Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais )

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Il UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA Instituto Superior Técnico Dissertação de Mestrado Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) 2º Semestre 2009/2010 ALUNO PAULO JORGE DE OLIVEIRA MARTINS NUNES (N- 27187) Engenheiro de Minas ORIENTADOR António João Couto Mouraz Miranda, Departamento de Engenharia de Minas e Georrecursos (DEMG) (Professor Associado com agregação, IST, UTL) JÚRI António Jorge Gonçalves de Sousa, Departamento de Engenharia de Minas e Georrecursos (DEMG) (Professor Catedrático, IST-UTL) António Manuel Alvares Serrão Maurício, Departamento de Engenharia de Minas e Georrecursos (DEMG) (Professor Associado, IST-UTL)

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) ÍNDICE GERAL Página ÍNDICE GERAL 2 Índice dos Quadros e das figuras 3 AGRADECIMENTOS 4 Resumo 5 1 Introdução 6 2 Recurso Geológico enquadramento legal 8 2.1. Classificação dos recursos em termos legislativos 8 2.2. Evolução legislativa específica para exploração de massas minerais 9 2.3 História de uma pedreira 12 3 Prospecção, Pesquisa e Exploração - Condicionantes de exploração 14 3.1 Condicionantes Administrativas 14 3.1.1. Titularidade do terreno 14 3.1.2. Condicionantes de Ordenamento 15 3.1.2.1. Plano Regional de Ordenamento do Território 16 3.1.2.2. Plano Director Municipal 17 3.1.2.3. Plano de Pormenor 17 3.2. Condicionantes Gerais 18 3.2.1. Reserva Agrícola Nacional 18 3.2.2. Reserva Ecológica Nacional 18 3.2.3. Património Cultural 18 3.2.4. Domínio Hídrico 19 3.2.5. Rede Natura 2000 19 3.2.6. Áreas protegidas e classificadas 19 3.2.7. Áreas Cativas e de Reserva 20 3.2.7.1. Áreas Cativas 21 3.2.7.2. Áreas de Reserva 21 3.3. Condicionantes de Ambiente 23 3.3.1. Estudo de Impacte Ambiental 23 3.3.2. Água 24 3.3.3. Ruído 24 3.4. Outras condicionantes 25 3.5. Condicionantes dos Recursos 25 3.5.1. Topografia e Sistema de informação geográfica (SIG) 25 3.5.2. Geologia 26 3.5.3. Aproveitamento dos Recursos 27 3.5.3.1. Técnicas de exploração a céu aberto 28 3.5.3.2. Técnicas de exploração em subterrâneo 29 3.6. Condicionantes operativas 31 3.6.1 Zonas de Defesa 31 3.6.2. Poeiras 32 3.6.3. Vibrações motivadas por rebentamentos 32 3.6.4. Resíduos 32 3.6.5. Segurança e Higiene 33 4. Estado da Arte 36 4.1. Zonas potenciais 36 4.2. Dados estatísticos 38 4.3. Análise e tratamento de dados estatísticos 40 4.4 Evolução dos sectores 42 4.5. m a duração de 1 ano e 45 5. Análise Crítica 48 5.1. Incongruências 48 5.2 Situação futura - com a legislação vigente 50 6. Conclusão 51 BIBLIOGRAFIA 52 ANEXOS 54 2

3 Paulo Martins Nunes 2010 Índice dos Quadros e das figuras Página Quadro I Síntese das principais utilizações de cada recurso 6 Quadro II Evolução da legislação para a exploração de recursos geológicos não metálicos 10 Quadro III Evolução das exigências técnicas para a exploração de recursos geológicos não metálicos 10 Quadro IV Tabela de classificação das pedreiras 13 Quadro V Lista das Áreas Cativas 21 Quadro VI Lista das Áreas de Reserva 23 Quadro VII Tabela de limites de ruído 25 Quadro VIII Zonas de defesa - distâncias de protecção 31 Quadro IX Normas legislativas sobre Segurança e Higiene aplicadas à indústria extractiva 35 Quadro X Distribuição das pedreiras por distritos 39 Quadro XI Pedreiras com exploração (Fonte DGEG Divisão de Estatística) 40 Quadro XII Produções de Rocha Ornamental (dados da DGEG) 41 Quadro XIII Produções de Rocha Industrial (dados da DGEG) 41 Figura 1 Exemplo de uma carta cadastral com delimitação dos prédios 15 Figura 2 Áreas protegidas e classificadas (fonte do ICN-B) 20 Figura 3 Áreas de Reserva e Cativas (fonte da DGEG) 22 Figura 4 Geologia do País 26 Figura 5 Esquiço da distribuição dos recursos em Portugal 27 Figura 6 Modelo de exploração de rochas em flanco de encosta 28 Figura 7 Modelo de exploração de rochas em poço 28 Figura 8 Figura proveniente do livro Projecto de Execução para a Exploração Subterrânea de Mármores na Região de Pardais - Relatório Síntese (2001), onde está sintetizado correctamente as diferentes fases de desmonte para fins ornamentais. 29 Figura 9 Fotos da vista geral de uma pedreira utilizando o método de exploração subterrânea 30 Figura 10 Fotos de uma pedreira utilizando o método de exploração subterrânea 30 Figura 11 Núcleos de exploração da região Lisboa e Vale do Tejo 36 Figura 12 Localização de explorações de Rocha Industrial 37 Figura 13 Localização de explorações de Rocha Ornamental 38 Figura 14 Distribuição das pedreiras nas diferentes áreas (Fonte DGEG) 40 Figura 15 Produções por região (dados da DGEG) 42 Figura 16 Evolução da Produções do sector das Rochas Ornamentais (dados da DGEG) 42 Figura 17 Evolução do sector das Rochas Ornamentais (dados da DGEG) 43 Figura 18 Evolução da Produções do sector das Rochas Industriais (dados da DGEG) 43 Figura 19 Evolução do sector das Rochas para industriais Transformadora (dados da DGEG) 44 Figura 20 Evolução da Produções do sector das Rochas para Industria transformadora (dados da DGEG) 44 Figura 21 Evolução do sector das Rochas para industriais Transformadora (dados da DGEG) 45 Figura 22 Pedreiras licenciadas (dados das DRE s de Julho de 2010) 45 Figura 23 Pedreiras agrupadas por substância extraída (dados das DRE s de Julho de 2010) 46 Figura 24 Pedreiras agrupadas por substância extraída (dados das DRE s de Julho de 2010) 46 Figura 25 Pedreiras agrupadas por CAE s (dados das DRE s de Julho de 2010) 47 Figura 26 Pedreiras Classe 3 e 4 agrupadas por CAE s (dados das DRE s de Julho de 2010) 47 3

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) AGRADECIMENTOS À minha família, que tem tido a compreensão de me incentivar a continuar. Ao Professor António Mouraz Miranda, que me orientou e tudo fez para que este trabalho chegasse a Bom Termo. Ao Eng.º Carlos Caxaria, o meu primeiro orientador que sempre esteve disponível para me fornecer alguns dados e o apoio solicitado. Ao Eng.º Reis Soares, o meu primeiro colega de sala, no então IGM, bem como a todos os restantes colegas e colaboradores que trabalharam, e trabalham, comigo no IGM e DRE-LVT. Ao Eng.º Simões de Sousa, o meu chefe directo actual, que nunca me recusou ajuda e apoio, para a concretização deste projecto. A todos os meus amigos que me incentivaram e que me apoiaram incentivando para que o mesmo fosse concluído. A todos os industriais, alguns dos quais se tornaram meus amigos, que permitiram a minha aprendizagem e um melhor desempenho profissional.. 4

