3.2 Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção

Documentos relacionados
3.3 A criança com dificuldades em aprender

3.1 Problemas de comportamento na criança e no adolescente

3.8 Tristeza e depressão na criança e no adolescente

3.15 As psicoses na criança e no adolescente

A Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção e o Desporto

3.10 Problemas de sono na criança e no adolescente

3.5 Medos e ansiedade na criança e no adolescente

Nada disto. Sintomas característicos:

TDAH nas Escolas Como Identificar?

3.11 Os problemas do controle da urina e fezes na criança: a) A criança que molha a cama ou as calças (enurese)

3.12 Problemas alimentares nas crianças e adolescentes:

Registo Escrito de Avaliação

PRINCÍPIO 1 AMOR INCONDICIONAL

PERTURBAÇÃO DE HIPERACTIVIDADE COM DÉFICE DE ATENÇÃO (PHDA)

Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção

NECESSIADES EDUCATIVAS

Apoios mobilizados na escola para atender crianças com PHDA

S E G U R A N Ç A H O G A NR E L A T Ó R I O S COMPORTAMENTO RELACIONADO À SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO. Relatório para: Jane Doe

1.1 Ser mãe, ser pai: O papel dos pais no desenvolvimento e educação dos filhos

Resiliência: Superando sua dificuldades. Kaique Mathias Da Silva Wendel Juan Oliveira Reolon

Perturbações do Comportamento: PHDA, Pert. de Oposição e Delinquência. Cátia Teixeira Psicóloga Clínica Vânia Duro Téc. Sup. Reabilitação Psicomotora

3.4 A criança que não vai à escola (Recusa escolar e Gazeta às aulas)

Sinais visíveis de transtornos psicológicos: como identificar e lidar com estes pacientes?

S E G U R A N Ç A H O G A NR E L A T Ó R I O S COMPORTAMENTO RELACIONADO À SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO. Relatório para: Jane Doe

TOD Transtorno Opositor Desafiador

Perturbações do Neurodesenvolvimento

Ana Rodrigues e Nuno Lobo Antunes. MAIS FORTE DO QUE EU Hiperactividade e défice de atenção: causas, consequências e soluções

II curso Transtornos Afetivos ao Longo da Vida GETA TDAH (TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE)

Intervenção nas Perturbações do Neurodesenvolvimento

Aprender a Educar Programa para Pais

GABINETE DE APOIO PSICOLÓGICO

Será Culpa ou Vergonha?

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: UM OLHAR SOBRE CRIANÇAS PORTADORAS NO AMBIEMTE ESCOLAR

As condicionantes da ação humana

Acompanhamento Psicoterapêutico

Olá! Nós somos a Viraventos,

Credenciada através da Portaria nº de 11/08/2004, publicada no D.O.U. de 12/08/2004. Matriz Curricular do Curso de Psicologia DISCIPLINAS

O TRANSTORNO POR DÉFICIT DE ATENÇAO E HIPERATIVIDADE?

Acção de (in)formação sobre Parentalidade Positiva, Alienação Parental e Igualdade Parental 16 de Março, Montijo

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO 1

ANEXO 17A Protocolo da Entrevista à Tatiana (Mãe da Teresa) FASE 1 TRANCRIÇÃO DE ENTREVISTA Grupo focal (FG9)

O que é o Autismo? Novos Critérios Diagnósticos para Transtorno do Espectro do Autismo

Andreia Santos Cláudio Pina Fernandes GUIÃO PARA DOCENTES. Síndrome de Asperger

Anexos Anexo I Anexo II Anexo III Anexo IV

HIPERATIVIDADE: A relevância da ação pedagógica junto a alunos D.D.A.H

COMO PREVENIR O BULLYING

Aspectos Anatômicos: CÉREBRO E TDAH

A CRIANÇA E O DIVÓRCIO

Mais informações e marcações Rui Pereira

AULA 04. Profª DENISE VLASIC HOFFMANN,Jussara Avaliar respeitar primeiro, educar depois.

A criança é convencida que está doente, Sente-se culpada pelo trabalho constante que dá ao agressor e por tudo de mal que lhe é atribuído como causa,

OBRA SOCIAL PAULO VI. Vou ter um irmão. - Orientações para os pais

Atividades- P.A.A. Projeto de Educação Sexual & Saúde Escolar. Ano Letivo 2017/18

Daniel Sampaio (D. S.) Bom dia, João.

