AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE INOCULAÇÃO E DA ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA ¹

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Material e Métodos O experimento foi conduzido em um Argissolo, alocado no campo experimental do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal

Transcrição:

AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE INOCULAÇÃO E DA ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA ¹ KASPARY, Tiago Edu²; RUCHEL, Queli²; GALLON, Mateus²; SALAMONI, Adriana Tourinho 3 1 Trabalho de Iniciação Científica Universidade Federal de Santa Maria campus de Frederico Westphalen 2 Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria, campus de Frederico Westphalen, RS, Brasil 3 Professora do departamento de Engenharia Florestal da UFSM, Frederico Westphalen, RS, Brasil RESUMO As pesquisas relacionadas à viabilidade da inoculação e da adubação nitrogenada na cultura de Glycine max (L.) Merr. (soja) são escassas, e as existentes não são disponibilizadas ao público de real interesse, que impulsiona todo o setor agropecuário. Ocorrem controvérsias no que diz respeito à eficácia e ao custo-benefício da adubação nitrogenada, em relação à fixação simbiótica de nitrogênio natural ou inoculação e sua responsividade na produtividade da cultura da soja. Este trabalho teve como objetivo comparar a utilização da adubação nitrogenada e da inoculação.o experiemento foi conduzido de em esquema parcela dividida com 5 cultivares de soja, 4 doses de nitrogênio e a utilização ou não de inoculação. O trabalho não demonstrou diferenças significativas quanto as diferentes doses de nitrogênio utilizadas, e também para inoculação ou não das sementes por virtude da semeadura. Palavras-chave: Bactéria, Glycine Max, doses, desempenho. INTRODUÇÃO A soja (Gyicine max), nativa da Ásia, foi introduzida no Brasil no século XIX, mas somente a partir da segunda metade do século XX, adquiriu importância na região sul, tendo o município de Santa Rosa como pioneira.com o aumento do consumo de farelo da soja (criação de aves e suínos), o incentivo ao cultivo dessa oleaginosa cresceu, tornando-a hoje, o principal cereal que impulsionou a economia nacional. Segundo a CONAB (2011), na 1

última safra a produção atingiu em torno de 68 milhões de toneladas em uma área semeada que gira em torno de 23 milhões de hectares. A medida que a demanda mundial da soja aumenta, tem-se a necessidade de aumentar a produção e manter a mesma área de cultivo. Para isso, devem-se levar em conta vários fatores como as condições edáficas e as necessidades de cada cultivar. Entre esses fatores a disponibilidade de nutrientes a planta é fundamental, senod um dos principais o Nitrogenio, uma vez que este elemento é constituinte da clorofila, de enzimas e de algumas vitaminas (MALAVOLTA et al., 1997; SILVA, 1997). A soja como a maioria das demais plantas, tem como base nutricional o nitrogênio (N 2 ), que apesar de abundante na atmosfera (aproximadamente 78%), não é absorvido diretamente na forma de N 2. Sendo assim para produzir 50 sacos de soja (3.000 kg/ha) são exportados 180 kg de N, equivalente a 400 kg de uréia (GASSEM, 2008). Entretanto, as plantas da família botânica leguminosa (fabáceas), são capazes de absorvê-lo com eficiência, através de nódulos formados nas raízes pela associação simbiótica estabelecida com bactérias do gênero Bradyrhizobium sp.. A associação simbiótica pode ocorrer naturalmente pelas bactérias existentes no solo, ou pela inoculação destas, imediatamente antes da semeadura. Neste contexto, não se faz adubação nitrogenada nesta cultura, pois, a maioria dos produtores sabe que a principal, e mais econômica maneira de disponibilizar N para a cultura é pela inoculação, pois esta possibilita que as raízes da soja sejam invadidas por bactérias do gênero Bradyrhizobium sp. que formam nódulos, locais onde ocorrerão à fixação do N2 atmosférico (COSTA, 1996). A fixação natural de nitrogênio (N 2 ) pelas bactérias Bradyrhizobium sp., é bastante eficaz, porém há outras formas de disponibilizar N 2 às plantas, através da aplicação de adubos nitrogenados. Entretanto, a obtenção deste nitrogênio químico demanda de alta temperatura e pressão, havendo um grande gasto energético que leva ao alto custo de produção agrícola tem sido consideravelmente aumentado em função do preço dos fertilizantes nitrogenados. A energia dispendida para produção de 50 kg de fertilizante nitrogenado é equivalente àquela proporcionada por cerca de 80 litros de gasolina, pois a molécula N2 contém uma tripla ligação covalente que é muito estável, sendo necessárias 2,2 x 105 kcal/ kmol para quebrá-la (MALAVOLTA, 1997).. Por este apresentar caráter químico e não natural, pode causar malefícios ao ambiente circundante. Os custos de experimentação são 2