5 Paulo Martins Nunes 2010 Resumo Os recursos geológicos são escassos e o seu aproveitamento deveria ser garantido, desde que correctamente explorado. A existência de um recurso, a sua potencialidade económica e o conhecimento das técnicas e métodos de exploração não são, por si só, suficientes para iniciar uma exploração. Existe um conjunto de normas e regras legislativas que restringem e condicionam qualquer exploração. Os Recursos Geológicos não Metálicos, são explorados em Portugal há vários séculos. Na primeira metade do século vinte existiam várias centenas de explorações no concelho de Lisboa. Actualmente já não existe nenhuma e os concelhos vizinhos seguem os mesmos passos. Portugal, pertencendo à União Europeia, tem por conseguinte algumas das suas normas legislativas baseadas em directivas, decisões e regulamentos comunitários, sendo que algumas delas não têm em consideração as diferentes realidades de cada País. A actuação nas áreas do licenciamento, fiscalização, exploração e execução de projectos, depara-se com grandes dificuldades no cumprimento das referidas normas. Nestes últimos anos, devido à situação económica do País e do Mundo e às alterações constantes da legislação que ao impor novas regras, cria uma situação de instabilidade, tornando difícil a todos os exploradores realizar as suas programações de exploração a médio e longo prazo. 5

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) 1. Introdução O Recurso Geológico é um bem indispensável ao desenvolvimento de qualquer Nação, mas o seu aproveitamento está associado à potencialidade desse recurso ser ou não economicamente explorável. Os recursos geológicos são explorados com várias finalidades ou aproveitamentos. Segue-se uma descrição das diferentes aplicações industriais: Produtos (minerais) Minérios ( Fe, Cu, W, Au, etc ) Rochas Ornamentais: Mármores, Calcários, Granitos Rochas Industriais: Calcários, Granitos, Basaltos, Areias Argilas, Caulinos, Feldspatos Margas ( calcário ) Carvões, Petróleo, Minérios de urânio Fluidos naturais quentes - Utilizações Produção de metais Construção, pavimentos e revestimentos, decoração, arte fúnebre Construção Civil, obras públicas, produção de cal, rações para animais Indústria farmacêutica, indústria cerâmica, vidreira Indústria do cimento Matérias-primas energéticas Produção comercial de energia. Quartzo ( SiO 2 ) Indústria vidreira, novas tecnologias Quadro I Uma síntese das principais utilizações de cada recurso Portugal tem uma experiência secular de exploração de recursos geológicos, mas a existência, o reconhecimento e a viabilidade económica de um recurso geológico não são suficientes, para ser implementado o seu aproveitamento. As explorações de recursos naturais regem-se por normas legislativas que, têm vindo a ser cada vez mais exigentes e restritivas, devido à transposição de decisões e directivas comunitárias no âmbito do ordenamento de território e do ambiente. Mas, nestas normas existem incorrecções, omissões e muitas vezes estão desadequadas à realidade do nosso País. Os consumos crescentes reclamados pela contínua elevação do nível de vida, as factuais limitações de reservas disponíveis, as pressões sociais sobre os órgãos de poder a responsabilidade da gestão global, tudo são realidades que impõem ao Estado (Governo), o estabelecimento de regras ajustadas, a actualização e clarificação de conceitos e a definição dos direitos e deveres dos agentes envolvidos, mas estes objectivos nem sempre são conseguidos de uma forma positiva. Actualmente, a dependência em que colectivamente nos encontramos da produção e distribuição destes recursos está associada à grande velocidade do progresso tecnológico. Esta dependência frequentemente gera mudanças na hierarquia dos valores relativos e absolutos, catapultando para posição de destaque produtos até aí negligenciáveis. A União Europeia (UE) está a demonstrar algumas preocupações conforme foi referido por Guenter Tiess [1], evidenciando a importância do sector dos agregados para a economia e para o PIB de cada País. As restrições e condicionantes para a exploração de recursos geológicos, em França, estão sintetizadas no documento da DRIRE Île-de-France (Christian Beau) e outros [2], as quais não são muito diferentes das portuguesas. 6

7 Paulo Martins Nunes 2010 Em Espanha, as condições ambientais têm tido uma aceitação mais alargada, afirmando Fernando de Rojas Martínez-Parets [3] que actualmente, apesar de não haver qualquer simplificação na legislação, existe uma maior consciencialização dos exploradores, projectistas, e os trabalhos de exploração apresentados são mais abrangentes. Na Europa e no resto do mundo as exigências ambientais, de ordenamento entre outras, associadas ao iminente esgotamento das reservas estão a ser criar fortes condicionantes para um correcto e sustentável aproveitamento dos recursos geológicos. O sector das rochas industriais (agregados) do grupo dos recursos geológicos não metálicos está interligado com o desenvolvimento de um País, pelo que importa criar uma política que promova a sustentabilidade deste. A construção civil e as obras públicas colocaram em primeiro lugar em termos de produção o sector das rochas industriais. O sector das rochas ornamentais tem-se adaptado às novas exigências do mercado, mas tem tido várias e fortes oposições por se tratar de um recurso geológico natural que tem tido mais contrariedades que protecções. Em Portugal, a evidência, a descoberta e o reconhecimento de novas jazidas de rochas ornamentais, tiveram um forte incremento económico para o País e contribuindo para o PIB Português, desde a década de 80, conforme é referido por Jorge Carvalho, Giuseppe Manuppella e A. Casal Moura [4]. A rentabilização e o reaproveitamento de resíduos estão, ou deveriam estar, associados às unidades transformadoras ou de extracção para que fossem incorporadas como matéria-prima, mas em Portugal tem havido uma forte oposição por parte do Ministério do Ambiente. Em Portugal tem-se vindo a constatar uma transferência dos locais de extracção devido a vários factores: esgotamento de reservas, restrições e proibições por questões ambientais e/ou de ordenamento (expansão urbana) e questões de titularidade da propriedade. Vários são os autores a alertarem para as obstruções, restrições e condicionantes criadas para o reconhecimento e exploração de recursos geológicos, Dinis da Gama [5], colocou um dedo na ferida, fazendo propostas extremamente revolucionárias, propondo a anulação/revisão do decreto-lei base de licenciamento de pedreiras e a transferência da gestão das propriedades para as Câmara Municipais. Este panorama contribui para que o trabalho da engenharia se tenha de adaptar a esta realidade, sendo necessário criar novos modelos e técnicas para aproveitar e valorizar os recursos geológicos. Neste trabalho, serão apresentadas as condições, restrições e obstruções para a exploração de recursos geológicos não metálicos para Portugal, que são muito diversificadas, mas na sua maioria são semelhantes às impostas nos outros Países da Comunidade Europeia. Será efectuada uma análise às exigências legais e quais as condições que podem inviabilizar o exercício da actividade extractiva e consequentemente o aproveitamento do recursos natural. As técnicas de exploração têm sido objecto de vários trabalhos, pelo que não será desenvolvido neste trabalho. Alguns dos trabalhos que devem ser consultados referentes a esta matéria são publicações da Direcção Geral de Energia e Geologia [6], [7], [8], [9] e um documento de Torres Couto (2000) [10]. 7

