Organização do Acervo da Rádio MEC: uma proposta de Iniciação. Científica 1 PINTO, Thiago Pedro UFMS 2



Documentos relacionados
CO 62: Contribuições de um acervo histórico de uma emissora de rádio à educação Matemática

O uso de Objetos de Aprendizagem como recurso de apoio às dificuldades na alfabetização

APRENDER A LER PROBLEMAS EM MATEMÁTICA

Educação Patrimonial Centro de Memória

OBJETIVO Reestruturação de dois laboratórios interdisciplinares de formação de educadores

CONSIDERAÇÕES SOBRE USO DO SOFTWARE EDUCACIONAL FALANDO SOBRE... HISTÓRIA DO BRASIL EM AULA MINISTRADA EM LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

Roteiro da Biblioteca das Faculdades Coc Como Fazer Uma Pesquisa Teórica e Elaborar um Trabalho Acadêmico

A Educação a Distância como ferramenta para estimular e melhorar o desempenho dos alunos da E.E.E.F.M. Advogado Nobel Vita em Coremas - PB

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES NA CIDADE DE GOIÂNIA

Um espaço colaborativo de formação continuada de professores de Matemática: Reflexões acerca de atividades com o GeoGebra

OLIMPÍADAS DE CIÊNCIAS EXATAS: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO PÚBLICO E PRIVADO

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA NO ENSINO REGULAR

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

O PERCURSO FORMATIVO DOS DOCENTES QUE ATUAM NO 1º. CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA

medida. nova íntegra 1. O com remuneradas terem Isso é bom

FORMANDO AS LIDERANÇAS DO FUTURO

O ORIENTADOR FRENTE À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIENCIA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

WALDILÉIA DO SOCORRO CARDOSO PEREIRA

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

Estado da Arte: Diálogos entre a Educação Física e a Psicologia

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

INFORMAÇÕES AOS CANDIDATOS À DESIGNAÇÃO EM 2015 LEIA ATENTAMENTE

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

FORMULÁRIO DAS AÇÕES DE EXTENSÃO

CUIDAR, EDUCAR E BRINCAR: REFLETINDO SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

Orientações para informação das turmas do Programa Mais Educação/Ensino Médio Inovador

MÉTODOS E TÉCNICAS DE AUTOAPRENDIZAGEM

Palavras-chave: Educação Matemática; Avaliação; Formação de professores; Pró- Matemática.

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

Questionário a ser Respondido Pelos Estudantes em EaD.

LEVANTAMENTO SOBRE A POLÍTICA DE COTAS NO CURSO DE PEDAGOGIA NA MODALIDADE EAD/UFMS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

O PERFIL DOS PROFESSORES DE SOCIOLOGIA NAS ESCOLAS ESTADUAIS DE FORTALEZA-CE

Pedagogia Estácio FAMAP

01 UNINORTE ENADE. Faça também por você.

GRITO PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

INFORMAÇÕES AOS CANDIDATOS À DESIGNAÇÃO EM 2014 LEIA ATENTAMENTE

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

Aprendendo a ESTUDAR. Ensino Fundamental II

CENSO ESCOLAR EDUCACENSO A INFORMAÇÃO DE DISCIPLINAS NO CENSO ESCOLAR

PALAVRAS CHAVE: Jornalismo. Projeto de Extensão. Programa Ade!. Interatividade.

ALGUNS ASPECTOS QUE INTERFEREM NA PRÁXIS DOS PROFESSORES DO ENSINO DA ARTE

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

Comitê Consultivo de Educação Programa TOP Derivativos II Regulamento

Faculdade de Direito Ipatinga Núcleo de Investigação Científica e Extensão NICE Coordenadoria de Extensão. Identificação da Ação Proposta

UMA EXPERIÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO POR MEIO DO PIBID

Módulo 1. Introdução. 1.1 O que é EAD?

Nome e contato do responsável pelo preenchimento deste formulário: Allyson Pacelli (83) e Mariana Oliveira.

