Florística em um Remanescente de Mata Ciliar na Bacia do Rio Gurguéia Sul do Piauí

Documentos relacionados
Germinação da Copernicia prunifera (Mill) H. E. Moore: curva de embebição e efeito da pré-embebição

Fitossociologia em um Remanescente de Mata Ciliar na Bacia do Rio Gurguéia Sul do Piauí

BIOMETRIA DE SEMENTES DE Poincianella pyramidalis OCORRENTES NA REGIÃO DE MACAÍBA-RN

Plano De Manejo Florestal Sustentável Da Caatinga Na Região Central Do RN

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CARACTERIZAÇÃO BIOMÉTRICA DOS FRUTOS E SEMENTES DA Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DA Copernicia prunifera: BIOMETRIA, PRÉ- EMBEBIÇÃO E ESTABELECIMENTO DE MUDAS

TEOR DE UMIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PITANGUEIRA EM DOIS AMBIENTES

Apresentação: Pôster

ALELOPATIA DE FOLHAS DE CATINGUEIRA (Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz) EM SEMENTES E PLÂNTULAS DE ALFACE (Lactuca sativa)

Qualidade fisiológica de sementes de Mimosa caesalpiniifolia Benth. em função de diferentes períodos de armazenamento

Biometria de sementes da palmeira Elaeis guineenses Jacq. (Arecaceae)

Pelo exposto, objetivou-se avaliar os parâmetros de biometria, embebição e superação de dormência de sementes de Bauhinia longipedicellata.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE AROEIRA PIRIQUITA (Schinus molle L.) E AROEIRA BRANCA (Lithraea molleioides (Vell.

Efeito do esterco no crescimento inicial de mudas de Sterculia foetida L.

Produção e distribuição de biomassa de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. em resposta à adubação

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA FLORESTA SECUNDÁRIA EM UM PERÍMETRO URBANO, BELÉM-PA

Similaridade florística em duas áreas de Cerrado, localizadas no município de Parnarama, Maranhão - Brasil

EFEITOS DA GIBERELINA E DA SECAGEM NO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A VIABILIDADE E O VIGOR DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.

O vigor das Sementes de Aspidosperma pyrifolium Influencia sua Curva de Absorção de Água?

Implantação de modelo semeadura direta e suas implicações para recuperação de área ciliar em Goiana, PE

Diferentes Temperaturas E Substratos Para Germinação De Sementes De Mimosa caesalpiniifolia Benth

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Restauração de Matas Ciliares e Áreas Degradadas. LCB 0217 Prof. Flávio Gandara Prof. Sergius Gandolfi

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

Influência do armazenamento na qualidade fisiológica de sementes: Comportamento do gênero Solanum

Padrões Alométricos da Palmeira Carnaúba, Copernicia prunifera (Mill) H. E. Moore

FRAGMENTOS FLORESTAIS

BIOMETRIA, EMBEBIÇÃO E SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Bauhinia rufa. Apresentação: Pôster

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES E BIOMETRIA DE PLÂNTULAS DE MAMONA

Formulário para submissão de trabalho

CURVA DE ABSORÇÃO DE ÁGUA EM SEMENTES DE MAMONA.

ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DA CAATINGA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Piptadenia moniliformis BENTH.

Superação de dormência de sementes de gueroba (Syagrus Oleracea Becc.)

Restauração Florestal com Alta Diversidade: Vinte Anos de Experiências

Portaria CBRN 01/2015

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

2º RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DO PROJETO PLANTE BONITO

PROGRAMA DE REFLORESTAMENTO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ESCARIFICAÇÃO QUÍMICA DE SEMENTES DE SUCUPIRA-PRETA (Bowdichia virgilioides KUNTH) COM DIFERENTES COLORAÇÕES DE TEGUMENTO

Os OITO Elementos da Restauração. Sergius Gandolfi LERF/LCB/ESALQ/USP

Caracterização física e rendimento de frutos e endocarpos de taperebá (Spondias mombin L.) coletados em área urbana de Boa Vista-RR (1)

Biometria De Sementes E Frutos De Catingueira

O USO DA ESTATÍSTICA NA ENGENHARIA ENGENHARIA AMBIENTAL

Estudo do efeito borda em fragmentos da vegetação nativa na bacia hidrográfica do Córrego do Jacu Queimado (SP)

Rendimento do carvão vegetal de Mimosa tenuiflora em diferentes temperaturas de carbonização

PRODUÇÃO DE ENERGIA DAS MADEIRAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS SOB MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL QUE OCORREM NO SEMIÁRIDO POTIGUAR

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

Disciplina: BI63 B ECOSSISTEMAS. Tema da aula - Distúrbios: Sucessão Ecológica: principais conceitos e aplicações.