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) 2. Recurso Geológico enquadramento legal O termo Recursos Geológicos está bastante generalizado, tendo sido definido em termos legislativos, pela primeira vez, no Decreto-Lei nº 90/90, de 16 de Março, como Produtos naturais de reconhecida importância na vida económica das nações, constituintes da crosta terrestre que não ocorrem generalizadamente, mas antes que se concentram em ocorrências localizadas, determinadas pelo condicionalismo geológico do território. A designação de recursos geológicos não metálicos agrupa todos os produtos minerais que não têm elementos metálicos sendo a sua lista bastante exaustiva. Alguns destes minerais são considerados estratégicos para o País pelo que a sua exploração está pendente da obtenção de uma licença (concessão) a atribuir pelo Estado. A prospecção, pesquisa e exploração de um recurso geológico está pendente de vários factores que estão legislados. A evolução das normas e regras legislativas e as dificuldades sentidas na obtenção das autorizações legais para efectuar o aproveitamento de um recurso geológico não metálico, são ferramentas importantes para caracterizar a situação actual. 2.1. Classificação dos recursos em termos legislativos O Decreto-Lei 90/90, Lei dos Recursos Naturais, definiu normas para o aproveitamento dos recursos passíveis de utilização económica, com excepção das ocorrências dos hidrocarbonetos e das areias dos leitos dos cursos de água. As normas existentes encontravam-se dispersas por vários diplomas, e na generalidade estavam desactualizadas. Pela primeira vez, são definidos os diferentes grupos de recursos geológicos, que passam a pertencer a dois grandes domínios: Recursos do Domínio Público (Estado) e Recursos do Domínio Privado. Os Recursos do Domínio do Público integram respectivamente: - Depósitos Minerais são ocorrências minerais existentes em território nacional e nos fundos marinhos da zona económica exclusiva, que pela sua raridade, alto valor económico ou importância na aplicação em processos industriais se apresentam com interesse para a economia nacional. Consideram-se como depósitos minerais as substâncias minerais utilizáveis na obtenção de metais nelas contidos, de substâncias radioactivas, carvões, grafites, pirites, fosfatos, amianto, talco, caulino, diatomite, barita, quartzo, feldspato e pedras preciosas e semipreciosas (citado no Decreto-Lei nº 88/90, de 16 de Março), ou ainda outras que venham a ser definidas por despacho ministerial, após consulta pública; Recursos Hidrominerais que incluem as: - Águas Minerais Naturais - águas de circulação profunda, com uma bacteriologia própria, particularidades físico-químicas estáveis de que resultam propriedades terapêuticas ou efeitos favoráveis à saúde; - Águas Mineroindustriais - águas subterrâneas que permitem a extracção económica de substâncias nelas contidas; 8

9 Paulo Martins Nunes 2010 - Recursos Geotérmicos - fluidos ou formações geológicas existentes no subsolo, caracterizados por uma determinada temperatura e o seu aproveitamento é susceptível de interesse económico e ambiental, desde que aceite pelo Estado (Governo). Os recursos geológicos não metálicos, com excepção dos referidos como pertencentes aos depósitos minerais, estão enquadrados no domínio privado. Os recursos do Domínio Privado integram respectivamente: - Massas Minerais - rochas e as ocorrências minerais não qualificadas legalmente como depósitos minerais; -Águas de Nascente - águas subterrâneas naturais que não se integrem no conceito de recursos hidrominerais, que desde a origem se conservem próprias para beber. 2.2. Evolução legislativa específica para exploração de massas minerais As explorações de recursos geológicos não metálicos ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) regem-se por normas que se estão sintetizadas no quadro II. O Decreto nº 13642, de 7 Maio 1927, regime de base legal pretendeu centralizar, num diploma, algumas normas que existiam dispersas, centrando na então Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos o expediente de fiscalização e o controlo estatístico deste sector, sujeitando os pretendentes a exploradores a registarem as suas pedreiras, obrigando à sua declaração. Entretanto, por omissão, não tinha sido incluído a obrigatoriedade de comunicar a venda ou transmissão das pedreiras, o que foi posteriormente regulamentado pelo Decreto 14422, de 13 de Outubro de 1927. Em 23 Março 1940, foi publicada a Lei nº 1979, chamada Lei de Bases. Esta lei era constituída por um conjunto de regras a que foi o nome de bases, constituída por seis títulos designados por: Disposições Gerais; Direito de Exploração de Pedreira; Exploração de Pedreira; Condições de Segurança; Fiscalização e Sanções. Foram revistas e estruturadas as Obrigações, os Deveres e as Condições para a exploração de uma pedreira. A Base LV referia que o Estado (Governo) publicaria os regulamentos necessários, mas estes nunca vieram a ser publicitados. Em 1959, com a criação do Plano Director da Região de Lisboa, foi publicado a Lei nº 2099, de 14 de Agosto, impondo que a implantação de novas explorações careciam de autorização do então Ministério das Obras Públicas, com participação activa das Câmaras Municipais e da Comissão, que tinha sido criada para a implementação do Plano Director. O Decreto-Lei nº 392/76 de 25 de Maio, veio corrigir algumas bases da Lei 1979, corrigindo e impondo maior envolvimento do proprietário do terreno, que é o dono do recurso geológico, alertando para os riscos da segurança, da paisagem e da estabilidade física e ecológica decorrentes do abandono das explorações. Passou a ser obrigatória a obtenção de licença de estabelecimento, para pedreiras com exploração subterrânea ou com explorações a céu aberto, desde que ultrapassassem determinados parâmetros (ter mais de 5 trabalhadores, a potência ser superior a 50 Cv, a produção ser superior a 1000 ton, ou ainda com profundidades superiores a 10 metros). O Decreto-Lei nº 227/82, de 14 de Junho refere, no seu preâmbulo que A actividade extractiva nos anos 80 estava a atingir um peso significativo na economia do nosso País e em termos de exportações contribuía significativamente para o PIB (Produto Interno Bruto). Estes factos fundamentaram a publicação desta nova norma legislativa, a qual foi regulamentada pelo Decreto Regulamentar nº 71/82, de 26 de Outubro, 9

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) impondo-se mais regras de segurança, de exploração, de ordenamento e de ambiente (esta última pela primeira vez). Quadro II Evolução da legislação para a exploração de recursos geológicos não metálicos Evolução exigências técnicas Massas Minerais Plano de Lavra+PRP DL nº270/2001, de 6 de Outubro Declar. Rectificação n.º 20-AP/2001 1990 DL nº340/2007 que altera e republica o DL 270/2001, de 6 de Outubro 1982 Decreto nº 13642, de 7 Maio 1927 Lei nº1979, de 23 Março 1940 DL nº392/76 de 25 de Maio S/ Plano de Lavra 1976 2001 DL nº227/82, de 14 Junho DR nº71/82,de 26 Outubro 2007 Plano de Pedreira (Plano de Lavra e PARP) DL nº89/90, de 16 Março Quadro III Evolução das exigências técnicas para a exploração de recursos geológicos não metálicos 10