Avaliação dos Resultados do Planejamento de TI anterior

MAPEANDO AS CORRELAÇÕES ENTRE PRODUTIVIDADE E INVESTIMENTOS DE BOLSAS EM PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO: o caso da Universidade Federal de Goiás

Relatório da IES ENADE 2012 EXAME NACIONAL DE DESEMEPNHO DOS ESTUDANTES GOIÁS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO ESPECIAL: uma experiência de inclusão

difusão de idéias EDUCAÇÃO INFANTIL SEGMENTO QUE DEVE SER VALORIZADO

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

Currículo e tecnologias digitais da informação e comunicação: um diálogo necessário para a escola atual

COORDENADORA: Profa. Herica Maria Castro dos Santos Paixão. Mestre em Letras (Literatura, Artes e Cultura Regional)

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO. Secretaria de Educação Especial/ MEC

Palavras-chave: Metodologia da pesquisa. Produção Científica. Educação a Distância.

OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS (OBMEP): EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS A PARTIR DO PIBID UEPB MONTEIRO

As Tecnologias de Informação e Comunicação para Ensinar na Era do Conhecimento

2 - Sabemos que a educação à distância vem ocupando um importante espaço no mundo educacional. Como podemos identificar o Brasil nesse contexto?

A PÁGINA DISCIPLINAR DE MATEMÁTICA DO PORTAL DIA A DIA EDUCAÇÃO

AS SALAS DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E A PRATICA DOCENTE.

TECNOLOGIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA ACERCA DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

COMUNICADO n o 002/2012 ÁREA DE LETRAS E LINGUÍSTICA ORIENTAÇÕES PARA NOVOS APCNS 2012 Brasília, 22 de Maio de 2012

Analise histórica comparativa do relato de uma professora alagoana sobre sua formação docente e o ensino de matemática no primário durante o século XX

Projeto: Atualização da Infra-estrutura de Comunicação por Videoconferência, para promover as Atividades de Pesquisa multicampus.

FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO IFAL INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS: REFLETINDO SOBRE OS TEMPOS E OS ESPAÇOS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DAS OFICINAS NO ÂMBITO DA GRADUAÇÃO. PET BIBLIOTECONOMIA

A IMPORTÂNCIA DO USO DO LABORATÓRIO DE GEOMETRIA NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES

DA UNIVERSIDADE AO TRABALHO DOCENTE OU DO MUNDO FICCIONAL AO REAL: EXPECTATIVAS DE FUTUROS PROFISSIONAIS DOCENTES

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NUMA ESCOLA DO CAMPO

5 Considerações finais

Novas possibilidades de leituras na escola

PRÓ-MATATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

GRADUAÇÃO INOVADORA NA UNESP

MATEMÁTICA FINACEIRA E EXCEL, UMA PARCEIRIA EM FAVOR DE UM CONSUMO MAIS CONSCIENTE

Prof. Dr. Carlos Rinaldi Cuiabá, UFMT, 2014

Apresentação. Nossa sugestão é que você experimente e não tenha medo de clicar!!!

TRABALHANDO A CULTURA ALAGOANA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE PEDAGOGIA

Estratégias de e-learning no Ensino Superior

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais/ NÚCLEO DE APOIO À INCLUSÃO DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Educação especial: um novo olhar para a pessoa com deficiência

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Profissionais de Alta Performance

Transcrição:

