Módulo 9 Análises de Curto e Longo Prazo Análise de Curto Prazo

Documentos relacionados
7 Custos de Produção CONTRATO PEDAGÓGICO/PLANO DE ENSINO

Unidade II. Para analisar o comportamento da demanda e da oferta, partiremos de alguns pressupostos básicos estabelecidos pela microeconomia.

PRODUÇÃO. Introdução a Economia

os custos totais são determinados pela soma entre os custos variáveis e os custos fixos.

Teoria da firma: produção e custos de. produção. Técnico em Logística. 05_Sistemas Econômicos_Teoria da Produção e Custos

Universidade Federal de Campina Grande Centro de ciências e Tecnologia Agroalimentar UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AMBIENTAL (UACTA)

Produção Parte Produção com Dois Insumos Variáveis 4. Rendimentos de Escala

TEORIA DA FIRMA PRODUÇÃO E CUSTOS

EXERCICIOS SOBRE: TEORIA DO PRODUTOR VIII Teoria da produção (analise em período curto)

Módulo 8 Teoria da Produção

TP007 Microeconomia 07/10/2009 AULA 13 Bibliografia: PINDYCK - CAPÍTULO 6

Economi m a i de d e em e pr m e pr s e as Teoria da Firma

Podemos ter rendimentos crescentes, decrescentes ou constantes de escala.

Capítulo 6. Produção 25/09/2015. As decisões empresariais sobre a produção. As empresas e suas decisões de produção

MICROECONOMIA MICRO PARA ADM*

Fundamentos de Economia

Produção e o Custo da Empresa. Conceitos básicos; Função de produção; Lei dos rendimentos decrescentes; Equilíbrio da firma; Custos de Produção.

PROCESSO DE ANÁLISE DA PRODUÇÃO: UM RESUMO SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA ECONÔMICA BÁSICA.

Oferta (Cap. 8) 2º SEMESTRE 2011

LES 101 Introdução à Economia

Custos de Produção. Copyright 2004 South-Western

Introdução à Microeconomia

Aula 15 Teoria da Produção 19/04/2010 Bibliografia: Vasconcellos (2006) Cap. 6, Mankiw (2007) Cap. 13. Texto: Eu vos declaro marido e mulheres

Unidades II ECONOMIA E MERCADO. Profa. Lérida Malagueta

Introdução à Microeconomia

Custos de produção. Roberto Guena. 18dejunhode2010 USP. Roberto Guena (USP) Custos 18 de junho de / 1

Microeconomia. UNIDADE 5 Aula 5.1

Aula IE. Prof. Eziquiel Guerreiro. Teoria da Firma 94

Definir e explicar as variáveis utilizadas para medir custos em economia e a relação presente entre elas, bem como seus usos e importância.

Universidade Federal de Roraima Departamento de Economia

5 Funções de produção na agricultura irrigada

Capítulo 4 Teoria da Produção

Lista 6 Gabarito. Capítulo 7. canto, onde L = 4 e K = 0. Nesse ponto, o custo total é $88. Isoquanta para Q = 1

Parte III: Construindo a Curva de Oferta. Marta Lemme - IE/UFRJ

RECURSOS NATURAIS. Recursos renováveis correspondem à utilização de recursos não esgotáveis. Recursos não renováveis

Microeconomia. 3. Produção: decisões de curto e de longo prazo; desenvolvimento tecnológico. Francisco Lima

L Q PMe L PMg L / / / / / /7-2

Vamos desenvolver a teoria de comportamento do produtor ou teoria da firma por um outro caminho, considerando os custos de produção e a receita da

Produção: decisões de curto e de longo prazo

MICROECONOMIA Resolução

Parte II Teoria da Firma

Fundamentos de Microeconomia

ECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES EXERCÍCIOS DE PROVAS ANTERIORES TMST L.

