Do Risco à Catástrofe Um Desafio para a Protecção Civil O Risco Sísmico no Município da Amadora



Documentos relacionados
World Disaster Reduction Campaign Making Cities Resilient: Amadora is Getting Ready!

o papel das dinâmicas e estratégias residenciais no desenvolvimento territorial da área metropolitana de lisboa 1

A história das pedras, do Guincho às abas da Serra de Sintra

PLANIFICAÇÃO DE CIÊNCIAS NATURAIS - 7º ANO-

Plano Estratégico dos Transportes ( )

CATÁSTROFES E GRANDES DESASTRES IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO PÚBLICA NO ÂMBITO DA PROTEÇÃO CIVIL

Construção, Ampliação ou Remodelação de Cemitérios

PVP Programa de Valorização de Património. Apresentação à CML Helena Roseta

PLANO DE EMERGÊNCIA: FASES DE ELABORAÇÃO

Caracterização do Concelho de Lisboa. Lisboa, Maio 2007

METADE DA POPULAÇÃO RESIDENTE EM CIDADES CONCENTRADA EM APENAS 14 DAS 141 CIDADES

Valores #N/D de Avaliação Bancária. Dezembro

A CAMPANHA INTERNACIONAL CIDADES RESILIENTES: A IMPORTÂNCIA DO NÍVEL LOCAL

Geomorfologia e Planejamento. Rosangela do Amaral Geógrafa, Pesquisadora Científica Instituto Geológico - SMA

1º ano. Os elementos da Paisagem Natural e Paisagem modificada

PLANO CURRICULAR DISCIPLINAR. Ciências Naturais 7º Ano. Ano Lectivo: 2010/2011

ORDENAMENTO CIVIL DO NAS TERRITÓRIO DINÂMICAS TERRITORIAIS: CONTRIBUTO PARA O PLANEAMENTO, GESTÃO DE EMERGÊNCIA

MOVIMENTOS PENDULARES NA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA

A Geologia, os geológos e os seus métodos

Conselho Regional da RLVT. Referencial para a elaboração do Plano de Ação Regional de Lisboa,

Teste diagnóstico de Geologia (10.º ano)

PLANO CURRICULAR DISCIPLINAR. Ciências Naturais 7.º Ano

Estrutura da Terra Contributos para o seu conhecimento

4te. Parecer sobreo POCH Programa Operacional do Capital Humano. Data: Prazo de Resposta: Registo n.

Definição da Acção Sísmica

P L A N I F I C A Ç Ã O A M É D I O P R A Z O

Tsunamis INTERNATIONAL CENTRE FOR COASTAL ECOHYDROLOGY. Oficina da Prevenção das Catástrofes Naturais Departamento Educacional do ICCE

Avaliação dos Riscos: Um instrumento necessário no Ordenamento do Território

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO

Plataforma Integrada de Gestão e Accionamento de Cenários

CARTA DA IGUALDADE 11 COMPROMISSOS PARA UM TERRITÓRIO MAIS IGUAL

IV Seminário Plataformas Logísticas Ibéricas

Notas sobre a população Lisboa: Área Metropolitana e cidade

Movimentos Pendulares e Organização do Território Metropolitano: Área Metropolitana de Lisboa e Área Metropolitana do Porto,

Modelo básico para Plano Diretor de Defesa Civil CASA MILITAR COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL

Dr. Paulo Santos ADENE

Nome Nº Turma Nome Nº Turma Nome Nº Turma Nome Nº Turma Nome Nº Turma

INQUÉRITO À POPULAÇÃO DE BRAGANÇA

PLANO DE RECUPERAÇÃO FINAL

II COLÓQUIO - GESTÃO DO RISCO E CULTURA DE SEGURANÇA 30/11/2015 II COLÓQUIO - GESTÃO DO RISCO E CULTURA DE SEGURANÇA - MADEIRA TECNOPOLO FUNCHAL 1

RESUMO. José Rocha. Capítulo 2: Geotecnologias aplicadas à análise e gestão de riscos

II Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e Tecnológicos

Hugo Saturnino Paulo Fernandez e José M. Monteiro Coimbra - 30 Maio de 2009

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA 1 1. AMBIENTE 2 2. DEMOGRAFIA 2 3. CONSTRUÇÃO CIVIL 3 4. ENERGIA 3 5. COMÉRCIO 3

PLANO DE ESTRUTURA URBANA DO MUNICÍPIO DE MAPUTO

Figura 1 Fragmentação e evolução dos continentes desde a Pangeia até à atualidade: A Pangeia à 225 milhões de anos, B Continentes na atualidade.