Científica 1 PINTO, Thiago Pedro UFMS 2 Organização do Acervo da Rádio MEC: uma proposta de Iniciação De SOUZA, Ana Rúbia Ferreira UFMS 3 A Rádio MEC e a SOARMEC A Rádio MEC do Rio de Janeiro é Herdeira da saudosa Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, primeira emissora de rádio do Brasil, fundada por Roquette-Pinto e Henrique Morise, no início da década de 1920. Desde suas primeiras transmissões o enfoque educacional recebeu destaque. Muitos cursos e programas educativos foram transmitidos. Entre eles tem especial destaque o Projeto Minerva, que deve início em 1971, durando aproximadamente 13 anos e abrangendo grande parte do território brasileiro, dando a milhares de alunos a oportunidade de continuidade dos estudos: séries finais do primeiro grau e segundo grau, ambos via rádio. Nesta época, já com a invenção do transistor, o rádio era um meio barato de propagação e de grande alcance, chegava a muitos locais onde ainda não havia televisões e os aparelhos receptores eram cada vez menores e mais baratos. O rádio de pilha era o companheiro das atividades diárias de diversos trabalhadores. Este foi o meio utilizado pelo governo militar em uma de suas maiores ações de educação em massa: o Projeto Minerva. Este projeto estava atrelado ao SER, Serviço de Radiodifusão Educativa, existente junto à Rádio MEC. Ao iniciar o projeto uma ampla equipe foi contratada e instalada nas dependências da rádio, onde eram produzidos os programas deste curso e de onde eram irradiadas as aulas para os rádios da região e para as retransmissoras de todo o país. 1 Trabalho vinculado ao Grupo História da Educação Matemática em Pesquisa que possui apoio financeiro do CNPQ e à pesquisa de doutorado Projeto Minerva: educação nas ondas do Rádio. 2 Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Mestre em Educação Matemática, doutorando em Educação para a Ciência. E-mail: thiagopedropinto@gmail.com 3 Acadêmica do curdo de Matemática Licenciatura da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. E- mail: anailali@hotmail.com 1

Nas dependências da Rádio MEC existe hoje a SOARMEC, Sociedade de Amigos Ouvintes da Rádio MEC, fundação que tem como objetivo cuidar e preservar a(s) história(s) da Rádio MEC, com a manutenção de seu acervo histórico e com diversas publicações sobre a rádio. Nas diversas ações implementadas na pesquisa de Doutorado conduzida pelo primeiro autor deste relato 4, uma delas se dedicou ao estudo do material pertinente ao Projeto Minerva existente no acervo da SOARMEC. Ela fica situada no mesmo prédio da Rádio, possuindo três salas, uma delas dedicada à biblioteca Tude de Souza e ao acervo propriamente dito. O acervo se resumee a 370 caixas arquivo etiquetadas e organizadas em estantes de aço. Figura 01 Acervo da SOARMEC (acervo pessoal) No entanto, apesar das etiquetas, que já facilitam em muito a busca de materiais, não há, até o momento, outro meio que não seja percorrer fisicamentee todas as caixas para ler suas etiquetas, sendo muitas destas de difícil acesso ou mesmo ocultadas por outras caixas e materiais eventualmente e momentaneamentee posicionados à sua frente 5. Disponibilização do acervo ao público 4 Orientada pelo Prof. Dr. Antônio Vicentee Marafioti Garnica, no programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulistaa (UNESP), campus de Bauru, iniciada em março de 2010. 5 Na ocasião de nossa visita, havia algumas caixas com materiais não pertencentes ao acervo e aparelhos de ar condicionado obstruindo o acesso e visualização de algumas etiquetas. 2

Tínhamos como meta, além da utilização do arquivo por nossa parte, a fim de viabilizar nossa pesquisa, contribuir para a organização e disponibilização deste, haja vista a grande quantidade de material contido lá, potencialmente ricos para pesquisas de cunho educacional e comunicacional. Neste sentido nos inspiramos no trabalho de Kakoi & Souza (2011), que trabalharam com o acervo do Grupo Escolar Eliazar Braga, com um duplo intuito, discutir metodologicamente a história oral como método de intervenção e construção histórica de instituições escolares e de proporcionar maior disponibilidade e acessibilidade aos registros históricos do Grupo Escolar em questão. Os autores defendem, apoiados em Meihy (2002) e Saviani (2004), que para algo ser considerado um documento histórico é necessário que o seu conteúdo esteja disponível ao público e ainda, que este responda as indagações que lhes são feitas. Os autores acima, ao entrar em contato com o acervo histórico do Grupo Escolar se empenharam em resgatar, cuidar, organizar, ampliar e divulgar este material, visando contribuir na construção de possíveis histórias das instituições escolares. Assim, nosso trabalho procurou se assemelhar ao deles no sentido de mapearmos o acervo da SOARMEC, para disponibilizá-lo ao público, facilitando assim a busca deste material por outros profissionais e pesquisadores. Possibilidade de Iniciação Científica Nesta atividade, pensamos num primeiro momento em produzir um catálogo das caixas, um só arquivo, que fosse disponibilizado em meio físico ou, preferencialmente, virtual, para que os futuros pesquisadores possam, antes da ida ao acervo, se organizar quanto a sua busca, focando as caixas de interesse. Nossa principal dificuldade foi justamente essa, a grande distância do acervo e o pouco tempo disponível para ficar em suas dependências (fica aberto ao público apenas no período da tarde) e o grande custo das estadias no Rio Janeiro. Tentávamos então agilizar ao máximo os momentos no acervo e pensamos que este catálogo seria de especial importância para isso. Além do catálogo, pensamos também na constituição de um mapa deste acervo, assim como fizeram Kakoi e Souza (2011) no acervo do Grupo Escolar Eliazar Braga, algo que possibilitasse a futuros pesquisadores identificar de forma ainda mais ágil onde se encontram os documentos por eles desejados. 3