Parte III: Construindo a Curva de Oferta. Marta Lemme - IE/UFRJ

Microeconomia - Prof. Ms. Marco A. Arbex

2012 Copyright. Curso Agora Eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. Fiscal Economia do Trabalho Demanda e Oferta por Mão de Obra Fábio Lobo

TEORIA DA PRODUÇÃO E DOS CUSTOS

GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS CIESA 2015 IV BIMESTRE

Microeconomia. UNIDADE 7 Aula 6.1

Curvas de Custos. Varian - Cap. 21

Módulo 7 Demanda, Oferta e Equilíbrio de mercado

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA. Microeconomia

Parte II Teoria da Firma

Economia da Produção. Livro: Pindyck e Rubinfeld, cap 6 (8ed, Pearson Education, 2013) e Mankiw cap 13

Microeconomia. 3. Produção: decisões de curto e de longo prazo; desenvolvimento tecnológico. Francisco Lima

Economia da Produção. Livro: Pindyck e Rubinfeld, cap 6 (8ed, Pearson Education, 2013) e Mankiw cap 13

Economia. A Teoria da Produção e dos Custos de Produção. Capítulo 9. 4º Semestre. CARLOS NOÉME

Profa. Luciana Rosa de Souza

Pós-Economia Custos Prof - Isnard Martins

MICROECONOMIA II ( ) João Correia da Silva

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO CURSO DE MARKETING

Modelos de determinação da renda: o Modelo Clássico

Microeconomia. 3. Produção: decisões de curto e de longo prazo; desenvolvimento tecnológico. Francisco Lima

Parte III: Construindo a Curva de Oferta. Marta Lemme - IE/UFRJ

Exame Setembro 2004 Produção e Custos

Capítulo 8. Maximização de lucros e oferta competitiva 25/09/2015. Mercados perfeitamente competitivos. Mercados perfeitamente competitivos

Economia. Modelo Clássico. Professor Jacó Braatz.

PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL / FINANCEIRO / ECONÔMICO Prof. Valbertone PONTO DE EQUILÍBRIO

Estrutura de Mercado e Tomada de Decisão

Lei da oferta e da demanda

Conteúdo Programático

Teoria do produtor. Sumário 27. Teoria do produtor. Teoria do produtor. Teoria do produtor. Teoria do produtor. Um produtor é um agente económico que

Teoria Microeconômica I

6 CUSTOS DE PRODUÇÃO QUESTÕES PROPOSTAS

Esalq/USP Curso de Ciências Econômicas les Introdução à Economia Custos de Produção

Custos de Produção. Introdução Custos de Curto Prazo Custos de Longo Prazo Maximização do Lucro Total

A Teoria Neoclássica da Firma. Aula de setembro de 2008

Concorrência Perfeita

Economia do Trabalho DEMANDA POR TRABALHO. CAP. 4 Borjas

ECONOMIA MICRO E MACRO

EXAME MODELO 11 DE JUNHO DE 2008 Duração: 2 horas. Grupo I [10 valores]

preço das matérias primas e dos fatores de

Especialização em Logística Integrada de Produção

Parte II Teoria da Firma

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO MICROECONOMIA. EXAME ÉPOCA ESPECIAL 12 DE SETEMBRO DE 2008 Duração: 2 horas.

Crescimento. Econômico. Copyright 2004 South-Western

Exercício 1. Como K=2: PT L =5,25*(2) 2 *L+4,5*2*L 2 -L 3 =21L+9 L 2 -L 3. PMd. L PT PMg L = L. a-1) Proceda à sua representação gráfica.

Aluno (a): nº: Professor: Fernanda Tonetto Surmas Data: Turma: ESTUDO DOS GASES

Universidade Portucalense Infante D. Henrique

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais. Microeconomia

Exame da Época Normal Soluções Parte A (8 valores)

ECONOMIA DA EDUCAÇÃO Módulo 1 Princípios de Economia

ECONOMIA. Macroeconomia. Escola Clássica Parte 01. Prof. Alex Mendes

Prova de Microeconomia

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DO PORTO MICROECONOMIA. EXAME ÉPOCA DE RECURSO 28 DE JULHO DE 2008 Duração: 2 horas.

UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE ECONOMIA LICENCIATURA EM ECONOMIA MICROECONOMIA II

Matemática Aplicada à Economia I Lista 3 Cálculo a Várias Variáveis. 1) Use o método das fatias para esboçar os gráficos das seguintes funções:

P rodução 1 INTRODUÇÃO 2 CONCEITOS BÁSICOS 2.1 A ESCOLHA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO

O Problema de Robinson Crusoe

1. Na tabela abaixo, estão representados os valores de uma função y(t), para diversos valores de t. t y

Transcrição:

Módulo 9 Análises de Curto e Longo Prazo 9.1. Análise de Curto Prazo Se retomarmos o exemplo da função de produção exposto acima, em que a quantidade produzida é condicionada pelas quantidades de capital e trabalho utilizadas, teremos: q = f(l, K) Onde, q: quantidade produzida; L: quantidade de mão de obra (insumo variável); K: quantidade de capital (insumo fixo). Considerando o fator capital fixo, e o fator trabalho variável, a quantidade produzida terá sua variação dependendo apenas da variação da quantidade utilizada do insumo variável, associada à contribuição constante do insumo fixo, em cada combinação de fatores utilizados. Neste caso, a mão de obra é o fator variável, e a função de produção poderá ser expressa como: q = f (L) Outros conceitos importantes para a análise da teoria da produção são os conceitos de produto total, produto médio (ou produtividade média) e produtividade marginal dos fatores de produção. O produto total é a quantidade de produto que se obtém ao utilizar o insumo variável, mantendo se fixa a quantidade dos demais insumos. O produto médio ou produtividade média do fator é o quociente entre as variações do produto total e as variações da quantidade utilizada do insumo. Em outras palavras, a produtividade média representa a variação do produto total quando se verifica a variação no fator de produção analisado. Em termos esquemáticos, temos: 1. Produtividade média da mão de obra: 2. Produtividade média do capital:

A produtividade marginal dos fatores é a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator produção, num determinado período de tempo. Assim, temos: 3. Produtividade Marginal da mão de obra: 4. Produtividade Marginal do Capital: 9.1.1. A Lei dos Rendimentos Decrescentes Um conceito importante na análise da teoria da produção é a Lei dos Rendimentos Decrescentes, que descreve o comportamento da taxa de variação da produção quando apenas um insumo variar, todos os demais permanecendo constantes. Ao aumentar a produção de acordo com sua função de produção, uma empresa que possui apenas um insumo variável (todos os outros considerados insumos fixos), as proporções de combinações entre os insumos se alteram. Essa alteração está condicionada pela lei dos rendimentos decrescentes ou lei da produtividade marginal decrescente quanto maior o emprego de alguns fatores de produção em um setor, deixando os demais constantes, menores serão os acréscimos no produto total. Em outras palavras, ao se elevar a quantidade do insumo variável, mantendo fixas as quantidades dos outros insumos, a produção inicialmente aumentará a taxas crescentes; depois de um certo volume do insumo variável utilizado, continuará a crescer, mas a taxas decrescentes (com acréscimos cada vez menores); se eu continuo ampliando a quantidade do fator variável utilizada, a produção total atingirá um máximo, a partir do qual se reduzirá.