Estrutura populacional e distribuição espacial de Qualea grandiflora Mart., em área de transição no Piauí

Restauração Florestal de Áreas Degradadas

Biometria de frutos e sementes de Piptadenia moniliformis Benth. por meio de processamento digital de imagens

ASPECTOS BIOMÉTRICOS DE SEMENTES DO Enterolobium contortisiliquum (VELL.) MORONG.

Fenologia de Ziziphus joazeiro Mart. em uma área de ecótono Mata Atlântica-Caatinga no Rio Grande do Norte

Diversidade e dispersão das espécies lenhosas em áreas de cerrado sensu stricto, no período de 1996 a 2011, após supressão da vegetação em 1988

Ajustes de modelos matemáticos para a estimativa de nitrogênio em Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Altschul, Floresta-PE

Biometria do Componente Arbustivo-Arbóreo em uma Área de Caatinga, Pombal, PB

DESFLORESTAMENTO DA MATA ATLÂNTICA

ESTIMATIVA DA BIOMASSA DE CINCO ESPÉCIES EM ÁREA DA CAATINGA, FLORESTA PE

ADEQUAÇÃO DA DENSIDADE DE SEMENTES PARA O TESTE DE GERMINAÇÃO DE CAFÉ.

Partição de biomassa em clones de Eucalyptus na região litorânea do Rio Grande do Norte

LONGEVIDADE DE SEMENTES DE Crotalaria juncea L. e Crotalaria spectabilis Roth EM CONDIÇÕES NATURAIS DE ARMAZENAMENTO

BIOMETRIA E SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Mimosa setosa Apresentação: Pôster

EFEITO DO TRÁFEGO DE MÁQUINAS SOBRE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA AVEIA PRETA. Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul/SC

Regeneração Natural do Componente Arbustivo-Arbóreo em uma Área de Caatinga, Pombal, PB

Emergência de Plântulas de Pinhão Manso (Jatropha curcas L.) em Diferentes Substratos

Fitossociologia da Vegetação Arbustivo-Arbórea em uma Área de Caatinga, Pombal, PB

Germinação e vigor de sementes de Moringa oleifera Lam. procedentes de duas áreas distintas

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016

Efeito da secagem na qualidade fisiológica de sementes de pinhão-manso

Manejo da Flora e Reflorestamento

Crescimento de quatro espécies florestais submetidas a diferentes formas de manejo de Urochloa spp. em área de restauração florestal

Experiências em Recuperação Ambiental. Código Florestal. Módulos demonstrativos de restauração ecológica para ambientes savânicos do bioma Cerrado

LEVANTAMENTO DE ÁREAS AGRÍCOLAS DEGRADADAS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

TESTE DE VIGOR EM SEMENTES DE CEBOLA. Apresentação: Pôster

Tratamentos Pré-Germinativos Para Superar A Dormência De Sementes De Piptadenia moniliformis Benth.

Comportamento de sementes de pau-pretinho (Cenostigma tocantinum Ducke) quanto a tolerância à dessecação

CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS - CPCE PROJETOS DE PESQUISA CADASTRADOS EM 2017

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

TÍTULO: METODOLOGIA E ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS DA CULTURA DA SOJA EM RELAÇÃO A RESISTÊNCIA AO EXTRESSE ABIÓTICO DE CHUVA NA COLHEITA

EFEITO DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE INSETOS AQUÁTICOS DE UM RIACHO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

FLORÍSTICA, ESTRUTURA E SUCESSÃO ECOLÓGICA DE UM REMANESCENTE DE MATA CILIAR NA BACIA DO RIO GURGUÉIA-PI

Ataque de pragas em espécies florestais nativas usadas em reflorestamento em diferentes ambientes edáficos da Caatinga

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO EM ÁREA DE CAATINGA NO MUNICÍPIO DE JAGUARIBE-CEARÁ

FITOSSOCIOLOGIA DE PLANTAS INFESTANTES EM PLANTIO DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.)

Biometria De Frutos E Sementes De Inga uruguensis Hook. & Arn. (Fabaceae Mimosoideae) Do Estado De Sergipe

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

EFEITOS DO ESTRESSE HÍDRICO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MULUNGÚ

QUALIDADE FISIOLÓGICA E VIGOR DE SEMENTES DE Mimosa caesalpiniifolia Benth EM CONDIÇÕES DE ESTRESSE HÍDRICO

GERMINAÇÃO in vitro DE Coffea canephora cv. Tropical EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA E AMBIENTES DE CULTIVO

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

Efeito Da Concentração Salina Em Água De Irrigação Durante Desenvolvimento Inicial Da Piptadenia Stipulacea Benth.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Eliana Aparecida Rodrigues Bióloga formada pelo Unipam e 1 a bolsista do VIII-PIBIC.

