Avaliação da Ictiofauna e do Ciclo Reprodutivo na área de influência da UHE Baixo Iguaçu

Transcrição

1 Relatório da 1ª Campanha: Período de 21/01/2010 a 02/02/2010 Projeto: Avaliação da Ictiofauna e do Ciclo Reprodutivo na área de influência da UHE Baixo Iguaçu TOLEDO PARANÁ 2009

2 1 Introdução A América do Sul apresenta a fauna de peixes de água doce mais rica do mundo, com grande diversidade morfológica e adaptativa; no Brasil cerca de 85% das espécies de peixes são primariamente de água doce, sendo uma das menos conhecidas do mundo, com um total estimado de 30 a 40 % de espécies não descritas a (MALABARBA & REIS, 1987). A bacia do rio Iguaçu é a maior no estado do Paraná, com uma área de aproximadamente km 2, da qual 79% pertencem ao estado do Paraná, 19% à Santa Catarina e 2% à Argentina (AGOSTINHO & GOMES, 1997). Esta bacia é caracterizada pelo seu elevado grau de endemismo, o qual foi estimado em 75% (ZAWADZKI et al., 1999), e por ser possuidora de um pequeno número de espécies de peixes quando comparada com outros rios da bacia do rio Paraná (JÚLIO-JÚNIOR et al., 1997). Entretanto, acredita-se que haja um elevado número de espécies ainda a serem descritas na literatura. O elevado desnível da bacia do rio Iguaçu no terceiro planalto se constitui em grande atrativo para o aproveitamento hidrelétrico, resultando na construção de barragens, formando grandes reservatórios, além de vários pequenos. Assim, faz-se necessário a realização dos estudos da ictiofauna no Baixo Iguaçu, em especial na área do Parque Nacional do Iguaçu, principalmente para inventariar as espécies de peixes e áreas de desova e desenvolvimento inicial, até então nunca avaliados. Essas informações são essenciais para melhor compreender a dinâmica populacional e as conseqüências da variabilidade ambiental, que afetam os estágios iniciais de vida dos peixes e, subseqüentemente, a variabilidade do recrutamento, com reflexos nos estoques das espécies.

3 3 2 Justificativa A falta de conhecimentos sobre a distribuição geográfica e os ambientes ecológicos dos peixes de água doce da América do Sul constitui um sério obstáculo aos estudos de comunidades bióticas. A área do Parque Nacional do Iguaçu e entorno carece de estudos da ictiofauna, apesar da proximidade com o Reservatório de Salto Caxias, este sim, objeto de inventários. Neste sentido, a utilização de técnicas tradicionais para inventariar a ictiofauna propiciará atividades distintas como: a) formação de coleção-testemunho da fauna aquática local com a deposição de exemplares em museus e universidades credenciadas; b) disponibilizar material biológico para identificação taxonômica da assembléia de peixes; c) propiciar material para estudos diversos, com ênfase do estudo da atividade reprodutiva, alimentação, parasitos, genéticos, dentre outros. 3 Objetivos GERAL: O objetivo principal foi realizar os levantamentos dos locais, onde serão efetivadas as coletas da ictiofauna, bem como, dos ovos e larvas no Baixo Rio Iguaçu, e readequar os apetrechos de pesca que serão utilizados. Foram encaminhadas as solicitações para Comite de Ética e autorização para realização das coletas no Parque Nacional do Iguaçu.

4 4 4 Atividades Desenvolvidas 4.1 COLETA DE DADOS Durante o período de 21/01/2010 a 02/02/2010, foram realizadas as amostragens nos diferentes locais no Baixo Iguaçu, conforme descrição no Quadro I, para o levantamento da ictiofauna e das áreas de reprodução. Diferentes apetrechos de coleta foram utilizados em diversos locais ao longo da área de estudo, abrangendo o rio Iguaçu e principais tributários. As redes de espera e espinhéis foram instalados as 16:00 hs e revistados a intervalos de 6:00 hs, ou seja, as 22:00 hs, as 04:00 e as 10:00 hs do dia seguinte. As pescarias com equipamento elétrico também foram efetuadas no período matutino, nos locais pré-determinados. As tarrafas foram utilizadas nos diversos locais de amostragem, ao longo do dia, com a padronização nos lances para fins de cálculo de esforço. Os peixes capturados foram fixados em formol 4% neutralizado, sendo etiquetados quanto ao local de coleta, data, horário, tipo de aparelho, e acondicionados em tambores para transporte ao laboratório de Ictiologia da UNIOESTE para análise. Em laboratório os peixes capturados com os apetrechos de pesca espinhel e rede de espera foram identificados, medidos (comprimento total e padrão) e pesados. A identificação das espécies foi realizada de acordo com Garavello et al. (1997), Severi & Cordeiro (1994) e Baumgartner et al. (2006). Espécimes testemunhos das diferentes espécies de peixes amostrados serão depositados em Coleção no Museu de Ictiologia da Universidade Estadual de Maringa-PR.

