Cidadania na Metrópole Desigual: a cultura política na metrópole fluminense 1

Documentos relacionados
Salvador Desafios Principais

Questão Social: desafios. Prof. Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Instituto do Milênio/CNPq

Cidade e Cidadania: O efeito-metrópole sobre o exercício da cidadania política no Brasil

PLANEJAMENTO TERRITORIAL: PRINCÍPIOS E TENDÊNCIAS

Observatórios e a Democratização da Democracia. UNISINOS, 18 de outubro de 2016 Rudá Ricci

Relatório da sessão Sistemas urbanos e regionais sustentáveis. 1. Introdução

Palavras Chave: segunda residência; produção do espaço urbano; dinâmica imobiliária; Santos SP; segregação socioespacial 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

IBEU LOCAL: REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS

A ordem urbana na Região Metropolitana de Maringá: planejamento que produz segregação. Ana Lúcia Rodrigues RIO DE JANEIRO Dezembro de 2015

Seminário Rio Metropolitano: Desafios Compartilhados - SEGURANÇA. Pedro Strozenberg Maio

SEMINÁRIO NACIONAL Núcleo Vitória

Tadeu Silvestre da Silva*

MOTIVO DA URBANIZAÇÃO:

Os desafios das metrópoles à política de ciência, tecnologia e inovação

O Serviço Social na cena contemporânea. Profª. Jussara Almeida

5 Considerações finais

GEOGRAFIA. 2.1 Base Estrutural da Geografia

COBESA SALVADOR - BAHIA 11 A 16 DE JULHO DE

Ressignificação da juventude

Do direito à cidade das pontes

"DISPÕE SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL, INSTITUI A POLÍTICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS".

Estudos Urbanos e Percepções do Ambiente

OS LIMITES ENTRE O URBANO E O RURAL: UMA ANÁLISE SOBRE AS DECISÕES NORMATIVAS DA CÂMARA MUNICIPAL NO MUNICÍPIO DE LAJEADO-RS

AVALIAÇÃO DE GEOGRAFIA I

Resolução de Questões de Provas Específicas de Geografia Aula 5

Políticas territoriais e desenvolvimento econômico local

Patrocínio Institucional Parceria Apoio

ALTERNATIVAS. 1o lugar na categoria Trabalho Final de Graduação na XVª Premiação do IAB-MG, 2013 WALESKA CAMPOS RABELO

Inovação substantiva na Administração Pública

OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES: Território, Coesão e Governança Democrática. Texto para Discussão:

Democracia e a Cabanagem

Valor Econômico. Política industrial e desenvolvimento

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 03. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

Palavras Chave: Produção do Espaço Urbano; Segregação Socioespacial; Cidades Litorâneas; Santos SP; Baixada Santista.

Relações entre Comunidade Cientifica e Políticas Publicas no Mundo Eduardo Viola,

Descrição do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas

PROJETO MILÊNIO: rio, Coesão Social e Governança a Democrática. Pesquisa: Estudo comparativo sobre o papel das atividades imobiliário

Sociologias ISSN: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil

OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS E OS ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO NÃO- FORMAL. A Geografia Levada a Sério

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES. DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

TÓPICOS ESPECIAIS (Qualidade da democracia: os desafios da participação) 3cr Fernando Lima Neto (Comum às duas Linhas de Pesquisa)

IBEU Local da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

AS DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS URBANAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CHAPECÓ: UMA ANÁLISE DAS PEQUENAS CIDADES DÉBORA WEBER DE SOUZA

UNIÃO DOS VEREADORES DE PERNAMBUCO PREFEITA RAQUEL LYRA

Eixo Temático ET Gestão Ambiental ASPECTOS AMBIENTAIS URBANOS DAS METRÓPOLES BRASILEIRAS

A definição de áreas rurais no Brasil SUBSÍDIOS AO PLANO NACIONAL DE SANEAMENTO RURAL

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Palavras-Chave: Atividade Industrial, Humildes, Desenvolvimento, Urbanização.

AS FAVELAS. São uma das EXPRESSÕES MÁXIMAS DA POBREZA E DA DESIGUALDADE SOCIAL da nossa sociedade.

Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide - 5 de Abril de Actualidade da Economia Social nos Cuidados de Saúde

Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade NEPED/IFRN

SUMÁRIO. PALAVRAS DO EDITOR...01 Silvana Maria Pintaudi. APRESENTAÇÃO...02 Gloria da Anunciação Alves

A EXPANSÃO URBANA NA REGIÃO LESTE DA CIDADE DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA (SP) E A FORMAÇÃO DE NOVAS CENTRALIDADES

Modelo de ensino, aprendizagem e da formação por abordagem e competências José Carlos Paes de Almeida Filho 1 Marielly Faria 2

O Ministério Público no interface entre cidadania e justiça

D A P P R E P O R T 31 / 03 / O MOMENTO DORIA

VIOLÊNCIA, CRIME E JUSTIÇA NO BRASIL. Conexões de saberes/ UFAL Sociologia Cezar Augusto

Evolução da frota de automóveis e motos no Brasil

Eixo 3 Democratização do território e Inclusão Social

Processos de segregação Estigma e estima em jovens da periferia de Porto Alegre, Brasil. Luis Stephanou

1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE AMBIENTAL

Urbanização brasileira

Metrópoles latino-americanas: experiências e desafios

Possíveis caminhos para a descentralização em Moçambique. Fernando Luiz Abrucio Natalia N. Fingermann

XII ENANPUR Belém 21 a 25 de maio de 2007 Participação de pesquisadores da Rede Observatório das Metrópoles

Nome: Nº: Turma: Este caderno contém questões de: Português Matemática História Geografia Ciências - Inglês

LAR DA MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO MUNDIAL; PALCO DOS MAIORES CONFLITOS SOCIAIS; NECESSIDADE DE COMPREENDER, ANTEVER, PLANEJAR

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

O jovem, o crack e a escola: do ingresso no mundo das drogas à evasão escolar no município de Aparecida de Goiânia.

A VIOLÊNCIA COMO UMA CONSEQUENCIA DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO CAPITALISTA: UM ESTUDO DE CASO DO BAIRRO DE PEIXINHOS EM OLINDA - PE

A CONSTRUÇÃO DO MAPA DA POBREZA E DO MAPA DE OPORTUNIDADES E DE SERVIÇOS PÚBLICOS

GÊNERO E RAÇA NO ACESSO AOS CARGOS DE CHEFIA NO BRASIL 2007

Curso de Formação de Conselheiros em Direitos Humanos Abril Julho/2006

REUNIÕES DE MOBILIZAÇÃO PARA A REVISÃO DO PLANO DIRETOR DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Jovens de hoje e de antigamente: cidadania e sociabilidades

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DESIGUAL: A PROBLEMÁTICA DA VULNERABILIDADE SOCIAL ENTRE OS JOVENS DE SANTA CATARINA

UERJ ª Exame (Questões 46, 49, 51, 53, 55, 57, 58 e 59)

Capítulo 3 MOBILIDADE URBANA. Juciano Martins Rodrigues INTRODUÇÃO

LIDERANÇA é MARCA FORTE

ESPAÇO URBANO E ESPAÇO RURAL 20/05/ :00 2

REINVENTANDO O URBANO PRÁTICAS CULTURAIS NAS PERIFERIAS E DIREITO À CIDADE. Clarice de Assis Libânio. XV Seminario Internacional de la RII

Eixo II MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL, ENGAJAMENTO E CAPACITAÇÃO DA SOCIEDADE PARA O CONTROLE DA GESTÃO PÚBLICA

A CONSTRUÇÃO CONTEMPORÂNEA DO ESPAÇO DA DESIGUALDADE

Rio Grande do Norte. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Rio Grande do Norte (1991, 2000 e 2010)

Sergipe. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Sergipe (1991, 2000 e 2010)

ARCO METROPOLITANO. Segurança para o desenvolvimento da Baixada Fluminense. Gerência de Ambiente de Negócios e Infraestrutura. William Figueiredo

As sociabilidades virtuais glocalizadas na metrópole

Presidência da República CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL CDES. Relatório de Observação nº 5

"O MOMENTO DORIA" RELATÓRIO DE ANÁLISE ESTRATÉGICA DE REDES SOCIAIS

ARCO METROPOLITANO. Oportunidades e desafios para o desenvolvimento da Baixada Fluminense

SL-75. Instrumentos e políticas de mercantilização da propriedade versus a luta pelos direitos à cidade e à moradia: experiências em São Paulo, Rio

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ PR BRASIL. Ana Lúcia Rodrigues

Projeto "Movimentos Sociais e Esfera Pública

Instituições Participativas: da disseminação aos desafios a sua efetividade

PAIVA, Angela Randolpho; BURGOS, M. Baumann (Orgs.). A escola e a favela. Rio de Janeiro: Editora da PUC-Rio; Pallas, 2009.

