O Sistema Nacional de Indicadores de Ordenamento do Território e a sua articulação com outros sistemas de indicadores Vitor Campos Director-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano
Porquê um sistema nacional de indicadores de ordenamento do território? Dever de acompanhamento permanente e avaliação periódica da política de ordenamento do território e urbanismo (artº 29º/LBPOTU + artº 144º /RJIGT) Dever de elaboração de REOT bienais (artº 146º/RJIGT) Para cumprir adequadamente estes deveres, é necessário dispor de séries de dados diacrónicos sobre a execução da política de ordenamento do território e urbanismo e sobre os seus efeitosna transformação do território Requisitos essenciais: Estabilidade e viabilidade no tempo Objectividade e rigor Comparabilidade Possibilidade de agregação entre si e com outros dados Georreferenciação a unidades territoriais significativas O sistema nacional de indicadores de ordenamento do território é a infraestrutura básica necessária para que o Estado possa cumprir com os seus deveres legalmente estabelecidos. Esse sistema ainda não existe. A DGOTDU iniciou em 2010 um projecto que visa criá-lo 2
Objectivos 1. Criar uma infra-estrutura de suporte para a monitorização e a avaliação estratégica da política de ordenamento do território e urbanismo nos seus três âmbitos: local, regional e nacional 2. Melhorar a coordenação entre a da política de ordenamento do território e urbanismo e as outras políticas públicas com maior impacte na transformação do território e das cidades, nas fases de concepção, execução, acompanhamento e avaliação O sistema nacional de indicadores deve permitir monitorizar e avaliar três dimensões fundamentais da política e das práticas de ordenamento do território e de urbanismo: Execução das políticas territoriais + Funcionamento do Sistema de Gestão Territorial Estado do ordenamento do território nacional 3
Princípios orientadores 1. Definir o sistema de indicadores a partir dos objectivos de política territorial e urbana definidos nos instrumentos de gestão territorial de natureza estratégica - PNPOT, PROT, PIMOT, PDM 2. Garantir a existência de um corpo comum de indicadores e dados padronizados, com carácter oficial, estruturados nos 3 âmbitos em que se organiza o sistema de gestão territorial, que assegurem: A objectividade e rigor na caracterização dos fenómenos A estabilidade e viabilidade no tempo A comparabilidade e a interoperabilidade dos resultados A agregação de dados e composição de indicadores entre âmbitos. 3. Selectividade: estabelecer um sistema simples e económico, que seja o menor denominador comum necessário ao cumprimento dos deveres de acompanhamento e avaliação pelas entidades públicas responsáveis 4. Escalabilidade: permitir a integração de dados e indicadores específicos, em cada um dos âmbitos geográficos em que se organiza o sistema de gestão territorial, em função da capacidade e interesse próprio das entidades responsáveis nesse âmbito 4
Princípios orientadores 5. Evitar redundâncias e sobreposições com outros sistemas de indicadores e dados estatísticos oficiais já existentes ou em construção 6. Assegurar expressamente a articulação com: Os sistemas de indicadores que são utilizados na monitorização da ENDS e do QREN Os sistemas de indicadores que são utilizados na monitorização do PNPOT As estatísticas europeias de base territorial e, em particular, com o sistema de indicadores do ESPON Outros sistemas de indicadores e dados estatísticos nacionais e comunitários (DesertWatch, por exemplo). 5
Arquitectura do sistema Produção de dados Agregação de dados Produção obrigatória de dados para o sistema nacional Âmbito regional Âmbito nacional Sistema Nacional de Indicadores de Ordenamento do Território SIT nacional SIT regionais Âmbito municipal SIT municipais 6