Suicídio. Saber, agir e prevenir.

SINDROME DE GILLES DE LA TOURETTE

Plano de/ Intervenção

C A R T I L H A E D U C AT I VA MINISTÉRIO PÚBLICO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PEDAGOGIA. Aspecto Psicológico Brasileiro. Vygotsky e a Teoria Histórico-Cultural Parte 3. Professora: Nathália Bastos

Oficina: O DIREITO DAS CRIANÇAS PEQUENAS À EDUCAÇÃO INFANTIL DE QUALIDADE

1º Congresso Psicologia do Desenvolvimento

Júlia Formosinho 35 Hélia Costa 36

Católica Porto. Aprender a Educar. Sessões para Professores e Educadores. 4ª Edição

Centro de Assistência Paroquial de Caria Jardim-de-Infância Girassol À Descoberta

Centro de Assistência Paroquial de Caria Jardim de Infância Girassol Creche

Conflitos e gerações. Prof. Dr. Alexandre H. de Quadros

AVISO DE ABERTURA Abertura de concurso de contratação de escola para Técnico Especializado SERVIÇO DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

Tarja Branca. A educação tem remédio

CURSO SAÚDE VOCAL. Material de Apoio. Roteiro- aula 2. Desenvolvimento da voz. Teoria. Prática

Os novos adolescentes Pesquisa realizada em outubro de 2018

Partir á descoberta!

Perturbações do Neurodesenvolvimento e do Comportamento. Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA)

Esquizofrenia. O Que Você Precisa Saber

Balanço de Competências

O desafio de Educar os Filhos no século XXI.

GUIA PRÁTICO PARA PROFESSORES

MENTAL PARA PROFISSIONAIS DE

Vacinação do Adulto/Idoso

Freud e a Psicanálise

O ruído e a audição. Breve descrição de ruídos, das fontes de ruídos e do que se pode fazer para evitá-los.

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social RESULTADOS DE UMA PESQUISA PSICOPEDAGÓGICA

TDAH Adultos. Congresso de Neurologia Aluska Cruvinel Médica Neurologista Especialista em Psiquiatria

S E G U R A N Ç A H O G A NR E L A T Ó R I O S COMPORTAMENTO RELACIONADO À SEGURANÇA NO AMBIENTE DE TRABALHO. Relatório para: Sam Poole

TDH, Distúrbios de Comportamento e Aprendizagem

Institucional. Nossa História

Tema: TRUQUES E MACETES PARA A HORA DO PÁTIO

A inclusão de alunos com Perturbação do Espetro do Autismo ao longo do percurso escolar

PROGRAMA DE MÉTODOS E HÁBITOS DE ESTUDO

Questionário da Investigação

DEPRESSÃO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA. Gabriela Anita Sterz 1. Jerto Cardoso da Silva 2

INCOGNUS: Inclusão, Cognição, Saúde. Um olhar sobre as várias formas de demência

Depressão. Em nossa sociedade, ser feliz tornou-se uma obrigação. Quem não consegue é visto como um fracassado.

Análise do Artigo para leitura

O meu mundo! Plano Anual de Atividades - Berçário CENTRO SOCIAL DA PARÓQUIA DE S. SALVADOR - VISEU

PERFIL DE DESEMPENHO. PRÉ-ESCOLAR 4 anos

Dia de Passeio 1º ano segunda-feira 2º e 3º anos - terça-feira 4º ano quinta-feira

Orientações e Alertas para a Prevenção

Transcrição:

Páginas para pais: Problemas na criança e no adolescente 3.2 Crianças irrequietas e Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção Introdução As crianças pequenas são naturalmente mexidas, excitadas, barulhentas e irrequietas. Embora isso seja cansativo, não há geralmente motivo para preocupação. Por vezes denominamos estas crianças instáveis, irrequietas e até hiperativas; este último termo pode introduzir a confusão entre uma criança irrequieta normal e uma criança realmente hiperativa com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. O que é a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA)? As crianças com PHDA têm uma série de sinais e comportamentos: são agitadas, incapazes de estar paradas; falam sem parar, interrompem os outros e têm dificuldade em esperar a sua vez; 1

