SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE NATÁLIA DI GIAIMO GIUSTI PERFIL SOROLÓGICO PARA HEPATITE B EM EXAMES ADMISSIONAIS NO IAMSPE

Documentos relacionados
ANÁLISE DOS MARCADORES SOROLÓGICOS PARA HEPATITE B EM PACIENTES ATENDIDOS EM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS DE GOIÂNIA-GOIÁS*

DISTRIBUIÇÃO DA HEPATITE B NA PARAÍBA: ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS PELO SINAN

Hepatites. Inflamação do fígado. Alteração em enzimas hepáticas (alaminotransferase aspartatoaminotransferase e gamaglutamiltransferase ALT AST e GGT

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS HEPATITES VIRAIS. Profa. Ms.: Themis Rocha

Hepatites. Introdução

Nara Rubia Borges da Silva Vitória Maria Lobato Paes

Regina Helena Santos Amaral Dias

SOROPREVALÊNCIA DA HEPATITE B EM ALUNOS DO CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM DA UEPG

HÁBITOS DE VIDA: caminhoneiro, tabagista (um maço/dia), consumo moderado de álcool (1 drink 15 g / dia).

Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das Hepatites Virais

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

PAINEL SOROLÓGICO DOS MARCADORES VIRAIS DA HEPATITE B NUMA POPULAÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DE SAÚDE DA UEPG

PAINEL SOROLÓGICO DOS MARCADORES VIRAIS DA HEPATITE B NUMA POPULAÇÃO DE UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DE SAÚDE DA UEPG

Informe Mensal sobre Agravos à Saúde Pública ISSN

HÁBITOS DE VIDA: caminhoneiro, tabagista (um maço/dia), consumo moderado de álcool (1 drink 15 g / dia).

MANEJO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A MATERIAIS BIOLÓGICOS

1º ENCONTRO DOS INTERLOCUTORES. Clínica, Epidemiologia e Transmissão Hepatite B e C. Celia Regina Cicolo da Silva 12 de maio de 2009

HEPATITE B: Diagnóstico e Prevenção - Adesão dos acadêmicos à investigação da soroconversão Uma avaliação de 10 anos de atividade

Guia de Serviços Atualizado em 02/05/2019

Hepatites. Inflamação do fígado. Alteração em enzimas hepáticas (alaminotransferase aspartatoaminotransferase e gamaglutamiltransferase ALT AST e GGT

MANEJO HEPATITES VIRAIS B/C

Diagnóstico laboratorial das hepatites virais. Profa.Alessandra Barone Prof. Archangelo P. Fernandes

ENFERMAGEM BIOSSEGURANÇA. Parte 10. Profª. Tatiane da Silva Campos

HOSPITAL SÃO PAULO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO Diretoria de Enfermagem

Riscos Biológicos. Acidente Ocupacional com Material Biológico. HIV, HCV e HBV

ESQUEMA VACINAL DE HEPATITE B EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE MÉDIO PORTE

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

NORMA TÉCNICA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS HEPATITES VIRAIS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS HEPATITES VIRAIS NO MUNICIPIO DE ARACAJU/SE, 2007 A 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS HEPATITES VIRAIS. Adriéli Wendlant

SOROCONVERSÃO DA HEPATITE B EM ACADÊMICOS DO CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM DA UEPG

SOROCONVERSÃO APÓS A VACINAÇÃO PARA HEPATITE B EM ACADÊMICOS DA ÁREA DA SAÚDE 1 SEROCONVERSION AFTER VACCINATION FOR HEPATITIS B IN HEALTH STUDENTS

Acidentes Ocupacionais com Material Biológico

INQUÉRITO NACIONAL DE SEROPREVALÊNCIA DAS HEPATITES VIRAIS

Vigilância sindrômica 2: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2018

Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde

Vacinação contra Hepatite B e resposta vacinal em trabalhadores da área da saúde envolvidos em acidentes com material biológico.