Finalidades múltiplas Apoio à decisão na gestão territorial corrente dos municípios Elaboração de REOT municipais, regionais e nacional Informação pública sobre as dinâmicas e o estado do ordenamento do território Monitorização da implementação dos instrumentos de gestão territorial de natureza estratégica (PNPOT, PROT, PDM) Avaliação de estratégias territoriais contidas noutros instrumentos de política com impacte territorial (ex. PENT, PRN, PROF, etc.); Avaliação ex-ante e ex-postde programas e medidas concretas de política no âmbito da gestão territorial e urbana e de políticas sectoriais com impacte territorial significativo Análises de base territorial com finalidades diversas, nomeadamente para avaliações de sustentabilidade territorial, do potencial territorial e de qualidade de vida urbana Contribuição para a produção das estatísticas nacionais oficiais Contribuição para as estatísticas europeias e internacionais no âmbito do ordenamento do território e desenvolvimento urbano (ESPON, UrbanAudit, OCDE Territorial Reviews, WorldBank, UN Habitat) 7
Grupo de Trabalho DGOTDU (coordenação) Comité Consultivo (especialistas) CCDR DR(OTU)/RA INE DPP ANMP 8
Roteiro Metodológico 9
Grandes etapas no trabalho de selecção dos indicadores 1. Ponto de partida: identificação dos desígnios/objectivos de políticaque, na LBPOTU e nos instrumentos de gestão territorial em vigor em cada um dos âmbitos geográficos, se pretendem avaliar No caso do PNPOT e dos PROT, trabalhou-se sobre os próprios instrumentos de gestão territorial que estão em vigor No caso dos PDM, trabalhou-se a partir do conceito e do conteúdo material que são estabelecidos na lei 2. Passo intermédio: identificação dos factores críticosa considerar para efeitos de avaliação. 3. Ponto de chegada: para cada factor crítico, foi identificado um ou mais indicadores, com a identificação simultânea da informação de base que é necessária à sua construção 4. Selecção: avaliação da bateria de indicadores resultante e selecção do corpo de indicadores que vão constituir o Sistema Nacional Desígnios Factores Críticos Indicadores 10
Desígnios Síntese(organizada por temas) dos: Objectivos de política expressos nos instrumentos de desenvolvimento territorial em vigor (PNPOT e PROT) Objectivos gerais da política de ordenamento do território e urbanismo constantes da Lei de Bases e do RJIGT (noção e conteúdo material dos PDM) Objectivos gerais da política de ordenamento do território e urbanismo constantes de outros documentos de política relevantes (eg. Política de Cidades, Estratégia Nacional de Gestão Integrada da Zona Costeira) Desígnios ENDS POLIS XXI PNPOT PROT LBPOTU Conteúdo dos PDM ENGIZC ( ) 11
Os desígnios identificados Tema Utilização do solo Recursos e valores naturais Sistemas urbanos Centros urbanos e espaços edificados Espaços rurais Conectividade Riscos Litoral Espaços turísticos Sistema de Gestão Territorial Desígnio Promover o aproveitamento sustentável do solo e garantir o equilíbrio ecológico Garantir o funcionamento dos sistemas naturais, o aproveitamento sustentável e a gestão integrada dos recursos naturais Promover a coerência e a consolidação dos sistemas urbanos Promover a qualificação e sustentabilidade dos espaços urbanos, a racionalização das infra-estruturas e garantir o acesso à habitação e aos equipamentos colectivos Valorizar os espaços rurais e combater o despovoamento Promover a conectividade regional, nacional e internacional Minimizar os riscos naturais e tecnológicos e melhorar os sistemas de prevenção e alerta Proteger a zona costeira e assegurar o desenvolvimento sustentável do litoral Desenvolver o potencial turístico e assegurar a sustentabilidade das áreas de ocupação turística Garantir o adequado funcionamento do sistema de gestão territorial num quadro de boa governança do território 12
Factores Críticos As dimensões ou aspectos concretos que são mais relevantes para avaliar o grau de cumprimento de cada desígnio identificado Foram constituídos sub-gruposdentro do Grupo de Trabalho encarregados da identificação dos factores críticos para cada desígnio A DGOTDU reuniu os resultados e realizou uma selecção crítica orientada pelos seguintes critérios: Pragmatismo, no sentido de reter apenas o que tem, neste fase, interesse para avaliação da prática estabelecida e maior viabilidade de execução Focagemno ordenamento do território, evitando abranger campos de actuação que recaem sob a responsabilidade directa das políticas sectoriais Pertinênciapara a avaliação do desígnio e dos objectivos de política de ordenamento do território e desenvolvimento urbano Selectividade, de modo a garantir que o sistema de indicadores tem dimensão adequada e é exequível (do ponto de vista da economia e da disponibilidade de dados) 13
