. 11 Número de peixes capturados nas campanhas de amostragem no rio Ibicuí. 30

As lagoas apresentaram valores de diversidade um pouco superiores aos ambientes lóticos. O ambiente de amostragem que apresentou o maior valor de diversidade e riqueza foi a lagoa do ponto 1. A equitatividade também foi maior nos ambientes lênticos (Tabela 7). Tabela 7 - Valores de diversidade (H ), equitatividade (E) e riqueza para os ambientes amostrados no rio Ibicuí. Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Rio Lagoa Rio Lagoa Rio Lagoa H 1,03 1,35 1,09 1,24 1,21 1,26 E 0,54 0,71 0,59 0,71 0,64 0,67 Riqueza 77 80 68 54 76 77 Foram obtidos valores diferentes para diversidade, equitatividade e riqueza ao considerar a média das amostragens para cada ambiente (Figs 12, 13 e 14). A lagoa do ponto 2 ficou com o índice de diversidade abaixo dos dois ambientes similares dos pontos 1 e 3 (Fig. 12). Com relação à equitatividade os menores valores foram obtidos para os ambientes de rio dos pontos 1 e 2 (Fig. 13). A lagoa do ponto 2 foi também foi o ambiente com a menor riqueza (Fig. 14). O reduzido número de arrastos realizados neste ambiente contribuiu para estes resultados. 31

1.3 1.2 1.1 1.0 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 1R 1L 2R 2L 3R 3L ±Std. Dev. ±Std. Err. Mean Fig. 12 Valores médios de diversidade por ambiente de amostragem no rio Ibicuí, acompanhados do erro e desvio padrão. Rio no ponto 1 (1R), lagoa no ponto 1 (1L), rio no ponto 2 (2R), lagoa no ponto 2 (2L), rio no ponto 3 (3R) e lagoa no ponto 3 (3L). 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 1R 1L 2R 2L 3R 3L ±Std. Dev. ±Std. Err. Mean Fig. 13 Valores médios de equitatividade por ambiente de amostragem no rio Ibicuí, acompanhados do erro e desvio padrão. Rio no ponto 1 (1R), lagoa no ponto 1 (1L), rio no ponto 2 (2R), lagoa no ponto 2 (2L), rio no ponto 3 (3R) e lagoa no ponto 3 (3L). 32

45 40 35 30 25 20 15 10 5 1R 1L 2R 2L 3R 3L ±Std. Dev. ±Std. Err. Mean Fig. 14 Valores médios de riqueza acompanhados por ambiente de amostragem no rio Ibicuí, acompanhados do erro e desvio padrão. Rio no ponto 1 (1R), lagoa no ponto 1 (1L), rio no ponto 2 (2R), lagoa no ponto 2 (2L), rio no ponto 3 (3R) e lagoa no ponto 3 (3L). Os locais com maior similaridade ictiofaunística foram os ambientes de rio dos pontos 1 e 2 (Jaccard = 0,686). Entre as lagoas a maior similaridade ocorreu entre as dos pontos 1 e 3 (Jaccard = 0,670) (tabela 8). A lagoa do ponto 2 apresentou uma composição da ictiofauna mais diferente do que os demais ambientes (Fig. 15). Tabela 8 Matriz de similaridade ictiofaunística entre diferentes ambientes do rio Ibicuí. 1R 1L 2R 2L 3R 3L 1R 1,000 0,564 0,686 0,541 0,645 0,681 1L 1,000 0,520 0,534 0,554 0,670 2R 1,000 0,470 0,600 0,618 2L 1,000 0,566 0,605 3R 1,000 0,670 Rio no ponto 1 (1R), lagoa no ponto 1 (1L), rio no ponto 2 (2R), lagoa no ponto 2 (2L), rio no ponto 3 (3R) e lagoa no ponto 3 (3L). 33

Tree Diagram for Variables Unweighted pair-group average Dissimilarities from matrix RIO1 RIO2 RIO3 LAGOA1 LAGOA3 LAGOA2 0.28 0.30 0.32 0.34 0.36 0.38 0.40 0.42 0.44 0.46 0.48 Linkage Distance Fig. 15 Dendrograma resultante da análise de agrupamento utilizando o valor de distância igual a 1 - similaridade de Jaccard, para os ambientes no rio Ibicuí. A análise de componentes principais (ACP) foi realizada sobre a matriz de correlação das sete variáveis ambientais nos seis ambientes de amostragem (Tabelas 9 e 10.) O primeiro componente explica 39,05% da variância total do modelo e os escores que contribuíram para a formação desse eixo estiveram negativamente correlacionados com as variáveis exceto para as variáveis nível hidrológico e dureza. O segundo componente explica 22,85% da variância total dos dados e os escores que contribuíram para a formação desse eixo apresentaram cargas com sinais negativos exceto para oxigênio dissolvido e ph. O resultado da análise de componentes principais sobre a matriz de correlação originada das 15 espécies constituintes da ictiofauna dominante e dos seis locais de amostragem estão nas tabelas 11 e 12. 34