INTERPRETAÇÃO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DAS HEPATITES VIRAIS

HEPATITE B e HEPATITE C

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2018

Vigilância sindrômica - II

Acidentes com materiais perfurocortantes

Notificações da Hepatite B no Estado da Bahia, Brasil

SOROPREVALÊNCIA DE HEPATITE B EM DOADORES DE SANGUE NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO.

ARTIGO ORIGINAL. Abstract. Resumo

Vigilância sindrômica Síndromes febris ictero-hemorrágicas

SITUAÇÃO VACINAL, IMUNIDADE E CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE HEPATITE B

Avaliação da incidência de Hepatite B em profissionais de estética de Goiânia GO

Hepatites Virais. Prof. Claudia L. Vitral

Palavras - chave: Hepatite B, soroprevalência, triagem sorológica.

PROGRAMA DE PG EM BIOLOGIA EXPERIMENTAL - PGBIOEXP

Imunização. Prof. Hygor Elias. Calendário Vacinal da Criança

ENFERMAGEM SAÚDE DA MULHER. Doenças Sexualmente Transmissíveis Parte 7. Profª. Lívia Bahia

Análise de custo-efetividade regional da vacinação universal infantil contra hepatite A no Brasil

Vigilância sindrômica Síndromes febris ictero-hemorrágicas

Co-infecção HIV/HBV. Quando e como tratar?

HIAE - SP R1-1 Homem de 28 anos de idade, sem antecedentes patológicos prévios, procurou pronto atendimento após acidente com material biológ

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas Síndromes respiratórias

Diagnóstico Laboratorial de Infecções Virais. Profa. Claudia Vitral

Centro universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas FMU, Avenida Santo Amaro, 1239, Itaim Bibi, São Paulo, SP

GLICOSE - JEJUM Material: Soro Método..: Colorimétrico Enzimático - Auto Analisador RESULTADO:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA

Hepatites e Infecção pelo HIV

ENFERMAGEM. Doenças Infecciosas e Parasitárias. Hepatites Aula 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

DENTIST S KNOWLEDGE IN RELATION TO SEROCONVERSION AFTER VACCINATION AGAINST HEPATITIS B IN THE CITY OF PIMENTA BUENO, LEGAL AMAZÔNIA.

Perfil soroepidemiológico da infecção pelo vírus da hepatite B notificado no município de São Miguel do Oeste, Santa Catarina Flávia Hoffmann Palú *

Cuidados Pós-Exposição Profissional a Materiais Biológicos

Revista de Saúde Coletiva da UEFS

DISTRIBUIÇÃO DA HEPATITE B NA PARAÍBA: ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS PELO SINAN NO ANO DE 2015

O QUE É HEPATITE? QUAIS OS TIPOS?

Vigilância sindrômica 2: Síndromes febris ictero-hemorrágicas 2019

RESPOSTA RECURSO PROCESSO SELETIVO GUIDOVAL

ESQUEMA VACINAL CONTRA HEPATITE B EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM HOSPITAL DE MÉDIO PORTE DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL

HBsAg Quantitativo Sistema ARCHITECT / Abbott (Clareamento do HBsAg)

Semana de Segurança e Saúde no Trabalho

Rotina de condutas para atendimento de acidentes ocupacionais com material biológico

Palavras-chave: Hepatite viral humana; Vigilância epidemiológica; Sistemas de informação; Saúde pública.

Vírus Hepatotrópicos A B C D E G TT SEN V -

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

Curso Preparatório para Residência em Enfermagem Hepatites Virais. Prof. Fernando Ramos Gonçalves -Msc

Vigilância sindrômica: Síndromes febris ictero-hemorrágicas Síndromes respiratórias

Acidentes Ocupacionais com Material Biológico

VACINAS ANTI-VIRAIS. Prof. Dr. Aripuanã Watanabe Depto. de Parasitologia, Microbiologia e Imunologia

VACINANDO O PROFISSIONAL DE SAÚDE. Luciana Sgarbi CCIH - FAMEMA

CASO LINHA DOS IMIGRANTES: CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAS

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical

Imunologia Clínica. Imunologia Clínica EXAMES COMPLEMENTARES IMUNOGLOBULINAS. IMUNOGLOBULINA IgG. IMUNOGLOBULINA IgG. Prof Manuel Junior

ATUALIZAÇÃO DO CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO

VACINAÇÃO DE GESTANTES. Carla Sakuma de Oliveira Médica infectologista

Grazieli Casado Landiosi CONHECIMENTO E COBERTURA VACINAL CONTRA HEPATITE B EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

I Encontro da rede Mãe Paranaense

Vigilância sindrômica - 1

DISTRIBUIÇÃO DA HEPATITE B NO CEARÁ: ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS PELO SINAN

Diagnóstico laboratorial das infecções por HBV e HCV

FÍGADO UM ÓRGÃO COM MUITAS FUNÇÕES

Diagnóstico Laboratorial de Infecções Virais. Profa. Claudia Vitral

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808

HEPATITE B - Anti HBs

Transcrição:

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL NATÁLIA DI GIAIMO GIUSTI PERFIL SOROLÓGICO PARA HEPATITE B EM EXAMES ADMISSIONAIS NO IAMSPE Prevalência de Imunizados para Hepatite B SÃO PAULO 2013

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL NATÁLIA DI GIAIMO GIUSTI PERFIL SOROLÓGICO PARA HEPATITE B EM EXAMES ADMISSIONAIS NO IAMSPE Prevalência de Imunizados para Hepatite B Monografia apresentada ao Programa de Aprimoramento Profissional/SES, elaborada no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual/CEDEP Área: Imunologia Nome da aluna: Natália Di Giaimo Giusti. Orientadora: Dra. Kioko Takei SÃO PAULO 2013

RESUMO GIUSTI, Natália Di Giaimo. Perfil sorológico para hepatite B em exames admissionais no IAMSPE: Prevalência de Imunizados para Hepatite B. 2013. 15f. Monografia Secretaria de Estado de Saúde, Programa de Aprimoramento Profissional, São Paulo, 2013. O ambiente hospitalar oferece riscos à saúde devido à exposição dos profissionais a diversos materiais, especialmente aos biológicos. Assim, algumas enfermidades podem acometê-los, destacando-se as infecções virais, dentre elas a hepatite B, que é uma doença infecciosa grave universalmente prevalente. A vacinação é o meio mais eficiente para a prevenção e o controle dessa virose. Faz parte do protocolo do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE) solicitar a realização de sorologia para hepatite B na admissão de funcionários, identificando antígenos e anticorpos específicos para esta doença, pois a identificação de imunizados ou não-imunizados é imprescindível para a segurança de trabalho dos mesmos. Palavras-chave: Hepatite B. Marcadores sorológicos. Imunização. Exame admissional.

ABSTRACT GIUSTI, Natália Di Giaimo. Serologic Profile of Hepatitis B in Admission Examinations at IAMSPE: Prevalence of Hepatitis B Immunized. 2013. 51f. Final Paper Secretaria de Estado de Saúde, Programa de Aprimoramento Profissional, São Paulo, 2013. Hospitals offer health risks due to occupational exposure to several materials, especially to the biological ones. Therefore, some diseases may affect them, highlighting viral infections, among them hepatitis B, which is a serious infectious disease universally prevalent. Vaccination is the most effective way to prevent and control this virosis. It is part of IAMSPE protocol to request serology for hepatitis B in hiring employees, identifying antigens and antibodies specifics for this disease, because identifying immunized or non-immunized people is essential for their safety. Key words: Hepatitis B. Serological markers. Immunization. Admission Examinations.

