Rio de Janeiro, 6 de Fevereiro de 2012

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Transcrição:

Rio de Janeiro, 6 de Fevereiro de 2012 Querido amigo Andriy, espero que esta carta te vá encontrar bem de saúde. Como correu a viagem até chegar a Portugal? A minha correu bem, já cheguei ao Brasil acerca de um mês. Ainda estou em fase de adaptação, pois a vida aqui é totalmente diferente de Portugal, principalmente quando se está longe da família. Como sabes vim para o Brasil sozinho e deixei a minha esposa e os meus filhos. As condições em que me encontro não são as melhores. Tinha grandes expectativas em relação a este passo difícil de dar, mas estas surpreenderam-me pela negativa. Prometeram-me mundos e fundos, mas a realidade não é a que eu imaginei. Encontro-me a viver num contentor que divido com mais alguns que se encontram na mesma situação. O salário que me prometeram não mo dão, na realidade nem chega a metade, nem para a alimentação é suficiente. Em contrapartida, tenho enriquecido o saber sobre outros povos e a sua maneira de ser e viver. Aprendi a ver a vida com outros olhos. Aqui no Brasil, vejo pessoas que se encontram na mesma situação que eu, e a forma como encaram a vida tornam-nas em pessoas muito felizes porque vivem um dia de cada vez.

Outro aspeto bom é o clima, as praias, as lindíssimas paisagens, que por momentos até me fazem esquecer a minha desgraça. Neste momento existe um clima de muita alegria devido à dedicação que eles têm ao Carnaval. Apesar dos sacrifícios, vou aguentar mais algum tempo, o Brasil está em fase de desenvolvimento e eu acredito que as coisas possam melhorar. Acredito que tenhas sido bem recebido no meu país, o povo português é muito acolhedor. Espero que estejas aproveitar bem a cidade do Porto. Esta cidade tem uma localização privilegiada, para além das descobertas que se podem fazer como é o caso das caves do vinho do Porto, único no mundo, onde ficas a conhecer como se produz, desde a colheita até à sua prova; a ribeira com as casinhas típicas e o mercado municipal, os museus como é exemplo: o museu dos transportes e do carro elétrico, entre muitas outras coisas que vais descobrindo ao longo do tempo. Espero que sejas muito feliz aí, em Portugal. Eu só de pensar nele, naquilo que me identifica e que me fez ser o que sou, sou invadido por tantas emoções que nem sei como as descrever. Mas, tu certamente, sabes do que estou a falar. Aguardo notícias tuas. Um abraço do teu amigo, Faustino.

Amesterdão, 9 de Fevereiro de 2012 Caro Dimitri! Chamo-me António Sousa e encontro-me a escrever esta carta para poder falar da minha experiência enquanto emigrante. Vim para a Holanda na busca de uma vida melhor para mim e, claro, para a minha querida família de quem tenho tantas saudades. Sem dúvida que a minha mudança para Holanda implicou deixar a minha família para trás, mas também os meus amigos e aquelas coisas que caracterizavam o meu pequeno país, como por exemplo, o clima fantástico, a gastronomia, a música portuguesa (fado) e sem dúvida as nossas fantásticas praias. Em Portugal vivia de trabalhos temporários e mal pagos. Então, surgiu a oportunidade de vir trabalhar para a Holanda, numas estufas de plantações hortícolas. Nunca tinha feito algo parecido, mas estou a adaptar-me ao trabalho. Tenho muita dificuldade com a língua, uma língua desconhecida é sempre motivo de insegurança, medos e incertezas. Mas estou a fazer muitas amizades, quer com pessoas portuguesas que também trabalham cá, quer com outros estrangeiros.

Suponho que estejas a passar por algo parecido. Portugal é um país distante da tua terra natal, a Ucrânia, com uma língua diferente e, certamente, com hábitos e cultura diferentes. O que posso aconselhar-te é que tires o melhor partido de tudo isso e que aproveites a tua estadia em Portugal. Não tenho a noção de como são os ucranianos, mas acerca dos portugueses, posso dizer-te que somos, no geral, um povo acolhedor e solidário. Sabemos receber muito bem os estrangeiros. Claro que há sempre exceções, como em qualquer local. Peço-te que não desanimes, assim como eu tento não desanimar. Tenta usar as lindas lembranças e recordações que tens da tua família, para poderes trabalhar e viver com dignidade, para os conseguires ajudar, na Ucrânia, uma vez que eles tanto precisam dessa ajuda. Aos poucos acredito que vais conseguir dominar o português. É uma conquista diária e qualquer pequena vitória num país estrangeiro significa muito para nós. Não te parece? Sei que estás a trabalhar na construção civil e que vives sozinho numa casa alugada em Felgueiras. Nesta cidade não existe serviços de apoio ao emigrante, mas podes sempre que precisares deslocares-te a Guimarães, ao gabinete de apoio ao emigrante.

Como te disse, eu trabalho numas estufas e vivo com alguns colegas numa casa disponibilizada pelo nosso patrão. Todos temos tarefas atribuídas e depois dividimos as contas igualmente. O que nos distingue dos outros países é que o povo português é um povo acolhedor, temos uma gastronomia com pratos típicos de cada região, desde o bacalhau ao borrego, da caldeirada e do cozido à portuguesa às feijoadas, enchidos e leitão, até aos doces de fazer crescer água na boca. E tudo isso, regado com o bom vinho de cada região. Alguns dos trajes tradicionais ainda são utilizados no norte do Minho, em casamentos ou outras ocasiões festivas. Peças de vestuário, como o gorro de malha verde e vermelho do pastor do Alentejo e a samarra (casaco curto com gola de pelo de raposa) ainda existem. Em Trás-os-Montes e Alto Douro, os pastores vestem capotes de palha. O uso do preto durante os períodos de luto é especialmente comum nas aldeias. Na Madeira poderá ver o traje regional nos mercados locais e floristas de rua.

A música e a dança populares e o tradicional fado continuam a ser as principais formas de expressão musical do país. A mais famosa e internacional fadista portuguesa foi Amália Rodrigues, mas hoje nomes como Carlos do Carmo ou Marisa mantêm viva esta canção tão associada a Portugal. As festas populares e romarias, a maior parte das quais se celebram no Verão, representam um misto de religiosidade e de paganismo. Aí o povo reacende a sua fé religiosa, mas também se diverte, fazendo uma pausa nas preocupações do quotidiano. Junho é o mês das festas populares - de Santo António, S. João e S. Pedro - patronos de um sem número de cidades e lugarejos. Em Felgueiras, festeja-se o S. Pedro. Festas quase pagãs, onde se salta a fogueira, se dança e se come a boa sardinha assada, as carnes grelhadas e de churrasco. Espero receber notícias em breve. Um abraço amigo, António Sousa.