20 o CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

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Transcrição:

REMOÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS NATURAIS NO PROCESSO CONVENCIONAL DE TRATAMENTO DE ÁGUA: MONITORAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DO ALTO DA BOA VISTA (ETA-ABV) Márcio Paulo Garzuzi (1) Aluno de graduação do Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Bolsista de Iniciação Científica do CNPq. FOTOGRAFIA Erich Alexandre Frederico NÃO Aluno de graduação do Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Bolsista de Iniciação DISPONÍVEL Científica do CNPq. Sidney Seckler Ferreira Filho Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da USP. Professor Assistente Doutor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em Regime de Dedicação Integral à Docência e Pesquisa. Antônio Aparecido Mozeto Professor Adjunto do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos em Regime de Dedicação Exclusiva à Docência e Pesquisa. Chefe do Laboratório de Biogeoquímica Ambiental. Endereço (1) : Av. Professor Almeida Prado, 271 - Prédio de Engenharia Civil - Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária - Cidade Universitária - São Paulo - SP - CEP: 05508-900 - Brasil - Tel: (011) 818-5396 - e-mail: mailto:ssffilho@usp.br RESUMO A presença de compostos orgânicos naturais em águas de abastecimento em concentrações acima de determinados valores tem ocasionado uma série de problemas na qualidade da água de abastecimento, podendo-se citar a formação de compostos orgânicos halogenados totais quando da sua reação com o cloro. O presente trabalho teve por propósitos avaliar a variação temporal da concentração de carbono orgânico total (COT) na água bruta e filtrada da Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista (ETA- ABV); quantificar a importância das variáveis do processo de coagulação-floculação na remoção de compostos orgânicos naturais e averiguar a adequação dos parâmetros UV- 254 nm e SCAN na quantificação da remoção de COT. Com base nos resultados experimentais obtidos, concluiu-se que a remoção de COT da água bruta mostrou-se dependente do ph de coagulação, sendo de aproximadamente 44% para a ETA estudada. O parâmetro UV-254 nm mostrou-se eficiente na quantificação da remoção de COT, o que não ocorreu com o parâmetro SCAN. PALAVRAS-CHAVE: Coagulação, Tratamento de Água, Carbono Orgânico Total, Compostos Orgânicos. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1021

INTRODUÇÃO O tratamento convencional de águas de abastecimento, embora seja projetado para que seja possível a eliminação de parâmetros convencionais (cor, turbidez, microrganismos patogênicos, etc...), possui a capacidade de remover, de forma incidental durante o processo de coagulação, eventuais compostos orgânicos naturais (CON s) que possam estar presentes na água bruta. A presença de CON s em águas de abastecimento tem recebido, desde a década de 70, a atenção de inúmeros pesquisadores. Dentre os principais aspectos negativos da presença elevada de CON s em mananciais que objetivem o abastecimento público, pode-se citar: Podem conferir cor elevada à água bruta. Certos compostos orgânicos podem causar odor e sabor em águas de abastecimento. A presença de compostos orgânicos biodegradáveis na água tratada pode ocasionar problemas de crescimento microbiológico em redes de distribuição podendo, desta forma, prejudicar a sua qualidade. Determinados compostos orgânicos podem interferir no processo de oxidação química do ferro e do manganês. Podem complexar determinados metais pesados aumentando assim a sua concentração em meio aquoso, podendo causar sérios danos à saúde pública. Podem, ao serem expostos a agentes oxidantes e desinfetantes (cloro, dióxido de cloro, ozônio, cloraminas, etc.) gerar sub-produtos que podem ser tóxicos, cancerígenos, mutagênicos ou teratogênicos que, em elevadas concentrações e longos períodos de exposição podem causar danos à população. Causam uma maior demanda de cloro, caso a água bruta seja pré-clorada. Até meados da década de 70, a grande preocupação ambiental resultante da presença de compostos orgânicos presentes em águas naturais era o controle da cor real em águas de abastecimento que, devido a razões de ordem estética, deveria e deve ser limitada a valores inferiores a 5 UC. No entanto, a partir da descoberta de que os compostos orgânicos naturais presentes em águas naturais podem reagir com o cloro, permitindo a formação de compostos orgânicos halogenados totais, o enfoque passou a ser, não apenas o controle da cor real em águas de abastecimento mas, também, a redução na concentração de compostos orgânicos precursores de compostos orgânicos halogenados totais. Dentre estes, ressaltam-se a formação de trihalometanos (clorofórmio, bromofórmio, diclorobromofórmio e dibromoclorofórmio) e os ácidos haloacéticos (ácidos monocloroacético, dicloroacético, tricloroacético, bromoacético e dibromoacético) como sendo os preponderantemente formados quando da reação do cloro com os compostos orgânicos naturais presentes em águas de abastecimento (SYMONS et al. (1975); ROOK (1976); KRASNER et al. (1989); ARORA et al. (1997)). 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1022

