CAPACITAÇÃO EM ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DE MACAÉ, RJ: RESULTADOS DE UMA AÇÃO EXTENSIONISTA

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Transcrição:

CAPACITAÇÃO EM ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DE MACAÉ, RJ: RESULTADOS DE UMA AÇÃO EXTENSIONISTA HUGO DEMÉSIO MAIA TORQUATO PAREDES 1 ISADORA DE FREITAS LYRIO 1 PRISCILA VIERA PONTES 1 CAMILLA MEDEIROS MACEDO DA ROCHA 1 JANE DE CARLOS SANTANA CAPELLI 1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - CAMPUS UFRJ MACAÉ, RJ, BRASIL hugomaia2007@hotmail.com INTRODUÇÃO A Educação Permanente em Saúde (EPS) é a aprendizagem no trabalho baseada na possibilidade de transformar as práticas profissionais por meio de temas atualizados com novas propostas metodológicas, cientificas e tecnológicas (CECCIM, 2005). A EPS propõe que os processos de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo de trabalho, e considera que as necessidades de formação e desenvolvimento dos trabalhadores sejam voltadas às necessidades de saúde das pessoas e populações (BRASIL, 2009a; CECCIM, 2005). Na perspectiva da alimentação infantil, o processo saúde e doença estão intimamente relacionados às práticas alimentares iniciadas no período intrauterino, perpassando pelo aleitamento materno exclusivo até o 6º mês, pela introdução da alimentação adequada, a partir do sexto mês, até o final do primeiro ano de vida do lactente, com a introdução da alimentação da família (BRASIL, 2009b). A literatura voltada a alimentação da criança, principalmente do lactente, apresenta inovações e descobertas na prevenção, promoção e tratamento de doenças que surgem em todas as fases do ciclo da vida. Assim, faz-se necessário levar os novos conhecimentos ao profissional de saúde para capacitá-los e atualizá-los em sua prática profissional e no cotidiano do serviço. O presente estudo objetivou apresentar os resultados dos testes aplicados na capacitação voltada aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de Macaé. SUJEITOS E MÉTODOS Realizou-se um estudo descritivo, de corte transversal e base primária com ACS, participantes de um curso de capacitação em Educação Permanente, proposto pela Coordenação das Estratégias de Saúde da Família de Macaé, em julho de 2014. O estudo foi desenvolvido pelas equipes dos projetos PIBEX/UFRJ Iacol, PET Eacol e PET ESAURA, vigência 2012-2014, que integram o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde 2012-2014) aprovado no Campus UFRJ Macaé, com fomento aos bolsistas e preceptores. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010, disponibilizando bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde. Em parceria com a área de Educação Permanente em Saúde, da Coordenação das Estratégias de Saúde da Família de Macaé, foi realizado inicialmente um módulo sobre alimentação infantil (AI), dentro do processo de capacitação e atividades educativas em saúde destinadas aos ACS recém ingressados nesta atividade.