Para ilustrarmos os conceitos até agora desenvolvidos, vamos supor uma empresa que trabalhe com dois fatores de produção, mão de obra (variável) e capital (fixo). Podemos verificar que, se as várias combinações de mão de obra forem utilizadas para produzir fios, e se a quantidade de capital permanecer constante, os aumentos da produção irão depender do aumento da mão de obra utilizada na produção de fios. Assim, a produção de fios aumentará até certo ponto, e depois decrescerá. Observemos as diferentes proporções e seus impactos na produção, no produto médio e na produtividade marginal no quadro a seguir. QUADRO 9.1 Capital (k) Mão de obra (L) Produto total Produtividade Média da Mãode obra (PMe=PT/L) 10 0 0 10 1 3 3 3 10 2 8 4 5 10 3 12 4 4 10 4 15 3,75 3 10 5 17 3,4 2 10 6 17 2,8 0 10 7 16 2,3 1 10 8 13 1,6 3 FONTE: VASCONCELOS (1998, p.124) Produtividade Marginal da Mão de obra (PMg= ) Observando o quadro 6.1, tem se a princípio que os acréscimos na utilização da mão de obra (insumo variável) provocam incrementos na produção. A partir da segunda unidade de mão de obra acrescida no processo produtivo, aparecem os rendimentos decrescentes, observados numa produtividade marginal decrescente. O produto total máximo é atingido utilizando se seis unidades de mão de obra, onde a produtividade marginal da mão de obra é igual a zero. Este seria o ponto máximo do produto total, a produtividade marginal é negativa: acréscimos de mão de obra resultam numa diminuição do produto total. Isto ocorre devido à lei dos rendimentos decrescentes. GRÁFICO 9.2.

A curva do produto total cresce inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes, até atingir seu ponto máximo, para em seguida decrescer. As curvas de produtividade média e de produtividade marginal são construídas a partir da curva do produto total. É preciso ter em mente que a lei dos rendimentos decrescentes é um fenômeno de curto prazo, já que pelo menos um insumo permanece fixo. 9.2. Análise de Longo Prazo Quando a demanda por um produto é crescente, a firma desejará ampliar a sua produção. A princípio, o produtor pode responder a esse aumento na demanda ampliando a jornada de trabalho da sua mão de obra, ou ampliando o número de trabalhadores na sua empresa. No entanto, sabe se que o aumento do número de trabalhadores tem um limite a partir do qual seu efeito torna se negativo sobre a produção total. Se a pressão do mercado se estender, será necessário que a firma altere as quantidades dos fatores de produção anteriormente mantidos fixos para fazer frente à necessidade de ampliação da produção. Isto porque o empresário racional não irá permitir que seu produto marginal seja negativo, o que ocasionaria uma redução no produto total, e não o aumento desejado.

Assim, no longo prazo as empresas poderão alterar as quantidades de qualquer um dos insumos empregados na produção. Na análise de longo prazo, portanto, todos os fatores de produção variam, inclusive o tamanho da empresa. Se considerarmos a participação de apenas dois fatores de produção, tal qual fizemos na análise de curto prazo, teremos a seguinte função de produção: q = f (L,K) A possibilidade da variação de todos os fatores de produção no longo prazo cria, como já destacamos, a possibilidade de ampliação do tamanho da firma. Isto acarretará efeitos sobre o produto total. São os chamados rendimentos ou economias de escala (escala é o tamanho da empresa mediada pela sua produção). Os rendimentos de escala expressam a reação da quantidade produzida a uma variação na quantidade utilizada de todos os insumos, quando a empresa aumenta de tamanho, ou seja, quando todos os fatores variam simultaneamente na mesma direção. Existem os rendimentos crescentes de escala (ou economias de escala), que ocorre quando a variação na quantidade produzida é mias do que proporcional à variação da quantidade utilizada de insumos produtivos. Assim, se dobrarmos a quantidade utilizada de todos os fatores obteremos mais do que o dobro do produto total. Eles podem ocorrer porque um aumento na escala produtiva proporciona uma maior especialização do trabalho, ou porque existem indivisibilidades entre os fatores de produção. Os rendimentos constantes de escala ocorrem quando a quantidade utilizada de insumos e o produto total variam na mesma proporção. Ao dobrarmos a quantidade utilizada dos recursos produtivos obteremos o dobro da quantidade produzida. As deseconomias de escala ou rendimentos decrescentes de escala resultam de uma variação do produto total menos do que proporcional à variação na utilização dos insumos. Se utilizamos o dobro da quantidade de fatores de produção, o produto total teria um crescimento de apenas 50%. Neste caso podemos afirmar que houve uma queda na produtividade dos fatores.