11 Paulo Martins Nunes 2010 A legislação passou a prever a existência de duas entidades licenciadoras a Direcção Geral de Geologia e Minas e as Câmaras Municipais. Sendo obrigatório, para todas as pedreiras, a obtenção prévia de uma licença de estabelecimento. Os limites das pedreiras para atribuição de competência, de cada uma das entidades licenciadoras, foram definidos pela dimensão das explorações, o número de trabalhadores, a profundidade da exploração e a potência instalada. O conceito de Áreas Cativas foi consolidado nesta legislação, passando o Estado (Governo) a ter uma intervenção mais participativa e significativa no sentido de proteger um determinado recurso mineral, em termos de cedência dos direitos do proprietário do solo face aos interesses Regionais ou Nacionais. Com a publicação do Decreto-Lei nº 90/90, de 16 de Março, chamada Lei Geral dos Recursos Geológicos, é centralizada a legislação, em termos técnicos, para o aproveitamento de recursos geológicos. Em 1991, o Estado (governo) decidiu proceder à descentralização de competências (Decreto Regulamentar 9/91), passando para as cinco Direcções Regionais, do então Ministério da Indústria e Energia, a responsabilidade do licenciamento, que anteriormente era da competência da Direcção Geral de Geologia e Minas (DGGM). O licenciamento e exploração dos recursos geológicos definidos como massas minerais, passou a reger-se pelo Decreto-lei nº 89/90, de 16 de Março, denominada como Lei de Pedreiras. Pela primeira vez, é imposto a todas os exploradores e responsáveis técnicos das pedreiras que, após o termo da exploração da pedreira, deveriam proceder à Recuperação Paisagística da área intervencionada, de acordo com o Plano de Recuperação Paisagística. No caso das pedreiras se situarem em áreas protegidas foi fixado o prazo de um ano para apresentação do PRP, caso o mesmo ainda não existisse. Os novos pedidos de licenciamento de pedreiras com área superior a 5 ha passaram a estar sujeitos à Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). O projecto era composto pelo Plano de Lavra e pelo Plano de Recuperação Paisagística. No entanto, a legislação Portuguesa sobre Estudos de Impacte Ambiental, só viria a ser publicada em 6 de Junho de 1990 (ver ponto 2.4.3.1). Uma nova figura jurídica foi criada e denominada de Áreas de Reserva. Estas áreas são definidas por Decreto Regulamentar e destinam-se ao aproveitamento de recursos geológicos de especial interesse para a economia nacional ou regional, visando impedir ou minorar efeitos prejudiciais para a sua exploração. O Decreto-lei nº 89/90 veio revelar várias limitações e omissões, não integrando alguns aspectos ambientais, que cresceram de importância por imposição comunitária, levando à reformulação da legislação integrando estas novas políticas ambientais. O Decreto-Lei nº270/2001, de 6 de Março, contemplou as novas imposições de carácter ambiental, mas também, e pela primeira vez, foram criadas regras para a prospecção e pesquisa de recursos geológicos definidos como massas minerais. Esta legislação impôs a obrigação de todos os exploradores adaptarem as suas pedreiras às novas normas legislativas, em termos de exploração e documentais. O licenciamento de explorações de massas minerais ficou muito condicionado por questões de ordenamento. No entanto, não foi prevista uma diferenciação nas condições técnicas para as pedreiras licenciadas nas Câmaras. Este facto motivou grandes movimentações políticas, que culminaram com a aprovação de uma Resolução da Assembleia da República, nº 11

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) 40/2003, de 9 de Maio. Esta Resolução recomendava ao Estado (Governo) a elaboração de um regime especial e simplificado, para o licenciamento das actividades de pesquisa e de exploração de inertes destinados à construção e à manutenção da calçada de vidraço à portuguesa. Mas, esta imposição só foi ultrapassada recentemente com a publicação do Decreto-Lei nº 340/2007. Este diploma legal impôs algumas regras novas e introduziu correcções ao Diploma vigente (Decreto-Lei nº 270/2001), pretendendo como é referido no preâmbulo adequar o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, à realidade do sector, o que permitirá que sejam cumpridos os fins a que inicialmente se propôs, tornando possível o necessário equilíbrio entre os interesses públicos do desenvolvimento económico, por um lado, e da protecção do ambiente, por outro. Os factos mais relevantes, com a alteração efectuada na Lei de Pedreiras, são: Clarificação de alguns artigos; Introdução de uma classificação das pedreiras - classes (1, 2, 3 e 4), diferenciando quais as exigências e obrigações para cada classe de pedreira; Pela primeira vez, foi declarado e assumido pelo Estado (Governo) que existiam explorações não tituladas por licença, concedendo um prazo, aos exploradores das mesmas, para requererem a regularização das pedreiras que se encontravam nesta situação. Nestes últimos anos, devido à situação económica do País e do Mundo e às alterações constantes da legislação impondo novas regras foi criada uma situação de instabilidade, sendo difícil a todos os exploradores realizar as suas programações a médio e longo prazo, para as explorações. 2.3. História de uma pedreira O recurso geológico é um bem natural existente na crosta terrestre, caracterizado pela revelação e aproveitamento de bens naturais existentes numa determinada região com potencialidades geológicas. Trata-se de um conceito bastante abrangente e está ligado à evolução da humanidade e da economia das nações. Em termos legais foi com o Decreto-Lei nº 90/90 de 16 de Março que foi definido o conceito de Recurso Geológico como os bens naturais constituintes da crosta terrestre. A exploração de minerais para a produção de metais datam de milhares de anos, enquanto que a valorização de rochas ornamentais e das argilas é mais recente, mas já com uma utilização secular. Em Portugal, existe, desde 1927, a obrigatoriedade, para todos os exploradores de pedreiras, de efectuar o registo da exploração nos Serviços Centrais da actual Direcção Geral de Energia e Geologia, e desde então foram efectuados mais 6900 registos de pedreiras, mas em exploração actualmente não deverão existir mais do que 2500 pedreiras activas. Considerando que o conceito de pedreiras activas engloba todas as pedreiras que têm licença, encontrando-se numa das seguintes situações: Exploração efectiva; Fase de recuperação; Com suspensão de exploração; Abandonadas sem que tenha sido formalizado o respectivo pedido. 12

13 Paulo Martins Nunes 2010 Os registos, em termos legislativos, começavam com a apresentação de uma declaração de início de actividade, apesar de, após 1976, para determinadas explorações (explorações subterrâneas ou explorações a céu aberto que ultrapassassem determinados limites) estarem obrigadas a proceder ao licenciamento. Apesar, da simplicidade teórica da legislação de então, os exploradores de pedreiras estavam obrigados, por imposição, do cumprimento de determinadas normas de segurança e de ordenamento, a serem verificadas pela Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos. No final dos anos 70, princípios dos anos 80, o sector das Rochas Ornamentais atingiram uma posição invejável em termos mundiais, com Portugal a situar-se entre os cinco primeiros do Ranking Mundial de produtores, contribuindo fortemente para o PIB do País. Face à evolução do sector das rochas ornamentais, e também dos outros sectores, o Estado (Governo) sentiu necessidade de alterar a legislação, tendo aos exploradores de pedreiras de transformarem as simples Declarações, em Licença de Estabelecimento. Nesta altura, passou a ser obrigatório para todas as pedreiras a existência de um Responsável Técnico, mas com regras bastante largas, pois pode ser qualquer pessoa de nacionalidade Portuguesa com experiência de dez anos de explorações, estando portanto ao mesmo nível que uma pessoa diplomada por uma escola superior, em especialidade adequada (engenheiro de minas). Com a publicação do Decreto-Lei nº 89/90, as licenças de estabelecimento passaram a designar-se: Licenças de Exploração. As dúvidas, constantes, sobre a definição de competências dos responsáveis técnicos de pedreiras, só foram esclarecidas com a publicação do Decreto-Lei nº 340/2007, passando a ser obrigatório o seu registo na Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG). A DGEG avalia as candidaturas e emite um certificado limitando as competências de cada candidato. As explorações passam a ter uma classificação segundo a dimensão, com 4 classes de pedreiras. Os Responsáveis Técnicos têm de ser pessoas com formação superior para as explorações de classe 1 e 2, mas foi limitado o número de responsabilidades em pedreiras. Em relação às pedreiras camarárias, classificações de 3 e 4, as exigências para o responsável técnico passou a ser menos exigente. Classes Critérios de classificação de pedreiras Entidade Licenciadora Área Definições técnicas 1 25 ha 2 5 ha < área< 25 ha Profundidade > 10 m Produção > 150 000 t/ano DRE s Número de trabalhadores >15 Consumo de explosivos 2000 kg Profundidade 10 m 3 Produção 150 000 t/ano 5 ha Número de trabalhadores 15 CM s Consumo de explosivos < 2000 kg 4 Todas as pedreiras de calçada e laje, que não sejam de tipo 2 Quadro IV Tabela de classificação das pedreiras 13