Dentre as tecnologias mais recomendadas objetivando a redução na formação de compostos orgânicos halogenados totais em águas de abastecimento, podem-se citar (SINGER (1994)): Remoção dos compostos orgânicos precursores de sub-produtos da desinfecção em águas de abastecimento. Alteração do ponto de aplicação do agente desinfetante, mudança do agente desinfetante ou uma combinação de ambos. Remoção dos compostos orgânicos halogenados totais, uma vez formados durante o processo de desinfecção. A mudança do agente desinfetante aplicado, embora seja tecnologicamente viável, pode ser anti-econômica e de difícil aplicação prática, não apenas pelas dificuldades técnicas que porventura possam existir mas, principalmente, pela resistência cultural das equipes técnicas envolvidas nas etapas de produção, operação e tratamento de água. Embora numerosos estudos tenham sido conduzidos tendo-se por propósito estudar a aplicação de diferentes agentes oxidantes em águas de abastecimento, a sua aplicação a curto prazo no cenário nacional ainda não é razoável (LYKINS et al. (1994)). Uma vez que já tenham sido formados, a remoção de compostos orgânicos halogenados totais em águas de abastecimento requer tecnologias de tratamento que são sofisticadas e onerosas, podendo-se citar a aplicação de carvão ativado granular, processos de arraste com ar e processos de membrana. De um modo geral, a sua aplicabilidade em um cenário de curto prazo é também muito difícil. A remoção de compostos orgânicos precursores em águas naturais pode ser efetuada por processos de coagulação, adsorção e por processos de membrana (nanofiltração e osmose reversa). Dentre estes, do ponto de vista prático, a melhor alternativa para a sua redução é o processo de coagulação, pelo fato deste ser obrigatório em todo processo convencional de tratamento de água. Assim sendo, deve-se, durante a sua operação, buscar a sua otimização de modo a permitir a desestabilização das partículas coloidais de forma a não comprometer as operações unitárias subsequentes (floculação, filtração e desinfecção), também como permitir a maior redução possível na concentração de substâncias húmicas. Alguns resultados obtidos por diversos pesquisadores, em geral, tem indicado que o processo de coagulação pode ser efetivo no que diz respeito a diminuição das concentrações de substâncias húmicas em águas de abastecimento sem, no entanto, comprometer o processo de desestabilização de partículas coloidais (KAVANAUGH (1978); SEMMENS et al. (1980); CHADIK et al. (1983)). Caso o mecanismo de coagulação seja a varredura (desestabilização de partículas coloidais que envolve a adição de um coagulante inorgânico, de forma a exceder o seu produto de solubilidade, possibilitando a precipitação de um hidróxido metálico) as substâncias húmicas podem ser removidas por mecanismos de coprecipitação. No caso do processo de coagulação se dar através do mecanismo de adsorção-neutralização, as substâncias húmicas preferencialmente serão removidas através de sua precipitação com espécies hidrolizadas de alumínio ou ferro. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1023