LISTA DE FIGURAS TABELA 1: Interpretação dos marcadores sorológicos para hepatite B... 9 TABELA 2: Prevalência de marcadores sorológicos do vírus da hepatite B por faixa etária... 13 GRÁFICO 1: Distribuição de infecção por faixa etária... 14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Anti-HBc = Anticorpo contra antígeno do nucleocapsídeo do vírus de hepatiteb Anti-HBe = Anticorpo indicativo de fim de fase replicativa do vírus de hepatite B Anti-HBs = Anticorpo contra antígeno de superfície do vírus de hepatite B CDC HBeAg HBsAg HBV HCV HIV HSPE = Centro de Controle de Doenças = Antígeno marcador de replicação viral = Antígeno de superfície do vírus de hepatite B = Vírus da hepatite B = Vírus da hepatite C = Vírus da imunodeficiência humana = Hospital do Servidor Público Estadual IAMSPE = Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual OMS PNI = Organização Mundial da Saúde = Programa Nacional de Imunizações

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 7 2 OBJETIVO... 10 2.1 Objetivo principal... 10 2.2 Objetivo específico... 10 3 JUSTIFICATIVA... 11 4 MATERIAIS E MÉTODOS... 12 5 RESULTADOS... 13 6 DISCUSSÃO... 15 7 CONCLUSÃO... 16 8 REFERÊNCIAS... 17

1. INTRODUÇÃO O ambiente hospitalar oferece riscos à saúde devido à exposição dos profissionais da saúde e demais trabalhadores a diversos materiais, especialmente aos biológicos. Assim, algumas enfermidades podem acometer estes profissionais, destacando-se as infecções virais, dentre elas a hepatite B (LOPES et al., 2001; PINHEIRO; ZEITOUNE, 2008). A hepatite B é uma doença infecciosa grave universalmente prevalente (MOREIRA et al., 2007). Em consequência de seus casos de cronificação, ela é responsável por um grande número de casos de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular (SOUTO et al., 2004). As principais vias de transmissão do vírus da hepatite B (HBV) são a sanguínea, a sexual, a vertical e por contato íntimo com portadores (SOUTO et al., 2004). As exposições percutâneas ou de mucosas ao sangue de indivíduos infectados pelo HBV representam a principal fonte de transmissão ocupacional (GARCIA; FACCHINI, 2008). O vírus HBV possui elevada resistência ambiental e é aproximadamente 100 vezes mais infectante do que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e 10 vezes mais do que o vírus da hepatite C (HCV) (FERREIRA; SILVEIRA, 2004; GARCIA; FACCHINI, 2008). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 2 bilhões de pessoas, um terço da população mundial, já tiveram contato com o HBV e que 325 milhões se tornaram portadores crônicos da doença. E ainda que as infecções pelo HBV representam a décima causa de mortes no mundo. Já, o Ministério da Saúde estima que no Brasil pelo menos 15% da população teve contato com o vírus e que 1% apresenta doença crônica. Sendo que a frequência de infecção por HBV é maior em profissionais de saúde do que na população em geral. Porém, como muitos casos de hepatite B são assintomáticos e as infecções sintomáticas são insuficientemente notificadas, espera-se que a frequência desta doença seja subestimada (FERREIRA; SILVEIRA, 2004; GARCIA; FACCHINI, 2008; PINHEIRO; ZEITOUNE, 2008). 7

A vacinação é o meio mais eficiente para a prevenção e o controle dessa virose (LOPES et al., 2001). A vacina é eficaz, não apresenta toxicidade e produz efeitos adversos raros e pouco significativos (FERREIRA; SILVEIRA, 2004). As primeiras vacinas contra hepatite B foram licenciadas em 1982 e eram produzidas a partir de plasma de doadores contendo o HBV, sendo que o mesmo era inativado durante o processo de fabricação, tornando-se não-infeccioso. Desde 1986, utilizam-se vacinas produzidas por meio de tecnologia de DNA recombinante. Esta vacina confere proteção em mais de 90% de adultos imunocompetentes e em mais de 95% em lactentes, crianças e adolescentes. 1 A vacina é administrada em 3 doses (0, 1 e 6 meses), sendo necessária a realização do esquema vacinal completo para a imunização. Para os trabalhadores da saúde, o Ministério da Saúde recomenda que após 30 dias da administração da última dose sejam realizados exames sorológicos para verificar a resposta vacinal (GARCIA; FACCHINI, 2008; SOUZA et al., 2008). Desde 1982 a vacinação contra hepatite B é recomendada pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) aos profissionais da área da saúde. No estado de São Paulo o programa de vacinação contra hepatite B começou em 1990, dirigido para grupos mais vulneráveis, dentre eles estes profissionais (MOREIRA et al., 2007). Faz parte do protocolo do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE) solicitar a realização de sorologia para hepatite B na admissão de funcionários, identificando antígenos e anticorpos específicos para a hepatite B (Tabela 1). 1 http://www.eloizaquintela.com.br/vacina%c3%a7%c3%a3o%20hepatite%20b.pdf 8