O impacto da integração tarifária na mobilidade urbana da RMSP. Lucas Alonso 21ª AEAMESP SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA

Rondônia. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Rondônia (1991, 2000 e 2010)

Mato Grosso. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Mato Grosso (1991, 2000 e 2010)

Transcrição:

Cidadania na Metrópole Desigual: a cultura política na metrópole fluminense 1 Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro (IPPUR/UFRJ) Sérgio de Azevedo (UENF) Orlando Alves dos Santos Junior (IPPUR/UFRJ) Discutir a problemática da governança urbana do metrópole do Rio de Janeiro requer não apenas discutir as raízes das enormes desigualdades sociais e urbanas existentes nas suas cidades, mas também a cultura política que vigora na sua configuração socioespacial. A cidade do Rio de Janeiro apresenta traços de um espaço político pouco virtuoso no sentido da integração de todos os segmentos sociais à vida cívico-política da cidade. Vários analistas vêm apontando a existência de nítidas tendências à fragmentação institucional da metrópole, do que resulta uma dinâmica despolitizadora da gestão urbana, o que significa a predominância das formas privadas de realização dos interesses privados, sem qualquer mediação de esferas que possam publicizá-los e articulá-los aos interesses gerais da cidade. Este caráter restrito da esfera cívico-politico da metrópole é potencializado pela sua configuração territorial como conurbação de localidades sociais e políticas, conformando elites municipais que estabelecem relações de proteção e submissão com o centro de gravitação do poder urbano. Sinteticamente falando, parecem existir elementos estruturais e históricos nas dificuldades existentes para gerar uma dinâmica política virtuosa que permita a construção de um projeto urbano simultaneamente empreendedor das potencialidades e capaz de promover o bem-estar individual e coletivo na metrópole fluminense. Pretendemos neste artigo explorar a análise de alguns elementos vinculados à cultura cívica e política para contribuir na compreensão dos caminhos para a superação dessas dificuldades. O foco da análise está fundado nos dados do survey realizado na metrópole do Rio de Janeiro sobre o tema da cultura política e da cidadania. 1 Resumo expandido do artigo apresentado no 34º Encontro Anual da ANPOCS. 25 a 29 de outubro de 2010, Caxambu, MG. Edição 2010 1

No contexto da cidade escassa (Maria Alice Resende de Carvalho), a experiência social se organiza com base em intensa fragmentação de juízos, o que torna muito frágil até mesmo o reconhecimento da propriedade, já que ela nada mais é do que um acordo quanto a limites. A violência, assim, não é algo que possa ser isolado nos interstícios da ordem, pois é uma das formas atuais de organização da sociedade que, prevista nas teorias sobre a desobediência legítima, se nutre do retraimento do Estado e mobiliza a cidade para o que não deixa de ser uma forma de sedição. Nesse sentido, a evolução política carioca e o padrão de ética social que deriva dela podem ser apresentados como uma história de variados tipos de nexo entre indivíduos e grupos selecionados e a esfera estatal que, embora mais recentemente tenha propiciado alguma integração social, não inscreveu a política representativa como a arena privilegiada para a resolução de demandas. O resultado desse processo se traduz, hoje, em duas práticas facilmente identificáveis: de um lado, a apatia da sociedade em relação ao mundo público, de outro, no comportamento da parcela mais pobre da população, que espera ser capturada pela malha do clientelismo urbano, agora exercido não apenas pelos seus agentes tradicionais, mas também por segmentos da burocracia estatal, igrejas e organizações não-governamentais, cuja ação, em meio à carência, tende a confirmar estratégias de racionalidade perversa, orientadas para a persistência desses vínculos de clientela. Além disso é notória a facilidade com que o crime organizado tem se apropriado dessa função, mobilizando, em grau crescente, recursos e pessoas para esse fim. Desagregamos a análise dos indicadores em três áreas, obedecendo aos seguintes critérios: a) estrutura social; b) formas de ocupação e uso do solo e de produção da moradia; c) concentração do bem-estar social Urbano; b) conexões com as áreas centrais e d) dimensões políticas. A aplicação destes critérios resultou na identificação das seguintes áreas: (i) Núcleo / Zona Sul ampliada; (ii) Subúrbios; e (iii) Periferia / Baixada Fluminense. Escolhemos examinar os indicadores sobre três temas: a) Disposições dos Indivíduos para o engajamento na vida política e b) as formas de exercício da cidadania. 2

