ABDÔMEN AGUDO EQUINO

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Transcrição:

ABDÔMEN AGUDO EQUINO BERMEJO, Vanessa Justiniano ZEFERINO, Claudia Garcia GIMENES, Tiago Favaro Discentes do Curso de Medicina Veterinária FAMED SP vanessabriba@hotmail.com AVANZA, Marcel Ferreira Bastos Docente do Curso de Medicina Veterinária FAMED SP RESUMO Síndrome Cólica é um conjunto de sintomas e sinais clínicos que associados à história clínica do animal refletem aspectos fisiológicos no trato gastrointestinal evidenciando o desconforto abdominal, característico em eqüídeos. O seguinte trabalho foi feito baseado classificando os diversos tipos e condições predisponentes de cólicas, medidas preventivas, nutrição e manejo correto eqüino. Procurou se enfatizar as causas de desconforto abdominal relacionadas à nutrição dos animais e outros fatores de manejo e ambiente, discutindo as relações entre os diversos tipos de cólica, principalmente quanto à etiologia da distensão ou alimentação com concentrados. Palavra-Chave: Eqüino, Cólica, Nutrição Tema Central: Medicina Veterinária ABSTRACT Colic syndrome is a set of clinical symptoms and signals that associate the clinical historic of the animal reflect physiological aspects in the gastrointestinal treatment that evidence the abdominal disconfort, also seen in horses. The following article was based, on the classification of the several kinds and predisponent conditions of colic, precaution, nutrition and the correct handling of the equine. It was emphasized the causes of abdominal disconfort related to animal s nutrition and others handling and environmental factors, it was also discussed the relations between the several kinds of colic, mainly how the etiology of the distension or feeding with concentrates. Keywords: Equines, Colic, Nutrition.

1. INTRODUÇÃO A síndrome cólica ou abdômen agudo é um quadro de dor abdominal, que pode envolver qualquer órgão da cavidade abdominal. É uma das maiores causas de óbito na espécie eqüina (TINKER et al., 1997). Os distúrbios podem ser gástricos ou intestinais, obstrutivos ou não, com ou sem estrangulamento vascular (WHITE II, 1987). O cavalo apresenta peculiaridades anatômicas e fisiológicas do aparelho digestório. GOLOUBEFF (1993) relacionou as características da anatomia digestiva do cavalo, como a incapacidade de vomitar, um mesentério muito desenvolvido que predispõe o intestino delgado às ectopias e vólvulos, o grande diâmetro do cólon maior e suas curvaturas que são favoráveis as compactações. Eqüinos selvagens pastam 60% do tempo e os estabulados comem somente 15% do tempo, isto demonstra um grave desvio na fisiologia do eqüino estabulado e aparelho digestório do animal. Os fatores estressantes como a permanência em condições de explícita privação de liberdade, favorecendo o aparecimento do quadro de cólica, produzindo secundariamente sinais como desconforto, sofrimento e dor. Existem vários fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento da doença. HILLYER et al., (2002) citaram a diminuição ou variações no nível de atividade física, alterações súbitas na dieta, alterações nas condições de estabulação, uma alimentação rica em concentrados, um volumoso de má qualidade, consumo excessivamente rápido de ração, privação de água e até

mesmo o transporte em viagens. O eqüino é mais exigente e sensível ás alterações de manejo alimentar e ambiental. 2. CONTEÚDO A dor intensa provoca alterações no comportamento dos eqüinos que auxiliam no reconhecimento de um episódio de Síndrome Cólica. Os eqüinos passam a ter atitudes que indicam esta dor, como deitar e levantar constantemente, se jogar no chão e rolar sem maiores cuidados, ter dificuldades para caminhar, ou ainda, numa posição de cachorro sentado (THOMASSIAN,1995). Há uma estreita relação entre a elevada ocorrência de distensão gástrica com uma série de fatores associados ao confinamento e à rotina dos eqüinos. A qualidade da ração concentrada e a baixa ingestão de volumoso, associadas a fatores como estresse e alterações de comportamento provocadas pelo confinamento, podem influenciar na fisiologia e funcionamento do aparelho digestivo do eqüino (HILLYER et al., 2001). De acordo com ABUTARBUSH et al. (2005) os casos de cólica com origem intestinal são mais comuns, sendo a compactação de cólon maior, a torção de cólon maior e a cólica espasmódica as mais freqüentes. O manejo de cocheira e sanitário induz a possibilidade de ocorrência de cólica em cada animal. As diversas situações avaliadas incluíram a logística do ambiente, condições de estabulagem, alimentação e/ou atividade. Descobriu-se que três fatores de manejo influenciam a ocorrência de cólica. Alterações na alimentação parecem aumentar significativamente as possibilidades da afecção. Cavalos que forem submetidos ao novo tipo de manejo, tal como uma mudança de local, também tem maior probabilidade de apresentar cólica. Além disso, alterações no treinamento tendem a induzir a possibilidade do surgimento do abdômen agudo.