Germination of seeds of Bauhinia cheilantha (Caesalpinaceae) and Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae) submitted to salt stress

CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO COLORIDO. RESUMO

Transcrição:

Florística em um Remanescente de Mata Ciliar na Bacia do Rio Gurguéia Sul do Piauí Leovandes Soares da Silva (1) ; Allyson Rocha Alves (2) ; Andréia da Rocha Martins (3) ; Tatiano Ribeiro dos Santos (4) ; Aluska Kelly Alves Nunes (5) (1) Graduando do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Piauí-UFPI, Campus Professora Cinobelina Elvas-CPCE (leovandessoares@bol.com.br); (2) Professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural do Semiárido-UFERSA, allyson@ufersa.edu.br. (3) Graduanda do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Piauí-UFPI, Campus Professora Cinobelina Elvas-CPCE, andreiaceleste16@hotmail.com; (4) Pós-graduando em Engenharia Agronômica Universidade Federal do Piauí- UFPI, Campus Professora Cinobelina Elvas-CPCE, viverbom@hotmail.com; (5) Graduanda do curso de Biologia, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN, aluskakelly_jp@hotmail.com. RESUMO A mata ciliar exerce função protetora nos recursos naturais, ao longo da historia do Brasil foram se desenvolvendo desmatamentos levando a degradação desses ambientes. Em decorrência do processo de colonização e mesmo sendo área de preservação permanente e de grande importância, às matas ciliares tem sido alvo de exploração. Este trabalho teve como objetivo, avaliar as condições que se encontra um remanescente de mata ciliar, na bacia do rio Gurgueia no sul do Piauí, com a realização de um levantamento florístico para servir como base para projetos de restauração florestal. Este estudo foi realizado em uma área de transição cerrado-caatinga, localizada no município de Bom Jesus/PI. Na amostragem do componente arbustivo-arbóreo foram implantadas cinco faixas de 1200 m 2 (20m x 60m) dividido em três unidades de 20 x 20m e 20 metros entre as faixas totalizando 15 unidades amostrais. Foram amostrados todos os indivíduos arbóreos vivos com circunferência à altura do peito (CAP) 6 cm. Para os indivíduos amostrados foram feitas as seguintes avaliações: nome vulgar, medição da circunferência altura do peito (CAP) 1,30 m. Foram amostrados 2.067 indivíduos vivos, com área basal de 14,06 m 2, 29 famílias botânicas, 59 gêneros e 70 espécies. As famílias mais representativas foram: Moraceae com 524, seguida de Caesalpiniaceae 304 e Fabaceae 170 indivíduos, os gêneros mais representativos são: Brosimum 399; Chamaecrista 192; e Combretum 168 indivíduos. A florística forneceu uma importante base, visando à manutenção e restauração desse e de outros fragmentos que ainda existem com características semelhantes. Palavras-chave: Fragmentação, Restauração e Ecótono. INTRODUÇÃO A colonização no Brasil historicamente se iniciou com a falta de planejamento, estimulando o chamado desenvolvimento desordenado. Sem se preocupar com as condições ambientais no futuro, consequentemente boa parte dos recursos naturais foram e continuam se perdendo, particularmente das florestas e especialmente da vegetação ciliar. Devido à proximidade com a água as pessoas que aqui chegaram se apossavam das terras, casas, fazendas às margens de rios, córregos e riachos, com - Resumo Expandido - [727] ISSN: 2318-6631