distraem-se com tudo e têm muita dificuldade em acabar o que começam; são impulsivas e não pensam antes de agir. No entanto estes comportamentos têm também as seguintes características: são muito mais intensos do que os das outras crianças da mesma idade; interferem com o dia a dia, e com a adaptação escolar e social da criança; geralmente estão presentes desde os primeiros anos de vida da criança. Esta situação é mais frequente nos rapazes e existe uma certa tendência familiar. Existem outros problemas psicológicos com sintomas parecidos à PHDA mas que importa distinguir pois o tratamento e a evolução são diferentes. Quais são as causas do problema? Fatores genéticos e do sistema nervoso Transmitidos como uma tendência familiar para o problema O Temperamento da criança Cada criança nasce com um temperamento diferente: por vezes calmo, adaptável e fácil de lidar, outras vezes agitado, irregular e difícil de satisfazer. As crianças com este segundo tipo de temperamento são mais exigentes e precisam de uma maior firmeza e capacidade de contenção por parte do meio que as rodeia. Se uma criança destas nasce numa família mais frágil ou menos disponível, é possível que a situação se complique e que se instale uma Perturbação de Hiperatividade. 2

Dificuldades de audição, visão ou aprendizagem: Estas situações limitam as capacidades da criança, diferenciam-na dos outros e geram sofrimento e mal-estar. Estes, por sua vez, expressam-se muitas vezes na criança através do comportamento podendo dar origem ou agravar uma PHDA pré existente. Fatores familiares: Se existem problemas sócio-familiares que cansam, esgotam ou perturbam os pais de qualquer forma, estes estarão menos disponíveis e menos atentos aos filhos. Nestes casos, a criança rapidamente se apercebe que a melhor forma de obter a atenção dos pais é fazendo asneiras ou agitando-se, como que a dizer Estou aqui, olha para mim!. Quais as consequências do problema? As crianças com hiperatividade e défice de atenção podem ter maiores dificuldades em: integrar-se e aprender na escola ou noutras atividades; fazer novos amigos mas sobretudo mantê-los. Estes problemas podem criar ou acentuar na criança sentimentos de tristeza e desvalorização, aos quais ela poderá reagir agitando-se ainda mais, revoltando-se e agredindo quem a rodeia. Criam-se assim círculos viciosos que tendem a agravar o comportamento da criança e a complicar a sua relação com os outros. Como pode ser prevenido ou diminuído o problema? Algumas atitudes dos pais podem contribuir para limitar estas situações: passarem mais tempo com os filhos e mostrarem-lhes o seu afecto; 3

fazer com eles algo que dê prazer a ambos (pais e filhos); lembrar-se que a criança precisa de tempo e espaço para fazer barulho, correr, saltar e gastar a energia que tem; aproveitar todas as oportunidades para elogiar e valorizar a criança; manifestar de forma clara e simples o seu desagrado perante as situações em que a criança ultrapassa os limites previamente estabelecidos; defina com ele/ela as consequências da quebra das regras combinadas e cumpra-as. Como pedir ajuda? Se estiver preocupado com o comportamento do seu filho(a), consulte o seu médico de família. Este avaliará globalmente a situação e, se necessário, orientá-lo-á para uma consulta especializada. As suas informações são sempre fundamentais para compreender a situação, assim como a observação da criança e informações adicionais do jardim infantil, escola ou outros contextos onde a criança esteja integrada. Qual é o tratamento? O tratamento poderá incluir: um apoio psicológico individual à criança; uma ajuda aos pais quanto à forma de melhor lidar com a criança e com as suas reações; uma intervenção junto da escola ou jardim de infância e eventual apoio educativo; uma possível intervenção medicamentosa; esta não está indicada em todos os casos e diminui apenas temporariamente os sintomas da criança; não deve ser usada isoladamente sem outro tipo de intervenção. Qual é a evolução destas situações? 4

A irrequietude é normalmente resolvida com o crescimento normal da criança. No caso de existir uma perturbação de hiperatividade e défice de atenção, o tratamento adequado e o desenvolvimento, ajudam a maioria das crianças a ultrapassar o problema ao longo da adolescência. Por vezes persistem na idade adulta alguns problemas de concentração ou dificuldade do controle dos impulsos. 5