OBJETIVO Este trabalho experimental teve por propósito: Estudar a variabilidade temporal da concentração de CON s presente na água bruta e decantada da Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista (ETA-ABV). Estudar o comportamento da Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista (ETA-ABV) no que diz respeito a remoção de CON s presentes na água bruta pelo processo de coagulação-floculação. Avaliar e quantificar a importância das variáveis do processo de coagulação-floculação na remoção de CON s. Obter correlações entre alguns parâmetros fisico-químicos, tendo-se por objetivo estimar a eficiência de remoção de CON s durante o processo de tratamento com razoável segurança, sem que sejam conduzidas análises fisico-químicas sofisticadas. MATERIAIS E MÉTODOS O programa de monitoramento relativo ao estudo da redução de CON s presentes em águas de abastecimento foi efetuado na Estação de Tratamento de Água do Alto da Boa Vista (ETA-ABV), operada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). A ETA-ABV apresenta uma vazão média de longo período de cerca de 14 m 3 /s, o que permite o abastecimento de cerca de 40 % da população da Grande São Paulo. As principais características da água bruta que abastece à ETA-ABV estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 - Características da água bruta que abastece à ETA-ABV. Parâmetro Unidade Valores médios (faixa de variação) ph --------- (6,48-6,86) Turbidez UNT 4,0 (3,0-6,0) Cor aparente UC 25,0 Cor real UC < 5 UV-254 nm cm -1 0,058 (0,040-0,076) Alcalidade Total Mg/l CaCO 3 25,0 Dureza Total Mg/l CaCO 3 23,0 Cálcio Mg/l CaCO 3 22,0 Cloretos mg/l Cl - 16,0 Sólidos Dissolvidos Totais mg/l 75,0 Sólidos Dissolvidos Fixos mg/l 50,0 Cloro Residual Livre mg/l 1,5 * Água bruta pré-clorada na captação Os parâmetros fisico-químicos selecionados para a quantificação da presença de compostos orgânicos naturais presentes em águas de abastecimento e de compostos orgânicos precursores de sub-produtos da desinfecção foram o carbono orgânico total 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1024

(COT ), absorbância da radiação ultra-violeta no comprimento de onda igual a 254 nm (UV-254) e o comportamento do espectro de absorção de luz no comprimento de onda de 200 nm a 300 nm, definido pelo parâmetro SCAN, que será apresentado mais adiante. O monitoramento da ETA-ABV foi efetuado durante o período de outubro de 1997 a março de 1998. Durante este período, foram coletadas amostras de água bruta e água filtrada visando a determinação da concentração de carbono orgânico total (COT), absorção de luz ultra-violeta no comprimento de onda de 254 nm (UV-254 nm) e do espectro de absorção de luz ultra-violeta no comprimento de onda de 200 nm a 300 nm. Com base nos espectros de absorção de luz no comprimento de onda de 200 nm a 300 nm, foi calculado o parâmetro SCAN de acordo com a seguinte equação: 1 SCAN =. UV λ. dλ equação (1) ( 300 200) 300 200 ( ) UV(λ)= absorção de luz ultra-violeta no comprimento de onda λ em cm -1 (L -1 ), λ= comprimento de onda em nm (L). SCAN= parâmetro característico do espectro de absorção de luz no comprimento de onda de 200 nm a 300 nm (L -1 ). A vantagem do parâmetro SCAN em relação ao UV-254 nm, é a possibilidade de ser levado em consideração todo o espectro de absorção de luz no comprimento de onda da região da luz ultra-violeta, ao invés de ser analisado apenas a absorção de luz ultra-violeta em um único comprimento de onda. Durante este período, o programa de amostragem compreendeu cerca de três coletas semanais. Durante cada uma delas, foram coletadas amostras conforme apresentado na Tabela 2. Tabela 2 - Amostras coletadas durante o programa de monitoramento da ETA-ABV. Amostra Parâmetro Freqüência de Preservação amostragem Água Bruta Carbono orgânico total 3 vezes por semana Acidulada com H 3 PO 4 Água Filtrada Carbono orgânico total 3 vezes por semana Acidulada com H 3 PO 4 Água Bruta UV-254 nm 3 vezes por semana Acidulada com H 3 PO 4 Água Filtrada UV-254 nm 3 vezes por semana Acidulada com H 3 PO 4 Água Bruta Espectro de absorção de luz 3 vezes por semana Acidulada com H 3 PO 4 Água Filtrada Espectro de absorção de luz 3 vezes por semana Acidulada com H 3 PO 4 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1025

