EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS NO DISTRITO FEDERAL: A HISTÓRIA EM MOVIMENTO

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Transcrição:

EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS NO DISTRITO FEDERAL: A HISTÓRIA EM MOVIMENTO Palavras-chave: Educação Física Escolar; Anos Iniciais; Ensino Fundamental; Infância. INTRODUÇÃO O presente trabalho objetiva discutir questões pertinentes à implementação do componente curricular Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (AIEF) na relação indissociável entre a política educacional, sua concepção e trato pedagógico. Trata-se de uma pesquisa em andamento, que pretende realizar uma pesquisa bibliográfica, que consiste em caracterizar, identificar e analisar as produções bibliográficas existentes, que sejam pertinentes aos temas abordados, que possam auxiliar na análise da realidade apresentada: educação, projeto político pedagógico, currículo e concepções de Educação Física. Também será realizada uma pesquisa documental e para tanto serão consultados, documentos de primeira mão: legislação educacional, tais como a Lei nº 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996) e os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Básica (PCNs, 1998), o Projeto Político Pedagógico (PPP) Professor Carlos Mota (2012), o Currículo em Movimento (2013), o Projeto Educação com Movimento: Educação Física nos anos Iniciais 1 (ECM), relatórios e informações apresentadas em reuniões do Projeto por parte da Coordenação de Educação Física, gestora do referido Projeto. Na rede escolar pública do Distrito Federal, a disciplina curricular Educação Física só garante o professor desta área específica nos Anos Finas do Ensino Fundamental, no Ensino Médio, no EJA (Educação de Jovens e Adultos) nos segundos e terceiros segmentos e também nas Escolas Parques 2, onde atendem alunos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (AIEF) das escolas circunvizinhas. Recentemente, várias investidas governamentais 3 buscam garantir a Educação Física nos AIEF por meio do Projeto Educação Com Movimento, no Governo do Distrito Federal (GDF) Por isso, o lócus da análise será o Projeto-Piloto ECM, que visa fundamentar a ampliação das aulas de Educação Física para todas as escolas públicas que ofertam anos 1 Projeto institucionalizado no contexto das discussões para o novo currículo da Educação Básica do DF (2011-2013), fruto da parceria entre a Coordenação de Ensino Fundamental e a Coordenação de Educação Física e Desporto Escolar, ambas subordinadas à SEDF. 2 São 5 escolas localizadas apenas no Plano piloto e projetadas pelo educador Anízio Teixeira, com o intuito de criar um espaço complementar para atividades esportivas, artísticas e culturais. 3 Materializadas no Plano Plurianual do GDF (PPA 2012-2015), PPP Carlos Mota (2012), Currículo em Movimento (2013), entre outras.

iniciais do Ensino Fundamental, na Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF). O Projeto-Piloto atende a nove escolas 4 em sete Coordenações Regionais de Ensino (CREs) 5. É importante ressaltar que a inserção da Educação Física nos AIEF não é uma proposta nova no DF. Entre 1997 e 1998 foram implantados 50 Núcleos 6 do então Projeto Educação com o Movimento, experiência exitosa da Escola Candanga, proposta pedagógica construída participativamente no período em que Cristovam Buarque foi Governador do Distrito Federal (1995-1998). PROJETO EDUCAÇÃO COM MOVIMENTO: DA ESCOLA CANDANGA AO CURRÍCULO EM MOVIMENTO Para MORAES (2009), a Escola Candanga foi um projeto político-pedagógico de cunho popular, que procurava não limitar seu foco a indicadores e metas quantitativas. A autora afirma ter sido uma experiência importante, por contar com a participação efetiva da comunidade nas tomadas de decisões, representando, junto a experiências em outras Unidades da Federação, uma mudança de paradigma na elaboração de políticas públicas em educação. O currículo da Escola Candanga era fundamentado em três dimensões, que buscava o desenvolvimento do senso crítico e a autonomia dos estudantes: a filosófica, a sócioantropológica e a psicopedagógica. Nesse contexto, iniciou-se a discussão acerca da necessidade de inserir a Educação Física nas então séries iniciais no Distrito Federal. A Escola Classe 18 de Taguatinga 7 foi a única a dar continuidade a esse projeto desde 1998 nos mesmos moldes, tornando-se referência ao se referir à Educação Física anos iniciais. No entanto, muitas dificuldades foram vivenciadas neste período, principalmente pela falta de implementação de um projeto oficial que garantisse a permanência do professor, sendo necessário um convencimento ano a ano para que o Projeto não fosse extinto 8, já que se tornara um projeto apenas da escola, inserido em seu Projeto Político Pedagógico. Desse modo, o Projeto ECM iniciou em 2011 de modo institucionalizado por parte da Coordenação de Educação Física em parceira com a Coordenação de Ensino Fundamental, ambas subordinadas a Subsecretaria de Educação Básica da SEDF, para enfrentar o desafio de justificar a importância da universalização da Educação Física nessa etapa de ensino na 4 Dados da Coordenação de Educação Física da SEDF, em reunião pedagógica com os professores do Projeto realizadas em 6 de junho de 2014. Vale ressaltar que em julho de 2014 foram convocados mais de 300 professores de Educação Física no Concurso para o Magistério, esses novos professores efetivos puderam escolher ser lotados em 40 novas vagas para o projeto nas quatorze CREs. 5 No Distrito Federal a divisão se dá por Regiões Administrativas e não municípios, sendo 30 Regiões agrupadas em 14 Coordenações Regionais de Ensino. 6 Dados da Coordenação de Educação Física da SEDF em reunião mensal para discussão pedagógica do Projeto. 7 Região Administrativa do DF localizada a aproximadamente 21 quilômetros do centro de Brasília. 8 Afirmação de professoras da Escola Classe 18 que atuam na escola desde 1995.