Algumas observações sobre esses indicadores nos parecem importantes. A primeira refere-se às desigualdades do papel da escola na formação da percepção das atitudes dos adultos perante a política. No núcleo metropolitano, as pessoas são preparadas mais intensamente do que na periferia para o engajamento na vida política, adquirindo o que poderíamos talvez denominar do capital político traduzido em disposições internalizadas que valorizam esta esfera da vida social. As desigualdades sócio-territoriais quanto o acesso ao sistema de escolarização se traduz em desigualdades da cultura política, e podemos pressupor que desencadeie um círculo virtuso, ou seja, melhores escolas, maior predisposição para o engajamento político e acesso a melhores escolas. Mas a socialização para a política acontece também em outros momentos do ciclo vital e por outras esferas. Os indicadores mostram diferenças também sempre favoráveis aos moradores do núcleo metropolitano e, sobretudo, que a socialização secundária no conjunto metropolitano ocorre de maneira mais intensa nos círculos da sociabilidade mais pessoal da família, dos amigos, em contraposição ao que acontece nas esferas mais amplas do trabalho e da vida associativa. Certamente, esta constatação decorre da estreiteza das instituições da vida associativa e cívica na região metropolitana do Rio de Janeiro, como já revelado outras pesquisas como as realizadas pelo IBGE em 1996 e 1988. A maior disposição ao engajamento da vida política dos moradores do núcleo metropolitano se completa com a análise dos diferenciais do indicador de exposição à mídia informativa. Os indicadores mostram os diferenciais do nível de informação, sendo que, como era esperarado, a diferença é maior quanto à exposição às informações que circulam pela internet. Por fim, observamos que a maior pré-disposição dos moradores do núcleo para a vida política se expressa de maneira mãos sintética nos valores e crenças evidenciados pela pesquisa quanto à democracia. Na análise, chama atenção alguns pontos. O primeiro refere-se ao fato da população do núcleo ser mais associada. Portanto, ela dispõe de maiores parcelas do capital social convencional, aquele que depende de maior e mais duradouro engajamento na vida cívica da sociedade. Tal fato tem repercussões políticas, pois esta forma de capital social é mais 3

gerador de ações coletivas. Portanto, esta parte do espaço da metrópole concentra uma população com maior capacidade de aglutinar forças para as demandas de natureza distributiva. Não é sem razão que sabemos que nesta parte da metrópole tende a concentrar-se maiores parcelas dos investimentos urbanos. Neste sentido, esta maior parcela de capital social convencional acumulado no núcleo tende manter a reproduzir as desigualdades sociais no que concerne ao bem-estar urbano. Como uma forma de capital cívico leva a outra, esta parte da população do núcleo é mais mobilizada, possuindo, portanto, também outra forma de capital, ou seja, aquele tipo de capital menos fundado em ações de maior e mais duradouro capital social, mas também nos de tipo bridging ou bindig. São pessoas e grupos sociais com maior auto-mobilização, geradora de uma cidadania mais ativa. Estes fatos são coerentes com o mapa social da metrópole. O núcleo da metrópole fluminense, com efeito, concentra de maneira forte as camadas médias profissionais de nível de superior, via de regra trabalhadores intelectuais com maior presença nas formas associativas política (partido) e profissional (sindicato), como já mostraram outras pesquisas do IBGE e da Rede Observatório das Metrópoles. Ao mesmo tempo, por serem segmentos que detêm maior parcela do capital cultural têm maior capacidade de auto-mobilização. Quando olhamos o quadro que nos apresenta as variáveis preditoras do associtivismo percebemos que a mobilização contribui fortemente na geração do capital social convencional, mais tal fato tem maior expressão no núcleo do que nos subúrbios e na periferia metropolitana. Não é sem razão que os acontecimentos políticos de expressão na escala metropolitana e mesmo nacional acontecem nesta parte da cidade. É a tradução da deste poder social territorializado em capacidade convocatória da sociedade. Francisco de Oliveira escreveu no passado que o urbano no Brasil era as classes médias, sua capacidade de definir as necessidades urbanas, as prioridades e as formas de atendimento pelas políticas públicas. Ou seja, o poder de segregação gerar a segregação do poder. 4

O segundo ponto a assinalar é que os grupos associados e mobilizados no núcleo se distinguem dos moradores dos subúrbios e da periferia. Estes dois tendem a ser estaticamente iguais e diferentes dos moradores do núcleo. 5