5 Quadro I Readequação dos métodos de amostragem no Parque Nacional do Iguaçu e entorno. Rede de Rede de Ovos e larvas Rios Locais Código Peneirão espera arrasto arrasto/estacionária Espinhel Tarrafa Pesca Alto rio Cotejipe ALTOCOTE 5m elétrica Rio Cotejipe Alto rio Sarandi ALTOSARA 5m Foz do rio Cotejipe COTEFOZ 10m Rio Iguaçu rio Iguaçu a jusante da UHE Salto Caxias IGUASALTO 10m Rio Iguaçu Médio rio Iguaçu (1) IGUAMED1 10m Foz do rio Andrada ANDRAFOZ 10m Rio Andrada Médio rio Andrada ANDRAMED 10m Alto rio Andrada ALTOANDRA 10m Rio Iguaçu Médio rio Iguaçu (2) IGUAMED2 10m Foz do rio Capanema CAPAFOZ 10m Rio Capanema Médio rio Capanema CAPAMED 10m Alto rio Capanema ALTOCAPA 10m Rio Iguaçu Baixo rio Iguaçu IGUABAIO 10m Rio Monteiro Rio Iguaçu Rio Gonçalves Dias Rio Silva Jardim Rio Santo Antônio Foz do rio Monteiro MONTEFOZ 5m Alto rio Monteiro ALTOMONTE 5m Jusante da barragem rio Iguaçu Foz do rio Gonçalves Dias IGUAJU 10m GONÇAFOZ 10m Médio rio Gonçalves Dias GONÇAMED 5m Alto rio Gonçalves Dias ALTOGONÇA 5m Foz do rio Silva Jardim FOZSILVA 10m Médio rio Silva Jardim SILVAMED 10m Alto rio Silva Jardim ALTOSILVA 10m Foz do rio Santo Antônio Médio rio Santo Antônio FOZSANT 10m SANTMED 10m Alto rio Santo Antônio ALTOSANT 10m

6 6 Para avaliar áreas de desova e desenvolvimento inicial na região de influência da UHE Baixo Iguaçu, foram realizadas coletas de ictioplâncton ao anoitecer e amanhecer. Os locais de amostragem estão descritos no Quadro I. As amostragens foram realizadas na superfície, através de arrastos com duração de 10 minutos, com o barco em baixa velocidade, utilizando-se rede de plâncton com medidor de fluxo para a obtenção do volume de água filtrada, ou de redes estacionárias, expostas durante 10 minutos nos horários estabelecidos. Todas as amostras foram fixadas em formol diluído a 4% tamponado, previamente anestesiados e acondicionadas em frascos plásticos, sendo identificados quanto ao local e data da coleta. No laboratório, ovos, larvas e juvenis de peixes foram separados do restante do plâncton sob microscópio estereoscópico, sob placa de acrílico do tipo Bogorov. A identificação, que consiste na separação dos espécimes nos níveis genérico e específico, mediante análise morfométrica e merística, foi realizada de acordo com Ahlstrom & Moser (1976), Severi & Cordeiro (1994), Garavello et al. (1997), Nakatani et al. (1997), Nakatani et al. (2001) e Baumgartner et al. (2006).

