DESEMPENHO DE ESTIRPES DE BACTÉRIAS FIXADORAS DE NITROGÊNIO EM GUANDU FAVA-LARGA NO CERRADO DE RORAIMA.

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1 DESEMPENHO DE ESTIRPES DE BACTÉRIAS FIXADORAS DE NITROGÊNIO EM GUANDU FAVA-LARGA NO CERRADO DE RORAIMA. LIMA, Joaquim Parimé Pereira* 1 ; SILVA, Edmilson Evangelista da 2. 1 parima1328@gmail.com, MSc IBAMA SUPES-RR / Universidade Estadual de Roraima - PPGA, Boa Vista-RR; 2 edmilson.e.silva@embrapa.br, D.Sc. Pesquisador Embrapa Roraima, Boa Vista-RR. RESUMO: Objetivou-se testar a eficiência simbiótica de estirpes de bactérias fixadoras de nitrogênio (N2), do gênero Bradyrhizobium, para o guandu cv. fava-larga [Cajanus cajan (L.) Millsp.]. O experimento foi conduzido em campo, delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições, em cerrado de primeiro ano de cultivo. Foram testadas quatro novas estirpes de rizóbios que foram comparadas com duas estirpes controle e com duas testemunhas. Foram avaliadas a nodulação, a produção de biomassa e o acúmulo de N. A estirpe-teste BR e a estipe-controle BR 2003 apresentam potencial como inoculantes para o guandu fava-larga nas condições locais. PALAVRAS-CHAVE: fixação biológica de nitrogênio, adubação verde, fabaceae. INTRODUÇÃO: A Fixação Biológica de Nitrogênio - FBN constitui a principal via de incorporação de N2 no solo. Estima-se que a maior contribuição da FBN ocorra pela associação de bactérias diazotróficas, com plantas da família Fabaceae (HUNGRIA et al., 2007; MERCANTE et al., 2014). O guandu [Cajanus cajan (L.) Millsp.], é uma leguminosa fixadora de N2 atmosférico. Trata-se de espécie rústica de ciclo anual ou semiperene, com grande potencial e multiplicidade de uso nas regiões brasileiras, sendo utilizada como adubo verde, quebra vento, forragem e alimento humano (ALVES et al., 2004; WUTKE et al. 2014; RUFINI et al. 2014). Para potencializar o uso de leguminosas, é necessário identificar espécies mais adaptáveis a cada região (CERETTA, 1994). A escassez de trabalhos sobre essa família como planta para adubação verde em Roraima aponta a necessidade de estudos direcionados à identificação de espécies mais promissoras para as condições locais. Nessa direção, o objetivo deste trabalho foi testar a eficiência simbiótica de estirpes de bactérias fixadoras de N2, do gênero Bradyrhizobium, com o guandu fava-larga, quanto sua capacidade em promover acúmulo de fitomassa aérea e nitrogênio, na região de savana de Roraima. MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi instalado no Campo Experimental Água Boa da Embrapa Roraima, em Boa Vista, na estação chuvosa, entre maio e agosto de Área está situada aproximadamente a 02º15' 00'' N e 60º39'38'' W, com altitude de 90 metros. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo AW, tropical chuvoso, quente e úmido, com estação seca bem definida. O solo local foi classificado como Latossolo Amarelo (EMBRAPA, 1999), de baixa fertilidade e não tinha histórico de correção ou cultivo, sendo um ambiente natural. A análise de solo, na profundidade de 0-20 cm: ph em cloreto de cálcio (CaCl3) 5,1; Al +3 0,8 cmol dm - 3; P 3,0 mg dm -3 ; K 0,01 cmol dm -3 ; Ca 0,2 cmol dm -3 ; Mg 0,1 cmol dm -3. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições,

