COMO SE DEFINE IDENTIDADE JUDAICA NA ANTIGUIDADE? CRÍTICA A PRESSUPOSTOS DA HISTORIOGRAFIA E DA EXEGESE BÍBLICA

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Transcrição:

IDENTIDADES FLUÍDAS NO JUDAÍSMO ANTIGO E NO CRISTIANISMO PRIMITIVO: REVISÃO DE PRESSUPOSTOS, NOVO OLHAR SOBRE AS FONTES NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza 1º Dia Abertura COMO SE DEFINE IDENTIDADE JUDAICA NA ANTIGUIDADE? CRÍTICA A PRESSUPOSTOS DA HISTORIOGRAFIA E DA EXEGESE BÍBLICA Paulo Augusto de Souza Nogueira Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) paulo.dsn@uol.com.br Revisão dos pressupostos da historiografia sobre o judaísmo antigo. A importância de um modelo histórico de judaísmo para a construção de um modelo de cristianismo. A tese do Judaísmo mínimo (common Judaism) e seus problemas. Imagens medievais e modernas sobre os judeus e a construção do judaísmo antigo. Comunicações A INTERPRETAÇÃO ALEGÓRICA DO ANTIGO TESTAMENTO DE FILO DE ALEXANDRIA José Adriano Filho - Seminário Teológico Rev. Antonio de Godoy Sobrinho (STAGS) e Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL) j.adriano1@uol.com.br Filo de Alexandria, cerca de 20 a.c. 50 d.c., lê a Escritura alegoricamente. Sua interpretação associa à Escritura significados previamente não conectados com ela: Filo, primeiro, reduz a sabedoria clássica a uma forma conceitual anônima; segundo, ao ler a Escritura alegoricamente, apresenta aquela sabedoria como a verdade subjacente ao sentido da Escritura. Moisés tem prioridade sobre os autores clássicos, tornando-se o filósofo original. A Escritura torna-se, assim, uma re-escritura de significados clássicos, uma re-escritura que é, paradoxalmente, vista como escrito

original. A leitura alegórica de Filo é usada para reinterpretar o cosmos, a história, a sabedoria filosófica clássica e a realidade social de Alexandria; ela não procurava dissolver a identidade judaica na cultura helenística, mas era central para a identidade e sobrevivência da comunidade judaica em meio a um contexto hostil. INTERAÇÃO, CONFLITOS E DESAFIOS NA IDENTIDADE DO CRISTINISMO PRIMITIVO José Luiz Izidoro UMESP jeso_nuap@hotmail.com A construção das identidades dos povos oriundos de diversas nações e geografias irá apresentar uma constituição flexível e de saudável tensão no seu processo de interação com outros povos e culturas. O Cristianismo, procedendo do judaísmo, implantou-se e desenvolveu-se em ambientes greco-romanos, assimilando, integrando e reinterpretando muitos elementos socioculturais e categorias de pensamentos neles encontrados; interagindo com os mesmos. Assim, abre-se às diversidades e às múltiplas experiências na construção de sua identidade, não obstante os conflitos e tensão inerente ao processo. A FILOSOFIA DE CUIDADO DE SI X O SABER DE SI NOS SÉCULOS I E II DA ERA CRISTÃ Andréa Beatriz Hack de Góes - Universidade Federal da Bahia (UFBA) abhack@superig.com.br A referida comunicação traz uma análise comparativa, a partir dos estudos de Michel Foucault, entre as formas de concepção da subjetividade dentro da filosofia greco-romana, que pregava a importância do cuidado de si, a partir do uso de elaboradas tecnologias, as quais eram repassadas e acompanhadas por um mestre ao

seu(s) discípulo(s), numa relação bastante próxima. Com o surgimento do Cristianismo, a ênfase ao cuidado de si modificou-se para o saber de si, com a introdução de novas técnicas de vigilância, entre elas a confissão e o castigo, oriundas de uma nova concepção de pecado e da distância que o mesmo promove entre o indivíduo e a transcendência, o divino perfeito Deus. OS PARTIDOS EM CORINTO Sebastiana Nogueira sebastiananogueira@terra.com.br Na Primeira carta à comunidade de Corinto (1.11-17), o apóstolo Paulo recebe a denúncia através do grupo de Cloé de que a igreja estava sendo dividida em grupos rivais. Este estudo tem como objetivo levantar a questão sobre a identidade destes grupos oponentes da comunidade Paulina de Corinto, enfatizando a contribuição que estes conflitos ofereceram à construção da identidade do Cristianismo Primitivo. Palavras chaves: Corinto, Paulo, divisão, autoridade e unidade. 2º Dia Abertura NARRATIVAS JUDAICAS DO PERÍODO HELENÍSTICO: A EXAGOGE DE EXZEQUIEL E III MACABEUS José Adriano Filho - STAGGS A literatura da Diáspora Judaica nos apresenta novas perspectivas sobre as formas de rearticulação das suas expressões religiosas que apresentam alternativas ao que consideramos típico do judaísmo do período. Nestes dois casos poderemos estudar narrativas do judaísmo produzidas em contexto cultural helenístico. Comunicações O NOVO TESTAMENTO, FONTE PRIMÁRIA DAS EXPERIÊNCIAS DAS PRIMEIRAS COMUNIDADES CRISTÃS