isso, foram se desenvolvendo desmatamentos das áreas ciliares, em consequência, ao longo da história do país, a cobertura vegetal nativa representada pelos diferentes biomas, foi sendo fragmentada, cedendo espaços para culturas agrícolas, pastagens e as cidades (MARTINS, 2007). As margens do Rio Gurguéia no município de Bom Jesus Sul do Piauí, esta inserido em uma área de transição entre os biomas cerrado e caatinga, possui áreas ciliares desmatadas, para a implantação principalmente de agricultura familiar e pastagens por se tratar de terras férteis, e água disponível. Estas formações continuam sendo alteradas, principalmente pelas atividades antrópicas, que estão relacionadas às atividades agropecuárias associadas ao uso de queimadas para a exploração de atividades como, culturas anuais e pastagens, que são apontadas como as principais causas da fragmentação florestal e degradação dos ecossistemas associados às bacias hidrográficas dessa região (CORBACCHO et al. 2003). A consequência desses fatores degradativos é a erosão, assoreamento, perda dos recursos faunísticos e florísticos, mudança no microclima, alterações da dinâmica fluvial dentre outros Paine & Ribic (2002). As APP s (áreas de preservação permanente) são áreas protegidas por lei, várias áreas ciliares vêm sofrendo processos de perturbações. Além dos problemas citados anteriormente a fiscalização é ineficiente para minimizar os impactos causados a esses locais. Nesse contexto, é de vital importância que ocorram intervenções nestas áreas degradadas, com técnicas de manejo, visando aumentar o processo de regeneração e restauração das espécies, permitirem que ocorra sucessão, e dessa forma evitar a perda total da biodiversidade. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo, avaliar as condições em que se encontra um remanescente de mata ciliar, na bacia do rio Gurgueia no sul do Piauí, realizando um levantamento florístico das espécies arbóreas, e classifica-las quanto aos seus grupos ecológicos, essas informações servirão de base para futuros trabalhos de pesquisa e projetos de restauração florestal. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no municipio de Bom Jesus localizado ao Sul do Estado do Piauí em uma área de mata ciliar, numa propriedade particular denominada comunidade Lagoa do Barro, distanciando 8 km da cidade de Bom Jesus, com as coordenadas (9º7 33 S e 44º21 11 W), este fragmento possui uma área territorial de 17,8 ha. Para amostragem do componente arbustivo-arbóreo foram implantadas cinco faixas de 1200 m 2 (20m x 60m). As mesmas foram subdivididas em três unidades de 20 x 20m, totalizando 15 unidades amostrais. As distribuições das unidades amostrais foram de forma sistemática, sendo, o início da faixa partindo da beira do rio adentrando a vegetação. A partir da primeira faixa foi estabelecida uma distância de 20 metros entre as faixas, alguns reajustes foram feitos em determinadas situações em decorrência das condições topográficas da área. Nas unidades amostrais distribuídas dentro das faixas foram amostrados todos os indivíduos arbóreos vivos com circunferência à altura do peito (CAP) 6 cm, segundo protocolo rede de Manejo Florestal da Caatinga (2005). Foram feitas as seguintes avaliações da vegetação lenhosa para cada indivíduo: nome vulgar ou regional, medição da(s) circunferências(s) a altura do peito (CAP) 1,30 m. Para a análise florística foi utilizado o índice de diversidade de Shannon-Wiener (MULLER- DOMBOIS & ELLEMBERG, 1974). Para o levantamento florístico, a identificação das espécies arbóreas foi feito em nível de nome vulgar no campo com auxilio de um mateiro local, sendo coletado material botânico para posterior identificação taxionômica, por meio de especialistas botânicos presentes no campus de Bom Jesus/PI, em que foi usado o sistema Angiosperm Phylogeny Group II (APG II, 2003). - Resumo Expandido - [728] ISSN: 2318-6631

As espécies identificadas foram classificadas em categorias sucessionais (pioneiras, secundária inicial, secundária tardia e clímax), seguindo os critérios adotados em classificações realizadas em outros trabalhos com vegetação semelhante. RESULTADOS E DISCUSSÃO No levantamento da vegetação foram amostrados 2.067 indivíduos vivos, totalizando uma área basal de 14,06 m 2, com 29 famílias botânicas, 59 gêneros e 70 espécies foram amostrados no componente arbustivo-arbóreo. Após o levantamento as dez espécies que se apresentaram com maior valor de importância na área foram: Brosimum lanciferum Ducke, Chamaecrista eitenorum (H.S. Irwin & Barneby) H. S. Irwin & Barneby, Zygia cauliflora (Willd.) Killip, Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud. Hymenaea courbaril L., Combretum leprosum Mart., Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. F., Dalbergia cearensis Ducke, Machaerium acutifolium Vogel e Combretum anfractuosum Mart. As famílias com maiores representatividades, em número de indivíduos, foram: Moraceae com 524, seguida de Caesalpiniaceae 304 e Fabaceae 170 indivíduos. Esse estudo aponta muitas informações como espécies exclusivas tanto do bioma cerrado quanto do bioma caatinga e espécies presentes em ambos os biomas o que caracteriza ser uma área de transição. Das 70 espécies amostradas e identificadas no remanescente, 40 tem o hábito de vida arbóreo e 30 arbustivos, ambas apresentam importância, social e ambiental para esta região. A importância social está ligada a utilização dessas espécies para uso medicinal, artesanatos, frutos, sementes. Já a importância ambiental está ligada aos benefícios que elas exercem ao ambiente ciliar, que envolve tanto a proteção do rio como a manutenção da fauna. Os gêneros mais representativos em relação ao número de indivíduos estão assim distribuídos: Brosimum 399, Chamaecrista 192, Combretum 168, Agonandra 125 e Maclura 124 indivíduos. As 5 famílias com maior representatividade em número de espécies foram: Fabaceae 16, Annonaceae 5, e Caesalpiniaceae 5 espécies (Figura 1). Figura 1 - Número de espécies por família amostradas em um fragmento de mata ciliar do rio Gurguéia, no município de Bom Jesus Sul do Piauí. Nessa região que é uma área de transição entre os biomas cerrado e caatinga, pode-se notar uma rica variabilidade no número de espécies e famílias botânicas, pertencentes aos dois biomas mencionados anteriormente, do total de 70 espécies amostradas 16, espécies são típicas do cerrado, 38 da caatinga e 16 se fazem presentes tanto no cerrado quanto na caatinga (Figura 2b). - Resumo Expandido - [729] ISSN: 2318-6631