variáveis, englobando desde o preparo da área, compra de sementes, defensivos, materiais de campo e de laboratório e insumos utilizados. De acordo com UFRGS (2008), na indústria o processo de fixação do nitrogênio para a síntese de amônia emprega altas temperaturas (entre 300º e 500 C) e pressões acima de 300 atm, sendo utilizados catalisadores a base de ferro. As pesquisas relacionadas à viabilidade da inoculação e da adubação nitrogenada na cultura de Glycine max (L.) Merr. (soja) são escassas, e as existentes não são disponibilizadas ao público de real interesse, que impulsiona todo o setor agropecuário. Ocorrem controvérsias no que diz respeito à eficácia e ao custo-benefício da adubação nitrogenada, em relação à fixação simbiótica de nitrogênio natural ou inoculação e sua responsividade na produtividade da cultura da soja. Este trabalho teve como objetivo comparar a utilização da adubação nitrogenada e da inoculação, com bactérias do gênero Bradyrhizobium sp, na produtividade (kg/ha) de diferentes cultivares de Glycine max, determinando qual dos métodos de disponibilização de nitrogênio (inoculação ou adubação nitrogenada) é mais viável e qual a melhor dose de nitrogênio a ser utilizada, se este for superior. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em um solo do tipo latossolo vermelho distrófico típico, na área experimental do CESNORS-UFSM, localizada no município de Frederico Westphalen, próximo a rodovia BR 386, km 40. O plantio da cultura da soja (Glycine max (L.) Merr.) foi realizado no dia 19 de dezembro de 2008 e a colheita procedeu-se no dia 14 de abril de 2009, sendo que todos os tratos culturais incluindo semeadura e colheit foram realizada de forma manual. Foram utilizadas cinco cultivares, sendo essas: Fundacep 53RR e 55RR, Coodetec 212RR e Brasmax Titan RR e Impact RR. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso em esquema de parcela dividida, com a avaliação de cinco tratamentos (cultivares), com três repetições alocadas em parcelas de 10,90m 2 e subparcelas de 2m 2, 2x1m, com área total de 662,30m 2. No nível de parcela avaliou-se a inoculação ou não de bactérias do gênerobradyrhizobium sp. Nas sub-parcelas, utilizou-se diferentes dosagens de nitrogênio (na forma de amônia, NH 3 ): 0 kg/ha, 50 kg/ha; 100 kg/ha e 150 kg/ha. Os resultados foram analisados pelo Teste de Duncan. 3

