5 Discussão de resultados 5.1. Variação dos parâmetros de rede com a composição (x)

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Transcrição:

5 Discussão de resultados 5.1. Variação dos parâmetros de rede com a composição (x) As análises de difração de raios-x, a temperatura ambiente, para as soluções sólidas: Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12 e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, (estrutura monoclínica, grupo espacial P2 1 /a) mostraram que os parâmetros de rede a, b, e c aumentam linearmente, com pequenos desvios, com um aumento do tamanho do raio iônico de acordo com a lei de Vegard, Figuras 78 81. O ângulo β diminui conforme aumenta o tamanho do raio iônico, considerando que o raio iônico para o Al 3+ é 0,535Å, Cr 3+ é 0,615Å e Fe 3+ é 0,645Å [94]. A lei de Vegard se aplica para soluções sólidas substituicionais formadas pela distribuição aleatória de íons, assumindo que a variação nos parâmetros de rede da célula unitária com a composição é governada somente pelos tamanhos dos íons. Esta lei estabelece que a variação do tamanho da célula unitária obedece a uma relação linear com o aumento do raio iônico. No caso da solução sólida Er 2-x Sm x W 3 O 12 (Er 3+ = 0,88Å e Sm 3+ = 0,96Å) foi reportado o mesmo comportamento linear, os parâmetros de rede e o volume aumentaram gradualmente conforme o conteúdo de Sm aumentou. Isto foi observado tanto na estrutura ortorrômbica (0,0 x 0,5) quanto na monoclínica (0,6 x 2,0) [59]. Para a substituição parcial de um ou mais elementos num composto existe um limite de solubilidade relacionada aos tamanhos dos átomos do soluto e do solvente. A diferença entre os átomos não deve ultrapassar a 15% para evitar instabilidade na estrutura. Este fato foi reportado para o Er x Fe 2-x Mo 3 O 12, (Er 3+ = 0,88Å e Fe +3 = 0,635Å) que apresenta decomposição à 450 o C para valores de 1,0 x 1,3 [61].

101 Figura 78 Variação do eixo cristalográfico a das soluções sólidas Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12 e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, (na estrutura monoclínica, grupo espacial P2 1 /a) Figura 79 - Variação do eixo cristalográfico b das soluções sólidas Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12 e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, (na estrutura monoclínica, grupo espacial P2 1 /a).

102 Figura 80 - Variação do eixo cristalográfico c das soluções sólidas Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12 e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, (na estrutura monoclínica, grupo espacial P2 1 /a). Figura 81 - Variação do volume V das soluções sólidas Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2xMo 3 O 12 e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, (na estrutura monoclínica, grupo espacial P2 1 /a)

103 5.2. Influência da eletronegatividade na temperatura de transição de fase Como reportado por Evans et al. [71], foi observado que a temperatura de transição de fase aumenta à medida que a eletronegatividade do cátion trivalente aumenta. Os resultados obtidos nos sistemas aqui estudados confirmaram esta observação. Na Figura 82, observa-se a variação da temperatura de transição de fase em função da eletronegatividade na escala de Pauling do Al (1,61), Cr (1,66) e Fe (1,83) [96]. Considera-se que durante uma transição de fase dislocativa, sem quebra nem criação de novas ligações, então, a interconexão dos átomos permanece sem mudanças. Mas, na transição de fase para a estrutura monoclínica há uma redução no volume provocando que esta fase apresente expansão térmica positiva. Uma provável causa desta transição de fase é a interação oxigêniooxigênio. Considerando que a carga efetiva do oxigênio está diretamente relacionada à eletronegatividade do cátion trivalente: quando a eletronegatividade do cátion trivalente aumenta, a carga efetiva do oxigênio diminui, conduzindo a uma diminuição das repulsões oxigênio-oxigênio e permitindo que a transição de fase aconteça a temperaturas mais altas. Assim, à medida que a eletronegatividade do cátion trivalente aumenta, a temperatura de transição de fase aumenta. Figura 82 Variação da temperatura de transição de fase em função da eletronegatividade do cátion A 3+ (Al 3+, Cr 3+ e Fe 3+ ).