A B Figura 2. Classificação das espécies arbóreas amostradas em um remanescente de mata ciliar do rio Gurguéia Sul do Piauí: (A) Grupo ecológico: P Pioneira; Si Secundária inicial; St Secundária tardia; Sc Sem caracterização. (B) Distribuição das espécies por bioma: Ca Caatinga; Ce Cerrado; Ce/Ca Cerrado Caatinga. Referindo-se ao grupo ecológico das espécies amostradas, 11 foram classificadas como pioneiras, 23 como secundárias iniciais, 31 como secundárias tardias e 7 sem caracterização. Na área estudada, a maior porcentagem de espécie está relacionada ao grupo ecológico das secundárias tardias, seguidas de secundárias iniciais, pioneiras e sem caracterização. Mesmo sendo uma área protegida, ocorre um grande número de espécies pioneiras e secundárias iniciais compreendendo certo grau de perturbação (Figura 2a). Quando somadas as espécies secundárias iniciais e pioneiras juntas compõem a maioria das espécies encontradas, isso caracteriza uma floresta em estágio inicial ou em desenvolvimento sucessional. A presença de espécies pioneiras como é o caso de Mimosa tenuiflora (Willd) Poir. e Aspidosperma pyrifolium Mart., ambas são espécies arbóreas, dentre outras, são encontradas principalmente em ambientes que sofreram algum tipo de degradação. Neste caso, induzido pelo homem, tais espécies são responsáveis por prepararem o ambiente para o desenvolvimento de outras espécies como é o caso da Caesalpinia pyramidalis Tul. Além da importância ambiental, algumas espécies são usadas pelos ribeirinhos como plantas medicinais, como é o caso de Ximenia americana L. Kielmeyera variabilis Mart. & Zucc., Copaifera langsdorffii Desf, Caesalpinia pyramidalis Tul. e Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, o que necessita de estudos mais detalhados dessas espécies. Para esse estudo realizado na Mata Ciliar do rio Gurguéia, o índice de diversidade de Shannon- Weaner (H ) encontrado foi de 3,32 nats.ind -1 indicando uma boa diversidade florística na área. Nesse contexto, pode-se afirmar que os valores do índice de diversidade encontrado nessa área apontam uma grande heterogeneidade nas condições ecológicas, com variedades de espécies que justifica a necessidade da preservação deste fragmento, pois sua manutenção é de vital importância para servir de base para projetos de restauração de matas ciliares nessa região. Além de sua devida importância para o leito do rio como proteção das margens contra processos erosivos, corredor ecológico, manutenção e dispersão da fauna e flora dentre outros, é de vital importância à preservação e recuperação desse ambiente, pois, o rio Gurguéia é único rio dessa região, uma vez que, vem sendo notado ano após ano a diminuição da quantidade de água, consequentemente das espécies aquáticas, haja vista, que, os proprietários de terras nessa região desmatam para utilização de culturas anuais e pastagens. Portanto é necessário uma fiscalização mais atuante, evitar perda total da diversidade de espécies da fauna e flora. - Resumo Expandido - [730] ISSN: 2318-6631

CONCLUSÕES Baseado nos dados obtidos nesse estudo, conclui que o fragmento de mata ciliar estudado se encontra em bom estado de conservação, apresentando um grande número de indivíduos e uma alta diversidade de espécies, distribuídas em todos os grupos ecológicos, essas informações servirão como base para futuros projetos de restauração florestal em áreas de mata ciliar degradada na bacia do Rio Gurguéia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APG II. Na update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants. London: Botanical Journal of the Linnaean Society, 2003. V. 141, n. 4, p. 399-436. CORBACHO, C.; SANCHEZ, J. M.; COSTILLO, E. Patterns of structural complexity and human disturbance of riparian vegetation in agricultural landscapes of a Mediterranean area. Agriculture Ecosystem sand Environment, n. 95, p. 495-507, 2003. MARTINS, S. V. Recuperação de matas ciliares. 2. ed. Viçosa: Editora Centro de Produções Técnicas, p.255, 2007. MÜLLER-DOMBOIS, D.; ELLEMBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York : John Wiley e Sons, 1974. 547 p. PAINE, L. K.; RIBIC, C. A. Comparison of riparian plant communities under four land management systems in southwestern Wisconsin. Agriculture Ecosystems Environment, n. 92, p. 93-105, 2002. REDE DE MANEJO FLORESTAL DA CAATINGA. Protocolo de Medições de Parcelas Permanentes. Recife: Associação de Plantas do Nordeste; Brasília: MMA, PNF, PNE. 2005. - Resumo Expandido - [731] ISSN: 2318-6631