MARCADOR SIGNIFICADO HBsAg É o primeiro marcador que aparece no curso da infecção pelo HBV. Na hepatite aguda ele declina a níveis indetectáveis em até 24 semanas. Sua presença por mais de 24 semanas é indicativa de hepatite crônica. Anti-HBs É o único anticorpo que confere imunidade ao HBV. Está presente no soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e imunidade. Está presente isoladamente em pessoas vacinadas. Anti-HBc Total É marcador presente nas infecções agudas pela presença de IgM e crônicas pela presença de IgG. Representa contato prévio com o vírus. Anti-HBc IgM É marcador de infecção recente, encontrado no soro até 32 semanas após a infecção. HBeAg É marcador de replicação viral. Sua positividade indica alta infecciosidade. Na infecção crônica está presente enquanto ocorrer alta replicação viral. Anti-HBe Surge após o desaparecimento do HBeAg, indica o fim da fase replicativa. Tabela 1. Interpretação dos marcadores sorológicos para hepatite B (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). A estabilidade do vírus, as variedades nas formas de transmissão e a existência de portadores crônicos permitem a sobrevida e a persistência do HBV na população (FERREIRA; SILVEIRA, 2004). Por isso, a vacinação e a adoção de medidas de biossegurança pelos trabalhadores de unidades de saúde são fundamentais para evitar a transmissão do vírus nestes locais (GARCIA; FACCHINI, 2008). 9

2. OBJETIVO 2.1. Objetivo Principal Verificar, através de marcadores sorológicos para hepatite B, a frequência desta infecção e o status imunológico de pessoas que buscam emprego no IAMSPE. 2.2. Objetivo específico Analisar os resultados sorológicos dos perfis de hepatite B em candidatos ao ingresso no quadro de funcionários do HSPE (Hospital do Servidor Público estadual)/iamspe, visando determinar a frequência de marcadores sorológicos. 10

3. JUSTIFICATIVA O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde recomenda, desde 1998, a vacinação universal de crianças contra hepatite B a partir do nascimento. A partir de 2001 a faixa etária atingida foi ampliada até os 19 anos de idade e em 2012 até os 29 anos. Contudo, desde sua implementação a vacina contra o HBV é recomendada aos trabalhadores da área da saúde. Como a presente pesquisa tem como alvo as pessoas que ainda irão ingressar em um ambiente hospitalar, a detecção de indivíduos susceptíveis e infectados que ainda não foram beneficiados com a vacinação contra a hepatite B é imprescindível para a proteção destes, que irão trabalhar em ambiente de maior exposição ao HBV. 11

4. MATERIAIS E MÉTODOS A presente pesquisa foi realizada através da coleta de dados do Banco de Dados da unidade de Imunologia do Serviço de Laboratório Clínico do HSPE/IAMSPE, analisando 1949 resultados de exames admissionais realizados entre janeiro de 2010 e junho de 2012. Dentre esses resultados, foram analisados os valores dos marcadores sorológicos de hepatite B, constando os valores quantitativos de anticorpo contra o antígeno da superfície do vírus de hepatite B (anti-hbs), e os resultados qualitativos de antígeno da superfície do vírus (HBsAg) e de anticorpos totais específicos para o antígeno do nucleocapsídeo deste mesmo vírus (anti-hbc). Ainda, se do resultado positivo de HBsAg ou de anti-hbc, foram analisados os resultados do antígeno marcador de replicação do vírus de hepatite B (HBeAg) e de seu respectivo anticorpo (anti-hbe). Todos esses exames que já haviam sido previamente realizados foram feitos através de método de quimioluminescência. Assim, a partir desses resultados foram calculadas a prevalência da infecção por vírus da hepatite B, a frequência de pessoas imunizadas tanto por meio de vacinação quanto através de infecção natural e a frequência de indivíduos nãoimunizados. 12