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) 3. Prospecção, Pesquisa e Exploração - Condicionantes de exploração A prospecção, pesquisa e exploração de massas minerais carece de licenciamento, estando associada a dois pólos, um de carácter técnico e um outro de carácter administrativo. As questões de carácter técnico estão ligadas à existência, reconhecimento e condições de exploração de um determinado Recurso Geológico, mas não descurando a recuperação de toda a área de exploração assim como da área envolvente utilizada para apoio da mesma. As questões administrativas estão interligadas com normas legislativas salientando-se: a titularidade do terreno, o ordenamento do território e o ambiente. Com a emissão de uma Licença de Exploração, quer seja a de pesquisa quer seja a de exploração, é obtido um bem, que deverá ser tratado contabilisticamente como um Imobilizado Incorpóreo. Assim, a transmissão de uma licença não está sujeita a pagamento de impostos, sugerindo-se que no acto de transacção de uma pedreira deverão ser efectuados, sempre, dois contratos (um para o terreno e outro para a licença). 3.1. Condicionantes Administrativas O Estado (Governo) tem aprovado várias legislações baseadas na transcrições de directivas, decisões e regulamentos comunitárias, as quais têm vindo a condicionar o aproveitamento de determinados recursos. A legislação publicada para proteger os recursos tem sido escassa e não se sobrepõe às de carácter ambiental ou de ordenamento. Assim, o aproveitamento de um recurso mineral está condicionado ao cumprimento ou superação de algumas restrições do âmbito político. 3.1.1. Titularidade do terreno Os recursos geológicos definidos como massa mineral são propriedade do dono do terreno, onde estes se localizam, quer a exploração seja a céu aberto quer seja subterrânea. Assim, torna-se necessário haver um acordo com o proprietário para se proceder à prospecção e pesquisa e/ou à exploração do recurso. Desde 1976, com a publicação do Decreto-Lei nº 392/76, passou a ser obrigatória a celebração de acordos e/ou contratos com o proprietário, no entanto, é com a publicação do Decreto-Lei nº 227/82, que a exigência do contrato é alargada a todas as explorações licenciadas pela DGGM, exigindo-se ainda que os contratos sejam celebrados sob a forma de escritura pública. Os licenciamentos de prospecção, pesquisa e exploração de massas minerais só pode ser solicitado pelo proprietário do terreno ou por terceiros, desde que esteja na posse de um contrato celebrado com o proprietário do prédio, que tem de ser sob a forma de escritura pública. A posse do prédio, ou prédios, tem de ser comprovada pela apresentação das cadernetas prediais (anexo 1) e das Certidões da Conservatória do Registo Predial, ou outro documento que prove a titularidade do Terreno (anexo 2). Um contrato de arrendamento, quer para prospecção, pesquisa e exploração, ou só para exploração, deverá fazer referência à legislação, e contemplar as regras expressas na 14

15 Paulo Martins Nunes 2010 mesma, podendo incluir outras, desde que não contrariem as fixadas em legislação (anexo 3 modelo de contrato). No caso de haver uma mudança de explorador de uma determinada pedreira, a mesma só se efectiva se for apresentado um pedido de Transmissão da Licença, junto da entidade licenciadora, quer seja de pesquisa quer seja de exploração. Para a concretização do acto deverão ser apresentados os documentos de posse do terreno, ou então uma declaração do proprietário, de aceitação do contrato anterior para o novo explorador, ou então a apresentação de novo contrato. Figura 1 Exemplo de uma carta cadastral com delimitação dos prédios Numa propriedade partilhada, mesmo que seja com o cônjuge, o comprovativo da posse do terreno terá de ser sempre acompanhado de uma declaração dos restantes coproprietários, declarando que não se opõem a que determinado co-proprietário possa requerer a respectiva licença de exploração, fazendo referencia à área e se possível demarcada na carta cadastral. Os comprovativos dos registos prediais emitidos pela Conservatória do Registo Predial do concelho referenciados na carta cadastral, são documentos indispensáveis para provar a posse do terreno. 3.1.2. Condicionantes de Ordenamento O ordenamento pode ser definido como um acto de ordenar algo, no sentido de organizar e racionalizar. O ordenamento do território é, fundamentalmente, a gestão da interacção homem/espaço natural. O planeamento das ocupações, o potencial aproveitamento das infra-estruturas existentes e o assegurar da preservação de recursos que são sempre limitados, são questões a considerar na elaboração dos diferentes Planos de Ordenamento. 15

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) Actualmente, em Portugal, qualquer acto que se pretenda concretizar num determinado terreno carece da emissão de uma autorização, sendo que as condicionantes de ordenamento são ferramentas indispensáveis à tomada de decisão. As condicionantes de ordenamento mais importantes a ter em consideração para a exploração de uma pedreira são: Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT), Plano Director Municipal (PDM), Plano de Pormenor (PP), Reserva Agrícola Nacional (RAN), Reserva Ecológica Nacional (REN), Património Cultural, Domínio Hídrico, Rede Natura 2000, Plano de Ordenamento de Áreas Protegidas e Classificadas, Áreas Cativas, Áreas de Reserva, entre outras. 3.1.2.1.Plano Regional de Ordenamento do Território Os PROT s deveriam ter a função de servir de base à elaboração dos diferentes Planos Director Municipais para evitar que estes fossem considerados como ilhas. No entanto, a elaboração destes PROT s, de uma maneira geral, foi realizada após a existência de vários PDM s. Os Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT) teoricamente seriam instrumentos de desenvolvimento territorial para definirem a estratégia regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estabelecidas a nível nacional e considerando as estratégias municipais de desenvolvimento local. Estes Planos são elaborados com base na Lei n.º 48/98, de 11 de Agosto, e no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, sendo coordenados por uma das cinco Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. O PROT-AML - Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, contempla a área metropolitana de Lisboa, composta por 18 concelhos e foi aprovado em 7 de Fevereiro de 2002, pelo Conselho de Ministros e publicado no Diário da República (I Série-B), pela Resolução n.º 68/2002, de 8 de Abril. O Estado (Governo) aprovou em 23 de Fevereiro de 2006 uma Resolução, publicada no Diário da Republica (I Série-B), n.º 30/2006, de 23 de Março, declarando que deveriam ser elaborados os seguintes PROT s, com coordenação das CCDR das áreas respectivas: PROT Norte - Plano Regional de Ordenamento do Território do Norte, irá envolver os 86 concelhos, tendo sido anunciado em Julho de 2006, com um período de execução de 14 meses, mas ainda não foi publicado; PROT do Centro - Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro, irá envolver os 100 concelhos, tendo sido anunciado em Maio de 2006, com um período de execução até ao final do 2008, mas ainda não foi publicado. PROT-OVT - Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo, envolve 33 concelhos dos restantes da Região Lisboa e Vale do Tejo definido na NUT s II foi aprovado em Conselho de Ministros, tendo sido publicado em 6 de Agosto de 2009, a Resolução n.º 64-A/2009. PROT-Alentejo - Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo, irá envolver 47 concelhos, e previa-se a sua conclusão em Janeiro de 2010. PROT-Algarve - Planos Regionais de Ordenamento do Território do Algarve, envolve 33 concelhos e foi aprovado em Conselho de Ministros, tendo sido publicado no Diário da República de 3 de Agosto de 2007 e a Resolução do Conselho de Ministros n.º 102-/2007. 16