Durante cada coleta foram anotados todos os principais parâmetros operacionais da ETA- ABV, tais como ph da água bruta, ph de coagulação-floculação, tipo e dosagem de coagulante, cor da água bruta e da água filtrada, turbidez da água bruta e água filtrada, vazão de água bruta, dosagem de cloro aplicado, etc. Todas as amostras foram coletadas e acondicionadas em frascos específicos de análises cromatográficas, com capacidade de 20 ml, tendo sido lacrados com tampa rosqueável, tendo sido a amostra isolada com septo de silicone capeado com teflon. Antes da execução das análises propriamente ditas, todas amostras de água bruta foram centrifugadas durante 20 minutos em uma rotação de 2.000 rpm visando a separação de todo material suspenso e coloidal que pudesse interferir na execução das análises pertinentes, especialmente na obtenção do espectro de absorção de luz no comprimento de onda de 200 nm a 300 nm.. Imediatamente após a coleta e a etapa de preparação das amostras de água bruta, todas foram analisadas visando a determinação do valor da absorção de luz no comprimento de onda de 254 nm (UV-254 nm), bem como obtido o seu espectro de absorção na faixa de comprimento de onda de 200 nm a 300 nm em equipamento SHIMADZU 1203, tendo-se utilizado cubetas de sílica fundida com comprimento ótico igual a 1 cm. O padrão utilizado foi água desmineralizada proveniente de sistema de purificação de água MILLI Q-PLUS. Paralelamente, amostras em duplicata de água bruta e água filtrada foram encaminhadas ao Laboratório de Biogeoquímica Ambiental, pertencente ao Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos, para a determinação da concentração de carbono orgânico total (COT) em equipamento SHIMADZU 5000 A. Tendo-se por propósito eliminar a interferência da presença de carbono inorgânico total (CIT) na análise de COT propriamente dita, imediatamente antes de cada análise, todas as amostras foram purgadas com nitrogênio puro durante 5 minutos visando a eliminação de carbono inorgânico total para, a seguir, serem analisadas com respeito a concentração de COT. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A Tabela 3 apresenta a média, desvio padrão, valor máximo e mínimo da concentração de COT, UV-254 nm e SCAN na água bruta e filtrada da ETA-ABV durante o período de monitoramento de outubro de 1997 a março de 1998. Tabela 3 - Média, desvio padrão, valor máximo e mínimo de COT, UV-254 nm e SCAN da água bruta e filtrada da ETA-ABV. Período de monitoramento: outubro de 1997 a março de 1998. Parâmetro Média Desvio padrão Valor máximo Valor mínimo COT - Água bruta (mg/l) 4,01 0,94 7,41 2,54 COT - Água filtrada (mg/l) 2,25 0,43 3,95 1,75 UV-254 nm - Água bruta (cm -1 ) 0,088 0,013 0,119 0,067 UV-254 nm - Água filtrada (cm -1 ) 0,037 0,009 0,055 0,019 SCAN - Água bruta (cm -1 ) 0,160 0,024 0,207 0,117 SCAN - Água filtrada (cm -1 ) 0,102 0,027 0,157 0,055 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1026

A Figura 1 apresenta a variação temporal de COT da água bruta e filtrada durante o período de monitoramento. Figura 1 - Variação temporal das concentrações de COT na água bruta e filtrada da ETA-ABV durante o período de monitoramento. 8 Carbono orgânico Total (mg/l) 7 6 5 4 3 2 1 0 14/11/97 19/11/97 24/11/97 3/12/97 10/12/97 15/12/97 19/12/97 24/12/97 29/12/97 2/01/98 7/01/98 12/01/98 16/1/98 21/1/98 27/1/98 2/02/98 10/02/98 3/03/98 10/03/98 18/3/98 26/3/98 Carbono Orgânico Total - Água Bruta (mg/l) Carbono Orgânico Total - Água Filtrada (mg/l) Durante o período de monitoramento, o ph de coagulação-floculação manteve-se, na maior parte do tempo, em torno de 5,8 a 6,5. Uutilizou-se um sal de ferro como agente coagulante, com dosagem aplicada na água bruta tendo variado de aproximadamente 18 mg/l a 22 mg/l (expresso como FeCl 3 ). Conforme pode-se observar, os valores de COT da água bruta são maiores do que os valores de COT da água filtrada, tendo-se evidenciado uma remoção média de 44 % no seu valor. Este resultado é muito próximo do obtido por outros pesquisadores tendo-se trabalhado com águas naturais com características distintas (SINGER et al. (1995). Também pode ser observado, que os valores de COT da água bruta e água filtrada permaneceram praticamente estáveis durante todo o período de monitoramento. A oscilação nos valores de COT da água bruta apresentaram-se maiores do que quando comparada com os valores de COT da água filtrada, conforme pode ser observado analisando-se a Figura 1, bem como os seus respectivos desvios padrões (Tabela 3). Uma vez que a água bruta proveniente do Reservatório do Guarapiranga apresenta cor real próxima de zero, os valores de COT obtidos são plenamente razoáveis e, o mais importante, são estáveis temporalmente. A Figura 2 apresenta a variação temporal da remoção de COT e UV-254 nm e de COT e SCAN durante o período de monitoramento, respectivamente. Conforme pode ser observado, a remoção de UV-254 nm foi maior do que a remoção de COT, sendo que a remoção de SCAN foi da mesma ordem de grandeza quando comparada com a remoção de COT. Os resultados obtidos, especialmente no tocante à 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1027