SEDF. Desenvolveu-se uma proposta de trabalho que aliou um pressuposto teórico em consonância com a realidade concreta encontrada na sala de aula. Essas questões foram tratadas em coordenações pedagógicas 9 e inseridas no Projeto Político Pedagógico Professor Carlos Mota 10, que norteia todo o fazer pedagógico da SEDF: (...) em busca da melhoria da qualidade da educação, a SEDF pretende, a partir de projetos pilotos, incluir a docência de Educação Física na equipe pedagógica dos anos iniciais (DISTRITO FEDERAL, 2012, p. 59). A proposta pedagógica do ECM pressupõe um trabalho integrado entre o professor de Educação Física e o pedagogo, contemplando aspectos didáticos gerais e específicos, do planejamento à avaliação, considerando as questões cotidianas e possibilitando a apropriação crítica da cultura corporal de maneira interdisciplinar (Distrito Federal, 2011). Essa é uma questão recorrente na prática pedagógica e foi abordada no livro didático público de Educação Física, elaborado por professores da Rede Municipal de Ensino de João Pessoa: Trabalhar os conteúdos de Educação Física interdisciplinarmente permite aos professores superar visões fragmentadas do saber, que colocam barreiras entre as disciplinas que fazem parte do currículo escolar, além de modificar hábitos estabelecidos e favorecer o engajamento pessoal. A interdisciplinaridade permite que o professor aceite os limites do próprio saber para passar a acolher contribuições de ouras áreas. (PARAÍBA, 2012, p. 10) A pedagogia crítico-superadora 11 foi assumida, como pressuposto para atuação no Projeto ECM (COLETIVO DE AUTORES, 1992), para estar em consonância com o Currículo em Movimento (2013), que se apresenta também fundamentado na teoria crítica. Essa tendência norteia não só a definição dos conteúdos, como também as relações e os valores a serem trabalhados com os alunos. A Educação Física nos Anos Iniciais no Ensino Fundamental não pode ser tratada como uma mera atividade física que busque apenas o aperfeiçoamento motor ou que seja utilizada aleatoriamente, como ocupação do tempo ocioso da criança; tampouco ser usada como simples atividade de lazer, apartada do fazer pedagógico da escola. (DISTRITO FEDERAL, 2013, p. 20). Segundo Behmoiras (2011), com o processo de redemocratização do Brasil na década 80, a promulgação da Constituição Federal 1988 marcou a abertura da participação política à sociedade brasileira, após mais de 20 anos de ditadura militar. Nessa conjuntura, a Educação 9 Na SEDF o professor que tem a carga de 40 horas divide este tempo em 25 horas de regência em um turno e 15 horas disponíveis para coordenação pedagógica e realização de cursos no outro turno. As reuniões mensais para discussões do Projeto ECM são realizadas no horário da coordenação pedagógica. 10 O PPP Carlos Mota foi construído a partir da sistematização de plenárias sobre o currículo da SEDF durante todo o ano de 2011 pela nova gestão da Secretaria de Educação no Governo Agnelo Queiroz. Esse debate adveio da necessidade de adequar os novos anseios, desejos e objetivos, ligados a um projeto histórico em torno de uma educação pública, democrática e gratuita reivindicado por esse novo bloco no poder. 11 A pedagogia crítico-superadora foi uma proposta pedagógica para a Educação Física Escolar apresentada por um coletivo de professores que buscaram superar o paradigma da aptidão física através de uma fundamentação no materialismo histórico dialético.

