O CÁLCULO DO VALOR DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO DAS APOSENTADORIAS POR INVALIDEZ DE ACORDO COM O INCISO II DO ART. 29 DA LEI N. 8.



Documentos relacionados
TERCEIRA TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

Para cada valor depositado pelo participante a título de contribuição básica a Patrocinadora depositará valor idêntico.

BENEFÍCIOS DO SERVIDOR PÚBLICO

O REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE TAQUARITINGA

APOSENTADORIA INTEGRAL X INTEGRALIDADE

AÇÕES COLETIVAS PREVIDENCIÁRIAS SINPRO/RS. a) Repetição de Indébito incidência de contribuição previdenciária em verba indenizatória

GRUPO DE TRABALHO QUE PROMOVE A CÂMARA DE NEGOCIAÇÃO DEDESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Brasília (DF), 6 de julho de 2005.

SÍNTESE DA MATÉRIA RELATIVA A AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS REVISIONAIS

REGRAS PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA A SERVIDORES VINCULADOS A REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

DECRETO Nº 5.545, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005

APOSENTADORIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA SEGURADA DO RGPS CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE CÁLCULOS

Brasília, 28 de abril de NOTA JURÍDICA

REGRAS PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA A SERVIDORES VINCULADOS AO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE CAPIVARI - IPREM -

EC 70/12 E MUDANÇAS NA LEI 9.717/98

RPPS X RGPS. Atuário Sergio Aureliano

LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Vida Funcional. Direitos e benefícios dos Servidores Municipais. Na CF/88, Redação Original. Na EC 20/98, Regras Permanentes.

PERGUNTAS FREQUENTES NOVO REGIME DE TRIBUTAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA:

REGRAS DE APOSENTADORIA DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL - RPPS

A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA DOS S ERVIDORES: PROBLEMAS E ALTERNATIVAS. Carlos Alberto Pereira de Castro Juiz do Trabalho 2007

Carência para o recebimento do benefício pensão por morte?

PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ESTADO DE SÃO PAULO

Ainda a mesma legislação prevê no artigo 34, as atribuições dos Conselhos Regionais de Engenharia, entre outras:

NOTA JURÍDICA N.º 004/2006 Cuiabá/MT, 06 de dezembro de 2006.

CARTILHA SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Perguntas e respostas sobre a criação do Funpresp (Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos)

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art Art IV -...

1ª REGRA APOSENTADORIA POR IDADE E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Regulamento de Empréstimo

SALÁRIO MÍNIMO NOVO VALOR A PARTIR DE 1º DE JANEIRO DE 2015 DECRETO Nº DOU de

37º FONAI Maceió-AL. Atualização Técnica Princípio para assessorar a gestão.

A NOVA REDUÇÃO DAS COMPENSAÇÕES ASSOCIADAS À CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO LEI N.º 69/2013, DE 30 DE AGOSTO

ABONO DE PERMANÊNCIA

REGULAMENTO PARA CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMO SIMPLES - CV

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DO EMPREGADO A LUZ DAS NORMAS DO REGIMENTO GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RGPS

REGULAMENTO DE EMPRÉSTIMO A PARTICIPANTE DO PLANO DE BENEFICIO CEBPREV.

CONVENÇÃO COLETIVA 2015/2016

PLANOS DE SAÚDE REGULAMENTADOS

NOTA JURÍDICA N.º 001/2006 Cuiabá/MT, 04 de abril de 2006.

Benefícios Previdenciários do INSS Como são concedidos e calculados. Prof. Hilário Bocchi Júnior hilariojunior@bocchiadvogados.com.

alterações antes da execução de qualquer cálculo no SAP. Atenção especial deve ser dada a casos

APOSENTADORIA POR IDADE. Prof. Me. Danilo César Siviero Ripoli

19/02/2015. Auxílio Doença

No âmbito do RPPS Regime Próprio de Previdência Social de Camaçari, não há exigência de cumprimento de carência para percepção deste beneficio.