Engenharia de Aeródromos (ENGAED)

20% Sector Promário Sector Secundário 79% Sector Terciário

PLANO DE PORMENOR DO DALLAS FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Lista de Recuperação de Geografia 2013

A NECESSIDADE DA COMUNICAÇÃO EM SITUAÇÃO DE PLENA MANIFESTAÇÃO DE RISCOS

Sistema Interno de Garantia da Qualidade

BIOLOGIA E GEOLOGIA ANO I Tema I A Geologia, os geólogos e os seus métodos (Módulo inicial)

SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO

PROVA DE GEOGRAFIA 3 o TRIMESTRE DE 2012

Definições dos Parâmetros úteis para o uso de V e E

MATÉRIAS SOBRE QUE INCIDIRÁ CADA UMA DAS PROVAS DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TRABALHO DE GEOGRAFIA ESTUDOS ORIENTADOS 1º ANO ENSINO MÉDIO NOTURNO

Escola Secundária de Valongo PROFESSORAS: DINORA MOURA ISABEL MACHADO PIMENTA

ÍNDICE DEFINIÇÕES... 3 VÍTIMAS EM Vítimas por mês Vítimas segundo a localização e o tipo de via... 5

3 Panorama da Habitação

ESTABELECIMENTOS DE APOIO SOCIAL A PESSOAS IDOSAS

CONFEA 21 a 25 de fevereiro de 2011

Qual a força que move os continentes? SabinaValente

Atlas das Cidades Portuguesas

A CI D ADE DA AM A DO RA

Juliana Aurea Uber, Leonardo José Cordeiro Santos. Introdução

POLIS TEJO. Polis Tejo UM RIO VIVO, UM LUGAR VIVIDO. Laudemira Ramos. ARH do Tejo, I.P. Constância, 6 de Maio de 2011

Morfologia do Terreno

Centro Histórico de Santarém: Como integrar a herança cultural nos desafios do futuro?

PLANO DIRECTOR MUNICIPAL DE ODIVELAS

Discurso de Sua Excelência o Presidente da República

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

Orientação nº 1/2008 ORIENTAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DA ESTRATÉGIA LOCAL DE DESENVOLVIMENTO (EDL) EIXO 4 REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Atribuições e competências dos vários níveis de administração pública Competências e financiamento das Autarquias locais

A GESTÃO RISCO NO TERRITÓRIO, O CONTRIBUTO DOS PLANOS REGIONAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Eng.º José Pinto Leite

Gestão Pública da Água e Saneamento

LOCALIZAÇÃO E BREVE APRESENTAÇÃO GEOGRÁFICA DA SUB-REGIÃO DO DOURO SUPERIOR

Aluvião a 20 de fevereiro de 2010 na RAM

Geografia Geral: Econômica Vestibulares UNICAMP

Caracterização Geotécnica da Colina do Castelo Abordagem preliminar para a estimativa do Risco Sísmico

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

PLANO DE ATIVIDADES E ORÇAMENTO PARA 2014

Análise SWOT. Área: Território. Rede Social. - Novo Acesso Rodoviário - Qualidade do Ambiente - Recursos Naturais

Disciplina Objectivos Conteúdos Programáticos

CAPÍTULO 4 DESASTRES NATURAIS

A Geologia no litoral do Alentejo

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para Medida 9 MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA EM ZONAS DESFAVORECIDAS

Excelentíssimo Senhor. Presidente da República Portuguesa. Doutor Aníbal Cavaco Silva