Para estas atividades convidamos uma aluna da graduação para auxiliar nestas atividades como iniciação ao processo de pesquisa, focando, neste momento, a organização de dados. Acreditávamos que desta forma daríamos uma primeira contribuição na formação deste futura pesquisadora, visando introduzi-la na atividade de pesquisa e nas discussões de educação matemática e de história oral. Entramos então em contato com a aluna em questão, segunda autora deste relato, onde explicitamos nossas metas e objetivos e a parceria que seria estabelecida. Em reuniões semanais discutimos textos relativos à organização de acervos, à educação matemática e à pesquisa num paradigma qualitativo. Do processo: Transcrição das etiquetas Após este contato nos organizamos quanto às ações necessárias para efetivar o projeto. Já havíamos tirado algumas fotos das caixas do acervo da SOARMEC, ao todo são 370 caixas e cada uma apresenta uma etiqueta descrevendo qual tipo de material que nelas se encontra. A primeira etapa do processo foi então fotografar todas as etiquetas para que estas pudessem ser transcritas e organizadas. Isto se fazia necessário devido a grande distância que nos encontramos do acervo, aproximadamente 1.500 Km. Este distanciamento nos fez criar protocolos de trabalho que viabilizassem o trabalho a distância, tornando nossas visitas ao acervo mais produtivas. Figura 02- Fotos do acervo da SOARMEC Depois de fotografadas, iniciamos então o processo de transcrição das mesmas. Para isso visualizávamos no computador as imagens das fotos das etiquetas e num processador de textos (Microsoft Word) digitalizávamos as informações ali contidas. 4

Um processo bastante trabalhoso, haja vista a ausência de material impresso (devido ao grande volume de imagens), a qualidade das fotos feitas (nem sempre em condições de luz e focagem ideais) e, também, o fato de algumas etiquetas estarem rasgadas, o que impossibilitou o acesso ao texto, outras estavam em um local de difícil acesso, propiciando fotos ruins, e ainda a ausência de algumas etiquetas, o que demandou uma nova visita ao acervo. Figura 03 Catálogo de Etiquetas Nesta segunda visita, já com um mapeamento prévio em mãos, focamos estas caixas que causaram problemas na transcrição, novas fotos foram feitas e, para aquelas que a etiqueta estava rasgada, as caixas foram abertas e o seu conteúdo anotado em caderno. Início de Organização Feito à transcrição de todas as etiquetas, esse material foi impresso e com ele em mãos, o próximo passo foi analisar o que cada etiqueta descrevia e de acordo com essa descrição fazer marcas no texto a fim de mapear o acervo. A primeira marcação que optamos por fazer se referia à temática do Projeto Minerva, desejávamos destacar todas as caixas que se referiam a ele. No entanto, tivemos dúvidas em saber quais caixas se tratavam realmente do Projeto Minerva, pois existem várias etiquetas em que o nome do projeto não aparece claramente, mas que se referem a cursos de suplência. Em um primeiro momento pensamos em marcar como sendo do PMi aquelas que teriam sua programação de cursos de suplência datadas até o ano de 1983, época em que temos certeza do projeto estar ainda ativo. No entanto, ao melhor refletirmos, percebemos que a data não seria suficiente para confirmar tal afirmação, pois nos relatos feitos dentro da pesquisa, em especial o da produtora Marlene Blois, nos indicam uma não precisão quanto ao encerramento do Projeto Minerva, tornando problemática esta organização. Optamos então por marcar, como referente ao PMi, somente aquelas caixas que tinham de forma declarada, o nome do projeto em suas etiquetas. 5