7 7 5 Considerações Durante o período de 21/01/2010 a 02/02/2010, foram coletados peixes nos diferentes locais amostrados no Baixo rio Iguaçu, pertencentes a oito (08) Ordens e vinte (20) Famílias, conforme mostra a Tabela 1. Cerca de 50 espécies de peixes foram registradas e, dentre estas, duas espécies migradoras de longa distância, segundo a classificação de Agostinho et al. (2007), como o piau (Leporinus obtusidens) e o curimba (Prochilodus lineatus), no entanto, pertencentes a Bacia do rio Paraná, sendo assim espécies alóctones a Bacia do rio Iguaçu. A espécie alvo a ser amostrada, migradora de longa distância e endêmica desta bacia, o surubim do Iguaçu (Steindachneridion melanodermatum), não foi coletada nesta campanha. A necessidade de obtermos esta informação, bem como, a presença de indivíduos na fase inicial desta espécie, será fundamental para assegurarmos a implementação do projeto da passagem de peixe na UHE Baixo Iguaçu. Assim, será necessário a continuidade das coletas para verificarmos esta premissa. Espécies exóticas também foram amostradas neste período, num total de cinco espécies, como a carpa comum (Cyprinus carpio), o bagre-africano (Clarias gariepinus), o bagre-do-canal (Ictalurus punctatus), a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) e a tilápia (Tilapia rendalli). Quanto às áreas de reprodução, a ocorrência de ovos, total de 169, foi constatada principalmente nos rios Andrada (114) e Sarandi (41), além dos rios Iguaçu, Cotejipe, Capanema e Gonçalves Dias (Tabela 1). As larvas (total de 44 larvas) foram registradas especialmente nos rios Iguaçu (15 larvas) e Silva Jardim (11 larvas), bem como nos rios Andrada, Capanema, Cotejipe, Gonçalves Dias, Monteiro e Santo Antônio, pertencentes a Apareiodon vittatus, Rhamdia spp., Hoplias spp., Auchenipteridae e Characiformes (Tabela 1). Mesmo considerando que essas espécies são classificadas como sedentárias ou migradoras de curta distância, é procedente levar em conta, a relevância nas discussões da passagem de peixe, com objetivo de vir atender os movimentos, ascendente e descendente, dessas espécies, propiciando assim, intercâmbio genético, quando da existência da barragem da UHE Baixo Iguaçu. Assim, se faz necessário a continuidade das coletas, durante o período proposto (24 meses), para obtermos as informações necessárias para as discussões e decisões, quanto a necessidade ou não, de implantação e dos tipos de sistemas de transposição de peixes que poderão ser planejados e projetados para a UHE Baixo Iguaçu.

8 Tabela 1 Relação das espécies de peixes coletadas no Baixo rio Iguaçu durante o período de 21/01/2010 a 02/02/2010. Espécies migradoras de longa distância da Bacia do rio Paraná destacadas em negrito. ** espécies exóticas. Rios: COTE=Cotejipe, SARA=Sarandi, CAPA=Capanema, ANDRA=Andrada, MONT=Monteiro, IGUA=Iguaçu, GONÇA=Gonçalves Dias, SILVA=Silva Jardim, SANT=Santo Antônio. =indica ocorrência de jovens e/ou adultos da espécie. =indica ocorrência de larvas da espécie. =indica ocorrência de ovos de peixes. Espécies OSTEICHTHYES ACTINOPTERYGII Atheriniformes Atherinopsidae RIOS COTE SARA CAPA ANDRA MONT IGUA GONÇA SILVA SANT Odontesthes bonariensis (Valenciennes, 1835) peixe-rei Characiformes Anostomidae Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1836) piau Schizodon sp. piau Characidae Aphyocharax sp. Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000 lambari Astyanax gymnodontus (Eigenmann, 1911) lambari Astyanax sp. B lambari Astyanax sp. C lambari Astyanax sp. E lambari Bryconamericus ikaa Casciotta, Almirón & Azpelicueta, 2004 piaba Bryconamericus sp. - lambarizinho, piquira Bryconamericus sp. C - lambarizinho, piquira Hyphessobrycon sp. - lambarizinho Oligosarcus longirostris Menezes & Géry, 1983 saicanga Crenuchidae Characidium sp. charutinho Curimatidae Cyphocharax santacatarinae (Fernández-Yépez, 1948) sagüiru Steindachnerina brevipinna (Eigenmann & Eigenmann, 1889) sagüiru Steindachnerina insculpta (Fernández-Yépez, 1948) sagüiru 8

9 9 Continuação da Tabela 1 RIOS Espécies COTE SARA CAPA ANDRA MONT IGUA GONÇA SILVA SANT Erythrinidae Hoplias lacerdae Miranda Ribeiro, 1908 trairão Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) traíra Hoplias spp. traíra Parodontidae Apareiodon vittatus Garavello, 1977 canivete Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1836) curimba Cypriniformes Cyprinidae Cyprinus carpio Linnaeus, 1758 carpa comum ** Cyprinodontiformes Poeciliidae Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868) guaru Phalloceros harpagos Lucinda, 2008 guaru Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus sylvius Albert & Fernandes- Matioli, 1999 morenita Perciformes Cichlidae Cichlasoma sp. - cará Crenicichla iguassuensis Haseman, 1911 joaninha Crenicichla sp. joaninha Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) cará Geophagus sp. cará Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) tilápia-do-nilo ** Tilapia rendalli (Boulenger, 1897) tilápia **

