Resíduos de Serviços de Saúde MANUAL DE ORIENTAÇÃO Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos do Complexo Faculdade de Medicina de Botucatu Botucatu - 2007 1 a Edição RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE Resíduos sólidos de serviços de saúde (RSSS) são detritos gerados nos estabelecimentos de saúde durante a prestação de serviços assistenciais e de diagnóstico, podendo tornar-se risco à saúde, devido às suas características. É formado em sua maioria por seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas, cateteres e demais materiais descartáveis. Esse lixo representa um grande perigo à saúde, uma vez que pode estar contaminado com microorganismos causadores de doenças. O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos planejados e implementados, a partir de bases científicas, técnicas, normativas e legais. (RDC N o 306, de 7 de dezembro de 2004 e Resolução CONAMA N o 358/2005). OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE RSS Minimizar a produção de resíduos, proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, de formas eficientes, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. 1
Criar uma cultura organizacional de segurança e de não desperdício. Portanto, estas orientações visam melhorar os aspectos referentes ao gerenciamento interno dos resíduos, com uma metodologia eficiente. ETAPAS DO PGRSSS 1-SEGREGAÇÃO: Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos. 2-ACONDICIONAMENTO: Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduos. 3-IDENTIFICAÇÃO: Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos em sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSSS. 4-TRANSPORTE INTERNO: Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até o local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo de apresentação para a coleta. 5-ARMAZENAMENTO: Consiste na guarda dos recipientes contendo os resíduos acondicionados. 6-TRATAMENTO: Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de danos ao meio ambiente. Esse tratamento pode ser realizado através da esterilização, desinfecção ou incineração. 2
7-COLETA E TRANSPORTE EXTERNO: Consistem na remoção dos RSSS do armazenamento até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana. 8-DISPOSIÇÃO FINAL: Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para receber esses, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA n.237/97. MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA O pessoal envolvido diretamente com o gerenciamento de resíduos deve ser mantido sob educação continuada para as atividades de manejo de resíduos. Essa capacitação deve abordar a importância da utilização dos EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) e das MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA. Os trabalhadores devem ser imunizados em conformidade com o Programa Nacional de Imunização-(PNI) e realizar controle laboratorial sorológico para avaliação da resposta imunológica, bem como serem submetidos a exame médico admissional e periódico. OBS: O PGRSS a ser elaborado deve ser compatível com as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final de resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos responsáveis pelas etapas citadas. 3
CLASSIFICAÇÃO E DOS RESÍDUOS Grupo A Resíduos com possível presença de agentes biológicos A1 - Culturas e estoques de microorganismos; vacinas de microorganismos vivos ou atenuados; resíduos de atenção à saúde humana e animal com suspeita ou certeza de contaminação Classe de Risco 4 (elevada periculosidade para o ser humano); bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes, sobras de laboratórios com sangue ou líquidos corpóreos. A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais inoculados com microorganismo sem agentes Classe 4. A3 - Peças anatômicas humanas (membros) e produtos de fecundação sem sinais vitais menor que: 500 gramas, 25 cm e 20 semanas gestacionais. GRUPO E Resíduo Perfuro -cortante A4 - Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; sobras de amostras de laboratórios contendo fezes, urina e secreções, sem agentes Classe de Risco 4; peças anatômicas e resíduos de procedimentos cirúrgicos e outros resíduos sem inoculação de microorganismos. A5 - Órgãos, tecidos, fluídos orgânicos e materiais perfurocortantes, entre outros, com suspeita ou certeza de contaminação por príons. GRUPO A RESÍDUOS BIOLÓGICOS TIPO DE RESÍDUO RESULTANTES DA ASSISTÊNCIA A PACIENTES Luvas, gazes, curativos, sondas, drenos, abaixador de língua, bolsas, fraldas, papel higiênico, equipamentos contaminados, seringas sem agulhas e contaminadas, avental e sapatilhas. GRUPO A RESÍDUOS BIOLÓGICOS SANGUE E HEMODERIVADOS Bolsas e equipos de sangue após transfusão. Bolsas de sangue com prazo vencido e/ou sorologia positiva Descartar em saco branco Se não autoclavar, descartar em saco branco. Autoclavar, descartar em saco preto. 4