remoção de UV-254 nm e COT, são condizentes com os apresentados na literatura, que afirmam, de um modo geral, que a remoção de UV-254 nm é superior à remoção de COT (KRASNER et al. (1995); CHENG et al. (1995)). Figura 2 - Variação temporal da remoção de COT e UV-254 nm. 100,00 90,00 80,00 70,00 Remoção (%) 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 14/11/97 19/11/97 24/11/97 3/12/97 10/12/97 15/12/97 19/12/97 24/12/97 29/12/97 2/01/98 7/01/98 12/01/98 16/1/98 21/1/98 27/1/98 2/02/98 10/02/98 3/03/98 10/03/98 18/3/98 26/3/98 Remoção de Carbono Orgânico Total (%) Remoção de UV-254 nm (%) Figura 3 - Variação temporal da remoção de COT e SCAN. 80,00 70,00 60,00 Remoção (%) 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 14/11/97 19/11/97 24/11/97 3/12/97 10/12/97 15/12/97 19/12/97 24/12/97 29/12/97 2/01/98 7/01/98 12/01/98 16/1/98 21/1/98 27/1/98 2/02/98 10/02/98 3/03/98 10/03/98 18/3/98 26/3/98 Remoção de Carbono Orgânico Total (%) Remoção de SCAN (%) Dentre as variáveis mais importantes do processo de coagulação que controlam a remoção de COT pode-se citar o tipo e dosagem de coagulante e o ph de coagulação-floculação empregado. A Figura 4 apresenta a remoção de COT versus o ph de coagulação, tendo-se utilizado os resultados experimentais obtidos durante o período de monitoramento. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1028

Conforme pode ser observado, quanto maior foi o ph de coagulação, menor foi a remoção de COT da água bruta, tendo-se mantido constante a dosagem de coagulante. Assim sendo, analisando-se os resultados operacionais da ETA-ABV, pode-se concluir ser plenamente factível a maximização de remoção de COT e material particulado apenas e tão somente ajustando-se o ph de coagulação para valores da ordem de 5,8 a 6,5. Figura 4 - Remoção de COT em função do ph de coagulação. Remoção de Carbono Orgânico Total (%) 70 60 50 40 30 20 10 Remoção de COT= 109,62 - ph*10,071 Coeficiente de correlação= - 0,732 Coagulante: sulfato férrico clorado Dosagem: 22 mg/l 0 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 ph de coagulação Logicamente, a definição do ph de coagulação não pode ser escolhido unicamente em função da necessidade de maximização de COT e material particulado. Existem algumas situações onde o ph de coagulação deve ser definido tendo-se por objetivo contemplar outros propósitos operacionais, tais como a oxidação de ferro e manganês. Embora durante a maior parte do ano, a ETA-ABV tenha o seu ph de coagulação fixado entre 5,8 e 6,5, durante eventuais períodos de estratificação térmica do Reservatório do Guarapiranga, a água bruta pode apresentar concentrações de ferro e manganês superiores ao permitido pela Padrão de Potabilidade. Como o sucesso da oxidação química destes compostos pelo cloro é profundamente dependente do ph da fase líquida, nem sempre é possível trabalhar nesta faixa de ph. Sendo o compromisso maior do processo de tratamento a redução da concentração de ferro e manganês da água bruta, passa-se a ser inevitável a redução da remoção de COT em favorecimento ao sucesso do processo oxidação química. Deste modo, embora importante do ponto de vista de saúde pública, a maximização da remoção de COT não pode ser vista como um objetivo isolado dentro do processo de tratamento, e sim integrado dentro de um conjunto de objetivos comuns, que são função primordialmente da qualidade da água bruta, da concepção do processo de tratamento e da qualidade da água final requerida. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1029