I CLÁUSULAS ECONÔMICAS

Previdência Complementar

LEGISLAÇÃO / Ofícios Circulares UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO

TABELAS EXPLICATIVAS DAS DIFERENTES NORMAS ELABORAÇÃO: LIZEU MAZZIONI VERIFICAÇÃO JURÍDICA E REDAÇÃO FINAL: DR. MARCOS ROGÉRIO PALMEIRA

REGULAMENTO DE EMPRÉSTIMO

Í n d i c e. Apresentação. Sobre a ELETROS. Sobre o Plano CD CERON. Características do Plano CD CERON

LEI Nº , DE 12 DE MAIO DE (Projeto de Lei nº 611/02, da Vereadora Claudete Alves - PT)

Coordenação-Geral de Tributação

Lição 11. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS

DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS 1. APOSENTADORIA

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Cálculo do Imposto de Renda na Fonte sobre o complemento de 13º Salário

CARTILHA SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

MINUTA DE ANTEPROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

Aposentadoria - Regra GERAL em vigor (Emenda Constitucional nº. 41/2003)

Questões contemplando a MP 664, de 30 de dezembro de 2014

APOSENTADORIAS. Aposentadoria por invalidez permanente;

PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº DE 2012

SIMPLES UNIVERSAL aumenta a carga tributária das empresas de Representação Comercial. A melhor opção continua sendo o lucro presumido

ORIENTAÇÃO DE SERVIÇO SCAP N.º 021/2011 (RETIFICADA EM 25/04/2013)

ECONOMIA E GESTÃO DO SETOR PÚBLICO MÓDULO 16 A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

ÁREA PARA TITULO. [Classificação: Pública]

Aposentadoria por tempo de contribuição e Aposentadoria com proventos integrais. Alda Maria Santarosa 1

Coordenação-Geral de Tributação

REGULAMENTO DO PLANO PREVIDENCIAL DOS PARTICIPANTES VINCULADOS AO INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA - IMA REGULAMENTO ESPECÍFICO - RP6 CAPÍTULO I

CAPÍTULO II TRATAMENTO TRIBUTÁRIO APLICÁVEL

EDUARDO RAFAEL WICHINHEVSKI NOÇÕES ELEMENTARES DA APOSENTADORIA POR IDADE

INSTRUÇÃO NORMATIVA SEAP Nº 5, DE 28 DE ABRIL DE 1999

Portaria Interministerial MPS/MF/MP/MDS/SEP Nº 1 DE 01/08/2014

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Coordenação-Geral de Tributação

O CÔMPUTO DO TEMPO DE PERCEBIMENTO DO SEGURO-DESEMPREGO PARA FINS DE APOSENTADORIA

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41/03

LEI Nº 007/91. A Câmara Municipal de São José dos Pinhais, Estado do Paraná, decretou e eu, Prefeito Municipal sanciono a seguinte Lei:

AULA 02 ROTEIRO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART. 5º; 37-41; ; LEI DE 13/07/1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E C A PARTE 02

ESCLARECIMENTOS E ORIENTAÇÕES AOS PARTICIPANTES DO PLANO DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA SISTEMA FIEMG

Coordenação-Geral de Tributação

DICAS SOBRE AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS REVISIONAIS

Lei de 30/05/2015

CURSO DE CÁLCULOS DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS PARTE 2. Professor Roberto de Carvalho Santos

PORTARIA Nº 541/ CONSIDERAÇÕES E ANÁLISE COMPARATIVA

Coordenação-Geral de Tributação

Previdência Social sob a forma de Regime Geral

Quadro Comparativo do Regulamento do Plano de Benefícios Pepsico

ENTENDA MELHOR! O TAC da tábua de mortalidade e o crédito gerado na conta do Plano B

Alterações no auxílio doença e trabalho e regras do seguro desemprego -Uma abordagem. destaque.