O módulo sobre alimentação infantil foi organizado em 3 aulas com temas na área de AI para a capacitação dos novos ACS da Atenção Básica. As aulas compreenderam os temas: (a) aspectos fisiológicos do lactente; (b) aleitamento materno, anatomia e fisiologia da mama; (c) alimentação complementar saudável do lactente. Foram aplicados, pelos bolsistas, questionários pré e pós-teste, de auto preenchimento, antes da primeira aula e após última aula, respectivamente. Os questionários continham 5 perguntas objetivas de verdadeiro ou falso sobre AI. A proposta do estudo foi explicada aos participantes que assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), antes de preencherem os questionários. Foram respeitadas todas as normas e diretrizes para estudos envolvendo seres humanos contidas na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Campos dos Goytacazes. Duas semanas após a capacitação, os ACS participaram de uma sessão de vídeos, apresentados na I Mostra de Vídeos em Alimentação Infantil (IMVAI). Foram apresentados os vídeos: Os dez passos para alimentação saudável de lactentes, Agite (se) e Conheça o que você está comendo, no auditório do Paço Municipal de Macaé. Após a sessão de vídeos abriuse um debate de 30 minutos. Os dados dos pré e pós-teste foram digitados, consolidados, limpos e analisados no pacote estatístico SPSS versão 20.0. Realizou-se uma análise descritiva por meio de frequência absoluta e relativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Um total de 92 ACS participaram da capacitação, porém 89 (97%) responderam os testes. De uma forma geral, para as perguntas sobre aleitamento materno no pré-teste, encontraram-se cerca de 90% respostas corretas e, no pós-teste, 97% (Figura 1). Nos resultados dos testes, duas perguntas se referiam a conhecimentos sobre o aleitamento materno. A primeira, relacionada ao horário das mamadas, cuja pergunta era: Os horários das mamadas devem ser fixos e o bebe deve mamar durante 10 minutos em cada mama, os ACS tiveram 91% de acertos no pré-teste, que evolui para 94,4% de acertos no pós-teste. A segunda pergunta, relacionada à qualidade do leite materno e ao ganho de peso do bebê: Se o bebê não ganha peso, é possível que o leite da mãe seja de baixa qualidade, detectou-se uma diferença entre os percentuais do pré e pós-testes de 94,4% e 95,5%, respectivamente (Figura 2). Em relação às questões sobre alimentação complementar, no pré-teste, detectaram-se entre 64 e 95% de acertos. No pós-teste, entre 91 e 96% responderam corretamente. As perguntas sobre alimentação complementar se iniciaram na questão de número 3, que versava sobre a oferta de frutas: As frutas devem ser oferecidas após seis meses de idade, preferencialmente sob a forma de papa, sempre em colheradas. A pergunta seguinte, referiuse a textura dos alimentos ofertados: Os alimentos oferecidos à criança em alimentação complementar devem ser cozidos, posteriormente, devem ser liquidificados e peneirados para facilitar a digestão. A segunda apresentou o menor percentual de acertos (64%). No entanto, no pós-teste, detectaram-se 95,5% de respostas corretas para a mesma questão. A última pergunta se referia à presença de sódio em alimentos infantis: O sódio está presente em

alimentos infantis doces e salgados. O total de acertos para esta pergunta não apresentou mudanças no pré e pós-testes, mantendo-se em 91% (Figura 2). Os resultados do estudo mostram um percentual elevado de acertos em relação aos conhecimentos sobre aleitamento materno, não acontecendo o mesmo sobre alimentação complementar. O leite materno é a primeira alimentação humana e fonte de nutrientes para as funções biológicas, sendo considerado o melhor alimento para as crianças por ter papel muito importante na proteção imunológica contra doenças infecciosas, além de propiciar o contato e afeto entre mãe e filho durante a amamentação. É preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que sua oferta seja exclusiva nos primeiros seis meses de vida do recémnascido e que a amamentação continue, junto com uma alimentação complementar, até os dois anos ou mais, sendo responsável pela diminuição da taxa de mortalidade infantil no primeiro ano de vida (CAMINHA et al., 2010; BRASIL, 2006). Alimentação complementar é definida como a alimentação no período em que outros alimentos (papas doces e salgadas) ou líquidos (chás, sucos, água etc.) são oferecidos à criança, em adição ao leite materno. Alimento complementar é qualquer alimento dado durante o período de alimentação complementar e que não seja leite materno. Aos poucos, com o avançar da idade da criança, a alimentação desta deve se assemelhar à alimentação da família, levando em consideração o cuidado com o uso de condimentos, visando uma melhor qualidade de vida tanto para a criança, como para seus familiares (BRASIL, 2010). Uma pesquisa desenvolvida no município cearense de Uruburetama, visando caracterizar como os agentes comunitários de saúde acompanham o crescimento e o desenvolvimento do lactente, focando no crescimento, aleitamento materno e introdução da alimentação complementar, mostrou deficiência no acompanhamento feito pelos ACS, como a