5. RESULTADOS FAIXA ETÁRIA Dos 1949 candidatos que realizaram exame admissional, 1560 apresentaram resultado positivo para anticorpo anti-hbs, 380 tiveram resultado negativo para este anticorpo, e 9 candidatos apresentaram resultado inconclusivo (de 8 a 12 miu/ml). Desconsiderando os resultados inconclusivos, 80,41% dos candidatos apresentaram resultado positivo para anti-hbs e 19,59% apresentaram resultado negativo para o mesmo. Dentre os 1560 candidatos com resultado positivo para anti-hbs, 41 também possuíam resultado positivo para anti-hbc IgG. Além destes, mais um candidato apresentou resultado anti-hbc IgG positivo, porém com anti-hbs negativo. Outros quatro candidatos tiveram resultado positivo para HBsAg, sendo um com a presença de anti-hbc IgG, e dois apresentando, além deste anticorpo, o anticorpo anti-hbe. Dos 1949 candidatos, 1549 tinham a idade revelada, variando de 18 anos a 66 anos, com média de idade de 33 anos. A média de idade dos candidatos com resultado de anti-hbs positivo (32 anos) foi ligeiramente menor do que aqueles com resultado negativo (33 anos), que também foi ligeiramente menor do que a média dos candidatos que apresentaram HBsAg positivo (34 anos). Já, a média apresentada por aqueles com anti-hbc IgG positivo (42 anos) foi muito maior do que as demais. ANTI-HBs POSITIVO ANTI-HBs NEGATIVO ANTI-HBc IgG POSITIVO HBsAg POSITIVO 18-30 511 110 4 2 627 31-40 436 103 15 0 554 41-50 155 39 19 1 214 51-60 31 17 8 0 56 61-70 4 1 1 0 6 TOTAL TOTAL 1137 270 47 3 1457 Tabela 2. Prevalência de marcadores sorológicos do vírus da hepatite B por faixa etária. Levando-se em consideração os resultados de anticorpo anti-hbs, 1560 candidatos estavam imunizados contra o vírus da hepatite B, 80% em relação ao total de candidatos analisados. E dentre estes, 2,6% apresentaram imunização decorrente de infecção prévia pelo HBV. 13

Do total de candidatos, 42 apresentaram contato prévio com o vírus HBV e quatro dos candidatos analisados estavam com infecção ativa de hepatite B. Ainda, 20% dos indivíduos estudados se apresentaram susceptíveis à infecção por HBV. Gráfico1. Distribuição de infecção por faixa etária. 14

6. DISCUSSÃO A taxa de imunizados contra a hepatite B se apresentou grande dentro do grupo estudado, sendo maior na faixa etária de 18 a 30 anos, grupo atingido pela campanha de vacinação. Segundo dados da Secretaria da Saúde, apenas 67% de pessoas entre 15 e 29 anos de idade estão imunizadas contra a doença. 2 Já, os candidatos com idade entre 41 e 50 anos apresentaram menor taxa de imunização e maior taxa de infecção. Ainda, o número de candidatos infectados (0,2%) mostrou-se menor em relação ao Inquérito Nacional de Hepatites Virais (0,6%), realizado com população entre 20 e 69 anos de idade. 3 2 http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/01/17/estado-de-sao-paulo-ira-vacinar-4-5-milhoesde-pessoas-contra-hepatite-b 3 http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/01/05/saude-amplia-faixa-etaria-para-vacinacao-dehepatite-b-para-29-anos 15