CIRÚRGICO, ANÁTOMO PATOLÓGICO GRUPO A RESÍDUOS BIOLÓGICOS imagem; amálgama; pilhas; baterias; óleo lubrificante e outros produtos perigosos. Peças anatômicas e tecidos humanos resultantes de cirurgia ou experimentos: órgãos, fetos e resíduos contaminados. Descartar em saco branco duplo DROGAS QUIMIOTERÁPICAS E RESÍDUOS QUÍMICOS GRUPO B RESÍDUOS QUÍMICOS RESULTANTE DE ANÁLISE LABORATORIAL Sangue total ou soro em tubos de ensaio Líquidos biológicos. Secreções, excreções e meios de cultura após análise laboratorial. Urina e fezes GRUPO A RESÍDUOS BIOLÓGICOS Autoclavar Autoclavar Autoclavar e descartar em saco preto Vaso sanitário Medicamentos vencidos Ampolas e frascos ampola abertos Drogas quimioterápicas e produtos por ela contaminados. Resíduos químicos e perigosos Encaminhar à seção de farmácia Descartar em caixa própria para material pérfuro cortante Descartar em recipiente próprio e encaminhar para incineração. Rejeitos ácidos e básicos neutralizar/água corrente Rejeitos metais pesados e insolúveis em água frasco de rosca, identificado. Grupo B Resíduos contendo substâncias químicas Produtos hormonais; antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; antiretrovirais; imunossupressores; Rejeitos inflamáveis, corrosivos, explosivos, armazenar em galões identificados com o símbolo de material perigoso e em área restrita. imunomoduladores e digitálicos. Saneantes; desinfetantes; germicidas; solventes; mercúrio de termômetro; ácido crômico; efluentes de processadores de 5
Grupo C Resíduos que contenham radionuclídeos Rejeitos sólidos ou líquidos provenientes de laboratórios de análises clínicas; serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a Resolução CNEN 6.05. Grupo E Materiais pérfuro-cortantes ou escarificantes Lâminas de barbear; agulhas; ampolas de vidro; lâminas de bisturi; brocas; escalpes; utensílios; vidros quebrados e similares. GRUPO C RESÍDUOS RADIOATIVOS TIPO DE RESÍDUO GRUPO E - PÉRFURO-CORTANTES SCARTE Containeres de Chumbo até Resíduos Radioativos decaimento Grupo D Resíduo Comum: sem risco biológico, químico ou radioativo Resíduos provenientes de áreas administrativas (escritórios), de limpeza de jardins; restos alimentares de refeitórios e de pacientes; fraldas e papel de uso sanitário; GRUPO D - RESÍDUO COMUM TIPO DE RESÍDUO TIPO DE RESÍDUO Ampolas, escalpes, agulhas, seringas com agulhas, vidros quebrados, lâminas, ponteiras. Agulhas do sistema a vácuo. Frasco ampola e vidros em geral. Recipiente próprio para material pérfuro-cortante. Recipiente específico para agulha do sistema a vácuo. Caixas de papelão forrados com saco plástico branco e acondicionados em saco branco. Embalagens, latas, plásticos, papel toalha, papelão, papel higiênico de uso público. Seringas sem agulha não contaminadas Papel em geral Saco plástico preto Saco plástico preto Recipiente próprio para reciclagem 6
COLETA SELETIVA O que é coleta seletiva? É um sistema de recolhimento de materiais recicláveis previamente separados e encaminhados para o beneficiamento, para que estes possam ser reutilizados ou reciclados. A reciclagem é a transformação de um material, que tem sua primeira utilidade terminada em outra, sendo a coleta seletiva de lixo sua maior aliada. Quais são seus benefícios? Minimizar a quantidade de resíduos destinados ao tratamento, coleta e destino final e assim aumentar a vida útil dos aterros sanitários, minimizar a utilização de matéria prima, incentivar o crescimento das indústrias de reciclados, preservar os recursos naturais e economizar energia na produção de materiais novos. Como é feita a coleta? O material a ser descartado é colocado em lixeira específica e recolhido posteriormente pelos responsáveis pela coleta. Para facilitar o descarte, as lixeiras são diferenciadas por cores: Azul para papeis, vermelho para plásticos, verde para vidros e amarelo para metais. Siga os 3 Rs! Os 3 Rs se referem as palavras-chave para a boa utilização do material: Reduzir: É possível reduzir o material descartado revisando seus hábitos de consumo e repensando na necessidade da sua utilização ou descarte. Reutilizar: Muitos materiais podem ser reaproveitados, mesmo com outra função, sem passar pela reciclagem. Reciclar: Transformar materiais já usados, por processo artesanal ou industrial, em novos produtos. Lixo no local de trabalho A maioria das atitudes referentes a conscientização ecológica e reciclagem podem ser tomadas não só dentro de casa, como também em seu local de trabalho. Já parou pra pensar, por exemplo, em quanto papel é desperdiçado em seu serviço por não ser reciclado? 7
O que reciclar? O que NÃO reciclar? PAPEL -Folhas de caderno -Papéis sujos /engordurados -Fotocópias -Papéis metalizados ou -Revistas -Envelopes -Cartazes e folhetos -Papelões -Papel toalha parafinados -Papéis plastificados -Etiquetas e fitas adesivas -Papéis de fax -Cigarros -Papel carbono PLÁSTICO -Copos descartáveis -Sacos plásticos -Garrafas Pet -CDs -Tomadas -Embalagens de biscoito -Plásticos metalizados -Acrílico -Disquetes -Embalagens de margarina e material de limpeza VIDRO -Garrafas -Frascos -Copos -Espelhos/ Lâmpadas -Pirex, Cristais -Cerâmicas e porcelana -Tubos de TV e computadores -Ampolas de remédios METAL -Latas em geral -Clips /Grampos -Tampinhas de garrafa -Esponja de aço -Alumínio -Taxinhas Atenção! Dentro do hospital, alguns materiais recebem um descarte especial e tem como destino a incineração ao invés do aterro ou da reciclagem. O lixo infectante, ou seja, material que pode estar contaminado após o uso; como luvas e curativos, deve ser descartado nas lixeiras de sacos brancos. Já os materiais perfuro-cortantes como agulhas, frascos de ampola, bisturis e lancetas, devem ser depositados nas caixas de descarte logo após o uso. Esse tipo de material não deve ser reciclado nem descartado em sacos comuns; isso evita acidentes e diminui os riscos para o profissional e os usuários do serviço de saúde. 8
REALIZAÇÃO: FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Faculdade de Medicina de Botucatu e Hospital das Clínicas da UNESP Presidente: Profa. Maria José Trevizani Nitsche Colaborações: Ana Carolina Gomes Martins e Natália Leite Rosa Mori Alunas do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de Botucatu Prof a Sandra Regina Leite Rosa Olbrich Depto de Enfermagem FMB-Unesp 9