17 Paulo Martins Nunes 2010 3.1.2.2.Plano Director Municipal Os PDM s são instrumentos de planeamento/ordenamento territorial de natureza regulamentar, cuja elaboração é obrigatória e da responsabilidade do Município. O PDM estabelece as regras para utilização, ocupação e transformação do uso do solo em todo o território do concelho, definindo um modelo de estrutura espacial do território municipal e constituindo uma síntese estratégica do desenvolvimento e ordenamento local, integrando as opções e outros ditames de âmbito nacional e regional. Os PDM s são elaborados por cada câmara municipal, sendo ratificados em Conselho de Ministros e estabelecendo uma validade de 10 anos. Nos planos são definidos os princípios e regras para o uso e transformação do solo para cada classe de espaço, e está disponível, de uma maneira geral, no sítio da Internet da respectiva Câmara. Os diferentes tipos de classes definidas nos PDM s incluem nomeadamente: Espaço Urbano; Espaço Urbanizável; Espaço Industrial Existente; Espaço Industrial Proposto; Espaço Rurais; Espaço Cultural; Espaço Turísticos; Espaço de Protecção e Valorização Ambiental; Espaço Agro-Silvo-Pastoril; entre outros. Mas, em muito poucos existem Espaços de Indústria Extractiva, que são espaços destinados à exploração e aproveitamento de recursos geológicos. Dos PDM s fazem parte vários documentos, salientando-se o Regulamento, a Carta de Ordenamento e a Carta de Condicionantes. No Regulamento são definidas as classes de espaço, as restrições e as compatibilizações. Na Carta de Ordenamento estão representadas as diferentes classes de espaço. Na Carta de Condicionantes são incluídas as diferentes restrições definidas em termos Nacionais e Regionais. Actualmente, já foram aprovados e publicados todos os PDM s, de primeira geração, dos concelhos e actualmente encontram-se na sua maioria em processo de revisão, tendo já sido aprovados alguns. 3.1.2.3. Plano de Pormenor Os Planos de Pormenor são planos de escalas superiores aos Planos de Urbanização. São aplicados a zonas prioritárias ou sensíveis do ponto de vista urbanístico, a zonas de expansão, de requalificação urbana, de salvaguarda de zonas históricas, ou outras de características especiais. Os Planos de Pormenor são ferramentas que poderiam concretizar propostas de organização espacial, locais onde se encontram explorações de recursos geológicos definindo com detalhe a concepção da forma de ocupação, servindo de base aos projectos de exploração, mas principalmente na recuperação ou reutilização dos espaços. A presente Norma de Procedimentos é enquadrada pelos seguintes diplomas legais: - Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de Dezembro; - Despacho n.º 6600/2004, de 23 de Fevereiro, do Secretário de Estado do Ordenamento do Território, publicado no Diário da República n.º 78 (2ª série), de 1 de Abril. 17

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) 3.2. Condicionantes Gerais As condicionantes contemplam as áreas definidas em termos nacionais ou regionais, que por motivos dos seus valores são importantes. Por este motivo, existe legislação específica que protege e restringe a utilização nestas áreas. 3.2.1. Reserva Agrícola Nacional A Reserva Agrícola Nacional (RAN) é coordenada, actualmente, pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento. Representa as áreas de maior potencialidade agrícola, ou que foram objecto de importantes investimentos destinados a aumentar a sua capacidade produtiva, tendo como objectivo o progresso e a modernização da agricultura portuguesa. Esta modernização, para além do pleno aproveitamento agrícola dos melhores solos e a sua salvaguarda, torna necessária a existência de explorações agrícolas bem dimensionadas. A RAN existe em Portugal desde 1976 e a legislação vigente é de 2009, Decreto-Lei nº 93/2009, de 31 de Março. 3.2.2. Reserva Ecológica Nacional A Reserva Ecológica Nacional (REN) é uma estrutura biofísica que integra o conjunto de áreas, que pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais, são objecto de protecção especial, sendo coordenadas actualmente, pelas Comissões de Coordenação Regional e Desenvolvimento Regional. A REN existe em Portugal desde 1983, pelo Decreto-Lei nº 166/2008, de 22 de Agosto, o qual estabelece o regime jurídico da REN, contemplando a possibilidade de viabilizar outros usos e acções, que reconhecidamente não põem em causa a permanência dos recursos de importância para o País. A legislação inicial era muito restritiva, e foi regulamentada apenas em 2006, com a publicação do Decreto-lei nº 180/2006, de 6 de Setembro, o que não foi muito abrangente pelo que se tornou necessário clarificar e objectivar as áreas da REN. 3.2.3. Património Cultural O Património Cultural é o conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devem ser considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. Fazem parte do património cultural os bens imóveis, os bens móveis e os bens imateriais, sendo o Instituto Português de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico que o coordena e protege. As pedreiras têm contribuído para evidenciar e aumentar o património cultural de Portugal. Antigas pedreiras já foram objecto de classificação como Monumentos Naturais, designadamente, a descoberta das pegadas de dinossauro na Pedreira do Galinha, situada nos limites dos concelhos de Ourém e Torres Novas. 18

19 Paulo Martins Nunes 2010 3.2.4. Domínio Hídrico O Domínio Hídrico em Portugal está dividido em Domínio Público Hídrico e o Domínio Público Marítimo. Em 2005, o Estado (Governo) aprova e publica a nova Lei da Água, Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, transcrevendo uma directiva da União Europeia - Directiva n.º 2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro, sendo na altura criadas as Administrações de Região Hidrográfica (ARH). As ARH têm por missão proteger e valorizar as componentes ambientais das águas, bem como proceder à gestão sustentável dos recursos hídricos no âmbito da respectiva circunscrição territorial de actuação. Foram criadas 5 ARH s, respectivamente as ARH: do Norte, do Centro, do Tejo, do Alentejo e do Algarve. A correspondente jurisdição territorial foi definida no citado Decreto-Lei. 3.2.5. Rede Natura 2000 A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica resultante da aplicação das Directivas n.º 79/409/CEE (Directiva Aves) e n.º 92/43/CEE (Directiva Habitats). Tem por objectivo contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats naturais, da fauna e da flora selvagens no território europeu dos Estados-membros da UE. Esta rede é composta por áreas de importância comunitária para a conservação de determinados habitats e espécies, nas quais as actividades humanas devem ser compatíveis com a preservação dos valores naturais, através de uma gestão sustentável que tome simultaneamente em consideração as exigências ecológicas, económicas, sociais e culturais, bem como as particularidades regionais e locais. Está legislada pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, com as alterações e redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro. 3.2.6. Áreas Protegidas e Classificadas Áreas Protegidas e Classificadas são geridas pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) tendo Planos de Ordenamento específicos para cada uma das áreas. A actual legislação portuguesa respeitante a Áreas Protegidas consagra cinco figuras classificatórias: Parques Nacionais (1), Parques Naturais (13), Reservas Naturais (9), Monumentos Naturais (5) e Paisagens Protegidas (6). 19

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) Figura 2 Áreas protegidas e classificadas (fonte do ICNB) 3.2.7. Áreas Cativas e de Reserva As Áreas Cativas e de Reserva são instrumentos que estão previstos em legislação para proteger e garantir a correcta exploração do Recurso. 20