7. CONCLUSÃO Sucintamente, chegou-se a conclusão de que: 1. Este trabalho mostrou a necessidade de vacinação em 20% dos candidatos ao ingresso para trabalho no IAMSPE; 2. Dentre os imunes, 97,4% foram decorrentes da vacinação; 3. A frequência de infecção crônica (0,2%) mostrou-se menor em relação ao Inquérito Nacional de Hepatites Virais (0,6%); 4. Os exames admissionais são importantes para se detectar indivíduos susceptíveis à infecção pelo HBV. Com isso, como a presente pesquisa estudou um grupo de pessoas que iriam ingressar em um ambiente hospitalar, a identificação de imunizados ou nãoimunizados é imprescindível para a segurança de trabalho dos mesmos, pois neste ambiente há uma maior exposição ao vírus de hepatite B. A taxa de imunização se apresentou alta, porém a importância da vacinação ainda deve ser exaltada, atingindo maior número de pessoas. Além disso, os candidatos que apresentaram resultado negativo para anti-hbs devem ser orientados e vacinados, verificando resposta vacinal após 30 dias da administração. Os exames admissionais também são importantes para a detecção da infecção por HBV, já que alguns casos apresentam-se assintomáticos. Concluindo, a realização de exames admissionais, a vacinação e a adoção de medidas de biossegurança pelos trabalhadores de unidades de saúde são fundamentais para evitar a transmissão do vírus nestes locais. 16

8. REFERÊNCIAS DI/DH/CVE/CCD/SES-SP. Vacina contra hepatite B. Rev. Saúde Pública. v.40, n.6, p.1137-1140, 2006. Disponível em: <http://www.eloizaquintela.com.br/vacina%c3%a7%c3%a3o%20hepatite%20b.pdf>. Acesso em: 15 ago 2012. FERREIRA, C. T.; SILVEIRA, T. R. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Rev. Bras. Epidemiol. v.7, n.4, p.473-487, 2004. GARCIA, L. P.; FACCHINI, L. A. Vacinação contra a hepatite B entre trabalhadores da atenção básica à saúde. Cad. Saúde Pública. v.24, n.5, p.1130-1140, maio. 2008. LOPES, C. L. R. et al. Perfil soroepidemiológico da infecção pelo vírus da hepatite B em profissionais das unidades de hemodiálise de Goiânia-Goiás, Brasil Central. Rev. da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v.34, n.6, p.543-548, nov-dez. 2001. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hepatites virais: o Brasil está atento. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p. 15. MOREIRA, R. C. et al. Soroprevalência da hepatite B e avaliação da resposta imunológica à vacinação contra a hepatite B por via intramuscular e intradérmica em profissionais de um laboratório de saúde pública. Bras. Patol. Med. Lab. v.43, n.5, p.313-318, out. 2007. PINHEIRO, J. ZEITOUNE, R. C. G. Hepatite B: conhecimento e medidas de biossegurança e a saúde do trabalhador de enfermagem. Rev. Enferm. v.12, n.2, p.258-264, jun. 2008. PORTAL BRASIL: Estado de São Paulo irá vacinar 4,5 milhões de pessoas contra hepatite B. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2013/01/17/estado-de-saopaulo-ira-vacinar-4-5-milhoes-de-pessoas-contra-hepatite-b>. Acesso em: 27 jan. 2013. PORTAL BRASIL: Saúde amplia faixa etária para vacinação de hepatite B para 29 anos. Disponível em: < http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/01/05/saude-amplia-faixaetaria-para-vacinacao-de-hepatite-b-para-29-anos>. Acesso em: 27 jan. 2013. SOUTO, F. J. D. et al. Prevalência da hepatite B em área rural de município hiperendêmico na Amazônia Mato-grossense: situação epidemiológica. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v.13, n.2, p.93-102, abr-jun. 2004. 17

SOUZA, A. C. S. et al. Adesão à vacina contra hepatite B entre recém-formados da área de saúde do município de Goiânia. Cienc. Cuid. Saúde. v.7, n.3, p.363-369, jul-set. 2008. 18