AVALIAÇÃO GEOMORFOLÓGICA PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO SOROCABUÇU, IBIÚNA, SP

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Transcrição:

AVALIAÇÃO GEOMORFOLÓGICA PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO SOROCABUÇU, IBIÚNA, SP Luiz Augusto Manfré 1 ; Alexandre Marco da Silva 1 ; Rodrigo Custódio Urban 1 1 UNESP Campus Sorocaba. Av. Três de março, 511 - Sorocaba /SP. CEP: 18087-180. e-mail: luizmanfre@yahoo.com.br Resumo A descrição do relevo através de parâmetros morfométricos é essencial para caracterização e a compreensão de bacias hidrográficas. O objetivo do presente trabalho foi elaborar mapas de hipsometria, declividade e concentração da rugosidade, permitindo a identificação das áreas mais suscetíveis à ação de processos erosivos e subsidiando o planejamento ambiental. O mapeamento foi realizado na bacia hidrográfica do Alto rio Sorocabuçu, localizada à montante da represa de Itupararanga. Utilizando cartas topográficas na escala 1:50.000, foram gerados os mapas hisométrico e clinográfico para a área de estudo. E com o índice de intensidade de Kernell, foi elaborado o mapa de concentração da rugosidade. Os mapas gerados evidenciaram as áreas de maior altitude, os locais com maiores declividade e com relevo mais dissecado. Desta forma, pode-se destacar as áreas onde o uso do solo deve ser restrito à práticas que não diminuam drasticamente a sua cobertura, uma vez que, os locais maiores valores de dissecação e declividade estão mais expostos à ação de processos erosivos. O presente trabalho fornece um subsídio importante para a descrição e para o planejamento da área de estudo. Palavras-chave: Geomorfologia, SIG, Alto Sorocaba. Introdução A caracterização geomorfológica prove subsídios para a gestão territorial, além de contribuir para a explicação de problemas erosivos e deposicionais, e de auxiliar na identificação de áreas de instabilidade de taludes ou sujeitas a alagamentos. Com isso, a utilização de técnicas de geoprocessamento e cartografia computadorizada, somados à aplicação dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são importantes para nortear estudos geomorfológicos e subsidiar o planejamento ambiental (GUERRA E CUNHA, 2005). Segundo Bertoni e Lombardi Neto (1985) a intensidade da erosão pela água está intimamente ligada ao comprimento e ao gradiente do declive. Por isso, a análise de padrões e formas do relevo são importantes para identificar áreas sensíveis à ação de processos erosivos. De acordo com Sampaio (2009) a análise de padrões regionais de relevo a partir de parâmetros morfométricos, demanda a utilização de referenciais que permitam a tradução quantitativa dos efeitos dos processos de dissecação e entalhamento que atuam sobre o mesmo e que, apesar de indissociáveis, são passíveis de quantificações diferenciadas ou conjuntas, conforme Hobson (1972) e Ross (1992). A análise da dissecação do relevo através de perfis (Ross, 1992) é, indiretamente, uma análise da sinuosidade do relevo ou da freqüência de rios, de acordo com Horton (1945), sendo que considera a relação entre a superfície ondulada e a superfície plana. Deste forma, os parâmetros morfométricos que descrevem a sinuosidade e a rugosidade do relevo, podem ser representados por valores que expressem individualmente a feição de cada ponto ou alinhamento da superfície analisada, via índices que possibilitam a associação, ou não, das dimensões envolvidas.

O presente trabalho teve como objetivo elaborar mapas de hipsometria, declividade e índice de concentração da rugosidade para a bacia hidrográfica do alto Sorocabuçú, identificando as áreas mais suscetíveis à ação de processos erosivos e as áreas mais propícias para a instalação de práticas agrícolas, subsidiando o planejamento ambiental para a conservação dos recursos naturais. Metodologia O estudo foi desenvolvido na bacia hidrográfica do alto rio Sorocabuçú, pertencente à região do alto rio Sorocaba, município de Ibiúna SP (Figura 1). A bacia hidrográfica se localiza a montante da represa de Itupararanga, importante manancial que abastece as cidades da região (COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS, 2006), inserindo-se na área de abrangência da Área de Proteção Ambiental de Itupararanga. A área de estudo está inserida na Serra de Paranapiacaba, cujo clima é predominantemente temperado quente e úmido, de acordo com Köppen (1948). O aspecto atual mostra alguns padrões de alteração na paisagem, com a derrubada da mata para consumo de madeira, produção de carvão vegetal e estabelecimento de práticas agrícolas. A vegetação natural remanescente é secundária, com distintos estágios sucessionais. Conservando grande parte de suas espécies florestais originais, a área está inserida na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da cidade de São Paulo (VIDAL et al., 2007). Figura 1 - Localização do município de Ibiuna e da bacia hidrográfica estudada. Com o auxílio do programa de Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGis 9.2 foram elaborados os mapas hipsométrico, clinográfico e de índice de concentração da rugosidade da bacia hidrográfica, a partir das curvas de nível digitalizadas, usando-se as cartas topográficas São Roque, Juquitiba e Jurupará, do IBGE (1984) na escala de 1:50.000. O mapa hipsométrico foi elaborado com o interpolador Inverse Distance Weight, o mapa clinográfico foi elabora a partir do hipsométrico, utilizando o comando Slope e o mapa de distribuição do índice de concentração da rugosidade foi elaborado com a ferramenta Kernel Density, de acordo com Sampaio (2009). As classes de declividade e elevação foram determinadas de acordo com Spörl (2001). Resultados e Discussão A figura 2 mostra o mapa hipsométrico da área de estudo, nota-se que a dissecação da topografia acompanha a hidrografia, apresentando-se mais acentuada nas áreas próximas aos divisores de água, o que se pode atribuir à localização da bacia hidrográfica, na Serra do Paranapiacaba, importante de divisor de águas da bacia do Tietê com a bacia do Rio Ribeira de Iguapé. Nota-se