falta de visita domiciliar no período de puerpério (ÁVILA et al., 2011). Além disso, os ACS não souberam identificar riscos nutricionais (obesidade e desnutrição), nenhuma das 16 crianças acompanhadas recebeu aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e a alimentação complementar era feita de forma inadequada para a idade da criança. O relato das mães sobre a amamentação mostrou um conhecimento inadequado sobre o aleitamento materno e alimentação complementar (ÁVILA et al., 2012), o que ressalta a importância da educação continuada na temática do aleitamento materno e alimentação complementar para os ACS. Machado et al. (2012) estudando o processo e a adequação de uma intervenção, com comparação de conhecimentos e práticas de 54 ACS, antes e dois meses após a ação, encontraram aumento do percentual médio de conhecimentos e níveis de conhecimentos classificados como bons. Porém, não houve mudanças no percentual de participação dos agentes em ações de saúde específicas, como grupos. O efeito da capacitação mais apontado pelos ACS foi sentir-se mais aceito e em melhores condições de participar da equipe multiprofissional em situações envolvendo cuidados com crianças. Mais da metade relatou melhora na qualidade e quantidade das orientações prestadas nas visitas domiciliares. Em um estudo realizado em um município do interior paulista, por Machado et al. (2010), que tinha como objetivo avaliar a intervenção educativa sobre o tema aleitamento materno voltada a agentes comunitários de saúde, mostrou o ACS como um profissional que opera em posição privilegiada para a implementação de ações dentro da comunidade e, desta forma, deve ser capacitado para tal. Estes profissionais são propagadores e promotores de informação e promoção de saúde. O agente sendo o profissional de maior contato com as famílias, portanto, deve estar munido de conhecimentos que incentivem as mães ao AM e a correta introdução da alimentação complementar para maior benefício da criança (MACHADO et al., 2012). Em consonância com nossos achados, os autores supracitados apontam em seus estudos que o ACS é um componente importante dentro da equipe de saúde, porém não tem exercido de forma integral e efetiva suas funções junto à comunidade, revelando a importância de haver uma educação continuada para que esses profissionais sejam capazes de orientar, promover e melhorar a saúde na área em que atuam. CONCLUSÃO O conhecimento sobre aleitamento materno, neste grupo, está consolidado e a alimentação complementar é um tema que deve ser trabalhado com mais ênfase nas capacitações dos ACS no município de Macaé. No entanto, não se deve deixar de lado as formações com ênfase no aleitamento materno, mas sim, promover ações educativas que integrem tanto a temática do aleitamento materno, quanto da alimentação complementar, dada a importância de ambas para a saúde da criança e a relação íntima, implícita, entre estas duas práticas. AGRADECIMENTOS Agradecemos à coordenadora da Coordenadoria da Área Técnica de Alimentação e Nutrição (Catan), a nutricionista Carine Lima, pela autorização da coleta, análise e divulgação dos resultados e de sua equipe técnica.

REFERÊNCIAS Ávila, MMM et al. Nutrição e saúde: o agente comunitário de saúde e as ações realizadas com crianças de 0-12 meses em Uruburetama (CE). Cad. Saúde Colet., 2011, Rio de Janeiro, 19 (3): 341-7. Disponível em: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2011_3/artigos/csc_v19n3_341-347.pdf.] Brasil. Ministério da Saúde. ENPACS: Estratégia Nacional Para Alimentação Complementar Saudável: Caderno Do Tutor / Ministério da Saúde, Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar IBFAN Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 108p.: il. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).. Ministério da Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde/Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009a.. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar/ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009b.. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília, 2006.. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos/ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. 152 p.: il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Caminha, MFC; Serva, VB; Arruda, IKG; Batista Filho, M. Aspectos históricos científicos, socioeconômicos e institucionais do aleitamento materno. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, vol. 10, n.1, p.25-37, mar., 2010. Ceccim, RB. Educação Permanente em Saúde: Desafio ambicioso e necessário. Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.16, p.161-77, set.2004/fev.2005 Machado, MCHS et al. Avaliação de intervenção educativa sobre aleitamento materno dirigida a agentes comunitários de saúde. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. [online]. 2010, vol.10, n.4, pp. 459-468. ISSN 1519-3829. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s1519-38292010000400006. Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Curso de Nutrição Rua Aluísio da Silva Gomes, 50 Granja dos Cavaleiros Macaé RJ CEP: 27930-560