PREVIDÊNCIA SIMULADO 02

Seu futuro está em nossos planos!

REGIUS SOCIEDADE CIVIL DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Regulamento de Empréstimos Plano CV- 03

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

A Aposentadoria dos Servidores Públicos Federais

Transcrição:

O CÁLCULO DO VALOR DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO DAS APOSENTADORIAS POR INVALIDEZ DE ACORDO COM O INCISO II DO ART. 29 DA LEI N. 8.213/91 AUTOR: SÉRGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS. Procurador Federal, Mestre em instituições Jurídico-Políticas pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSCC. Professor de Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 1. INTRODUÇÃO A interpretação literal e isolada do inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91 é responsável pelo ajuizamento de milhares de feitos nos quais se postula a condenação da Autarquia Previdenciária na obrigação de recalcular o valor do salário de benefício previdenciário de aposentadorias por invalidez, com base nos 80% dos maiores salários de contribuição correspondentes a 100% do período contributivo. No entanto, a interpretação sistemática do mencionado dispositivo normativo é capaz de conduzir a um resultado diverso daquele que se apresenta pelo emprego da interpretação gramatical. O objetivo deste trabalho é, portanto, demonstrar que a interpretação sistemática do inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91 permite concluir que os benefícios dos segurados filiados ao Regime Geral de Previdência Social até a data de 26 de novembro de 1999 não devem ser calculados com base nos 80% dos maiores salários de contribuição correspondentes a 100% de todo o período contributivo. 2. O CÁLCULO DO VALOR DAS APOSENTADORIAS POR INVALIDEZ COPNFORME A METODOLOGIA INTRODUZIDA PELA CARTA CONSTITUCIONAL Sob a égide do Decreto 89.312/84 [01], o salário de benefício das aposentadorias por invalidez era igual a um doze avos da soma dos saláriosde-contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade, até o máximo de doze, apurados em período não superior a dezoito meses. O valor da renda mensal inicial era fixado mediante a aplicação do comando normativo previsto no 1º do art. 30 do aludido Decreto, que dispunha que o valor-base do benefício deveria ser igual a setenta por cento do salário de

benefício, acrescido de 1% por ano de atividade, até o máximo de trinta por cento [02]. Os benefícios acidentários, por seu turno, eram regidos por uma sistemática de cálculo própria, já que seu montante era fixado com base no valor do salário de contribuição vigente na data do acidente, conforme dispunha o inciso II do art. 164 do Decreto 89.312/84 [03]. Com o advento da Constituição de 1988, a metodologia de apuração do valor dos benefícios previdenciários sofreu substancial alteração, pois apesar de haver sido mantido o procedimento de cálculo do valor do benefício com base na média aritmética dos salários de contribuição, a Lei Maior garantiu aos trabalhadores o direito à atualização monetária de todos os salários de contribuição considerados no cálculo do benefício previdenciário [04]. No entanto, a norma constitucional, por se classificar como de baixa densidade normativa, carecia de norma integradora para dar-lhe eficácia plena. Assim, em 24 de julho de 1991, foi promulgada a Lei 8.213/91 que disciplinou a nova fórmula a ser empregada no cálculo do valor dos benefícios previdenciários. 3. O CÁLCULO DO VALOR DO BENEFÍCIO SEGUNDO NORMAS LEGAIS Com o objetivo de promover a integração do art. 201 da Carta Constitucional [05], foi promulgada a Lei 8.213/91, que em seu artigo 29 dispunha que o valor do salário de benefício seria equivalente a média aritmética simples de todos os últimos salários de contribuição inseridos no período básico de cálculo [06] de, no mínimo, 36 meses. No que diz respeito ao cálculo do valor dos benefícios acidentários a nova legislação manteve a mesma metodologia prevista no Decreto 89.312/84. Desse modo, mesmo com o advento da Lei 8.213/91 tais benefícios tinham sua renda mensal inicial fixada com base no valor do salário de contribuição do dia do acidente, caso esta fórmula de apuração fosse mais vantajosa. Esse procedimento de apuração do valor dos benefícios decorrentes de acidentes de trabalho vigorou até o advento da lei 9.032, de 27 de abril de 1995, responsável pela unificação da metodologia do cálculo dos benefícios de prestação continuada. A lei 9.879 [07], de 26 de novembro de 1999, introduziu uma profunda alteração na sistemática de apuração do valor dos benefícios previdenciários, pois estabeleceu que estes deveriam ser calculados com base na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo.