2 com os seguintes tratamentos: controle absoluto; tratamento nitrogenado com 100 kg ha -1 de N-mineral (50% no plantio e 50% 35 dias após a semeadura); estirpe controle BR 2003; estirpe controle BR 2801; estirpes-teste BR 10231, BR 10240, BR e BR Cada parcela tinha 24 m², oito linhas de plantio de 6,0 metros, e 0,5 metros entre linhas. A área útil foi composta pelas 4 linhas centrais. As duas linhas laterais e 1 metro das extremidades foram utilizados como bordadura. A semeadura foi realizada após preparo convencional do solo. Na correção do solo utilizou-se kg ha -1 de calcário dolomítico, na potassagem 200 kg ha -1 de K2O (cloreto de potássio) e a na fosfatagem 180 kg de P2O5 (superfosfato simples). As sementes foram inoculadas no dia do plantio, semeadas na densidade de 20 sementes por metro linear. Os inoculantes foram fornecidos pela Embrapa Agrobiologia. Na coleta das plantas aos 30 dias foi avaliado o número de nódulos (NN), a massa fresca de nódulos (MFN), a matéria seca da parte aérea (MSPA) e na coleta aos 104 dias, início da floração, queda de folhas e princípio do período seco, avaliou-se a matéria seca (MSF) e acúmulo de nitrogênio na floração (ANF) da parte aérea. A primeira coleta foi efetuada em 1 metro linear e a segunda nas quatro linhas centrais, área de 8 m 2. Os dados das coletas foram submetidos aos testes de normalidade e homogeneidade. Realizou-se a análise de variância usando o teste F e de Scott-Knott a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SISVAR, versão 5.3 (FERREIRA, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todos os tratamentos apresentaram nodulação, dos quais a estirpe teste BR 10240, a estirpe-controle BR 2801, e a estirpe-teste BR ficaram agrupadas, e diferiram estatisticamente das demais fontes de N. Não houve diferenças estatísticas para massa fresca de nódulos e matéria seca das raízes, conforme Tabela 1. Tabela 1. Número de nódulos (NN), matéria fresca de nódulos (MFN), matéria seca das raízes (RMS) e massa seca da parte aérea (MSPA) aos 30 dias. Fontes de nitrogênio NN (por planta -1 ) MFN ( 1 mg planta -1 ) RMS (mg planta -1 ) PAMS ( 2 g planta -1 ) Testemunha absoluta 4,90b 157,86a 103,07a 0,675a Nitrogenado 2,24b 70,27a 135,74a 0,841a Controle estirpe BR ,51b 237,89a 110,76a 0,576a Controle estirpe BR ,50a 314,05a 102,34a 0,752a Estirpe teste BR ,48b 198,25a 126,06a 0,787a Estirpe teste BR ,94a 216,89a 134,58a 0,701a Estirpe teste BR ,01a 294,00a 82,93a 0,557a Estirpe teste BR ,68 b 211,33a 112,68a 0,624a C.V.(%) 52,80 44,50 29,61 24,24 Fonte: Dados da Dissertação de Mestrado em Agroecologia/UERR do primeiro autor. Os valores representam médias de quatro repetições. Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. 1 miligrama, 2 grama. Em experimento em vasos com solo, Rufini et al. (2014), avaliando a nodulação em guandu fava-larga, coleta aos 120 dias, constataram que as estipes-controle BR 2003 e BR 2801 foram estatisticamente inferiores a duas estirpe-testes, e para matéria seca aérea não se verificaram diferenças entre os tratamentos. Trabalhando com guandu, Oliveira et al., (2012), verificaram diferenças estatísticas na nodulação entre rizóbios

3 nativos e padrão em relação à testemunhas. Quanto à produção de fitomassa seca (MSF) e acúmulo de nitrogênio (ANF) na floração, não houve diferença estatística entre os tratamentos. As estirpes-padrão BR 2003 e a estirpe-teste BR foram as que proporcionaram melhores rendimentos. O tratamento nitrogenado apresentou o menor acúmulo de fitomassa e nitrogênio (Tabela 2). Tabela 2. Matéria seca na floração (MSF) e acúmulo de nitrogênio na floração (ANF) do guandu fava-larga em área de savana no estado de Roraima. Fontes de nitrogênio MSF ANF ( 1 Mg ha -1 ) (kg ha -1 ) Testemunha absoluta 4,219a 81,26a Nitrogenado 3,615a 75,64a Controle estirpe BR2003 4,475a 92,91a Controle estirpe BR2801 4,030a 91,33a Estirpe teste BR ,432a 101,70a Estirpe teste BR ,001a 87,40a Estirpe teste BR ,708a 85,88a Estirpe teste BR ,092a 85,52a C.V. (%) 19,29 20,29 Fonte: Dados da Dissertação de Mestrado em Agroecologia/UERR do primeiro autor. Os valores representam médias de quatro repetições. Médias seguidas de letras iguais nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. 1 Megagrama. Rufini et al. (2014), em experimento com guandu fava-larga, coletado no florescimento, não verificaram diferenças estatísticas na produção de massa seca e acúmulo de N. César et al. (2011), apontam acúmulo de N na floração para o guandu fava-larga de 64,34 kg ha -1 de N. Nascimento e Silva (2004), em trabalho com guandu, relataram produção de matéria seca de 9,39 Mg ha -1. Já Alcântara et al. (2000), em experimento de recuperação de solo degradado com leguminosas, entre elas o guandu, obtiveram produtividade de 13,2 Mg ha -1. Trabalhando com diversas leguminosas, entre elas o guandu, Missio et al. (2004), obtiveram produção de 5,56 Mg ha -1. A produtividade média de matéria seca deste ensaio foi superior aos números apresentados por César et al. (2011), que obtiveram média para o guandu fava-larga de 3,00 Mg ha -1. CONCLUSÕES: Todas as estirpes de Bradyrhizobium testadas nodularam o guandu fava-larga, em diferentes graus de eficiência. A estirpe teste BR é tão eficiente em promover acúmulo de biomassa, quanto a estirpe controle BR 2003, ambas apresentam potencial para cultivo do guandu fava-larga. O guandu fava-larga prescinde do uso de adubos nitrogenados nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima. AGRADECIMENTOS: À EMBRAPA Roraima pela oportunidade de estágio e por ter cedido área implantação do ensaio no Campo Experimental Água Boa, à Embrapa Agrobiologia pelo fornecimento dos inoculantes, À à Universidade Estadual de Roraima - UERR pela oportunidade do de cursar o Mmestrado em Aagroecologia, e ao pesquisador e D.Sc. Edmilson Evangelista da Silva pela orientação nos trabalhos