Germinação da Copernicia prunifera (Mill) H. E. Moore: curva de embebição e efeito da pré-embebição Luan Henrique Barbosa de Araújo (1) ; Rodrigo Ferreira de Sousa (2) ; Eduarda Ximenes Dantas (3) ; Richeliel Albert Rodrigues Silva (4) ; Fábio de Almeida Vieira (5) (1) Estudante de graduação em engenharia florestal; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; luan_henriqueba@hotmail.com; (2) Estudante de Pós-graduação em Ciências Florestais; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; rodrigofsousa72@yahoo.com.br; (3) Estudante de graduação em engenharia florestal; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; eduardaximenes@live.com; (4) Estudante de graduação em engenharia florestal; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; (5) richeliel@yahoo.com.br; Professor, UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte, vieirafa@yahoo.com.br. RESUMO Apesar da importância econômica da carnaúba, pouco se sabe sobre a propagação sexuada. Com este estudo, objetivou-se determinar o grau de umidade das sementes, a curva de embebição e o efeito da pré-embebição no percentual de germinação das sementes. A determinação do grau de umidade foi realizada a partir da mensuração da massa fresca das sementes, seguida da secagem e nova pesagem. Para a caracterização da curva de embebição, foram realizadas as pesagens das sementes submersas em água, nos intervalos de 0, 2, 4, 12 horas e posteriormente a cada 48 h, totalizando 576 h. Para os testes de germinação avaliaram-se os seguintes tratamentos: 1) sementes escarificadas e embebidas em água destilada, 2) não-escarificadas e embebidas em água destilada, e 3) não-escarificadas e embebidas em água natural (não destilada), visando a extensão dos resultados às comunidades extrativistas da carnaúba. As sementes de carnaúba tem grau de umidade médio de 35,93%, indicando que permanecem com alta umidade após serem liberadas da planta-mãe. A curva de embebição apresentou um crescimento lento entre os intervalos de 0 e 12 h (9% em relação à massa fresca) e maiores taxas de absorção de água (38,8% após 336 h). Houve diferença significativa entre os tratamentos 1 e 2 e entre 1 e 3, indicando efeito positivo da escarificação; e ausência de diferença significativa entre os tratamentos 2 e 3, evidenciando que o tipo de água não influencia nas taxas de germinação. Palavras-chave: carnaúba, propagação, sementes florestais. INTRODUÇÃO O estabelecimento de metodologias para análise de sementes florestais desempenha papel fundamental na pesquisa científica e em outras atividades. O conhecimento dos principais processos envolvidos na germinação de sementes de espécies nativas é de vital importância para a preservação e multiplicação das espécies e em programas de reflorestamento (SMIDERLE & SOUSA, 2003). Apesar do aumento considerável de dados de análise de sementes de espécies florestais, muitas ainda - Resumo Expandido - [732] ISSN: 2318-6631