Física passa por uma reflexão profunda em relação ao paradigma da aptidão física, no que tange aos seus conteúdos, objetivos, metodologias, avaliações. Até então essa concepção era hegemônica dentro da escola. Essas discussões influenciaram a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, para o qual a Educação Física é uma prática social e uma área de conhecimento que trata dos temas da cultura corporal como: (...) acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas. (PCN s, 1998, p. 38). A Educação Física Escolar é a disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o sujeito que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, no intuito de usufruir dos jogos, dos esportes, das danças e das ginásticas em benefícios dos exercícios críticos da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (PCNs, 1997, p. 29). O documento prevê a Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tanto que ao longo do documento indica os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação para o primeiro ciclo do Ensino Fundamental. A inclusão da disciplina Educação Física como componente curricular na Lei nº 9.394/96, Le de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), garantiu a inserção do professor de Educação Física no debate e na construção do Projeto Político Pedagógico da escola. Desde então, o reconhecimento, a importância e a legitimação da Educação Física e do seu respectivo professor como membro partícipe da comunidade escolar, perpassa pela contribuição de métodos, conteúdos e avaliação nos currículos que possibilitem uma mudança na organização do trabalho pedagógico para uma apreensão crítica do conhecimento acerca da cultura corporal. Não há como se referir à Educação Física para crianças de 6 a 10 anos e não ressaltar a importância da imaginação e da brincadeira. SAMPAIO (2013) apresenta importantes aspectos da perspectiva histórico-cultural de Vigotsky nas aulas de Educação Física. Destaca ainda a importância do jogo e da brincadeira para a criança, não somente pelo prazer que proporciona, mas compreensão dos: [...]conteúdos de natureza social, do mundo real, fruto das experiências concretas da criança com os bens materiais e espirituais do seu ambiente cultural. Em consequência disso, a brincadeira sempre é conduzida por regras, regras advindas das relações impostas pela sociedade, no nosso caso, pela sociedade capitalista. (SAMPAIO, 2013, p. 71) Entretanto, tendo mais ou menos conhecimentos, vivenciados muitas ou poucas situações de desafios corporais, para os alunos, a escola configura-se como um espaço

diferenciado, sendo a Educação Física a disciplina que dará esta dimensão, onde eles terão de ressignificar seus movimentos e atribuir-lhes novos sentidos, além de realizar novas aprendizagens (PCN, 1998, p. 59). CONSIDERAÇÕES FINAIS As ponderações históricas, epistemológicas e metodológicas iniciais apresentadas neste texto formam a base da pesquisa que se encontra em andamento e pretende compreender a articulação destas com a realidade concreta no chão da quadra de uma escola pública que vivencia o Projeto Educação Com Movimento. Cabe ressaltar, no entanto, a importância de um ensino que busque não só a apreensão dos movimentos historicamente construídos pela Cultura Corporal, mas que também colabore para a formação humana, quanto ao respeito aos direitos do outro e da luta por seus direitos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHMOIRAS, Daniel Cantanhede. Educação física escolar e sua interface com o esporte e a mídia. 2011.140f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, UnB, Brasília, 2011. BRASIL. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre a as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27.833.. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília, 1997. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. DISTRITO FEDERAL, GOVERNO. Projeto Educação Com Movimento. Diretoria de Educação Física e Desporto Escolar. Secretaria de Educação do Distrito Federal. Brasília, 2011. DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Educação. Projeto Político Pedagógico Professor Carlos Mota. SEDF, 2012.. Secretaria de Estado de Educação. Currículo em Movimento da Educação Básica: Ensino Fundamental dos Anos Iniciais. SEDF, 2013. MORAES, Salete Campos de. Propostas alternativas de construção de políticas públicas em educação: novas esperanças de solução para velhos problemas? Educar em Revista, 2009. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=155013366013> Acesso em: 05/07/2014. PARAÍBA. Livro didático público: Educação Física. João Pessoa: UFPB, 2012, 95p. SAMPAIO, Juarez Oliveira. A Educação Física e a Perspectiva Histórico-Cultural: As Apropriações de Vygotsky pela produção acadêmica da área. 2013.148f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, UnB, Brasília, 2013.