ASPECTOS QUE NORTEIAM A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE NA ERA DA SOCIEDADE DIGITAL

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ASPECTOS QUE NORTEIAM A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE NA ERA DA SOCIEDADE DIGITAL ANA LÍDIA CAMPOS SALES* (anasales@gmail.com) LÍDIA BRANDÃO TOUTAIN** (lbrandao@ufba.br) Na Era da Sociedade Digital a Internet é um grande formador de opinião e, depois da televisão, a fonte de informação mais procurada pelo grande público. Em meio a toda esta evolução das novas tecnologias da informação, a área de saúde obteve um desenvolvimento tecnológico e científico surpreendente. Há um crescente número de páginas eletrônicas direcionadas a profissionais, pesquisadores, estudantes, pacientes e leigos. Este estudo foi realizado com o objetivo de analisar experiências nacionais e internacionais que buscam estabelecer critérios de avaliação da qualidade da informação em saúde disponível na World Wide Web. Foram descritos critérios de avaliação da qualidade da informação desenvolvidos pela Agency of Health Care Policy and Research (AHCPR), no Health Information Technology Institute (Hiti), que são utilizados também por instituições Européias e brasileiras. E no Brasil foram descritas recomendações de ética médica e a tentativa de estabelecimento de critérios nacionais para publicações de informação de saúde na Internet, feitas através de Órgãos de classe como os Conselhos Federais e Estaduais de Medicina e da Associação Brasileira de Medicina. Palavras-chave: Qualidade da Informação; Informação em saúde; Internet * * Bibliotecária, Mestranda em Ciência da Informação (ICI/UFBA), Universidade Federal da Bahia ** Doutora em Filosofia pela Universidad de León

INTRODUÇÃO A informação, segundo Le Coadic (2004), é um conhecimento inscrito, registrado sob a forma escrita, impressa ou digital, oral ou audiovisual e contém um significado que é transmitido por meio de mensagem inscrita em um suporte espacialtemporal. Os computadores trabalham processando dados que serão transformados pelo homem em informações e conhecimento, que por sua vez, aparecem em um determinado contexto, com um significado e uma interpretação. Segundo Davenport (1998), na tentativa de gerenciar melhor as informações, os profissionais de tecnologia da informação acabaram por dar maior valor às máquinas do que ao capital humano. Com isso ocorreu um grande crescimento do uso de tecnologia e do armazenamento de dados que nem sempre atendiam aos propósitos aos quais foram solicitados. O ambiente informacional tornou-se complexo, sobretudo em termos do grau de satisfação da informação em si e dos problemas novos inerentes à sua natureza e dos seus substratos, tais como a forte agregação de adicionais tecnológicos, da hipertextualidade e da mutabilidade e imaterialidade proporcionadas pelas redes eletrônicas. (SAYÃO, [199-]). Na sociedade da informação a cada dia agregam-se novas páginas na web de caráter individual, de associações, de grupos, de instituições privadas, governamentais e outras de maneira acelerada e irrestrita, acarretando um desenvolvimento não-ordenado e não planejado de páginas da Web, com todo tipo de informação. (LOPES, 2004). Apesar dessa avalanche de novas páginas devido ao volume exponencial crescente de informações veiculadas na internet, a qualidade da informação é um dos aspectos que devem ser considerados, uma vez que não há monitoramento nem controle sobre o que é publicado. Nos portais de busca, o resultado de uma pesquisa sobre determinado assunto na área de saúde, realizada por uma pessoa não treinada, geralmente apresenta inconsistências médicas, e informações divergentes para o mesmo tratamento. Existe uma necessidade real de se verificar a qualidade de informação em saúde na Web para o público leigo. A SOCIEDADE DIGITAL E BUSCA DA INFORMAÇÃO NA INTERNET Na Sociedade Digital todos os dias milhões de pessoas usam seus computadores para acessar informações na Internet. A informação pode aparecer em formatos digitais