carecem de informações básicas sobre a germinação, cultivo e potencialidade, visando sua utilização para os mais diversos fins (ALVES et al., 2004). Informações básicas sobre a germinação, o cultivo e a potencialidade das espécies nativas, visando sua utilização para vários fins são rotineiramente demandadas. Portanto, métodos que auxiliem em um manejo mais racional e econômico se tornam necessários (VIEIRA & GUSMÃO, 2008). O teor de água é um fator importante para a propagação florestal, já que a umidade está associada à deterioração das sementes. Determinações periódicas do grau de umidade, entre a colheita e a utilização nos plantios, possibilitam melhor aproveitamento das sementes no processo de germinação (VIEIRA & GUSMÃO, 2008). Entre os diversos fatores ambientais que influenciam o processo germinativo, a qualidade inicial das sementes e a disponibilidade de água constituem fatores essenciais, influenciando direta ou indiretamente em todas as demais etapas do metabolismo, na ativação do ciclo celular e consequentemente crescimento (VIEIRA & GUSMÃO, 2006). Segundo Silva et al. (2009) as sementes da carnaúba devem permanecer imersas em água até a protrusão do pecíolo cotiledonar. Reis et al. (2010) observaram 85% de protrusão do pecíolo cotiledonar de sementes de carnaúba embebidas em água na temperatura de 25 ºC, entre 12 e 18 dias do início do experimento. O objetivo deste trabalho foi determinar o grau de umidade das sementes da palmeira carnaúba (Coperncia prunifera), assim como a curva de embebição e o efeito da pré-embebição no percentual de germinação das sementes. MATERIAL E MÉTODOS Amostragem dos frutos O estudo foi realizado no Laboratório de Genética e Melhoramento Florestal (LABGEM) da Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias (UAECA), Macaíba, RN. Foram coletadas aleatoriamente amostras de frutos de Copernicia prunifera oriundos de duas populações: 1) população natural remanescente, no município de Macaíba, nas coordenadas 5 53'57"S, 35 22'59"W e 2) população plantada na orla costeira da Praia de Cotovelo, no município de Parnamirim, RN, coordenadas 5 57 59,14 S e 35 08 34 W. Os frutos coletados estavam em estágios finais de maturação os quais foram acondicionados em sacos plásticos e conduzidos ao laboratório da UEACA. Logo após a coleta, os frutos foram despolpados manualmente com o auxílio de estilete até promover a fissura do endocarpo e retirada das sementes. Logo após foram desinfetadas com hipoclorito de sódio (NaClO) a 2%, por dez minutos, seguida de lavagem com água destilada. Determinação do grau de umidade Foi realizada em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições de 15 sementes. Inicialmente as sementes foram colocadas em placas de Petri, mensuradas a massa fresca em balança semianalítica e, em seguida, colocadas em estufa de secagem a 105 C por 24 h, método oficial de determinação da umidade (BRASIL, 1992). Após as 24 h, as sementes foram retiradas, e novamente pesadas, do qual foram obtidos os resultados do teor de água. Curva de embebição das sementes Foram selecionadas visualmente 100 sementes, obtendo-se as variáveis biométricas de comprimento e diâmetro da semente antes e depois da embebição, além das taxas de germinação ou emissão da radícula. Utilizou-se o delineamento DIC, com cinco repetições e 20 sementes por parcela em Becker de 200 ml, contendo água destilada. As sementes ficaram totalmente submersas ao longo do experimento. Foram realizadas as pesagens das sementes nos intervalos de 0, 2, 4, 12 horas e posteriormente a cada 48 h, totalizando 576 h. - Resumo Expandido - [733] ISSN: 2318-6631

Experimento de germinação O experimento foi conduzido em condições de laboratório (25 ± 2 C e 65 ± 3% de UR do ar). Os frutos amostrados apresentavam coloração escura, indicando o estágio final de maturação, oriundos da população de Praia de Cotovelo, Parnamirim/RN. Após seleção e beneficiamento das sementes no LABGEM, instalou-se o experimento em delineamento DIC, com cinco repetições de dez sementes. Testaram-se os seguintes tratamentos: 1) sementes escarificadas e embebidas em água destilada, 2) não-escarificadas e embebidas em água destilada, e 3) não-escarificadas e embebidas em água natural (não destilada). As sementes foram embebidas em beckers de vidro contendo 200 ml de água. Análise dos dados A variável dependente avaliada foi a protrusão da raiz primária, durante 18 dias de experimento. Utilizou-se o programa estatístico BIOESTAT 5.3 (AYRES et al., 2007), sendo realizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk, a análise de variância Kruskal-Wallis e o teste de média de Dunn (α = 0,05), para dados não-paramétricos (ZAR, 1999). RESULTADOS E DISCUSSÃO Grau de umidade das sementes As sementes de carnaúba tem grau de umidade médio de 35,93%, indicando que permanecem com alta umidade após serem liberadas da planta-mãe. As espécies com sementes recalcitrantes tem, em geral, origem em locais mais úmidos e, portanto, adequados ao processo germinativo (VIEIRA & GUSMÃO, 2006). Portanto, sugere-se que as sementes da Copernicia prunifera devem ser semeadas logo em seguida à dispersão dos frutos. Entretanto, há necessidades de estudos sobre a capacidade de armazenamento das sementes e, paralelamente, sobre os procedimentos adequados de colheita, de beneficiamento e de secagem das sementes de carnaúba para preservar sua qualidade física, fisiológica e sanitária. Esses fatores são relevantes para reduzir, ao máximo, a velocidade e a intensidade do processo de deterioração (VIEIRA & GUSMÃO, 2008). Curva de embebição das sementes Inicialmente a curva de embebição das sementes (Figura 1) apresentou um crescimento lento entre os intervalos de 0 e 12 h (9% em relação à massa fresca). A partir deste momento foram observadas maiores taxas de absorção de água (38,8% após 336 h), e em seguida estabilizada até o final do experimento, com absorção máxima de água após 480 h (40,7%). As sementes embebidas tiveram um incremento de diâmetro e comprimento, respectivamente, de 9,6% (1,5 mm) e 6,8% (1,3 mm). Observou-se uma relação direta entre a embebição de água pelas sementes e a emergência da raiz primária, com taxa média de germinação de 91%, provavelmente associada a mudanças metabólicas do processo de germinação. - Resumo Expandido - [734] ISSN: 2318-6631