Assim, percorremos todas as etiquetas marcando as que se referiam, declaradamente, ao projeto. Após esta ação e avaliando os conteúdos das etiquetas, focamos em pensar possíveis outras (de)marcações, para mapearmos o acervo da SOARMEC. A estas outras marcas demos o nome de Regiões de Interesse. Regiões de interesse Tendo feito esta análise e a marcação das caixas referentes ao Projeto Minerva, passamos para próxima etapa de organização. Procuramos então outros focos de interesse para pesquisas educacionais. Visamos ter um mapa onde, cada interessado em trabalhar com o arquivo com cunho educacional, pudesse, de forma mais fácil, localizar onde se encontra o material de sua busca. Algo que, de início, tivemos muita dificuldade em fazer, mesmo estando todo o arquivo etiquetado. Procedemos com quatro movimentos de constituição desse mapa, ou quatro regiões de interesse, e, dentro de cada uma delas destacamos sub-regiões: 1 - identificamos caixas pertencentes ao Minerva, como mencionado anteriormente, marcamos apenas as caixas que tinham de forma declarada o nome do projeto em suas etiquetas. Região denominada então como Projeto Minerva. 2 - identificamos os Tipos de material. Nesta etapa discriminamos materiais referentes a: Legislação, Comunicação com o Aluno, Material Bruto, Texto Bruto e Fascículos. O primeiro deles, refere-se aos materiais relativos à leis, projetos, decretos, portarias, etc. Já o segundo, trata-se de scripts das aulas, textos prontos para entrar em estúdio para gravação; o material que da origem a esses scripts, denominamos Material Bruto, um texto muito próximo ao script mas sem as especificidades de um texto radiofônico, muitas vezes preparado por um professor externo à Rádio MEC; ao material que da origem aos fascículos, denomina-se Texto Bruto; e por fim os Fascículos, que eram recebidos pelos alunos nos radiopostos ou comprados em bancas de jornais. 3 - Identificamos nos materiais a qual modalidade de curso eles se referem, nesta região elencamos os cursos de suplência: Curso Supletivo de 1º Grau; Curso Supletivo de 2º Grau e Telecurso. 4 Elencamos ainda, de cada um dos materiais, quais eram as temáticas destes. Muitas dessas constituem as atuais disciplinas escolares: Matemática, Ciências, Física, Química, Biologia, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Geografia, História e Língua Estrangeira. Entretanto, algumas já não fazem mais parte do currículo escolar, 6

como: Educação Moral e Cívica (EMC), Estudos Sociais e Organização Social e Política do Brasil (OSPB). Aqui ainda se fizeram presentes temáticas referentes à programas de assistência a saúde pública e sua prevenção, denominada por nós simplesmente de Saúde; programação esportiva e programação referente a disciplina de Educação Física, denominada Esporte; programação de orientação ao Trabalhado; programas e materiais relativos à Música; e programação artística denominada simplesmente por Artes. Assim, surgiu a necessidade de transcrever essas novas informações. Para realizar esse procedimento utilizamos um programa de planilha eletrônica (Microsoft Excel), neste programa fizemos agrupamentos pelas regiões, conforme descrito acima. Utilizamos ainda a mesma tonalidade de cores para temas que se assemelham. Utilizamos este recurso tecnológico, pois facilitará nossas buscas e também a busca por este material, quando o mesmo for disponibilizado para o público, tornandose fontes para outros pesquisadores. Figura 04 Planilha com o Mapeamento do acervo da SOARMEC Ressaltamos a provisoriedade de nossos métodos, sempre em discussão, sendo este um exercício metodológico de trabalho com acervos e da disponibilização destas informações em plataforma virtual. Após a realização deste trabalho será possível por 7