21 Paulo Martins Nunes 2010 3.2.7.1.Áreas Cativas As Áreas Cativas foram definidas pela primeira vez em 1976, existindo 7 áreas publicadas. As Áreas Cativas foram criadas, baseadas na evidência de um recurso geológico, no seu valor estratégico, factos reconhecidos pelo Estado Português, o qual impôs regras para o aproveitamento deste recurso. Até à data foram publicadas seis Portarias, criando as Áreas Cativas constantes do quadro V. Diploma Legal Região Área (ha) Substância Concelhos Portaria nº 441/90, D.R. nº 136, Série I de 15/06/1990 Estremoz/Borba /Vila Viçosa Portaria nº 442/90, D.R. nº 136, Série I de 15/06/1990 Portaria nº 447/90, D.R. nº 137, Série I de 16/06/1990 Portaria nº 448/90, D.R. nº 137, Série I de 16/06/1990 Portaria nº 733/94, D.R. nº 186, Série I-B de 12/08/1994 Portaria nº 766/94, D.R. nº 194, Série I-B de 23/08/1994 Alhandra/Vila Franca de Xira 15650,38 Mármores Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal 1113,652 Calcários e Margas Maceira/Leiria 240,9844 Calcários e Margas Vila Franca de Xira, Loures e Arruda dos Vinhos Leiria Barracão/ 12023,3 Argila Leiria e Pombal Pombal Águeda/Anadia 10928,12 Águeda, Oliveira do Bairro, Anadia e Mealhada Pelariga e 1812,838 Argila Pombal e Soure Redinha Pedras Salgadas 1254,21 Granito Vila Pouca de Aguiar e Chaves Quadro V Lista das Áreas Cativas 3.2.7.2. Áreas de Reserva As Áreas de Reserva são áreas definidas por Decreto Regulamentar, devido à grande potencialidade ou escassez dos recursos existentes, que têm e devem ser preservadas de outras intromissões, exigindo parecer favorável da Direcção Regional do Ministério da Economia, Inovação e Desenvolvimento da área respectiva. O reconhecimento por parte do Estado (Governo) da importância de preservar o recurso, actualmente, está sempre baseado em Estudos de Pormenor. Sendo necessário efectuar uma avaliação em termos ambientais (Estudo de Impacte Ambiental), um estudo geológico sobre a potencialidade, eventual escassez do recurso e cálculo de reservas. Desde 1990, foram definidas as Áreas de Reserva descritas no quadro VI. Neste mesmo quadro está incluída uma Área de Reserva extremamente importante, definida pelo Decreto 338/72, de 25 de Agosto. O Estado (Governo), por motivos estratégicos, decretou a preservação da jazida de urânio existente na zona de Nisa. 21

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) Figura 3 Áreas de Reserva e Cativas (fonte: DGEG) O urânio é um recurso geológico estratégico, incluído no grupo dos depósitos minerais, logo concessível, e não pertence ao grupo dos Recursos Geológicos não metálicos. 22

23 Paulo Martins Nunes 2010 Diploma Legal Região Área (ha) Substância Localização (Concelhos) Dec. Reg. nº 1/07, Seixal 136,9678 Areias Seixal D.R. nº 6, Série I-B 90,8635 de 09/01/2007 Dec. Reg. nº 15/93, Maceira/Leiria 215,6839 Calcários e Leiria D.R. nº 111, Série I- Alhandra/Vila 1113,652 Margas B de 13/05/1993 Franca de Xira Vila Franca de Xira Dec. Reg. nº 30/95, D.R. nº 269, Série I- B de 21/11/1995 Dec. Reg. nº 31/95, D.R. nº 270, Série I- B de 22/11/1995 Dec. Reg. nº 40/2002, D.R. nº 176, Série I-B de 01/08/2002 Dec. Reg. nº 6/2009, D.R. nº 65, Série I de 2/04/2009 Catraia 538,99 Arcoses (Feldspato, Caulino e Areias) Barracão/ Pombal/ Redinha Arganil 591,555 Argilas Pombal 31,035 especiais Pombal 111,69 Leiria 209,2437 Pombal 1093,806 Leiria/Pombal Pataias 259,3968 Calcário, Areia e Argila Serra da Falperra 1775,576 Granitos ornamentais Alcobaça e Nazaré Vila Pouca de Aguiar, Sabrosa e Vila Real Decreto n.º 338/72, D.R. n.º 198, Série I de 25-08-1972 Nisa 1164,919 Urânio Nisa Quadro VI Lista das Áreas de Reserva 3.3. Condicionantes de Ambiente 3.3.1. Estudo de Impacte Ambiental Dando cumprimento à directiva comunitária nº 85/337/CEE. JO L175, de 5 de Junho de 1985, foi aprovado e publicado o Decreto-Lei nº 186/90, de 6 de Junho que sujeitava a uma avaliação de impacte ambiental, os planos e projectos que, pela sua localização, dimensão ou características, fossem susceptíveis de provocar incidências significativas no ambiente. Os Estudos de Impacte Ambiental regem-se por normas e regras previstas no Decreto- Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro. Um Estudo de Impacte Ambiental (EIA) deve identificar e avaliar os possíveis impactes que o projecto em análise possa causar, apresentar um cenário previsível da evolução da situação sem a realização do projecto, assim como apresentar medidas mitigadoras ou compensadoras dos impactes negativos. No sector da indústria extractiva estão sujeitas ao Procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) todas as pedreiras com área superior a 5 ha, todas as pedreiras que tenham produções superiores 150.000 ton/ano ou que devido à sua localização e num raio de 1 km existam outras explorações, que no conjunto ultrapassem também os 5 ha. 23

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) O EIA é um documento que faz parte do processo de licenciamento, de acordo com o previsto no Decreto-Lei nº 270/2001, alterado e republicado pelo Decreto-Lei 340/2007, de 12 de Outubro (Lei de Pedreiras). Qualquer exploração que pretenda ultrapassar um dos limites definidos no parágrafo anterior, fica abrangida pelo Procedimento de AIA. No entanto, existem entidades licenciadoras que consideram o Procedimento de AIA um processo prévio, sendo que o licenciamento só é apresentado após emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA). A DIA, emitida pela autoridade de AIA (APA, CCDR) é o documento que contém a decisão emitida sobre o Procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental. A DIA pode ser favorável, favorável condicionada ou desfavorável. 3.3.2. Água A água é uma substância indispensável em qualquer exploração, envolvendo três aspectos que têm de ser garantidos, a saber: o fornecimento de água para consumo humano, a água para a extracção (caso de explorações de rocha ornamental) e ainda a água que poderá ser retida pela abertura da escavação, possuindo cada uma um procedimento distinto. O fornecimento de água para o consumo humano pode ser proveniente de um furo (que carece de autorização de licenciamento nos termos do Decreto-Lei 58/2005, de 29 de Dezembro e do Decreto-Lei nº 226-A/2007, de 31 de Maio, a emitir pela ARH Administração Regional Hidrográfica da área respectiva), ou a ser fornecido pela Câmara Municipal. Caso a água seja obtida de um furo de captação, então tem que ser garantida a sua potabilidade, devendo ser efectuada a respectiva análise, junto dos Centros de Saúde concelhios. Se houver necessidade de água para a actividade extractiva então a sua proveniência pode ser originária das fontes referidas no parágrafo anterior, ou então por retenção de águas pluviais. No entanto, se o volume das águas pluviais for em quantidade muito elevada é necessário proceder ao seu reencaminhamento para linhas de água, após o tratamento numa ETAR. Necessitando, em qualquer dos casos, de autorização da ARH. 3.3.3. Ruído O ruído é uma das condicionantes que tem duas vias de análise, uma é referente às prescrições mínimas de segurança e saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos e imposta pela Lei do Ruído. O Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro, transpõe a Directiva Comunitária n.º 2003/10/CE, referente às prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores aos riscos devidos ao ruído. Neste diploma estão definidos os valores limites de exposição por parte dos trabalhadores, obrigando os exploradores a utilizar todos os meios possíveis para reduzir a fonte de ruído, ou a implementar as medidas necessárias, que assegurem, que os riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores resultantes da exposição ao ruído, sejam eliminados ou reduzidos ao mínimo. O Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro, aprovou o Regulamento Geral do Ruído, que estabelece o regime de prevenção e controlo da poluição sonora, visando a 24