Somos residentes, Constituímos famílias e. Dispomos de alojamentos em edifícios

Como ocorre um Tsunami

1. INTRODUÇÃO 2. ANÁLISE ESTRATÉGICA

Semana da Proteção Civil Seminário Incêndios Urbanos. PREVENÇÃO E RESPOSTA 27 Fevereiro 2015

Como melhorar a Sustentabilidade através da implementação de um Sistema Integrado de Gestão Qualidade, Ambiente e Segurança

Metro. é o que mais agrada. Transportes públicos

Riscos de deslizamentos de encostas em áreas urbanas

EXERCÍCIO A TERRA TREME

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA E DO PERCURSO DO RIO PINHÃO RESUMO

Transcrição:

Do Risco à Catástrofe Um Desafio para a Protecção Civil O Risco Sísmico no Município da Amadora Luís Carvalho Geógrafo Câmara Municipal da Amadora Serviço Municipal de Protecção Civil luis.carvalho@cm amadora.pt Magda Matias Geógrafa Instituto Superior Técnico Laboratório de Sismologia magda.matias@ist.utl.pt Nuno Leitão Geógrafo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias TERCUD nuno.leitao@ulusofona.pt

ÍNDICE 1. RISCO E CATÁSTROFE 1.1. Problemática 1.2. PEE Risco Sísmico da AML e Concelhos Limítrofes 2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DA AMADORA 2.1. Meio físico 2.2. Processo de urbanização 3. ANÁLISE DO RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.1. Metodologia de trabalho 3.2. Resultados obtidos 3.3. Perdas económicas

RISCO E CATÁSTROFE

1. RISCO E CATÁSTROFE 1.1. PROBLEMÁTICA Possibilidade de um território e a sua estrutura social ser afectado por um evento natural de dimensões extraordinárias (CANTOS et al., 2002). Estudar a frequência e intensidade dos fenómenos (probabilidade) Situação que ameaça um determinado elemento Possíveis perdas dos elementos. Intensidade do fenómeno Preparação (monitorização, prevenção) Ocupação do território Resiliência Efeito perturbador que um episódio natural provoca nesse mesmo espaço, tendo em conta os danos económicos e perdas humanas Efeito perturbador de um fenómeno natural Colapso do sistema natural e humano Danos económicos e perdas humanas

1. RISCO E CATÁSTROFE 1.2. PEE RISCO SÍSMICO AML E CONCELHOS LIMÍTROFES PLANO ESPECIAL DE EMERGÊNCIA RISCO SÍSMICO DA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA E CONCELHOS LIMÍTROFES CENÁRIOS Sismo afastado (Fronteira de placas euro asiática e africana Banco de Gorringe) Sismo próximo (Falha do Vale Interior do Tejo) FUNDAMENTAL Análise do Risco Sísmico Elaborar Planos Municipais de Emergência ARTICULAÇÃO DE TODAS AS ENTIDADES INTERVENIENTES NO PROCESSO DE PREPARAÇÃO, SOCORRO E RECUPERAÇÃO EM SITUAÇÃO DE EVENTUAL SISMO

2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL AMADORA

MAFRA VILA FRANCA DE XIRA LOURES SINTRA ODIVELAS AMADORA CASCAIS OEIRAS LISBOA 0 5000 metros Meters

2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL MUNICÍPIO DA AMADORA 2.1. MEIO FÍSICO Estrutura morfológica definida por 3 unidades: Norte do concelho corresponde a uma área planáltica de relevo acidentado (Serra da Mira) Vale aberto, corredor central, no prolongamento do Vale de Benfica Sul e Sudoeste, a Serra de Carnaxide, com declives acentuados Rugosidade da superfície topográfica entre 30 60%

2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL MUNICÍPIO DA AMADORA 2.1. MEIO FÍSICO Afloram rochas de dois tipos principais: Rochas Sedimentares: correspondem a calcários, margas, argilas e arenitos datados do Cretácico Rochas Magmáticas: Integram o Complexo Vulcânico de Lisboa (formação geológica dominante); basaltos, gabros e filões Génese litológica éuma condicionante a ser considerada na ocupação urbana e tipos de construção