meio do acesso a internet identificar quais caixas do acervo contém o tipo e o tema do material buscado. Neste exercício identificamos já uma problemática que pode criar dificuldades na busca, a grande maioria das caixas possui mais de um bloco de materiais, como elencamos as caixas como unidade em nossa busca, podemos ter dentro dela materiais de duas temáticas diferentes e de dois níveis diferentes, causando nesse primeiro olhar uma impossibilidade de identificação mais precisa sobre qual temática se refere à qual modalidade de ensino. Situação esta que pode ser resolvida ao consultar o catálogo de etiquetas montado por nós. Trabalharemos agora na busca de protocolos que aperfeiçoem este mecanismo de busca por nós implementados. Referências ALONSO, K.M. Educação a distância no Brasil: A busca de identidade. In: PRETI, O. (Org.). Educação a distância: Inícios e indícios de um percurso. Nead/IE UFMT. Cuiabá: UFMT, 1996, p. 57-74. BLOIS, M. M. Educação a distância vai rádio e TV educativas: questionamentos e inquietações. Brasília, ano 16, n. 70, abr/jun. 1996. BOURDIEU, P. A ilusão biográfica. In: Usos & abusos da história oral. FGV, 2002. CALABRE, L. A Era do Rádio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004. CANCELI, E. Perspectivas historiográficas Brasileiras e suas rupturas com os males do passado. História: Questões e Debates, Curitiba, n.50, p. 51-59, Editora UFPR, 2009. CASTRO, M. P. O Projeto Minerva e o desafio de ensinar matemática via rádio. Dissertação de Mestrado Profissional. 105 p. PUC/SP. 2007. CORREA, J. de D. Comunicação e ensino de massa no Brasil desempenho do rádio como veículo educacional O projeto Minerva. Dissertação de Mestrado em Comunicação- UFRJ, Rio de Janeiro (RJ), 1977. GARNICA, A. V. M. Analisando Imagens: um ensaio sobre a criação de fontes narrativas para compreender os Grupos Escolares. Bolema, Rio Claro (SP), v. 23, nº 35A, p. 75 a 100, abril 2010. KAKOI, M. E. SOUZA, L. A. de. Um arquivo, uma instituição e suas práticas: contribuição para a construção de versões históricas de um Grupo Escolar. p. 95-109. 8

In: SOUZA, L. A. de. TRILHAS NA CONSTRUÇÃO DE VERSÕES HISTÓRICAS SOBRE UM GRUPO ESCOLAR. Tese de doutorado, 422 p. Universidade Estadual Julio de Mesquita Filho - UNESP Rio Claro, 2011. LARROSA, J. Pedagogia Profana - Danças Piruetas e Mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. MATTOS, D. J. L. Pioneiros do Rádio e da TV no Brasil. São Paulo: Códex, 2004. MENEZES, E. T. de; SANTOS, T. H. dos. "Madureza" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002, http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=293, visitado em 2/7/2011. MINANEZ, L. Rádio MEC: herança de um sonho. Rio de Janeiro: ACERP, 2007. PESAVENTO, S. J. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. PINTO, T. P. Projeto Minerva: educação a distância na década de 1970. anais do X Encontro Sul-mato-grossense de Educação Matemática, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Dourados/MS, 2011. ROCHA, A. Nas ondas da Modernização: o rádio e a TV no Brasil de 1950 a 1970. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007. SARAIVA, T. Educação a Distância no Brasil: lições da história. Em Aberto, ano 16, n. 70, Brasília: abr/jun. 1996. SAROLDI, L. C.; MOREIRA, S. V. Rádio Nacional: O Brasil em Sintonia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. VAINFAS, R. História Cultural e Historiografia Brasileira. História: Questões e Debates, Curitiba, n.50, p. 217-235, Editora UFPR, 2009. WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. Trad. BRUNI, J. C. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 9