10 10 Continuação da Tabela 1 Espécies Siluriformes RIOS COTE SARA CAPA ANDRA MONT IGUA GONÇA SILVA SANT Auchenipteridae Glanidium ribeiroi Haseman, 1911 bocudo Tatia jaracatia Pavanelli & Bifi, 2009 bocudinho Callichthyidae Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) tamboatazinho Clariidae Clarias gariepinus (Burchell, 1822) bagre africano ** Ictaluridae Ictalurus punctatus (Rafinesque, 1818) bagre-do-canal ** Heptapteridae Imparfinis sp. Rhamdia branneri Haseman, 1911 jundiá Rhamdia voulezi Haseman, 1911 jundiá cinza Rhamdia spp. jundiá Loricariidae Ancistrus mullerae Bifi, Pavanelli & Zawadzki, 2009 cascudo-barbudo Loricariichthys rostratus Reis & Pereira, 2000 cascudo-chinelo Hypostomus albopunctatus (Regan, 1908) cascudo Hypostomus commersoni Valenciennes, 1836 cascudo Hypostomus derbyi (Haseman, 1911) cascudo Hypostomus myersi (Gosline, 1947) cascudo Pimelodidae Pimelodus britskii Garavello & Shibatta, 2007 mandi Pimelodus ortmanni Haseman, 1911 mandi Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 muçum

11 6 Equipe Executora 11 A pesquisa está sendo executada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná através do Grupo de Pesquisa em Tecnologia de Produção e Conservação de Recursos Pesqueiros e Hídricos-GETECH, como segue: Sergio Makrakis, Pós- Doutor Engenheiro de Pesca Coordenador do projeto Vladimir Pavan Margarido, Pós-Doutor Biólogo Colaborador executor Maristela Cavicchioli Makrakis, Pós-Doutora Bióloga Colaboradora executora Ricardo Luiz Wagner, Mestrando Engenheiro de Pesca Técnico Colaborador executor Lucileine de Assumpção, Mestranda Engenheira de Pesca Colaboradora executora Adilson Rodrigues Biólogo - Mestrando José Roberto Mariano Biólogo -Mestrando Patrícia Sarai da Silva Engenheira de Pesca -Mestranda Alunos de Graduação

12 12 7 Bibliografia AGOSTINHO, A. A, GOMES, L.C., PELICICE, F. M. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. EDUEM, Maringá, 512 p AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá: EDUEM. 387p. AHLSTROM, E. H. & MOSER, H. G. Eggs and larvae of fishes and their role in systematic investigations and in fisheries. Revue des Travaux de Línstitut des Peches Maritimes. Nantes 40: , BAUMGARTNER, D.; BAUMGARTNER, G.; PAVANELLI, C. S.; SILVA, P. R. L., FRANA, V. A.; OLIVEIRA, L. C. & MICHELON, M. R.. Fish, Salto Osório Reservoir, Iguaçu River basin, Paraná State, Brazil. Check List 2 (1), 1-4, GARAVELLO, J. C.; PAVANELLI, C. S. & SUZUKI, H. I. Caracterização da ictiofauna do rio Iguaçu. In: AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C. (Eds.) Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá: EDUEM. p , JÚLIO JÚNIOR, H. F.; BONECKER, C. C. & AGOSTINHO, A. A. Reservatório de Segredo e sua inserção na bacia do rio Iguaçu. In: AGOSTINHO, A. A.; GOMES, L. C. (Eds.) Reservatório de Segredo: bases ecológicas para o manejo. Maringá: EDUEM. p MALABARBA, L. R. & REIS, R. E. Manual de técnicas para a preparação de coleções zoológicas. Sociedade Brasileira de Zoologia 36: 1-14, 1987 NAKATANI, K.; AGOSTINHO, A A; BIALETZKI, A; BAUMGARTNER, G.; SANCHES, P. V.; MAKRAKIS, M. C. & PAVANELI, C. Manual de identificação de ovos e larvas de peixes brasileiros de água doce. Maringá: EDUEM, v p., PIELOU, E.C. Ecological diversity. New York: J. Wiley. 165p., SEVERI, W. & CORDEIRO, A. A. M.. Catálogo de peixes da bacia do rio Iguaçu. Curitiba: IAP/GTZ. 118p., VAZZOLER, A. E. A. M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. Maringá: EDUEM. 169p ZAWADZKI, C. H.; RENESTO, E. & BINI, L. M. Genetic and morphometric analysis of three species of the genus Hypostomus Lacépède, 1803 (Osteichthyes: Loricariidae) from the rio iguaçu (Brazil). Revue Suisse de Zoologie 106: , Toledo, 12 de março de Sergio Makrakis Coordenador do Projeto