variados, como texto, imagens, aúdio ou vídeo. Indivíduos, companhias, laboratórios de pesquisa, bibliotecas, novas organizações, redes de televisão, e governos tornam disponíveis seus recursos. As pessoas se comunicam umas com as outras usando o correio eletrônico; dividem informações, fazem comércio e transações empresariais. Todas essas atividades são possíveis porque milhões de teias estão conectadas na Internet trocando informações no mesmo ambiente. Com o surgimento da Internet e o uso cada vez mais freqüente de tecnologias como instrumento de busca de informações de maneira mais ágil e rápida, passou-se a acreditar que tudo o que se necessite é possível de ser encontrado na Rede mundial de computadores. O número de pessoas que acessam a rede a procura dos mais diversos assuntos e serviços aumenta a cada dia. Estima-se que o número de acessos a Internet cresceu de 12,6 milhões em 1995 para 6,4 bilhões em 2005. Com a explosão do acesso, cresce também a demanda por informação, especialmente informação da área de saúde. (INTERNET, 2005). Uma parcela dos usuários crê que qualquer informação solicitada será imediatamente atendida de maneira rápida e que, em um passe de mágica, toda a sua demanda por informação estará saciada a partir de uma simples manipulação de teclas e mouse. A prática, no entanto, nos revela uma grande dificuldade na obtenção de informações que possam ser consideradas confiáveis e sem riscos de serem meramente reproduções e colagens de outras páginas, delírios de internautas que se considerem gênios, ou até de adolescentes que por terem um maior conhecimento e acesso às tecnologias e linguagens utilizadas na rede publicam páginas com os mais variados assuntos e muitas vezes destituídas de qualquer conteúdo confiável. De fato, na web podem ser encontradas as mais diversas informações e serviços. É possível trocar informações, comprar produtos, solicitar serviços, ler artigos, consultar catálogos, bibliotecas e classificados, encontrar pessoas, criar comunidades, escrever diários, navegar por museus e visitar cidades. Na rede é encontrado um grande número de informações científicas. Normalmente estas informações são consideradas mais confiáveis, quando são divulgadas e publicadas por grupos, instituições, universidades e agências governamentais, o que, em tese, garantiria a qualidade da informação. A produção científica na área de saúde atinge níveis de desenvolvimento e agilidade surpreendentes. Para isso basta vermos a imensa quantidade de material que publica-se diariamente, o número crescente de novos periódicos científicos e a grande

quantidade de bancos de dados relacionados à área tais como MEDLINE, CINHAL, PSYLIST, EMBASE, LILACS, PEDro, e etc. Quando falamos em produção científica na área de saúde estamos falando da informação que é difundida nos mais diversos suportes e nas mais variadas vertentes. As informações na área de saúde são destinadas a estudantes, profissionais, pesquisadores e pacientes. Os periódicos científicos desta área são os maiores responsáveis pela divulgação de informações mais atualizadas e consumidas por especialistas. Com o fenômeno da Internet os artigos científicos são publicados, e ao mesmo tempo disponibilizados na rede. E embora muitas informações sejam gratuitas, a maioria é disponibilizada para o usuário mediante o pagamento de uma assinatura que dá direito ao material através de impressão ou do envio de artigo pelo correio convencional. Porém quando se trata de informação em saúde dirigida ao público leigo, esses requisitos rígidos de controle para publicação praticamente desaparecem. São comuns páginas relacionadas a uma ou algumas patologias publicadas por portadores da doença, laboratórios farmacêuticos, estudantes do ensino médio, cursos pré-vestibulares, estudantes universitários, sites governamentais, centros holísticos, laboratórios de análises clínicas, fabricantes de equipamentos hospitalares etc. Por sua importância, informações de saúde deveriam ser baseadas em excelente documentação e em completas e rigorosas bibliografias. Entretanto e infelizmente a Internet também faz propaganda de produtos, divulga boatos médicos e os mais sofisticados pseudo-científicos artigos. Isto faz com que seja extremamente difícil para o usuário determinar qual informação é útil e confiável, como ela pode ser avaliada, criticada, ou verificada, quando deve ser ignorada, rejeitada, ou apagada; quando deve ser lida, impressa, salva, ou transferida. Acontece que com uso das ferramentas de buscas disponíveis na Web, o usuário leigo que busca uma informação na área de saúde tem como resposta a suas pesquisas milhares de sites, e não é possível avaliar a qualidade da informação desse resultado sem ter um conhecimento adequado sobre como fazê-lo. Segundo Sabbatini(2004) apud Kenski(2004), o uso de sites de busca pelo público leigo em busca de informações revolucionou a relação entre médico e paciente. Muitas pessoas passaram a discutir os pareceres depois de se informar sobre a doença na internet. A partir desse contexto e da velocidade imposta pela vida contemporânea, tornase cada vez mais importante a criação e a adoção de mecanismos que permitam ao