2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL MUNICÍPIO DA AMADORA 2.2. PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

2. ENQUADRAMENTO TERRITORIAL MUNICÍPIO DA AMADORA 2.2. PROCESSO DE URBANIZAÇÃO (hab/km2) 8000 Densidade populacional (2001) 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 Amadora Cascais Lisboa Loures Mafra Odivelas Oeiras Sintra V.F.Xira Área Metropolitana Norte

3. ANÁLISE DO RISCO SÍSMICO AMADORA

Loures Sintra 0 100 Quilometros Kilometers Odivelas AMADORA Cascais Lisboa Oeiras metros

3. RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.1. METODOLOGIA DE TRABALHO Vulnerability Analysis Sismicidade Histórica Registos históricos Edificado Densidade do edificado Materiais de construção Época de construção Bairros degradados Área Critica Danos Meio Físico Geologia Hidrologia Falhas Geológicas Deslizamentos Vertentes População Densidade habitacional Densidade populacional População com menos de 14 anos População com mais de 65 anos SIG Aquisição Tratamento Validação

3. RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.2. RESULTADOS OBTIDOS Áreas críticas: meio físico

Antes 1945 Entre 1945 1985 Após 1985

3. RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.2. RESULTADOS OBTIDOS Áreas críticas: edificado

3. RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.2. RESULTADOS OBTIDOS Áreas críticas: população

3. RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.2. RESULTADOS OBTIDOS RISCO SÍSMICO AMADORA SUPORTE NATURAL Reflexo da dinâmica do interior do planeta INFRA ESTRUTURAS Vulnerável à variabilidade espacial da acção sísmica ELEMENTO EXPOSTO Vulnerável à acção sísmica e ao comportamento da infra estruturas. Exposto ao fenómeno RISCO SÍSMICO AMADORA Reduzido a moderado, existindo algumas áreas que nos merecem alguma atenção

3. RISCO SÍSMICO NO MUNICÍPIO DA AMADORA 3.3. PERDAS ECONÓMICAS Cerca de 25% dos edifícios encontram se em áreas de risco sísmico moderado a elevado O custo de reabilitação do edificado (1.757,755 ) representam custos a ser imputados ao Estado e à sociedade Edifícios Risco III Risco II Total Antes 1945 158 483 641 Entre 1946 60 612 543 1155 Entre 1961 85 6401 3316 9917 Após 1986 Total 7171 4542 11713 Total em percentagem 15,03 9,53% 24,56 Total Edifícios Amadora 47685 Época de construção Antes de 1945 N.º de edifícios Risco II N.º de edifícios Risco III Área de construção (m 2 ) 483 (1,02%) 158 (0,33%) 288,450 m 2 (641x450m 2 ) 1945 1960 543 (1,14%) 612 (1,28%) 693,000 m 2 (1,155 x 600 m 2 ) Custa unitário de reabilitação ( /m 2 ) % Reabilitação para reforço sísmico Custo unitário de reabilitação sísmica ( /m 2 ) Custo da reabilitação sísmica ( ) 399,04 /m 2 50 % 199,53 /m 2 31.442, 000 199,52 /m 2 80% 159,62 /m 2 97.308,000 1961 1985 516 (7,37%) 6401 9,917,000 m 2 199,52 /m 2 80% 159,62 /m 2 96.036,000 Após 1985 Total 4542 (9,53%) 7171 224.786,000

Do Risco à Catástrofe Um Desafio para a Protecção Civil O Risco Sísmico no Município da Amadora Luís Carvalho Geógrafo Câmara Municipal da Amadora Serviço Municipal de Protecção Civil luis.carvalho@cm amadora.pt Magda Matias Geógrafa Instituto Superior Técnico Laboratório de Sismologia magda.matias@ist.utl.pt Nuno Leitão Geógrafo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias TERCUD nuno.leitao@ulusofona.pt