104 Considerando que seja possível ponderar a eletronegatividade com base na composição química das soluções sólidas substitucionais, de forma análoga à Lei de Vegard, foram relacionados os valores ponderados da eletronegatividade para os três sistemas: Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12, e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, com as temperaturas de transição de fase obtidas por DSC na Figura 83. Observa-se que para cada sistema há uma relação linear entre a eletronegatividade e a temperatura de transição de fase, mas, interrelacionando os três sistemas, não existe uma relação estritamente linear, pois para uma temperatura de transição de fase igual a 375 o C podem corresponder eletronegatividades iguais a 1,65 e 1,72. Isto sugere que existem outros fatores que afetam a temperatura de transição de fase além da eletronegatividade. Figura 83 - Variação da temperatura de transição de fase em função da eletronegatividade do cátion A (ponderado), para as soluções sólidas Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12, e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12. 5.3. Expansão térmica intrínseca x extrínseca Apesar de estudos por dilatometria terem reportado expansão térmica negativa extrínseca para o Al 2 Mo 3 O 12 (α = -2,83 x10-6 / o C), Cr 2 Mo 3 O 12 (α = -9,39 x10-6 / o C) e Fe 2 Mo 3 O 12 (α = -14,82 x 10-6 / o C) [1], no presente trabalho, estudos realizados por difração de raios-x utilizando luz síncrotron, com alta resolução,

105 revelaram que estes óxidos apresentam expansão térmica intrínseca positiva porém baixa. Assim, o Al 2 Mo 3 O 12, α = 2,32 x10-6 / o C, Cr 2 Mo 3 O 12, α = 0,65 x10-6 / o C e para o Fe 2 Mo 3 O 12, α = 1,72 x 10-6 / o C (veja comparação na Tabela 34). Recentemente foram reportaram medidas de coeficiente de expansão térmica através de difração de Raios-X para o Fe 2 Mo 3 O 12 [61]. O valor relatado (α = 1,14 x 10-6 / o C) foi semelhante ao obtido no presente trabalho, o que corrobora o fato de que a expansão térmica intrínseca do Fe 2 Mo 3 O 12 ser positiva e não negativa. Esta diferença nos coeficientes de expansão térmica obtidos por dilatometria e difração de raios-x foi observada em outros compostos, como relatado na Tabela 1 do item 2.3. Tabela 34 Coeficiente de expansão térmica do Al 2 Mo 3 O 12, Cr 2 Mo 3 O 12 e Fe 2 Mo 3 O 12 reportados por raios-x e dilatometria. Composto α [ o C -1 ] x 10-6 Raios-X α [ o C -1 ] x 10-6 Dilatometria Fe 2 Mo 3 O 12 1,72-14,82 Cr 2 Mo 3 O 12 0,65-9,39 Al 2 Mo 3 O 12 2,32-2,83 Esta diferença nos valores do coeficiente de expansão térmica foi explicada por Evans et al. [19], como devida à presença de microtrincas. Segundo este autor, quando os cristais no corpo cerâmico se expandem em algumas direções e se contraem em outras, surge tensões internas que formam microtrincas no resfriamento desde a temperatura na qual o corpo foi consolidado. Estas trincas crescem no resfriamento e tendem a desaparecer de novo no aquecimento. Isto resulta numa expansão térmica negativa do tipo extrínseco, o que pode explicar a aparente discrepância de comportamento para amostras ensaiadas usando as duas metodologias. 5.4. Tamanho do cátion A x expansão térmica Foi proposto por Foster et al. [57] uma correlação entre o tamanho catiônico e a expansão térmica. Na Tabela 35 estão registrados os coeficientes de expansão térmica obtidos para o Al 2 Mo 3 O 12, Cr 2 Mo 3 O 12 e Fe 2 Mo 3 O 12 e seus respectivos raios iônicos.