4 de campo e confecção da minha Dissertação de meu Mmestrado em Agroecologia. Sinceros agradecimentos aos trabalhadores de campo da EMBRAPA/RR que me auxiliaram nos longos dias de trabalho no campo. REFERÊNCIAS: ALCÂNTARA, F. A.; FURTINI NETO, A. E.; PAULA, M. B. de; MESQUI, H. A. de; MUNIZ, J. A. Adubação verde na recuperação da fertilidade de um Latossolo Vermelho-Escuro degradado. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.35, n.2, p , fev ALVES, S. M. C.; ABBOUD, A. C. de S.; RIBEIRO, R. de L. D.; ALMEIDA, D. L. de. Balanço do nitrogênio e fósforo em solo com cultivo orgânico de hortaliças após incorporação de biomassa de guandu. Pesquisa agropecuária brasileira, v. 39, n. 11, p , novembro CERETTA, C. A.; AITA, C.; BARIDA, J. A.; PAVIANATO, A.; SALET, R. A. Fornecimento de nitrogênio por leguminosas na primavera para o milho em sucessão nos sistemas de cultivo mínimo e convencional. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 18, p , CÉSAR, N. Z., GUERRA, J. G. M.; RIBEIRO, R. D. L. D.; URQUIAGA, S. S. C.; PADOVAN, M. P. Performance de adubos verdes cultivados em duas épocas do ano no Cerrado do Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 6, n. 2, EMBRAPA. Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro, 412 p. FERREIRA, D. F. Sisvar: A computer statistical analysis system. Ciência agropecuária. Lavras MG, v. 36, p , nov./dez., HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. Importância do processo de fixação biológica do nitrogênio para a cultura da soja: componente essencial para a competitividade do produto brasileiro. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados, p. (Embrapa Soja. Documentos, 283). MISSIO, E. L.; DEBIASI, H.; MARTINS, J. D. Comportamento de leguminosas para cobertura do solo, adubação verde e controle de plantas daninhas. Pesquisa Agropecuária Gaúcha. Porto alegre. V. 10, n. 1-2, p , NASCIMENTO, J. T.; SILVA, I. F. da. Avaliação quantitativa e qualitativa de leguminosas para uso como cobertura do solo. Ciência Rural, v.34, n.3, maio junho de OLIVEIRA, F. A.; CASTRO, A. S. de O.; MARTINS, N. M.; BARBOSA, P. M. G.; MERCANTE, F. M. Seleção de estirpe de rizóbios nativos de solos de Mato Grosso do Sul para inoculação de adubo verde. Revista Cadernos de Agroecologia. V.7, n.2, Dez RUFINI, M.; OLIVEIRA, D. de P.; TROCHMANN. A.; SOARES, B. L.; ANDRADE, M. J. B. de.; MOREIRA, F. M. de S. Eficiência de Bradyrhizobium spp. em simbiose

5 com guandu cv. Fava-larga em condições diversas p. Tese de (Doutorado em Ciência do solo). Universidade Federal de Lavras, Lavras/MG, WUTKE, E. B.; CALEGARI, A.; WILDNER, L. do P. Espécies de adubos verdes e plantas de cobertura e recomendações para seu uso. In LIMA FILHO, O. F de; AMBROSANO, E. J.; ROSSI, F.; CARLOS, J. A. D. (Ed.). Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil: fundamentos e práticas. Brasília DF. EMBRAPA, p