Figura 1. Curva de embebição em sementes de Copernicia prunifera durante 576 horas. A absorção de água pelas sementes obedece a um padrão trifásico. A fase I, denominada embebição, é consequência do potencial matricial e, portanto, trata-se de um processo físico, ocorrendo independentemente da viabilidade ou dormência das sementes, desde que não seja uma dormência tegumentar causando impedimento de entrada de água. Já a fase II, denominada de estacionária, ocorre em função do balanço entre o potencial osmótico e o potencial de pressão. Nessa fase, a semente absorve água lentamente e o eixo embrionário ainda não consegue crescer. Por último, a fase III caracteriza-se pela retomada de absorção de água, culminando com a emissão da raiz primária (BEWLEY & BLACK, 1994). Assim, para as sementes da carnaúba, conforme Figura 1, identificase como sendo a fase I as primeiras 4 horas de embebição, a fase II entre 4 e 24 horas de embebição, e a fase III a partir das 48 horas de embebição. Portanto, recomenda-se a embebição das sementes por pelo menos 12 dias, já que as sementes apresentam embebição estabilizada a partir das 288 horas (12 dias), e porcentagem elevada de protrusão da raiz primária. Germinação das sementes O percentual de germinação nos tratamentos 1, 2 e 3 foram de 96%, 64% e 80%, respectivamente. A análise de variância foi significativa (H = 10,001; P = 0,007), com diferença entre os tratamentos 1 e 2 (P = 0,02) e entre os tratamentos 1 e 3 (P = 0,05), indicando efeito positivo da escarificação das sementes na germinação. Não houve diferença significativa entre os tratamentos 2 e 3 (P = 0,22), sugerindo que o tipo de água (destilada ou não destilada) não influencia nas taxas de germinação. Esse resultado pode ser importante para os projetos de recuperação e produção de mudas da carnaúba em comunidades extrativistas, que não dispõem de equipamento para destilar água. Os resultados irão contribuir para a consolidação das metodologias de germinação da espécie, otimizando a porcentagem, velocidade e uniformidade na obtenção das mudas (Figura 2). - Resumo Expandido - [735] ISSN: 2318-6631

Figura 2. Emergência da radícula das sementes de Copernicia prunifera, após oito dias de experimento (A), semente de carnaúba escarificada (B) e mudas em casa de vegetação (C e D). CONCLUSÕES As sementes de Copernicia prunifera possuem alto teor de água (35,93%) após a liberação da planta mãe. A curva de embebição das sementes indica um comportamento trifásico, com embebição estabilizada após 12 dias (288 horas), sendo este o período sugerido para obter maior porcentagem da protrusão da raiz primária. Por último, conclui-se que há efeito positivo da escarificação das sementes na germinação. Entretanto, as condições da água (destilada ou não destilada) não influência na germinação das sementes da carnaúba. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A.U.; DORNELAS, C.S.M.; BRUNO, R.L.A.; ANDRADE, L.A.; ALVES, E.U. Superação da dormência em sementes de Bauhinia divaricata L. Acta Botânica Brasilica, v.18, p.871-879. 2004. AYRES, M. et al. BioEstat 5.3. Sociedade Civil Mamirauá, 2007. 324 p. BEWLEY, J. D. & BLACK, M. Seeds: Physiology of development and germination. 2ª ed. New York: Plenum Press, 1994. 445p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Departamento Nacional de Defesa Vegetal. Regras para análise de sementes. Brasília, DF, 1992, 365 p. REIS, R.G.E. et al. Biometria e efeito da temperatura e tamanho das sementes na protrusão do pecíolo cotiledonar de carnaúba. Revista Ciência Agronômica, v.4, n.1, p.81-86, 2010. SILVA, F.D.B. et al. Pré-embebição e profundidade de semeadura na emergência de Copernicia prunifera (Miller) H. E. Moore. Revista Ciência Agronômica, v.40, n.2, p.272-278, 2009. - Resumo Expandido - [736] ISSN: 2318-6631

SMIDERLE, O.J.; SOUSA, R.C.P. Dormência em sementes de paricarana (Bowdichia virgilioides Kunth - Fabaceae - Papilionidae). Revista Brasileira de Sementes, v.25, p.48-52, 2003. VIEIRA, F.A.; GUSMÃO, E. Biometria, armazenamento de sementes e emergência de plântulas de Talisia esculenta Radlk. (Sapindaceae). Ciência e Agrotecnologia, v.32, p.1073-1079, 2008. VIEIRA, F.A.; GUSMÃO, E. Efeito de giberelinas, fungicidas e do armazenamento na germinação de sementes de Genipa americana L. Cerne, v.12, n.2, p.137-144, 2006. ZAR, J. H. Biostatistical analysis. New Jersey: Prentice-Hall, 1999. 662p. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio financeiro concedido, processo de nº 562828/2010-9. - Resumo Expandido - [737] ISSN: 2318-6631