106 Tabela 35 - Coeficientes de expansão térmica do Al 2 Mo 3 O 12, Cr 2 Mo 3 O 12 e Fe 2 Mo 3 O 12 correlacionado com o raio iônico. Composto Raio iônico (Å) α [ o C -1 ] x 10-6 Raios-X Fe 2 Mo 3 O 12 0,65 1,72 Cr 2 Mo 3 O 12 0,62 0,65 Al 2 Mo 3 O 12 0,54 2,32 Observa-se que o Cr 2 Mo 3 O 12 apresenta menor expansão térmica que o Fe 2 Mo 3 O 12 ; este resultado é inesperado considerando que o raio iônico Fe 3+ é maior que o Cr 3+. Para entender o fenômeno que possa estar acontecendo, foi realizado o refinamento de Rietveld [91] para os difratogramas do Cr 2 Mo 3 O 12. Esses difratogramas apresentavam alta qualidade permitindo um excelente ajuste do refinamento (gof = 1,286 e Rbrag = 3,176). Para o Fe 2 Mo 3 O 12 a qualidade dos difratogramas não permitiu um bom ajuste para o refinamento de Rietveld. Desta forma os resultados de distância das ligações aqui obtidas para o Cr 2 Mo 3 O 12 a 420 o C foram comparados aos valores calculados utilizando a definição da estrutura cristalina do Fe 2 Mo 3 O 12 relatada por Harrison (ICSD 80449) obtido a 550 o C [86]. Os resultados revelam que na estrutura ortorrômbica, mesmo que a célula unitária do Cr 2 Mo 3 O 12 seja menor que do Fe 2 Mo 3 O 12, as distâncias médias das ligações Fe-O (1,9837Å) e Cr-O (1,981Å) são quase idênticas. Isto sugere que os octaedros são de tamanhos semelhantes, o que não estaria de acordo com o fato do raio iônico do Fe ser maior que do Cr. As distâncias médias da ligação Mo-O para o Fe 2 Mo 3 O 12 é 1,72 e para o Cr 2 Mo 3 O 12 é 1,70 sugerindo que neste ultimo composto, os tetraedros MoO 4 são ligeiramente menores. Entretanto, deve ser levado em consideração que os dados utilizados para o cálculo das distâncias atômicas (Fe-O) no Fe 2 Mo 3 O 12 foram obtidos através de difração de nêutrons, que poderia permitir uma localização dos átomos de oxigênio mais acurada e as distâncias (Cr-O) no Cr 2 Mo 3 O 12 obtidas foram por difração de raios-x. Os difratogramas do Cr 2 Mo 3 O 12 a temperaturas 550 o C, 650 o C e 750 o C também foram analisados pelo método de Rietveld permitindo uma avaliação da variação das distâncias interatômicas com a temperatura. Na Figura 84 observase que as distâncias médias das ligações Cr-O aumentam em função da temperatura, ou seja, há uma expansão dos octaedros. Na Figura 85, observa-se que as distâncias médias das ligações Mo-O aparentam uma diminuição em função da temperatura. Este resultado não significa que estas distâncias

107 realmente diminuem, mas são uma conseqüência de: 1) forte ligação Mo-O cujo coeficiente de expansão térmico é muito baixo e 2) vibrações transversais dos oxigênios [19]. Na Figura 86 observa-se que as distâncias médias entre o Cr-Mo diminuem de 450 a 550 o C e aumentam depois em função da temperatura, este comportamento está diretamente relacionado aos ângulos médios das ligações Cr-O-Mo, Figura 87. Até o momento não temos uma explicação para esse fenômeno. Distância média da ligação (Å) Figura 84 Variação das distâncias médias da ligação Cr-O em função da temperatura para o Cr 2 Mo 3 O 12.

108 Figura 85 Variação das distâncias médias da ligação Mo-O em função da temperatura para o Cr 2 Mo 3 O 12. Figura 86 - Variação das distâncias médias do Cr-Mo em função da temperatura para o Cr 2 Mo 3 O 12.

109 Figura 87 - Variação dos ângulos médios da ligação Cr-O-Mo em função da temperatura para o Cr 2 Mo 3 O 12. 5.5. Estrutura do HfMgMo 3 O 12 O HfMgMo 3 O 12 é um novo material pertencente à família A 2 M 3 O 12 composto de um cátion tetravalente e um divalente na posição do cátion A 3+. Apesar de que a maioria dos molibdatos formados por cátions trivalentes desta família apresenta estrutura ortorrômbica, grupo espacial Pbcn, este composto possui grupo espacial Pnma que foi determinado conforme descrito no item 3.3.2. Este grupo espacial é comparável ao do HfMgW 3 O 12 [63]. A densidade do HfMgMo 3 O 12 foi calculada utilizando a relação: ρ = ( A N ) V, onde A : massa molecular do HfMgMo 3 O 12 (682,92g/mol), V: volume da célula unitária a temperatura ambiente (1194,1 x 10-24 cm 3 ) e N: número de Avogadro (6,023x10-23 ). Assumiu-se que a célula unitária está formada por quatro unidades químicas, resultando o valor da densidade igual a 3,8g/cm 3, valor comparável com o do HfMgW 3 O 12 (4,2g/cm 3 ) [63]. A análise por TG revela uma perda de massa igual a 1,2% sugerindo que além de água superficial possa existir água cristalina na estrutura, mas isto não é mensurável neste momento devido à presença da fase HfMo 2 O 8. O HfMgMo 3 O 12 apresenta expansão térmica baixa, α l = α V /3 = 1,0 x 10-6 / o C enquanto que o HfMgW 3 O 12, expansão térmica negativa, α l = -2,2 x 10-6 / o C.