Factores críticos e suas relações primárias com os temas (1) FACTOR CRÍTICO TEMAS / DESÍGNIOS Salvaguarda do solo necessário ao funcionamento dos ciclos naturais Utilização do solo para fins urbanísticos UTILIZAÇÃO DO SOLO RECURSOS E VAL NATURAIS SISTEMAS URBANOS CENTROS URB E ESP EDIFICAODS ESPAÇOS RURAIS LITORAL CONECTIVIDADE RISCOS OCUPAÇÃO TURÍSTICA SISTGESTÃO TERRITORIAL Preservação das potencialidades do solo Concretização da Estrutura de Protecção e Valorização Ambiental Distribuição das funções urbanas de nível superior Áreas Metropolitanas Articulação entre centros urbanos Dinâmicas de crescimento dos centros urbanos Mecanismos de cooperação e redes interurbanas Dimensão, gestão e qualificação dos espaços urbanos Programação e execução da urbanização Dinâmica do processo de urbanização e edificação Acesso aos sistemas de serviços e infra-estruturas urbanas Mobilidade urbana Edificação em solo rural 14
Factores críticos e suas relações primárias com os temas (2) FACTOR CRÍTICO TEMAS / DESÍGNIOS Acessibilidade das populações rurais às funções urbanas Pressões urbanísticas no litoral Vulnerabilidade do litoral Capacidade instalada das redes internacionais e nacionais de comunicação Dinâmica dos fluxos internacionais de pessoas, mercadorias e informação Nível de concretização das redes internacionais e nacionais de comunicação Vulnerabilidade a riscos naturais, tecnológicos e alterações climáticas Prevenção e mitigação de riscos Padrão territorial da ocupação turística Dinâmica dos PMOT Utilização dos instrumentos de planeamento urbano Coordenação e concertação no planeamento e gestão urbanística Capacitação técnica e institucional para a gestão territorial Monitorização e avaliação UTILIZAÇÃO DO SOLO RECURSOS E VAL NATURAIS SISTEMAS URBANOS CENTROS URB E ESP EDIFICAODS ESPAÇOS RURAIS LITORAL CONECTIVIDADE RISCOS OCUPAÇÃO TURÍSTICA SISTGESTÃO TERRITORIAL 15
Indicadores Os indicadores estão a ser seleccionados com base em dois critérios essenciais: Pertinência para a avaliação do desígnio, dos objectivos de política de ordenamento do território e desenvolvimento urbano e do estado do ordenamento do território Disponibilidade da informação de base, privilegiando-se a adopção ou adaptação de indicadores já existentes ou de informação de base já sistematizada e disponível em sistemas de informação mantidos por produtores fiáveis e estáveis no tempo A selecção envolve a consulta às entidades públicas que são responsáveis ou mantêm sistemas de informação oficiais e a análise dos seus sistemas de indicadores e informação de base Os indicadores seleccionados serão posteriormente objecto de uma análise da viabilidade da sua produção e utilização correntes pelas entidades que irão assumir responsabilidades de operação e manutenção do Sistema Nacional de Indicadores de Ordenamento do Território (DGOTDU, CCDR, CM/CIM) 16
Especificação dos indicadores Factor Crítico - Identificação do(s) factor(es) crítico(s) a que o indicador está associado Indicador - Designação do indicador Descrição - Descrição do indicador Pertinência / contexto de utilização - Utilização principal que será dada ao indicador e que justifica a sua integração no sistema Método de cálculo - Descrição da fórmula/ método de cálculo do indicador Variáveis elementares - Identificação das variáveis base para o cálculo do indicador Fonte de informação - Entidade que produz, fornece ou compila a informação necessária para calcular o indicador Unidade - Indicação da unidade de medida do indicador Periodicidade - Periodicidade da actualização do indicador Âmbito territorial - Observações - Identificação dos âmbitos territoriais (nacional, regional e local) adequados à utilização do indicador Observações diversas, entre as quais articulação com outros sistemas de indicadores existentes, possibilidade de agregação/desagregação geográfica do indicador. 17
Obrigado pela vossa atenção 18