O desenvolvimento da síndrome cólica em um eqüino não depende de um único fator de risco, na maioria das vezes. As pesquisas realizadas demonstram que um conjunto de fatores atua sobre o eqüino para que a cólica se desenvolva, como por exemplo: alimentação, dentes, ingestão de água, sablose, lesões verminóticas, gastropatias, palatite ( travagem ), abortamentos, torções uterinas, hemoparasitoses, proctites, lacerações,espasmos, iatrogênese e presença de enterólitos. Esses fatores isolados ou combinados, que podem ser internos ou externos, podem interagir de várias formas dando início a mudanças na fisiologia que podem levar ao desenvolvimento da cólica. Estudos devem ser realizados visando programas de prevenção mais específicos, pois os gastos com o tratamento dos eqüinos em decorrência da Cólica são elevados (TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Esses trabalhos aparecem como descrição de casos, estudos observacionais com controle ou estudos experimentais. Normalmente, dados de estudos controlados apresentam maiores evidências de associação causal entre um fator estudado e a cólica do que os relatos de caso (COHEN, 1997). Conforme citado, existem fatores que favorecem ainda mais o aparecimento da cólica. As mudas dentárias, pontas dentárias, arrasamento e oclusões, decorrentes da mastigação incorreta podem causar alterações digestivas. A ausência de água na pastagem, as quantidades elevadas de concentrado e mudanças no tipo de criação também aparecem como fatores de risco para cólica (REEVES et al., 1996; COHEN et al., 1999). A associação da cólica com as dietas, o manejo alimentar e as ocorrências médicas que podem ser prevenidas foi apresentada em alguns estudos, porém, os resultados apresentam algumas divergências (COHEN,1997). O tipo de dieta, a quantidade, qualidade, a freqüência e as mudanças repentinas na dieta são fatores importantes para a ocorrência da síndrome cólica. Dietas com altos teores de fibra aumentam a probabilidade de ocorrência de compactação (PUGH & THOMPSON, 1992). O feno de baixa qualidade e baixa

digestibilidade, a mudança no tipo de feno e o volumoso de baixa qualidade foram os fatores mais associados que predispõem o eqüino à cólica e quando os eqüinos são alimentados apenas em pastagens observa-se redução nos casos (COHEN et al.,1999). O risco de cólica pode ser maior com o aumento na quantidade de concentrado ingerido e com mudanças na quantidade ou no tipo do alimento (TINKER et al., 1997). As infecções parasitárias também são podem predispor a Abdômen Agudo em Eqüinos, sendo a presença de Strongylus vulgaris no trato gastrintestinal importante causa, por provocar a formação de trombos nas artérias mesentéricas durante a migração larval (DRUDGE, 1979). Outros fatores podem estar envolvidos na ocorrência de Cólica, como a utilização rotineira, esporádica ou acidental de drogas como os antiinflamatórios, fenilbutazona e flunixim meglumina, parassimpaticomiméticos, como a atropina e a escopolamina e acaricidas como os organofosforados e o amitraz que causam hipomotilidade ou atonia intestinal, edema dos lábios, distensão abdominal, e compactação do intestino grosso, levando o animal a deitar e levantar com freqüência, rolar, olhar para o flanco e gemer, caracterizando um quadro de desconforto abdominal (DUARTE et al., 2003). Algumas ações podem ser benéficas para reduzir o risco de incidência de cólica, como, manter os eqüinos na pastagem o maior tempo possível, pois já foi observado que uma maior ingestão de forragem reduz a incidência de cólica (TINKER et al., 1997; COHEN et al., 1999), manter programas coerentes de tratamentos anti-helmínticos (GONÇALVES et al., 2002) e, se a alimentação do eqüino exigir muito alimento concentrado, redobrar os cuidados e a vigilância (SAMAILLE, 2006), fornecendo menores quantidades de ração concentrada por refeição; mesmo que para isso seja necessário aumentar o número de refeições diárias.

3. CONCLUSÃO A ocorrência de abdômen agudo eqüino está relacionado com as alterações na fisiologia digestiva do cavalo e também com o manejo alimentar a que são submetidos. De acordo com a literatura, se houvessem mudanças de manejo evidenciariam índices menores dos quadros de desconforto. Na prevenção da Síndrome Cólica deve-se visar sempre a saúde e o bem-estar dos eqüinos, minimizando os riscos para ocorrência de alterações na fisiologia dos animais, buscando-se o melhoramento do manejo, juntamente com conhecimento de manejo nutricional adequado, que inclui freqüência, quantidade e qualidade dos ingredientes da dieta, e cuidados regulares com a saúde, como o manejo ambiental, pastejo ao ar livre, reduzindo a estabulação dos animais visando reduzir a incidência e as perdas econômicas ocasionadas pela Síndrome Cólica. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUTARBUSH, S. M.; CARMALT, J. L.; SHOEMAKER, R. W. Causes of gastrointestinal colic in horses in western Canada: 604 cases (1992 to 2002). Canadian Veterinary Journal, v. 46, p. 800-805, 2005. CARTER, G. K. Gastric diseases. In: ROBINSON, N. E. Current Therapy in Equine Medicine II. W B Saunders Company, p. 41-44, 1987. COHEN, N. D.; MATEJKA, P. L.; HONNAS, C. M.; HOOPER, R. N.; Case-control study of the association between various management factors and development of colic in horses. Journal of American Veterinary Medical Association, v. 206, n. 5, p. 667-673, 1995.

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