Gilvaldo Mendes Ribeiro UMESP gilvaldosvdnic@yahoo.com.br O Novo Testamento, fonte primária das experiências das primeiras comunidades cristãs, apresenta uma grande diversidade cultural e religiosa no processo de formação do Cristianismo Primitivo. Nas sete cartas enviadas às igrejas da Ásia Menor, vemos o visionário João reprovando a atitude de algumas delas, como Pérgamo e Tiatira, pelo fato de seus membros provavelmente estarem aceitando os ensinamentos de Balaão e da profetisa Jezabel. O objetivo deste artigo é discutir a atitude de João em relação à profetisa Jezabel a partir da hipótese de que há uma disputa entre lideranças proféticas atrás do discurso retórico de João. A IMAGEM DA JERUSALÉM CELESTIAL NO APOCALIPSE Alexandre Bermudez Bagniewski UMESP alexbagniewski@hotmail.com O tema desta apresentação são as imagens do Templo celestial e das cidades escatológicas. A descrição de palácios, templos e da Jerusalém celestial nos permitem vislumbrar a origem e influências que levaram a imagética no Apocalipse de João. Estas visões, que fazem parte do Paraíso, nos remetem a um mundo imaterial e atemporal onde o visionário, não só um produto de uma tradição literária como também de uma tradição mística que remonta a visão da carruagem-trono em Ezequiel, readapta estes símbolos a uma nova realidade. Palavras-chave: Literatura apocalíptica, Jerusalém Celestial, Templo celestial, cidades escatológicas. ESTRANGEIROS E PEREGRINOS, PEREGRINOS E FORASTEIROS EM 1 PEDRO. Maria Aparecida de Andrade Almeida - UMESP mcidalmeida@hotmail.com Segundo as atuais teorias sobre identidade aplicadas ao mundo antigo, uma das grandes contribuições da pesquisa sobre 1 Pd nos últimos anos foi levar a sério essa informação dada pela carta a respeito de estrangeiro e peregrino. O ser estrangeiro

descreve muito mais do que a postura existencial dessas comunidades, fala-nos dos não-cidadãos naquela sociedade e, daí sobre sua conseqüente pobreza. O que é ser estrangeiros e peregrinos, peregrinos e forasteiros? Nossa pesquisa pretende descobrir a identidade dos estrangeiros e peregrinos de 1 Pedro. A PARTICIPAÇÃO FEMININA NOS MOVIMENTOS GNÓSTICOS CRISTÃOS NOS DOIS PRIMEIROS SÉCULOS Roberta Alexandrina da Silva -UNICAMP/IFCH/DH alexandrinasilva@yahoo.com.br O presente trabalho se dispõe a analisar a participação feminina nas comunidades gnósticas cristãs nos dois primeiros séculos, com o intuito de compreender os embates entre a ortodoxia e as heterodoxias existentes no cristianismo primitivo. Paralelamente aos embates, discutir, também, a formação do poder do bispado, como fatores primordiais para a segregação da mulher na hierarquia e funções eclesiásticas. RELIGIÃO E IDENTIDADE NO EVANGELHO DE MATEUS Elisa Rodrigues Univ. Metodista de São Paulo e_rodrigues@yahoo.com O evangelho de Mateus, nas perícopes 5:27-32, 18:6-9 e 19:9-10, trata a respeito dos temas adultério e fornicação. O conteúdo das perícopes é normativo e indica orientações para o comportamento social e religioso de cristãos reunidos em torno do documento, na região de Antioquia da Síria por volta do ano 80 EC. Tais orientações são tomadas da Torá e reintepretadas por Jesus de Nazaré, reconhecido como fundador do movimento cristão do I século. Neste paper, analisaremos como as orientações de Jesus fundam limites para a constituição da identidade cristã, em especial, dos leitores implícitos do evangelho de Mateus.