Tabela 9 Fatores extraídos da Análise de Componentes Principais com as variáveis ambientais. Eixo 1 Eixo 2 Temperatura da água -0,851252-0,193315 Oxigênio dissolvido -0,323774 0,668888 ph -0,884648 0,150323 Dureza 0,255971-0,675075 Secchi -0,241613-0,588772 Amônia -0,512323-0,534260 Nível Hidrológico 0,857510-0,067845 Tabela 10 Autovalores obtidos pela Análise de Componentes Principais com as variáveis ambientais Eixo Autovalor % Total Variância Autovalor Acumulado % Acumulado 1 2,733758 39,05369 2,733758 39,0537 2 1,599795 22,85421 4,333553 61,9079 O eixo 1 explica 25,26% da variância, e foi formado com todos os escores negativos enquanto o eixo 2, que explicou 12,31% da variabilidade, reuniu oito escores com cargas negativas e sete com cargas positivas que foram para as espécies P. valenciennis, P. bonariensis, I. labrosus, C. platanus, P. lineatus, T. albicrux e S. maculatus. Tabela 11 Fatores extraídos da Análise de Componentes Principais com as 15 espécies que compõem a ictiofauna dominante. Espécie Eixo 1 Eixo 2 Cynopotamus argenteus -0,422401-0,025125 Steindachnerina brevipinna -0,664503-0,276985 Parapimelodus valenciennis -0,576429 0,216953 Acestrorhynchus pantaneiro -0,790670-0,046792 Pachyurus bonariensis -0,633973 0,293172 Iheringichthys labrosus -0,377239 0,130062 Cyphocharax platanus -0,499318 0,032491 Hypostomus commersonii -0,126002-0,629291 Aparaeiodon affinis -0,206368-0,178173 Loricariichthys melanocheilus -0,632059-0,139237 Astyanax jacuhiensis -0,409234-0,443036 Cyphocharax voga -0,146876-0,885692 Prochilodus lineatus -0,615202 0,226930 Trachelyopterus albicrux -0,384701 0,260806 Serrasalmus maculatus -0,495763 0,264194 35

Tabela 12 Autovalores obtidos pela Análise de Componentes Principais com as 15 espécies que compõem a ictiofauna dominante. Eixo Autovalor % Total Variância Autovalor Acumulado % Acumulado 1 3,790225 25,26816 3,79022 25,2682 2 1,847718 12,31812 5,63794 37,5863 Discussão Assim como em outros rios da região neotropical as ordens de peixes com maior número de espécies foram os Siluriformes e Characiformes. Estas duas ordens também foram as mais representativas em outros estudos realizados na bacia do rio Uruguai (Weis et al., 1983; Bossemeyer et al, 1985; Bertoletti, 1989a, 1989b, 1990; Hahn, 2000, Zaniboni-Filho et al, 2004) ou Paraná (Agostinho et al. 1997). A ictiofauna dominante esteve composta por poucas espécies como mencionado por Benedito-Cecílio & Agostinho (2000) no reservatório de Itaipu. Hahn (2000), também constatou poucas espécies como sendo detentoras da maior parte da biomassa em um trecho do alto rio Uruguai. Apesar de muitas espécies terem sofrido mudanças nomenclaturais nos últimos anos e outras poderem ter sido identificadas equivocadamente, Weis et al. (1983) e Bossemeyer et al. (1985) registraram conjuntamente (descontadas aquelas em comum) 84 espécies para os rios Ibicuí-Mirim e Santa Maria. Destas, pode-se inferir que 74 foram coletadas no presente estudo. Entretanto, dez espécies listadas àquela época estão ausentes: Gymnotus carapo, Synbranchus marmoratus, Austrolebias ibicuhiensis, Microglanis cottoides, Moenkhausia sanctaefilomenae, Cichlasoma facetum e outras espécies de Oligosarcus, Hyphessobrycon, Bryconamericus e Rhamdia. No caso das primeiras seis espécies realmente não houve capturas neste estudo devido ao tipo de ambiente amostrado e à seletividade das artes de pesca ou, ainda, por tratarem-se de espécies raras como A. ibicuhiensis e M. cottoides. No caso de Oligosarcus e Rhamdia questões de caráter sistemático justificam a inclusão de apenas uma espécie no presente estudo. Os dados merísticos de todos os indivíduos do gênero Oligosarcus 36