que a amplitude altimétrica não é muito grande, ao se considerar toda a área da bacia, no entanto, há pontos onde a variação é de cerca de 200 metros de altitude em menos de 3 km de distância. Observando-se o mapa da figura 3, evidenciam-se as áreas de grande variação de altitude, estando principalmente localizadas a sudoeste da bacia, onde há uma grande concentração de propriedades agrícolas. Figura 2 Mapa Hipsométrico da bacia hidrográfica do Alto Sorocabuçu. Figura 3 Mapa Clinográfico da bacia hidrográfica do Alto Sorocabuçu. O mapa de índices de concentração da rugosidade (figura 4) permite a identificação das áreas com maiores graus de entalhamento do relevo, ou as áreas onde os processos de dissecação estão bastante evoluídos. Pode-se afirmar que as áreas onde o índice de concentração da rugosidade foi Muito forte são áreas de alta densidade de drenagem, sendo que o entalhamento do relevo é fortemente influenciado pelos canais de drenagem perenes. É importante destacar que o principal uso do solo na área de estudo é o cultivo temporário (horticultura), ocorrendo em locais de alta declividade e com altamente dissecados, favorecendo os processos erosivos e o escoamento superficial.

Figura 4 Mapa dos Índices de Concentração da Rugosidade da bacia hidrográfica do Alto Sorocabuçu. Conclusões Os mapas apresentados diagnosticam as áreas de maior declividade e dissecação do relevo, sendo áreas importantes para a conservação dos recursos naturais. A ocupação antrópica, mesmo que agrícola, nessas áreas pode implicar em prejuízos principalmente aos recursos hídricos da região, uma vez que, estão mais propícias a processos erosivos e ao escoamento superficial. Desta forma, a prática agrícola nessas áreas pode acarretar o carreamento de substâncias nocivas à vida aquática, proporcionar a eutrofização de corpos d água ou ainda o assoreamento dos mesmos. Por isso, o mapeamento geomorfológico é uma importante ferramenta para o zoneamento ambiental e para a conservação dos recursos naturais. Agradecimentos À FAPESP, pela concessão das bolsas de mestrado (Processos nº 2009/02534-7 e nº 2009/02182-3) aos autores do trabalho. Referências BERTONI, J. E LOMBARDI NETO, F. Conservação do Solo. São Paulo: Ed. Ícone. 1985. COMITÊ DE BACIAS HIDROGRÁFICAS. Nossas Águas. Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Sorocaba e Médio Tietê, Sorocaba. 2006. GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2005. 472 p. HOBSON, R. D. Surface roughness in topography: quantitative approach In:Chorley, R.J. Spatial analysis in geomorphology, 225-245. 1972. HORTON, R.E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology. Bulletin of the Geological Society of America 56, 2 75-3 70, In: Huggett, R. (1980) Systems analysis in Geography. New York: Oxford University. 1945. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Base Cartográfica 1:50.000. IBGE, São Paulo, 1984. KÖPPEN, W. Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra. Fundo de Cultura Econômica, Ciudad del México, 1948. ROSS, J. L. S. O registro cartográfico dos fatos geomórficos e a questão da taxonomia do relevo. Revista do Departamento de Geografia, n. 6, 1992

SAMPAIO, T. V. M. Índice de Concentração da Rugosidade (ICR): uma proposta para o mapeamento morfométrico via emprego de geotecnologias. In: Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 13.. Anais... Viçosa: UFV, 2009. SPÖRL, C. Análise da Fragilidade Ambiental Relevo-Solo com aplicação de três modelos alternativos na altas bacias dos rios Jaguari-Mirim, Ribeirão do Quartel e Ribeirão da Prata. Dissertação (Mestrado em Geografia Física) USP/FFLCH, São Paulo, 2001. VIDAL, M. M., et al. Produção de serapilheira em floresta Atlântica secundária numa paisagem fragmentada (Ibiúna, SP): importância da borda e tamanho dos fragmentos. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 3, p. 521-532, 2007.