usuário ter garantias, mínimas que sejam, da veracidade, qualidade e importância das informações disponibilizadas na rede. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO NA WEB Na própria Internet existem mecanismos que permitem avaliar a qualidade das informações disponíveis. Estes critérios podem ser aplicados a sites de uma maneira geral ou podem ser aplicados na área de saúde, levando em conta alguns dados que são pertinentes à área. Como critérios gerais que podem observados para avaliar a qualidade da informação na Web, podemos citar os seguintes: Conteúdo e avaliação (escopo do site), onde são levados em consideração aspectos tais como público-alvo; a proposta do site e quais são os itens de seu conteúdo; outros recursos como (impressão ou não) disponíveis; se o site é único, e oferece informação que não está disponível em outro lugar ou a informação também pode estar disponível na forma impressa, bem organizada e mais fácil de ler em outro suporte; se combina informação educacional e pesquisa com produtos serviços de marketing; e se é compreensível. Fonte, onde deverão ser verificados, quem é o autor ou produtor; se o site é oficial ou não-oficial; se o suporte é feito por grupos, organizações, instituições, agências governamentais universidades ou por uma única pessoa; quando o site foi produzido; quando o site foi montado; e se os pesquisadores, estudantes, organizadores, instituições, corporações, etc. listados como autores podem ser verificados quanto às suas qualificações. Fluxo da informação, onde se verifica se a informação é revisada e atualizada regularmente; se há artigos individuais assinados e datados; se está claro o significado das datas que aparecem nas páginas, elas podem significar quando a informação foi escrita pela primeira vez, quando foi inclusa no site e quando foi a última revisão; e se os links externos são freqüentemente revisados. Estrutura, nesse item deve ser observado se o site possui uma boa apresentação gráfica; se o site tem uma interface amigável; se os desenhos gráficos servem a uma função ou são meramente decorativos; se o site oferece estratégia de busca local; se os ícones que estão nele contidos representam claramente o que está pretendido; se o texto segue as regras de pontuação, redação, gramática e ortografia; e se são utilizadas cores para enfatizar o site e fazer com que a navegação seja mais agradável.

Outros, aqui devem ser observados se a interatividade disponível é apropriada; se na necessidade de enviar informação confidencial, o site é seguro; se o usuário tem que pagar pela informação contida no site, ou se toda informação está disponível gratuitamente; se há opções para exibição de somente texto, não exibição de frames, pop-ups ou tabelas no site; se o site é alimentado por pesquisadores ligados a área ou por pessoas sem nenhum conhecimento mais aprofundado na área; se há nomes dos indivíduos e e-mails para que se possa fazer perguntas e esclarecer dúvidas sobre determinado assunto; e se oferece a opção de busca Boolena, ou seja o uso das expressões AND, OR ou NOT. Marchand (1990) estabelece como critérios para definir a qualidade da informação os seguintes pontos de vista: da transcendência, do usuário, do seu produto, da sua produção e do seu valor. Dessa forma a partir do ponto de vista da transcendência, a informação seria absoluta e universalmente reconhecida; do ponto de vista dos usuários, estaria relacionada com as necessidades informacionais de cada indivíduo; do ponto de vista do seu produto, a qualidade da informação ocorreria em termos precisos e identificáveis relacionados com as características dos próprios produtos de informação, e na abordagem do ponto de vista baseado na produção, a qualidade da informação seria definida em termos de conformidade com as exigências, e baseada em conceitos de uso, redução de ruído, adaptabilidade, economia de tempo e custo e pela própria qualidade da informação. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE NA WEB No âmbito formal de publicações em informações em saúde, algumas instituições e autores já propuseram alguns modelos, indicadores, critérios e filtros para avaliação da qualidade da informação da Web. A Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR, 2004) do Health Information Technology Institute (Hiti), estabelece como critérios para avaliar a qualidade da informação em saúde na Web as seguintes categorias: credibilidade, apresentação formal do site, links, design, interatividade e anúncios. Para a determinação da credibilidade da informação são observados os seguintes elementos: a fonte de informação médica, com a visualização da logomarca e do nome da instituição e do responsável pela informação, bem como seu nome e titulação. Para