A interpretação isolada do inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91 [08], com redação dada pela lei 9.876/99, poderá conduzir o operador normativo à equivocada conclusão no sentido de que todo e qualquer benefício previdenciário deverá ser calculado com base na média aritmética de todos os salários de contribuição correspondentes a 80% dos maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. No entanto, o art. 3º da lei 9.876/99 introduziu no sistema uma norma de transição que instituiu regra especial de cálculo dos benefícios, aplicável ao procedimento de apuração do salário de benefício dos segurados que já estivessem filiados ao RGPS até 26 de novembro de 1999 [09]. A previsão de um regime especial de transição revelou-se como uma necessidade, pois os segurados deixariam de ter seus benefícios previdenciários apurados com base nas contribuições vertidas para o sistema em um lapso temporal relativamente curto. Pela nova sistemática o valor do benefício deveria ser calculado com base em uma média aritmética que levaria em consideração todo o período contributivo. Com o objetivo de reduzir o impacto de tal disposição, o legislador estabeleceu um limite de retroação do período básico de cálculo para todos os segurados que já se encontravam filiados ao sistema até o momento do início da vigência da lei 9.876/99 julho de 1994. A regra de transição, ainda em vigor, dispõe que o valor do salário de benefício dos segurados já filiados ao sistema deverá ser determinado mediante a apuração da média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período decorrido entre a competência de julho de 1994 e a data de início do benefício. A aplicação da regra de transição às aposentadorias por invalidez é inafastável, já que o caput do art. 3º da Lei 9.876/99 faz expressa alusão ao inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91. Ao se considerar que, conforme dispõe o art. 3º da Lei 9.876/99, no cálculo do valor dos benefícios previdenciários deve-se levar em conta a data de filiação ao sistema, é possível concluir que os segurados foram agrupados em duas grandes classes: a)os que se filiaram ao Regime Geral de Previdência Social a partir de 27 de novembro de 1999; b)os que já estavam filiados ao Regime Geral de Previdência Social antes de 27 de novembro de 1999. 3.1. Cálculo do valor do salário de benefício para os segurados filiados ao RGPS a partir de 27.11.1999

Para os segurados filiados ao RGPS a partir de 27.11.1999, o cálculo do valor do benefício previdenciário deverá observar o que dispõe o inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91. Assim, o valor do salário de benefício será igual à média aritmética de 80% dos maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. 3.2. Cálculo do valor do salário de benefício para os segurados filiados antes de 27.11.1999 No entanto, para os segurados filiados ao sistema em momento anterior a 27.11.1999, é necessário que se observe que o art. 3º da lei 9.876/99 criou uma complexa sistemática de estimativa do valor do salário de benefício. Isso porque o novo diploma normativo estabeleceu que os benefícios deverão ser calculados mediante a apuração da média aritmética equivalente a, no mínimo, 80% dos salários de contribuição observados entre julho de 1994 e a data de início do benefício. Constata-se, assim, que o cálculo dos benefícios dos segurados já filiados ao sistema conta com dois elementos de distinção: a)a possibilidade de que a média aritmética dos salários de contribuição abranja um percentual superior a 80% dos maiores salários de contribuição, a ser definida pela via regulamentar; e b)a necessidade da observância de uma data-limite de retroação do período básico de cálculo julho de 1994. 4. A REGULAMENTAÇÃO DO ART. 29 DA LEI 8.213/91 A leitura do art. 3º da Lei 9.876/99 revela que o legislador concebeu a existência de um amplo espaço de regulamentação, a ser ocupado pela atuação do Poder Executivo. Assim, com o objetivo de promover a regulamentação da lei 9.876/99, foi editado o Decreto 3.265/99, responsável pela alteração de diversas disposições do Decreto 3.048/99. O art. 188-A do Decreto 3.048/99, incluído pelo Decreto 3.265/99, regulamentou as regras de transição, aplicáveis aos segurados filiados ao sistema até 28 de novembro de 1999. Dessa forma, é possível constatar que o decreto 3.048/99, refletindo as disposições introduzidas pela lei 9.876/99, passou a agrupar os segurados em duas grandes categorias:

4.1. Segurados filiados após 28.11.1999 Os segurados que se filiaram ao sistema após 27.11.1999 deveriam ter seus benefícios calculados em conformidade com a regra geral contida no inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91, qual seja, o salário de benefício deve equivaler a 80% dos maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. 4.2. Benefícios concedidos aos segurados já filiados ao sistema em 26.11.1999 Os segurados que já estavam filiados ao Regime Geral de Previdência Social em 26.11.1999, contudo, deveriam ter seus benefícios calculados em conformidade com uma regra de transição. Desse modo, o valor do salário de benefício deveria ser igual a 80% dos maiores salários de contribuição situados no período entre junho de 1994 até a data de concessão do benefício. Note-se, ainda, que o Decreto 3.265/99 estabeleceu que, ao introduzir o comando contido no 3º do art. 188-A ao Decreto 4.048/99, quando o segurado contasse com salários de contribuição em número inferior a sessenta por cento do número de meses decorridos desde a competência de julho de 1994 até a data do benefício, o salário de benefício seria igual à soma dos salários de contribuição divididos pelo número de contribuições mensais apurado. É possível constatar que a disposição regulamentar está em perfeita harmonia com o comando normativo disposto no caput do art. 3º da lei 9.876/99, que estabelece que os benefícios concedidos antes de 27.11.1999 deverão ter por base o mínimo de 80% do valor da média aritmética simples dos maiores salários de contribuição considerados no período contributivo situado entre julho de 1994 e a data de início do benefício. A análise dos dispositivos normativos que regem a matéria revela que a disposição regulamentar foi editada nos estreitos limites traçados pelo inciso IV do art. 84 da Carta Constitucional em vigor, o que permite concluir que nem todas as aposentadorias por invalidez deverão ser calculadas com base em 80% dos maiores salários de contribuição correspondentes a 100% de todo o período contributivo. CONCLUSÕES a)a Lei 9.876/99 introduziu uma regra de transição que atingiu os segurados filiados ao RGPS até 26.11.1999. b)a regra de transição, regulamentada pelo Decreto 3.265/99, introduziu o art. 188-A ao Decreto 3.048/99 que determinou que as aposentadorias por invalidez dos segurados filiados ao RGPS até 27.11.1999 deveriam ser fixadas

em 80% dos maiores salários de contribuição observados entre a competência de julho de 1994 e a data de início do benefício; c)o 3º do art. 188-A do Decreto 3.048/99 estabelece que se o segurado contar com salários de contribuição em número inferior a 60% do número de meses decorridos desde a competência de julho de 1994 até a data do benefício, o salário de benefício corresponderá à soma dos salários de contribuição divida pelo número de contribuições mensais apuradas. d)diante de tudo o que foi acima exposto, outra não pode ser a conclusão senão a de que a metodologia de cálculo estabelecida pelo inciso II do art. 29 da Lei 8.213/91 não se aplica às aposentadorias por invalidez dos segurados que já estavam filiados ao sistema na data de 27 de novembro de 1999.