25 Paulo Martins Nunes 2010 salvaguarda da saúde humana e o bem-estar das populações, conforme consta no seu artigo 1º. No diploma estão definidas cinco zonas, delimitando valores máximos de exposição ao ruído ambiente, que estão apresentados no quadro VII. Tipos de zona Lden Ln zonas mistas 65 db(a) 55 db(a) zonas sensíveis 55 db(a) 45 db(a) zonas sensíveis (com unidades existentes anteriores ao presente decreto) 65 db(a) 55 db(a) zonas sensíveis em cuja proximidade esteja projectada estrutura de transporte 65 db(a) 55 db(a) aéreo as zonas sensíveis em cuja proximidade esteja projectada estrutura de 60 db(a) 50 db(a) transporte que não aéreo Sendo que Lden é Indicador de ruído diurno-entardecer-nocturno e Ln é Indicador de ruído nocturno Quadro VII Tabela de limites de ruído Tendo em consideração o previsto no artigo 13º: / A instalação e o exercício de actividades ruidosas permanentes em zonas mistas, nas envolventes das zonas sensíveis ou mistas ou na proximidade dos receptores sensíveis isolados estão sujeitos / ao cumprimento dos níveis de ruído constantes do quadro VII. Mas, têm de obedecer ao previsto no na alínea b) do nº 1 do mesmo artigo, ou seja: / a diferença entre o valor do indicador LAeq do ruído ambiente determinado durante a ocorrência do ruído particular da actividade ou actividades em avaliação e o valor do indicador LAeq do ruído residual, diferença que não pode exceder 5 db(a) no período diurno, 4 db(a) no período do entardecer e 3 db(a) no período nocturno, nos termos do anexo I ao presente Regulamento, do qual faz parte integrante. 3.4. Outras condicionantes As grandes obras e alguns projectos, definidos pelo Estado (Governo), restringem e condicionam a exploração de recursos geológicos. Estão inseridas nestas os Aeroportos existentes, o ante-projecto do novo aeroporto, a construção de auto-estradas, o projecto do TGV, desde que publicados por Portaria, conforme preconizado no artigo 5º do Decreto-Lei nº 270/2001, alterado e republicado pelo Decreto-Lei nº 340/2007, de 12 de Outubro. 3.5. Condicionantes dos Recursos Para caracterizar e implementar um projecto para a avaliação de um recurso temos de nos munir de vários documentos que são condicionantes de qualquer exploração 3.5.1. Topografia e Sistema de informação geográfica (SIG) A topografia do terreno é importante para a definição do método de exploração a aplicar, e serve de análise à interpretação da geologia regional. Quando o levantamento topográfico for efectuado, tem de estar ligado à rede geodésica nacional e utilizar o sistema Hayford-Gauss, datum-lisboa, referenciado ao ponto central da Melriça. O sistema de informação geográfica SIG (GIS Geographic Information System) é um sistema de hardware, software, baseado em informação espacial associado a procedimentos computacionais que facilita a análise, compatibilizando a informação 25

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) proveniente de diversas fontes. Trata-se de uma ferramenta que tem vindo a ser aperfeiçoada e que já não pode ser dispensada. No entanto, os dados disponíveis têm por base cartográfica em escalas e georeferenciações diferentes e como a Terra não é Plana existem algumas discrepâncias quando tentamos cruzar estas informações. 3.5.2. Geologia Portugal tem uma geologia bastante diversificada, existindo ocorrências minerais com vasta potencialidade económica. Assim, para garantir o correcto aproveitamento de um recurso, deverá ser comprovada a sua capacidade geológica, devendo ser elaborado um Estudo Geológico. Figura 4 Geologia do País 26

27 Paulo Martins Nunes 2010 Figura 5 Esquiço da distribuição dos recursos em Portugal Na figura 5 está apresentada a distribuição dos recursos geológicos não metálicos em Portugal, que podem servir como orientação para definir os locais onde existirá um determinado recurso. O Estudo Geológico é o documento que irá servir de base à concretização dos trabalhos necessários para o bom aproveitamento de uma massa mineral. 3.5.3. Aproveitamento dos Recursos Os recursos geológicos classificados como massas minerais utilizam na sua exploração as técnicas e métodos mecânicos comuns a qualquer exploração. Os métodos de exploração subterrânea, por se tratarem de métodos que carecem de um largo acompanhamento de engenharia e tecnológico, não têm sido facilmente aceites para a exploração de massas minerais. 3.5.3.1.Técnicas de exploração a céu aberto Nas explorações a céu aberto em Portugal, são utilizadas, essencialmente, duas técnicas ou a mistura de ambas: a exploração em Flanco de Encosta e a exploração em Poço. 27

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) As explorações em Flanco de Encosta são explorações onde se privilegia o aproveitamento do recurso, condicionado pela topografia onde está inserida a massa a explorar. Figura 6 Modelo de exploração de rochas em flanco de encosta Nas explorações por Poço ou em profundidade, a topografia do terreno é mais ou menos plana, e o recurso mineral a explorar desenvolve-se em profundidade, fazendo parte do que se designa, de uma grande massa. Figura 7 Modelo de exploração de rochas em poço 28

29 Paulo Martins Nunes 2010 3.5.3.2.Técnicas de exploração em subterrâneo As técnicas de exploração em subterrâneo são muito pouco utilizadas em Portugal, no aproveitamento de massas minerais. Os métodos de exploração subterrânea estão inseridos em três grandes grupos, designadamente: Desmonte com entulhamento sendo que a estabilidade do maciço após o desmonte é assegurada pelo entulhamento das cavidades; Desmonte com desabamento o material é desmontado através da rotura controlada dos terrenos à medida que se aumentam os vazios; Desmonte com abandono de pilares são deixados pilares de rocha abandonados que garantem a estabilidade do maciço. A conjugação destas três técnicas permite estabelecer um conjunto de métodos de desmonte, que hoje em dia se conhecem na indústria extractiva subterrânea (corte e enchimento, frentes corridas, câmaras e pilares, entre outros). A implementação destas técnicas exige um acompanhamento técnico mais cuidado, com presença do Responsável Técnico com formação na área. O método mais utilizado em Portugal, e praticamente o único, é o de Câmara e Pilares, por ser um método que se adapta mais facilmente às condicionantes legais, nomeadamente a áreas de intervenção. Figura 8 Figura proveniente do livro Projecto de Execução para a Exploração Subterrânea de Mármores na Região de Pardais - Relatório Síntese (2001), onde estão sintetizadas correctamente as diferentes fases de desmonte para fins ornamentais. 29

Recursos Geológicos não metálicos: Prospecção, Pesquisa, Exploração ( rochas industriais, argilas, areias, ornamentais ) Figura 9 Fotos da vista geral de uma pedreira utilizando o método de exploração subterrânea Figura 10 Fotos de uma pedreira utilizando o método de exploração subterrânea 30