esse critério deve-se considerar também atualidade da informação, relevância e revisão dos textos disponibilizados. Quanto ao critério conteúdo, deverão ser avaliados precisão e acurácia da informação, hierarquia de evidencia, quadros de avisos com descrição das limitações, objetivos, cobertura, autoridade e atualidade da informação. São necessárias também a precisão das fontes e a completeza da informação, tanto que resultados negativos e declarações sobre o assunto devem ser inclusos para assegurar a completeza das informações. No fator apresentação formal do site, deve-se observar o objetivo e o perfil a que se pretende. Quanto aos links os indicadores de qualidade são seleção, arquitetura, conteúdo e links de retorno. No critério design, os indicadores são acessibilidade, navegabilidade e mecanismos de busca interno. Quanto à interatividade devemos avaliar os mecanismos de retorno da informação, fórum de discussão e explicitação de algoritmos. E referente ao critério anúncios, deverão ser avaliados os alertas. Além do Health Information Technology Institute (Hiti), outras instituições em diversas partes do mundo estão interessadas na questão da qualidade da informação e existem grupos de estudos sobre o assunto da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, do Centro Hospitalar da Universidade de Rouen na França, do Health on the Net Foundation, na Suiça e o projeto DISCERN, da Universidade de Oxford no Reino Unido. Em Genebra, na Suíça a Health On the Net(HON) Foundation, confere o selo de certificação de qualidade para páginas da Web, desde que elas atendam aos princípios básicos que são definidos pelo Código de Conduta (HONCode) para páginas em saúde e medicina e estes princípios são: autoridade, complementariedade, confidencialidade, atribuições, justificativas, transparência na propriedade, transparência do patrocínio e honestidade da publicação e da política editorial. No Reino Unido e na França, aliado a iniciativas de estabelecimento de critérios nacionais, são utilizados os critérios do Hiti. No Brasil o Conselho Federal de Medicina, os Conselhos médicos regionais e a Associação Médica Brasileira, que são instituições que regulam a ética médica, tentam implementar condutas que regulamentem as informações divulgadas na Web. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) apresentou um conjunto de critérios para uso de informação médica nas páginas de Internet que inclui: transparência, honestidade, qualidade, consentimento livre e esclarecido, privacidade,

ética médica e responsabilidade e procedência, além de alguns aspectos semelhantes aos critérios do Hiti e da HON Foundation. Quanto à qualidade das informações o Cremesp (2005) diz que: A informação em saúde apresentada na Internet deve ser exata, atualizada, de fácil entendimento, em linguagem objetiva e cientificamente fundamentada. No entanto estes critérios ainda não são adotados como padrão no país. CONCLUSÃO Na Sociedade Digital, a cada dia que passa o usuário se torna mais exigente em relação à sua demanda informacional. Devemos observar os critérios recomendados para avaliar a produção de conhecimento na rede e conseqüentemente a utilização da informação. A produção científica na área de saúde obedece a critérios muito rigorosos de publicação tradicional,através dos periódicos científicos. Existem várias iniciativas nacionais e internacionais, de se estabelecer um padrão ou certificação para publicação de informações em saúde na Web. Entretanto estes critérios de avaliação da qualidade não são uniformes e ainda não há um consenso para uma padronização e utilização em todos os continentes. Seria recomendável que os critérios de avaliação da qualidade da informação em saúde descritos neste estudo fossem adotados e utilizados de forma sistemática para garantir ao usuário maior segurança e qualidade na sua busca.

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