RESULTADOS E DISCUSSÃO A utilização ou não da inoculação com bactérias do gênero Bradyrhizobium sp., não influenciou de maneira significativa na produtividade da soja. Fato esse pode ter decorrido pela atuação de bactérias já existente naturalmente no solo, que supriram a necessidade de nitrogênio da planta. Tais resultados discordam de Vargas et al. [6], que em trabalhos de pesquisa, para identificar estirpes mais eficientes e competitivas para a região dos cerrados, obteve em áreas de primeiro ano de cultivo, ganho de rendimento de até 750 kg.ha-1 em relação ao tratamento sem inoculação. Também não se constatou incremento significativo na produtividade das cultivares, quando foram comparadas as diferentes doses de nitrogênio, na forma de amônia. O mesmo foi observado por Crispino et al. (2001), não obtiveram resposta significativa na produtividade de duas cultivares de soja quando se utilizou a inoculação padrão somado a 30 kg de N ha -1 na semeadura, verificando que somente a inoculação padrão possibilitou um suprimento satisfatório de N a cultura. Pode-se afirmar dessa forma que o N, na forma mineral, aplicado no sulco de semeadura, ou em qualquer outro estágio de desenvolvimento da cultura, tem se mostrado desnecessário, devido ao fato de não contribuir para o aumento significativo da produtividade da cultura da soja, além de prejudicar a nodulação e o processo de Fixação Biológica de Nitrogenio e aumentar os custos de produção (CHUEIRI et al. 2005 e MERCANTE 2005). Tabela 1 - Produtividade de diferentes cultivares de soja. Frederico Westphalen, 2008. Cultivar Prudutividade (kg/ha) Fundacep 53 2886 A* Fundacep 55 2845 AB Brasmax Titan 2591 B Codetec 2012 2588 B Impact 2580 B Média 2698 CV (%) 16,84 * Médias seguidas de mesma letra na linha, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Quando comparadas a produtividade utilizando para isso somente a variavel cultivar, a Fundacep 53RR demonstrou desempenho superior às demais,(tabela 1). Isso pode ser resposta ao ciclo mais logo dessa cultivar, observado a campo. 4

CONCLUSÃO Pode-se constatar que as cultivares não apresentaram diferença significativa na produtividade, utilizando ou não o inoculante e frente às diferentes doses de nitrogênio. Este resultado pode ter aparecido por possível competição com as bactérias simbióticas nativas e por déficit hídrico, já que o experimento foi conduzido a campo, sem controle sobre essas variáveis. O déficit hídrico pode ter influenciado na sobrevivência e na ação das bactérias do gênero Bradyrhizobium sp, aplicadas na semente e na disponibilização e assimilação do nitrogênio mineral aplicado. A cultivar Fundacep 53RR foi superior às demais, por apresentar maior adaptabilidade aos fatores externos descritos acima. Pelos motivos descritos, necessitas de maiores estudos sobre o assunto, sendo uma alternativa conduzir o experimento em vasos, com solo esterilizado e em casa de vegetação, diminuindo assim o efeito das bactéria possivelmente existentes na área de forma natural. REFERÊNCIAS CHUEIRI, W. A.; PAJARA, F.; BOZZA, D. Importância da inoculação e nodulação na cultura da soja.manah: Divulgação técnica, no 169. 2005. Disponível em: http://www.manah.com.br/downloadpdf.aspx?pdf=/media/4691/dt_manah_169.pdf. Acesso em: 14 ago. 2011. COSTA, José Antônio. Cultura da soja. Porto Alegre: Evangraf,1996. CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Levantamento de safra. Disponível em: http://www.conab.gov.br /conab/main.php?magid=3&magno=74. Acesso em : 28 de fevereiro de 2011. CRISPINO, C. C.; FRANCHINI, J. C.; MORAES, J. Z.; SIBALDELLE, R. N. R.; LOUREIRO, M. F.;SANTOS, E. N.; CAMPO, R. J.; HUNGRIA, M. Adubação nitrogenada na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja. 6p. (Comunicado técnico, 75), 2001. 5

GASSEM, D.N. A necessidade de nitrogênio em soja. Disponível em: http://www.agrolink.com.br/colunista/pg_detalhe_coluna.asp?cod=403. Acesso em: 25 de Maio de 2008. MALAVOLTA, E.;VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2.ed Piracicaba: POTAFOS, 1997. MERCANTE, F. M. Uso de inoculante garante economia de três bilhões de dólares na cultura da soja no país, 2005. Disponível em: <ttp://www.embrapa.br/imprensa/artigos /2005/ artigo.2005-12- 05.0506770395/ >.Acesso em 13 ago. 2011. SILVA, ODY. Fertilizantes, corretivos e solos: o tripé das plantas. Campinas: instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1997. UFRGS. A fixação biológica do nitrogênio. Disponível em: http://www.ufergs.com.br/ depbiot/210/fbn.html. Acesso em: 23 de Maio de 2008. VARGAS, M.A.T.; MENDES, I.C.; SUHET, A.R. & PERES, J.R. Duas novas estirpes de rizóbio para ainoculação da soja. Planaltina: Embrapa-CPAC. 3p.(Comunicado Técnico, 62), 1992. 6