CONCLUSÕES De acordo com os resultados experimentais obtidos pode-se concluir que: A concentração de COT na água bruta durante o período de monitoramento foi de 4,01 mg/l, com desvio padrão de 0,94. Por sua vez, a concentração de COT na água filtrada foi de 2,25 mg/l, com desvio padrão de 0,43 mg/l. No seu processo de coagulação, tendo o ferro como coagulante e ph de coagulação em torno de 5,8 e 6,5, a ETA-ABV apresentou uma capacidade de remoção de COT da ordem de 44%. A remoção de COT da água bruta durante o processo de coagulação mostrou-se ser profundamente dependente do ph. De um modo geral, quanto menor foi o ph de coagulação, maiores foram as porcentagens de remoção de COT. O parâmetro surrogato UV-254 nm mostrou ser eficiente na previsão de remoção de COT durante o processo de coagulação. O parâmetro surrogato SCAN não se mostrou tão efetivo quanto o parâmetro UV-254 nm na quantificação de compostos orgânicos precursores de sub-produtos da desinfecção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ARORA, H., LeCHEVALIER, M.W., DIXON, K.L. Disinfection by -products occurrence survey. Jounal of American Water Works Association, pag 61-68, June, 1997. 2. CHADIK, P.A.; AMY, G.L. Removing trihalomethane precursors from various natural waters by metal coagulants. Journal American Water Works Association, pág 532-536, October, 1983. 3. CHENG, R.C., KRASNER, S.W., GREEN, J.F., WATTIER, K.L. Enhanced coagulation: a preliminary evaluation. Jounal of American Water Works Association, pag 91-103, February, 1995. 4. KAVANAUGH, M.C. Modified coagulation for improved removal of trihalomethane precursors. Journal American Water Works Association, pág 613-620, November, 1978. 5. KRASNER, S.W., AMY, G. Jar-test evaluations of enhanced coagulation. Jounal of American Water Works Association, pag 93-107, October, 1995. 6. KRASNER, S.W., McGUIRE, M.J., JACANGELO, J.G., PATANIA, N.L., REAGAN, K.M., AIETA, E.M. The occurrence of disinfection by-products in US drinking water. Jounal of American Water Works Association, pag 41-53, August, 1989. 7. LYKINS, B.W., KOFFSKEY, W.E., PATTERSON, K.S. Alternative disinfectants for drinking water treatment. Journal of Environmental Engineering, American Society of Civil Engineers, pag 745-758, July/August, 1994. 8. ROOK, J.J. Haloforms in drinking water. Jounal of American Water Works Association, pag 168-172, March, 1976. 9. SEMMENS, M.J.; FIELD, T.K. Coagulation: experiences in organic removal. Journal American Water Works Association, pág 476-483, August, 1980. 10. SINGER, P.C. Control of disinfection by-products in drinking water. Journal of Environmental Engineering, American Society of Civil Engineers, pag 727-744, July/August, 1994. 11. SINGER, P.C., OBOLENSKY, A., GREINER, A. Disinfection by-products in chlorinated North Carolina drinking waters. Jounal of American Water Works Association, pag 83-92, October, 1995. 12. SYMONS, J.M., BELLAR, T.A., CARSWELL, J.K., DeMARCO, J., KROPP, K.L., ROBECK, G.G., SEEGER, D.R., SLOCUM, C.J., SMITH, B.L., STEVENS, A.A. National reconnaissance survey for halogenated organics. Jounal of American Water Works Association, pag 634-647, November, 1975. 20 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1030